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44 titles
- DirectorJoel SchumacherStarsArnold SchwarzeneggerGeorge ClooneyChris O'DonnellBatman and Robin try to keep their relationship together even as they must stop Mr. Freeze and Poison Ivy from freezing Gotham City.[Mov 02 IMDB 3,6/10 {Video/@} M/28
BATMAN & ROBIN
(Batman & Robin, 1997)
"O vilão chora... e gelo! Alegórico até não poder mais, uma ofensa ao universo sombrio que os fãs admiram em Batman. Tosco demais!" (Rodrigo Torres de Souza)
"É um trash não intencional que tem como foco pisotear o que havia sobrado de útil em Batman Eternamente. A cena do beijo entre Hera Venenosa e Robin é particularmente horrenda." (Heitor Romero)
"Alguns críticos e veículos de informação têm símbolos que classificam com mais exatidão a falta de qualidade de um filme do que o sistema de estrelas. Por exemplo, o jornal O Globo tem os famosos bonequinhos, sendo que há um deles indo embora do cinema. Mais claro impossível, não? Leonard Maltin, autor de compêndios de críticas, usa o desenho de uma bomba prestes a explodir. Mick Martin e Marsha Porter, também autores de grossos livros de breves críticas, usam o desenho de um peru (a ave, por favor!) para indicar uma porcaria (turkey, em inglês). Não temos isso aqui no Plano Crítico, mas é em momentos como esse que sinto falta de algo mais, digamos, contundente. Acho que já deu para perceber em que direção vai essa crítica, não é mesmo? Mas vamos lá mesmo assim. Batman – O Retorno, de 1992, havia feito um pouco acima de 266 milhões de dólares, contra um orçamento de 80 milhões. Esse valor não satisfez a Warner, que culpou a violência e o tom sombrio do segundo filme de Burton para esse relativo fracasso. Assim, Schumacher foi chamado para dar nova vida à franquia do Homem Morcego. O resultado foi Batman Eternamente, carregado de luzes multicoloridas e personagens histriônicos, que fez belos 336 milhões contra um orçamento de 100 milhões. A conclusão era óbvia: o público queria mais leveza e cores e não aquele visual triste e sombrio de antes. Isso fez com que a Warner colocasse ''Batman & Robin'' em produção acelerada, para ser lançado meros dois anos depois do terceiro filme. E as poucas rédeas impostas ao diretor Joel Schumacher foram retiradas completamente. Assim, o quarto capítulo da franquia ganhou ainda mais cores, personagens e closes nas bundas dos atores, além de vários e salientes bat-mamilos (estranhamente ausentes do uniforme de Batgirl) e bat-protetores de virilha bem avantajados. Como Schumacher não gostou da postura desobediente de Val Kilmer durante as filmagens anteriores, decidiu escalar outro ator para o papel de Batman/Bruce Wayne e George Clooney, então ainda com a carreira em ascensão, entrou em cena. Chris O’Donnell voltou ao papel de Robin/Dick Grayson e Uma Thurman e Arnold Schwarzenegger foram escalados nos papéis dos vilões Hera Venenosa e Senhor Frio. Alicia Silverstone também foi trazida para a família do morcego, como Barbara Wilson, sobrinha do moribundo mordomo Alfred (Michael Gough), para tornar-se Batgirl. Ah, o vilão Bane (Jeep Swenson) também dá as caras como um capataz demente de Hera Venenosa. Mas tudo que há de errado em ''Batman & Robin'' está encapsulado nos seus primeiros 15 minutos. Nesse tempo, os heróis do título partem da batcaverna para impedir que Senhor Frio roube um ridiculamente enorme diamante de um museu de Gotham. Nessa ação de abertura, temos Schwarzenegger falando única e exclusivamente por meio de irritantes frases de duplo sentido com gelo ou frio (Akiva Goldsman é o culpado por isso, novamente). Vemos a dupla dinâmica bater os pés e bat-lâminas de patinação saem de suas botas. Testemunhamos uma partida de hockey no gelo, com direito até aos bastões. Isso sem contar com um sem fim de malabarismos impossíveis, efeitos especiais abaixo do padrão e uma cena de surf aéreo capaz de arrepiar os cabelos dos mais tolerantes críticos de cinema. A pièce de résistance vem mesmo algum tempo depois dessa cena inicial, quando Schumacher e Goldsman nos obrigam a ver o Exterminador do Futuro na cena mais humilhante de sua carreira cinematográfica: ele, careca, pintado com tinta prateada e cheio de purpurina, vestindo um roupão e pantufas de ursos polares, com um charuto na boca, vendo um desenho em stop motion na televisão e fazendo com que seus congelados comparsas cantem em conjunto. A primeira reação é fugir de horror e, a segunda, arrancar os olhos como Édipo ao descobrir que Jocasta era sua mãe. A direção de Schumacher é uma repetição de seu filme anterior, ou seja, uma lição do que não fazer. Edição terrível, fazendo a película parecer uma colcha de retalhos e uso de luz e cores de maneira a invadir os sentidos da pior maneira possível. Isso sem contar com o uso incessante do chamado ângulo holandês, em que a câmera é virada, para dar uma sensação de estranhamento. E o roteiro de Akiva Goldsman também não ajuda, ainda que seja marginalmente superior ao anterior, por apresentar um Senhor Frio atormentado por sua incapacidade de curar sua esposa. Mas mesmo esse aspecto é diluído completamente quando reparamos que, por uma daquelas coincidências que só existem em livros ruins, daqueles vendidos em papel jornal por dois reais nas bancas de jornal, o mordomo Alfred Pennyworth sofre da mesma doença fatal da mulher do Senhor Frio. Qualquer resquício de credibilidade (algo que realmente é difícil de achar) desaparece nesse exato momento. E a presença aleatória de Barbara Wilson (Silverstone, fazendo beicinho) e sua transformação em Batgirl mostram a fraqueza e a incapacidade de se construir personagens interessantes. Ela é uma garota rebelde debaixo do verniz de uma estudante certinha que, absolutamente sem mais nem menos, é uma exímia lutadora, do nível dos super-treinados heróis do título. E mais: sua roupa de Batgirl já estava pronta, esperando por ela, já que Alfred, além de mordomo, é apresentado, aparentemente, como alguém capaz de prever o futuro, só faltando uma bola de cristal, um roupão com estrelas e luas, um chapéu pontudo e uma longa barba. Entre bat-cartões de créditos e efeitos sonoros retirados de desenhos dos Looney Tunes, Batman & Robin não resiste ao mais superficial escrutínio. Só duas lições podem ser tiradas dessa obra George Clooney é um cara perseverante, que, para nossa sorte, não deixou sua carreira ir por água abaixo por causa desse filme e o público não é tão otário como a produtora achava e o filme só fez 238 milhões de dólares, tendo custado 125, o que acabou por enterrar por oito anos a carreira do morcegão que somente seria revivida debaixo da batuta certeira de Christopher Nolan. Ah, um último comentário: não se deixem enganar pela meia estrela que vocês vêem aqui. Esse filme merecia algum dos símbolos do primeiro parágrafo ou, talvez, aquele aviso de lixo tóxico nuclear." (Ritter Fan)
Top 100#12 Cineplayers (Bottom Editores)
Top 200#156 Cineplayers (Bottom Usuários)
Warner Bros PolyGram Filmed Entertainment
Diretor: Joel Schumacher
154.142 users / 4.343 face
Sountrack Rock = Smashing Pumpkins + The Goo Goo Dolls + Moloko
Check-Ins 93
Date 26/10/2012 Poster - # - DirectorSam LevinsonStarsEllen BarkinEzra MillerEllen BurstynA wedding at her parents' Annapolis estate hurls high-strung Lynn into the center of touchy family dynamics.[Mov 07 IMDB 5,5/10 {Video/@@@@} M/46
BASTIDORES DE UM CASAMENTO
(Another Happy Day, 2011)
{O que você esta fazendo no banheiro? Fazendo os dois. Como em dois-dois, uma forma de se dizer calibre 22. Mas se você tirar um dois, só fica um dois, fazer cocô} (ESKS)
''Existem muitos filmes norteamericanos que são lançados no Brasil direto em home vídeo (DVD/Blu-Ray). Na grande maioria das vezes, eles realmente são filmes desnecessários no cinema. Mas um filme desnecessário no cinema não significa um filme totalmente ruim: apenas razoável e com elementos interessantes. É o caso de “Bastidores de um Casamento” (Another Happy Day), filme do diretor estreante Sam Levinson, com Demi Moore. Inconstante em diversos aspectos, o filme parece apenas usar o nome de Demi Moore para conquistar algum chamariz para o público, já que esta faz um papel pouco importante. “Bastidores de um Casamento” se parece muitas vezes com um filme para TV principalmente por sua fotografia e pelo cenário quase único que exige pouco investimento, mas faz bem em modificar o formato de tela quando mostra cenas filmadas por uma câmera caseira, enquanto usa formato de cinema para as cenas normais. O filme mostra a problemática Lynn (Ellen Barkin) indo à casa de seus pais, onde ocorrerão os preparativos para o casamento de seu filho Dylan, que foi criado pela madrasta. Enquanto isso, Lynn terá que lidar com dificuldades de relacionamento em meio aos outros três filhos cheios de problemas psiquiátricos e parentes quase igualmente perturbados. Sempre em tom de tragicomédia, o filme funciona como um mergulho em meio a personagens exagerados, malucos e que dificilmente seriam encontrados convivendo no mundo real (embora eu não duvide de mais nada ultimamente). Ao contar com diversas cenas cujo único objetivo é traçar o perfil psicológico dos personagens (até mesmo os secundários), o filme se parece com uma minissérie de TV editada em formato de longa metragem, o que resulta em algumas cenas desnecessárias quando se trata do conceito de cinema. A única cena filmada pela “câmera pessoal” que tem serventia é a primeira delas, que o diretor usa para apresentar os personagens e o conflito inicial da trama. Apesar de conter uma quantidade de personagens digna de novela, o filme consegue centrar as ações em Lynn e seu filho viciado Elliott (Ezra Miller) quase que todo o tempo, embora se perca diversas vezes em algumas situações cômicas gratuitas ou eventuais momentos dramáticos pouco explicados, como a tentativa de aproximação entre Paul (ex-marido de Lynn) e sua filha Alice (Kate Bosworth). Entretanto, Levinson mostra sensibilidade ao adotar uma câmera instável e hesitante para demonstrar o desconcerto entre os personagens quando vão conversar. Em alguns momentos, a captação de som das falas de quem está ao longe beira o amadorismo, mas isso não é o suficiente para eliminar por completo a construção dos personagens, que são bem encaixados nas suas situações, apesar de serem quase caricaturais, de tão intensos. Enquanto as atrizes Ellen Barklin (Lynn) e Ellen Burstyn (Doris) vivem intensamente seus dramas, Ezra Miller mostra maturidade ao encarar um personagem alcoólatra e drogado que se torna paradoxal ao ter uma visão ampla da situação da família, ao mesmo tempo em que tem comportamentos absurdamente infantis. E é fácil de prever que um comentário seu vai obviamente acontecer ao final da longa sucessão de chiliques, lágrimas e farpas trocadas. No fim das contas, “Bastidores de um Casamento” (péssima tradução do título) é quase uma novela mexicana condensada, com toques de loucura e alguns elementos curiosos, mas que não deixa de ser divertida." (Daniel Cury)
2011 Sundance
Cineric Filmula Mandalay Vision Michigan Production Studios New Mexico Media Partners Prop Blast Films Taggart Productions
Diretor: Sam Levinson
2.660 users / 751 face
Soundtrack Rock = Nina Simone
Check-Ins 109
Date 08/02/2013 Poster - ##### - DirectorJoe BerlingerStarsJeffrey DonovanStephen Barker TurnerErica LeerhsenA group of tourists arrives in Burkittsville, Maryland after seeing The Blair Witch Project (1999) to explore the mythology and phenomenon, only to come face to face with their own neuroses and possibly the witch herself.[Mov 01 IMDB 3,9/10] {Video/@} M/15
BRUXA DE BLAIR 2 - O LIVRO DAS SOMBRAS
(Book of Shadows: Blair Witch 2, 2000)
Joga no lixo tudo o que o primeiro acertara para contar uma história batida e totalmente apelativa.
"A Bruxa de Blair, 1999. Três estudantes vão para a floresta de Black Hills, nos EUA, filmar um documentário sobre uma lenda local. Algum tempo depois, a gravação que fizeram é encontrada e seu legado tem como nome A Bruxa de Blair, que descreve a agonizante e angustiante viagem dos três jovens por cinco dias na floresta de Black Hills, que terminaria em tragédia com a morte dos três personagens principais do primeiro filme. Imenso sucesso nas bilheterias de todo o mundo e um marco do cinema nos filmes de terror em pleno anos 90, o filme rapidamente se transformou num verdadeiro clássico, uma verdadeira febre mundial. Então, o que estava óbvio se concretizou pouco tempo depois do sucesso do primeiro filme: uma continuação (praga Holliwoodiana) caça-níquel estava por vir. Triste, absurda, horrorosa, desmerecedora, estúpida, pífia, ridícula, previsível, idiota, medíocre e sem graça. Não existem palavras para descreverem o quão desprezível é esta continuação. Aliás, ''A Bruxa de Blair 2 - O Livro das sombras" mostra-nos e é a prova viva ao ponto que chega a ganância por se lucrar com uma continuação sem nexo, cujo filme que o antecedeu fora um verdadeiro sucesso. O enredo, pra variar um pouco, pega carona na onda do primeiro filme. Alguns estudantes da Universidade de Boston, atraídos pelos acontecimentos de três anos atrás (onde foi passado o primeiro filme), resolvem ir a floresta de Black Hills desvendar o que possivelmente poderia ter acontecido com os três jovens que passaram 5 dias na floresta. O filme perde sua originalidade a começar pelo modo de filmagem. Aquele modo simples e amador do primeiro filme simplesmente desapareceu, decepcionando muito dos fãs do primeiro filme. O horror teen fraco toma conta da película. Fiquei surpreendido como Daniel Myrick e Eduardo Sanchez, idealizadores do primeiro filme (roteiristas, diretores que também trabalharam na montagem) tiveram a idéia insana de tocar esse projeto para frente. Na fotografia tivemos uma grande decepção. As tomadas noturnas do primeiro filme nos passavam uma impressão assustadora do local onde a história se passava, ótimas tomadas. Apesar do filme não ser em preto-e-branco, tínhamos todo um condicionamento que nos levava a crer que as tomadas eram realmente em tais condições. No segundo filme o aspecto é deixado de lado. Agora o mais importante e o foco é mostrar adolescentes berrando, levando tudo na farra, transando e enchendo a cara até não poder mais e, claro, correndo. Aliás, por falar neles, se a fotografia foi uma decepção, não acho palavras pra tentar dizer o quão medíocre é o elenco. É muito amadorismo para um grupo só. E o que me espanta é que os produtores ganharam tanto dinheiro com o primeiro filme e nem se deram o trabalho de escolher alguém decente para o papel (ou os papéis) principal (principais). O clima do filme é muito artificial. Você sente que aquilo tudo é papo furado e, o pior, sabe aquela sensação que você tem em filmes ruins, quando a história é apenas um pretexto para ver cenas tais como mortes em demasia, assassinatos misteriosos (se é que podemos chamar desse modo nesta continuação) e sustos nada aterrorizantes? Então... Essa superficialidade toda estraga um filme que já nasceu errado. O som do primeiro filme, que estava lá, sempre presente nos momentos mais assustadores e ajudava em seus momentos de tensão mais fortes, simplesmente é deixado de lado aqui. Música alta, muitos gritos e quando você pensa que já ouviu demais, mais berros a vista... É isso a que se resume o papel desse importante quesito que é o som, que sempre é importante, seja lá qual for o gênero do filme. Concluindo, apenas posso dar a você, caro leitor, um bom conselho: fique longe desse filme, custe o que custar. Esse é um dos piores filmes de Horror Teen que há no mercado... Produções como Glitter – O Brilho de Uma Estrela (de Mariah Carey) chegam a ser obra-prima perto desta fatídica continuação, que foi um verdadeiro horror para os fãs do primeiro filme. Esperamos agora pela Bruxa de Blair 3, que já foi anunciado e deve sair em meados desse ano, isso se não for adiado para 2004. De qualquer forma, vamos ver que bicho vai dar. Só não dou nota 0,0 (zero) a este filme porque Austin Powers em o Homem do Membro de Ouro consegue fazer pior, apesar dos gêneros serem completamente diferentes." (Tony Pugliese)
Top 200#78 Cineplayers (Bottom Usuários)
Artisan Entertainment (presents) Haxan Films
Director: Joe Berlinger
25.644 users / 762 face
Soudtrack Rock = Marilyn Manson + Queens of the Stone Age + Godhead + Poe + System of a Down + Tony Iommi + Elastica + Rob Zombie + Diamanda Galás + Death In Vegas
Check-Ins 68 34 Metacritic
Date 10/11/2012 Poster - # - DirectorPeter GlenvilleStarsRichard BurtonPeter O'TooleJohn GielgudKing Henry II of England comes to terms with his affection for his close friend and confidant Thomas Becket, who finds his true honor by observing God's divine will rather than the King's.[Mov 08 IMDB 7,9/10 {Video/@@@@} M/68
BECKET - O FAVORITO DO REI
(Becket, 1964)
''Pela primeira vez em mais de 40 anos, as grandes atuações de dois grandes atores de sua geração em um dos melhores filmes de todos os tempos. Peter O'Toole interpreta de forma magistral o rei Henry II, que surpreende a Inglaterra ao nomear seu confidente Thomas Becket (Richard Burton no papel que difundiu sua carreira) como chanceler. Mas quando Henry o indica como o Arcebispo de Canterbury, Becket fica dividido entre o mundo de prazeres de Henry II e o recém descoberto mundo de fé e compaixão. As novas regras iriam destruir essa amada amizade para salvar um reino dividido? John Gielgud co-estrela esse épico baseado numa peça da Broadway, e traz para as telas através de Hal Wallis, o lendário produtor de True Grit e Casablanca." (Filmow)
"Tem a força das grandes peças sobre reis, mas carece de diálogos realmente marcantes (apesar de tê-los, porém em pequena quantidade)." (Alexandre Koball)
37*1965 Oscar / 22*1965 Globo
Top Inglaterra #39
Paramount Pictures Paramount Film Service Keep Films
Diretor: Peter Glenville
9.600 users / 1.058 face
Green-Ins 220
Date 23/06/2013 Poster - ########## - DirectorJules DassinStarsBurt LancasterHume CronynCharles BickfordAt a tough penitentiary, prisoner Joe Collins plans to rebel against Captain Munsey, the power-mad chief guard.[Mov 08 IMDB 7,6/10 {Video}
BRUTALIDADE
(Brute Force, 1947)
"Jules Dassin entregava um noir típico, dos poderosos. Não fossem os desinteressantes flashbacks (e também desnecessários) e houvesse um pouco mais de profundidade no grupo principal, seria um filmaço." (Alexandre Koball)
"Tem a marca, forte como a pisada de um elefante, do film noir – e o noir é um estilo de fato fascinante, apaixonante. O noir é (e aí me arvoro a fazer uma definição da minha cabeça) um maravilhoso cruzamento de elementos do expressionismo alemão, os contrastes de luz e escuridão, as sombras, os enquadramentos que fogem ao padrão da horizontalidade, com o mundo sujo, brutal, dos romances policiais americanos dos anos 20 a 40, com seus heróis absolutamente anti-Sherlock Holmes, anti-Hercule Poirot, detetives mal pagos, intuitivos, briguentos, que normalmente não levam a melhor, metidos em casos em geral muito mais complexos e de uma corrupção muito maior do que suas forças podem enfrentar. No imediato pós-guerra, com hordas de pessoas de volta do campo de batalha a uma realidade que não existia mais, zonzas, perdidas, traumatizadas, descrentes, desiludades, o film noir atingiu seu apogeu – e Dassin foi uma figura da maior importância exatamente aí. Com Brutalidade, de 1947, e Cidade Nua, de 1948, ele encantou 12 de cada dez críticos ou cinéfilos de carteirinha. A avaliação de Pauline Kael: O título é apropriado: um filme de prisão de uma força cruel, produzido por Mark Hellinger, escrito por Richard Brooks e dirigido por Jules Dassin. O material, essencialmente velho, foi modernizado (lembrando: Dame Kael escreveu isso nos anos 40) pelo uso de sadismo e artifícios como fazer o chefe dos guardas enlouquecido pelo poder (Hume Cronyn) lembrar um Hitler local. É o tipo de filme muitas vezes chamado de cinema para homens, ou seja, corrido, repleto de ação, pseudo-realista. A avaliação de Georges Sadoul: Carcereiro-chefe sádico (Hume Cronyn) provoca uma rebelião entre os detentos (Burt Lancaster e Charles Bickford, etc) para poder massacrá-los, mas é vítima de sua própria maquinação. Este filme, influenciado pelo cinema europeu, notadamente por Carné, foi o primeiro êxito de Dassin. O roteiro metafórico faz alusões ao nazismo, e pinta o chefe como um fascista americano, digno dos SS. Fotografia em claro-escuro. Burt Lancaster (estreando) impressionou muito. Bem. Com todo respeito pelos mestres da crítica, lembro que na verdade este filme aqui não foi a estréia de Burt Lancaster – ele havia estreado um ano antes, em 1946, em Assassinos/The Killers, um filme produzido pelo mesmo Mark Hellinger deste aqui e dirigido por outro grande do film noir, Robert Siodmak. Ouso também dizer que, se por um lado Burt Lancaster impressiona, com seu rosto fortíssimo e seu físico de homem do circo, do qual havia saído para o cinema, seu talento interpretativo não chegava ainda a ser maior que o de uma formiga. A rigor (ainda mais revisto hoje, tanto tempo depois), o grande Burt, por quem Visconti curtiu imensa paixão (cinematograficamente falando, ao menos), neste filme aqui não passa de um canastrão, um horroroso careteiro. Também discordo dos alfarrábios quando eles dizem que o chefe dos guardas, o tal Capitão Munsey, interpretado por Hume Cronyn, é quem provoca a rebelião. Não é isso que o filme mostra. Sim, de fato o Capitão Munsey é um sádico absoluto, uma figurinha que de fato lembra Hitler – mas não é ele que provoca a rebelião. Como diz um dos personagens, qualquer preso quer sempre tentar fugir – basta estar preso para querer fugir. E o fato é que aqueles presos mostrados por Dassin não são, absolutamente, nenhuma flor que se cheire. OK: não há nenhum assassino em série, nenhum estuprador ali. Mas são ladrões, falsários, bandidos; e formam gangues dentro da prisão, e matam. Não sou, evidentemente, defensor da tese de que criminoso tem que ser morto, mal tratado ou submetido a trabalhos forçados, e é óbvio que prisão tem que ser uma coisa digna, jamais sub-humana – de preferência, tem que tentar reformar, oferecer segunda chance. Mas também não simpatizo com a tese (onipresente, por exemplo, nas canções folk de língua inglesa, e em muitos filmes franceses e americanos) de que todo preso e/ou bandido é bom, injustiçado, tadinho. E, vamos e venhamos, o assaltante interpretado por Burt Lancaster, envolvido com assassinatos de informantes dos guardas do presídio, não é propriamente um personagem angelical. Nem dá para simpatizar com o sujeito que deu golpe na empresa em que trabalhava para poder comprar um casaco de pele para a mulher, que, sem tal mimo, ameaçava abandoná-lo (a personagem da mulher do cara é interpretada por Ella Raines, atriz belíssima, que trabalhou em muitos noirs dos anos 40). O que acaba ficando como moral da história, na verdade, é a essência do noir: não tem jeito, não tem escapatória, a sociedade que criamos não tem saída, é tudo uma grande merda. Os sujeitos de uniforme que são colocados para guardar os bandidos não são melhores do que eles – e podem ser até muito piores. O diretor do presídio até que não é uma má pessoa – mas é tíbia, fraca. Só escapa o médico; só ele é bom e vê o mundo de forma lúcida, por detrás da quantidade absurda de cachaça que toma para enfrentar tanta sujeira. Eu, particularmente, cético esperançoso, crente agnóstico, não tenho especial prazer com essa visão de mundo. E, tentando botar os pés no chão depois de tanta filosofada, acho que o filme de Dassin envelheceu, perdeu o viço – ficou datado. Até mesmo a trilha sonora do mestre Miklós Rozsa soa hoje grandiloqüente, paquidérmica demais. E aquele esquema dos flashbacks quando os presos olham para a figura de uma mulher numa folhinha, pelamordedeus, que coisa mais datada. A seqüência em flashback de Burt Lancaster indo visitar o grande amor antes de um assalto (e o espectador pensa: mas, Cacilda, já vimos os flashbacks do grande amor de todos os sujeitos da cela, quando é que virá o flashback do grande amor do protagonista?) é de um ridículo atroz. Mas péra lá. Isso é só minha opiniãozinha particular, única e exclusiva: 239 mil críticos de cinema adoram Dassin, adoram Brutalidade. Quem não viu deveria ver." (50 Anos de Filme)
"Este clássico dos filmes de prisão, muito copiado e influente, foi apenas o segundo trabalho de Burt Lancaster (1913-94), já estabelecendo seu estrelato após Os Assassinos (The Killers, 1946) em uma grande atuação num tipo de papel que depois seria constante em sua carreira, onde fala pouco e transmite tudo pela expressão corporal e do rosto. Com roteiro de primeira linha do depois também diretor Richard Brooks (A Sangue Frio, Gata Em Teto de Zinco Quente), mostra a realidade violenta e brutal (que demandou longas negociações com a censura) de um presídio onde um grupo de presos, liderados por Lancaster, planeja uma fuga. O grupo inclui, em atuações impecáveis, várias faces conhecidas, sempre como coadjuvantes. A direção segura de Jules Dassin, que pouco depois seria banido de Hollywood pela cruzada anti-comunista do Macarthismo, dá o tom exato de desesperança e valoriza as muitas idéias interessantes: o preso negro que cantarola rimas como um coro grego, os delatores, as celas apinhadas e claustrofóbicas, o calendário velho com o rosto de uma moça (que, sintomaticamente, parece estar morta) que serve para lembrar aos membros do grupo o porquê de estarem ali, sempre mulheres (dando abertura para flashbacks que nos mostram que não são totalmente maus ou criminosos). E em especial o capitão sádico que espanca os presos ao som de Wagner feito pelo baixinho Hume Cronyn . As mulheres aparecem em cenas curtas embora sejam todas estrelas do estúdio na época. O verdadeiro autor do filme é o produtor, antigo jornalista Mark Hellinger que brigava sempre por realismo em suas fitas, como Assassinos e "Cidade Nua" (ele morreu de enfarte logo depois deste). O filme envelheceu muito bem e merece ser redescoberto." (Rubens Ewald Filho)
"O ano de realização de "Brutalidade" diz muito sobre o filme: 1947. Estamos logo depois da guerra, o cinema americano amadurece rapidamente e pode se dispor a tratar com maior ênfase social do fenômeno penitenciário, que já produzira um subgênero do filme policial. Estamos também antes de começar a "caça às bruxas", isto é, a tenebrosa perseguição que, a pretexto de combater o comunismo, atingiu mais efetivamente os liberais e os adeptos do New Deal. Ou seja, estamos nesse breve intervalo em que certas questões podiam ser colocadas impunemente, como o uso da força bruta contra presidiários como forma de controle (Força Bruta, aliás, seria um título mais apropriado ao caso). O didatismo, uma marca do pensamento de esquerda nos EUA, é patente no roteiro de Richard Brooks. Pode-se observá-lo como positivo ou não -à vontade do freguês. O importante, no caso, é que ele dá o tom ao filme, já que lá se encontram representados a direita brucutu, na pessoa do capitão Munsey (Hume Cronyn) e a esquerda lúcida e impotente, na pessoa do médico do presídio de Westgate. Entre eles, ao centro, o indeciso diretor da prisão. Os três gravitam em torno de Joe Collins (Burt Lancaster), o prisioneiro rebelde que organiza uma fuga e um motim. Para quem achar, em nome da arte, que tudo isso soa um tanto esquemático, vale lembrar um pouco acontecimentos recentes nas prisões paulistas: não há tantas formas assim de as relações degringolarem nas cadeias. De 1947, nos EUA, a 2006, no Brasil, as coisas são, em linhas gerais, as mesmas. Não vem ao caso, aqui, falar de esquematismo, mas de franqueza. E quem ficar em dúvida que observe a antológica cena de tortura criada por Dassin, acentuada pelas alusões nazistas da trilha de Miklós Rosa. Se tivesse sido feito um ou dois anos depois, "Brutalidade" já teria enfrentado, provavelmente, problemas com o macartismo e precisaria recorrer aos subentendidos para expor seu pensamento: é sua clara franqueza que faz dele um representante mais que digno desse momento fugaz, mas muito rico, do cinema americano." (* Inácio Araujo *)
Mark Hellinger Productions Universal International Pictures (UI)
Diretor: Jules Dassin
4.967 users / 267 face
Check-Ins 261
Date 02/08/2013 Poster - ####### - DirectorOlivier MegatonStarsLiam NeesonFamke JanssenMaggie GraceIn Istanbul, retired CIA operative Bryan Mills and his wife are taken hostage by the father of a kidnapper Mills killed while rescuing his daughter.[Mov 06 IMDB 6,2/10 {Video/@@} M/45
BUSCA IMPLACÁVEL 2
(Taken 2, 2012)
"Sem o ritmo ágil do primeiro (apesar do excesso de correria enganar), Taken 2 sequer possui um bom argumento (as famílias dos bandidos mortos no primeiro filme desejam vingança) e a incursão de Maggie Grace como "par" tira a força de Liam Neeson." (Alexandre Koball)
"Neeson segue mandando bem como herói de ação, mas o filme é bobo demais e o roteiro extremamente raso. Para piorar, as cenas de ação são incompreensíveis, filmadas com excesso absurdo de cortes. Mais do mesmo - só que um pouco pior." (Silvio Pilau)
"Desnecessário. Desculpa óbvia para forçar uma trilogia e dar créditos para Liam Neeson. A relação com o filme anterior é clara, mas rasteira, sem personalidade e graça. Funciona como ação e emplaca maneirismos em cenas de perseguição e luta, mal filmadas." (Marcelo Leme)
"O primeiro não era lá essas coisas. Bryan Mills (Liam Neeson), um ex-espião americano, tinha a filha sequestrada em Paris por um grupo de albaneses ligado ao tráfico sexual de mulheres. Ato-contínuo, usava de suas super-habilidades (num misto de Jason Bourne e McGiver) para revirar a capital francesa de pernas por ar e descobrir o paradeiro da jovem. No caminho, um rastro de corpos de vilões estereotipados e ruins de pontaria que chegavam a dar dó. Este era o frágil enredo criado pela dupla Luc Besson e Robert Mark Kamen para Busca Implacável, lançado em 2008 sob a direção de Pierre Morel (do ruim Dupla Implacável). Para segurar a atenção do público e compensar o roteiro vacilante, restava ao filme o ritmo frenético de ação ininterrupta e Neeson no papel principal, um ator capaz de carregar de autenticidade até mesmo um personagem mal elaborado e fútil como o obsessivo e durão Bryan Mills. Os bons números nas bilheterias servem de justificativa para esta sequência, e apenas eles. Busca Implacável custou pouco mais de US$ 25 milhões e arrecadou US$ 227 milhões ao redor do mundo. O êxito fez Besson apostar nesta continuação, também roteirizada por ele e Kamen, mas agora dirigida por Olivier Megaton (Em Busca de Vingança). O resultado: um filme que não só repete os erros do primeiro, mas os galvaniza a ponto de quase se transformar numa sátira aos filmes do gênero. Quase, porque Busca Implacável 2 se leva a sério. Pior: quer que você o leve também. A descrição de uma sequência talvez dê boa mostra do que esperar do longa. Nela, Bryan está algemado a uma tubulação de aço fixa ao chão e à parede. O vilão (Rade Serbedzija, de Missão Impossível 2) que o prendeu ali chega trazendo sua ex-mulher Leonore (Famke Janssen, a Jean Grey da franquia X-Men). Antes de matar Bryan, quer que ele assista à morte da mãe de sua filha. Ele poderia dar um tiro nela, cortar sua garganta, afogá-la, mas resolve matá-la de uma maneira mirabolante, complicada e demorada. Naturalmente, não fica no local para ver os últimos momentos da vítima. O que vem adiante, claro, não precisa ser contado. Murad Krasniqi é o vilão trapalhão, pai do bandido que sequestrou a filha de Bryan no primeiro filme. Ele quer vingar a morte do filho e, para isso, junta uma trupe de bandidos mal encarados (e ruins de pontaria como no primeiro filme) para sequestrar o algoz de seu filho, sua ex-mulher e filha, que estão em Istambul onde Bryan foi realizar um trabalho. Segue-se então um corre-corre frenético pelas ruas da cidade turca com direito a momentos, no mínimo, hilários de tão inverossímeis, como quando a filha de Bryan tenta localizar o cativeiro do pai explodindo granadas a esmo por Istambul. O filme poderia se chamar Busca Implacável ao Quadrado em vez de ''Busca Implacável 2'': mais inverossímil, mais exagerado e mais supérfluo. Adições que o tornam inferior ao antecessor, que como disse no início deste texto, já não era lá essas coisas." (Roberto Guerra)
Mesmo filme, com mais estilo.
"O roteiro de ''Busca Implacável 2'', por Robert Mark Kamen e o próprio Besson, pega emprestada uma ideia da série Duro de Matar, a da vingança pela morte da família como motivação do antagonista, e a simplifica. No primeiro filme, Bryan Mills (Liam Neeson) passa feito uma máquina de matar pelos sequestradores de sua filha (Maggie Grace). Aqui, as famílias desses criminosos assassinados, moradores de uma cidadezinha na Albânia e liderados por Murad (Rade Sherbedgia), se reúnem para levar à sua própria justiça distorcida o ex-agente e sua própria família, incluindo a ex-esposa (Famke Janssen). Ao manter o grupo criminoso, o filme consegue esquivar-se de um problema frequente das continuações, o exagero de recolocar as vítimas na mesma situação que se encontraram anteriormente. Preservada a suspensão de descrença, Busca Implacável 2 pode concentrar-se no que faz melhor: mostrar Liam Neeson em ação. E Megaton tem mais estilo que Morel nesse quesito. Com as firulas, perde-se um pouco do realismo do primeiro, mas ganha-se em adrenalina (o que não é necessariamente positivo). Ambientado em Istambul, na Turquia, cenário relativamente "virgem" nas telonas em longas contemporâneos, o filme tem uma inversão interessante na primeira metade: como os sequestradores falharam em capturar a filha, é ela - auxiliada pelo pai através de um celular escondido - quem tem a missão de resgatá-los. Os recursos do engenhoso Bryan Mills (há uma cena envolvendo granadas, cadarços e um mapa que deixaria MacGyver com inveja) dão o charme inicial e distanciam este do original, mas a segunda metade é parecida demais como o primeiro para efetivamente entregar algo novo. Ao final, ''Busca Implacável 2'' é uma repetição do primeiro, um entretenimento razoável, para quem conseguir desconsiderar a xenofobia da trama criada por Besson, o mais estadunidense dos franceses." (Erico Borgo)
EuropaCorp Grive Productions Canal+ M6 Films Ciné+
Diretor: Olivier Megaton
165.384 users / 63.281 face
Soundtrack Rock = The Chromatics
Check-Ins 346
Date 02/10/2013 Poster - ### - DirectorRon HowardStarsKurt RussellWilliam BaldwinRobert De NiroTwo feuding siblings carrying on a heroic family tradition as Chicago firefighters. But when a puzzling series of arson attacks is reported, they are forced to set aside their differences to solve the mystery surrounding these crimes.[Mov 05 IMDB 6,6/10 {Video/@@@} M/38
BACKDRAFT - CORTINA DE FOGO
(Backdraft, 1991)
''Chicago, 1971. Quando criança, Brian McCafferty (William Baldwin) viu seu pai, bombeiro, perder a vida no cumprimento do dever. Vinte anos depois ele passa a integrar o corpo de bombeiros, juntando-se ao irmão mais velho, Stephen (Kurt Russell). Os dois o tempo todo e Brian vai trabalhar com Donald Rimgale (Robert De Niro) na investigação de uma cortina de fogo que pode ter motivações políticas.'' (Filmow)
"Aquele tipo de filme que se entucha com um elenco de peso para cobrir sua história sem graça. Típico de Ron Howard." (Heitor Romero)
64*1992 Oscar
Imagine Films Entertainment (presents) (as Imagine Entertainment) Trilogy Entertainment Group
Diretor: Ron Howard
50.954 users / 1.842 face
Soundtrack Rock = Bruce Hornsby & The Range + Los Lobos + Cream + Martha & The Vandellas + The Smithereens + The Drovers
Check-Ins 348
Date 02/10/2013 Poster - # - DirectorPeter BergStarsAlexander SkarsgårdBrooklyn DeckerLiam NeesonA fleet of ships is forced to do battle with an armada of unknown origins in order to discover and thwart their destructive goals.[Mov 04 IMDB 5,8/10 {Video/@@@} M/41
BATLLESHIP: A BATALHA DOS MARES
(Battleship, 2012)
"Rihanna interpretando um espantalho, efeitos de segunda categoria, cenas baseadas em outros jogos/filmes. O visual das naves alienígenas é bacana, e a ação é movimentada, mas só." (Alexandre Koball)
"Apesar de AC/DC, a trilha, persistente e ensurdecedora, é um erro tão notável quanto o roteiro oco/tosco que pretende maquiar. Quando sua inspiração no jogo Batalha Naval fica mais óbvia, a melhora no ritmo surpreende, mas não salva o blockbuster, bobo." (Rodrigo Torres de Souza)
Batalha Naval no Pacífico.
''Imagino os responsáveis numa sala discutindo qual seria a desculpa para adaptarem o jogo Batalha Naval para um longa de grande repercussão. Várias idéias absurdas devem ter sido cogitadas, entre elas a selecionada. Não se pode culpá-los: a proposta é difícil; um desafio. A decidida, por sua vez, aparece num ato em que, sem radares, os tripulantes de um navio ouvem atentamente as coordenadas do Capitão Yugi Nagata (Tadanobu Asano), por causa de sua habilidade em localizar coisas sem radares: daí um imenso tabuleiro surge em sua frente e tem início a batalha naval, ignorando completamente algumas noções como, por exemplo, a desculpa dos alienígenas não conseguirem rastreá-los. Soma-se a isso a explicação estapafúrdia sobre como um dos personagens diagnosticou o que é nocivo aos alienígenas graças a uma experiência com um réptil. São pequenas coisas que passam batido, mas convenhamos que, no geral, ''Battleship - A Batalha dos Mares'' traz demasiada subestimação à inteligência do espectador. A narrativa não procura maiores explicações sobre o ataque, ela dá a razão e entendemos. Isso parece bastar. Tudo surgiu da mera desculpa da adaptação e traduziu-se o jogo ao modelo mais convencional possível. Têm-se a garota bonita que aflora os hormônios masculinos vivida por Brooklyn Decker, e seu pai, o Almirante Shane (Liam Neeson), carrancudo e imponente, pouco acrescentando a trama, a não ser por fazer vista grossa para os pretendentes da moça. Há também o modelo perfeito de honra e hombridade, o irmão do protagonista, interpretado pelo sueco Alexander Skarsgård (o vampiro Eric de True Blood). Outra que merece menção é a dona dos diálogos mais imemoráveis, a personagem de Rihanna, esta que estreia nas telonas com sua durona Cora Raikes. O entretenimento barato é cumprido e nada mais é feito. O cartão de visita da obra segue o que o cinema popular demanda: ação e humor. É a formula para apresentar o protagonista, o rebelde típico gênio indomável Alex Hopper (Taylor Kitsch, que interpretou recentemente o aventureiro John Carter), e que deve ganhar a afeição do público. A cena em que o conhecemos é mesmo cômica, mas o filme inteiro procura alívio no humor o tempo todo, basicamente como uma versão marítima de Transformers, dado que também trabalha com vilões extraterrestres dotando de um arsenal rico e naves colossais. O roteiro ficou a cargo dos irmãos Erich Hoeber e Jon Hoeber, que escreveram Terror na Antártida (Whiteout, 2009) e Red - Aposentados e Perigosos (Red, 2010). A preocupação destes é direcionar as cenas a combates, sem desperdiçar tempo com qualquer enrolação dramática – perdas são sentidas em ligeiros suspiros –, utilizando de frases de efeito e gestos de heroísmo, bem como redenção e compaixão. Não são poucos os momentos em que breves palavras motivam os combates no meio do Oceano Pacífico, entre elas, o não hoje martela na cabeça do público crente quanto à competência de seus protagonistas em defesa do mundo pelas mãos, dessa vez, de americanos e japoneses. Pearl Harbor vêm a memória. Com a humanidade em perigo pela enésima vez, Hollywood celebra mais um ataque e quem dirige o show caótico aqui é Peter Berg, que tem em mãos uma produção magnânima. Os efeitos especiais são irrepreensíveis, com destruições e explosões convincentes e desmedidas, o que hoje não surpreende mais devido às incontáveis estreias que utilizam desse atributo no circuito. O som é significativo na produção, é possível ouvir as ondas chocando-se aos navios durante a guerra. Juntamente a esses aspectos técnicos, o que há de melhor em Battleship é a a trilha sonora. O filme todo é embalado por bandas como Stone Temple Pilots, Creedence e AC/DC, o que potencializa algumas cenas. Barulhento e longo, longo demais para tratar tão pouco, Battleship é mais um expoente da ficção recente que nada diz. Presume-se sucesso de bilheteria e exaltação pela ousadia de sua adaptação. Hollywood tenta de tudo, e os alienígenas, ao que parece, continuarão sendo os nossos melhores vilões e ainda incapazes de nos enfrentar. Otimismo estadunidense? Enganar-se é um talento do ser humano. E com esse talento produções assim são lançadas para o espectador ver, não pensar e ir embora satisfeito." (Marcelo Leme)
Guerra politicamente correta.
''Não havia ideia mais bizarra que a de transformar um jogo que é quase um bingo temático de guerra, o Battleship (mais conhecido por aqui como Batalha Naval), em longa-metragem hollywoodiano. Prova incontestável da capacidade dos roteiristas dos EUA de adaptarem qualquer coisa como filme (seleção natural da Meca do cinema nestes tempos da quadrifeta remake - sequência - adaptação - reboot), ''Battleship - A Batalha dos Mares'' não apenas consegue ser uma diversão decente como também traz ideias inteligentes, especialmente sobre como usar um dos temas favoritos dos estadunidenses - o binômio guerra e patrotismo - de maneira amigável ao mercado internacional, hoje importantíssimo para a sobrevivência de Hollywood. Na trama, a NASA descobre um planeta capaz de sustentar vida, já que tem massa e distância a um sol semelhantes às da Terra. Envia então ao espaço um sinal, disparado a partir de uma instalação no Havaí, lançado para dizer que estamos aqui. Anos depois, a resposta chega na forma de uma frota enviada para nos exterminar. Mas os aliens escolheram uma má hora para nos infernizar: a instalação fica justamente ao lado de uma das mais famosas bases navais do mundo, Pearl Harbor, que está abrigando um encontro internacional de Marinhas para exercícios de guerra. A escolha de Pearl Harbor não é por acaso. A base, cujo ataque em 7 de dezembro de 1941 pelos japoneses "viverá na infâmia", carrega meio-século de rancor. Assim, quer maneira melhor de açucarar o coração do público internacional, que torce o nariz para patriotadas made in USA, do que colocar ombro a ombro, ali nesse palco tão difícil, um capitão ianque (Taylor Kitsch) e um oficial japonês (Tadanobu Asano, para o desgosto imortal de Franklin Delano Roosevelt), como linha de frente no combate a alienígenas? Com os combatentes posicionados, começa a partida - e um campo-de-força literalmente transforma um pedaço do Havaí e Pearl Harbor em um tabuleiro gigante. Ninguém entra, ninguém sai, e as estratégias começam a ser formar. Essa é a parte bacana de Battleship: o confronto inteligente, de parcos recursos contra um oponente insuperável, em cenas de ação grandiosas. Nem tudo é perfeito, porém. A necessidade dos alívios cômicos (me pergunto se em guerras de verdade alguém tem estômago para piadas) surge na forma de um núcleo paralelo formado pela namorada do personagem de Kitsch, uma fisioterapeuta (Brooklin Decker), que se junta a um ex-soldado amputado (Gregory D. Gadson) e um cientista nerd (Hamish Linklater) para enfrentar os aliens em outro terreno. Diálogos muito ruins e pose em excesso tornam essas cenas parecidas demais com o que há de pior em Transformers (Decker é a Megan Fox da vez). A previsibilidade é outro problema. Há personagens que são apresentados no começo, para justificar seu uso no clímax, que chegam sem qualquer surpresa. Pelo menos isso acontece ao som de AC/DC - o que torna qualquer coisa melhor. Falta o que fazer também a Rihanna (que só aparece para fazer cara de durona e soltar frases de efeito, limitação gerada por este ser seu primeiro papel como atriz) e Liam Neeson, que tem utilidade no começo e no fim, mas desaparece completamente durante o jogo. A lógica alienígena, se analisada com mais critério, também desmorona, tornando este um dos filmes mais curiosamente divertidos, mas que não sobrevivem a qualquer escrutínio, do cinema recente. Muito mais interessante é como o filme é, ao final, uma celebração guerreira do analógico, do velho e do supostamente inútil, substituído em detrimento do digital, do moderno. Ironia máxima em um filme em que a computação gráfica e os efeitos especiais imperam (nem Taylor Kitsch é ele mesmo na cena do pênalti!). Com o rumo que o desfecho toma, não há como não querer colocar um disco na vitrola para ouvi-lo ao lado do seu avô. O analógico oficialmente agora integra o mundo do politicamente correto." (Erico Borgo)
''Existem duas maneiras de prender a atenção dos espectadores numa sessão de cinema por duas horas. Ou se segue o método tradicional, meio fora de moda hoje em dia, de contar uma boa história com personagens interessantes, ou se faz muito barulho. Neste último caso, conta-se com a mãozinha providencial dos modernos sistemas de som dos multiplexes. Battleship – A Batalha dos Mares se enquadra neste último caso: uma bobagem repleta de clichês e diálogos tolos que mantém seus sentidos entorpecidos à força de muita reverberação. Não dava para esperar coisa melhor. A produção é dirigida por Peter Berg, o mesmo diretor de obras relevantes como Hancock, Bem-Vindo à Selva e O Reino. Se não bastasse, o marketing do filme o anuncia como a nova empreitada dos produtores de Transformers, como se isso fosse motivo de orgulho. Não à toa A Batalha dos Mares é o que é: uma perda de tempo sem nada a acrescentar. A trama, ou a falta dela, fala de uns alienígenas que resolvem responder a uma mensagem humana enviada ao espaço com fogo. Chegam à Terra botando para quebrar, com o objetivo de assumir o controle e nos despejar do planeta. Para salvar o mundo do seu fatídico fim, o arremedo de roteiro de Erich e Jon Hoeber empurra goela abaixo do público uma série de personagem tão rasos e tolos que fica difícil de acreditar que seremos salvos por eles. Neste quesito quem se destaca é o mocinho da história, o tenente Hopper (Taylor Kitsch, de John Carter). Na verdade, até agora não sei qual é sua patente de fato. Num determinado momento do filme é primeiro-tenente, em outro é capitão de corveta, ou seja, duas patentes acima. Mas nem vou me ater aos furos que o filme dá nesta área militar porque daria para encher uma página. Para se ter uma ideia, por exemplo, o navio do herói é um contratorpedeiro, embarcação militar guarnecida por uns quinhentos homens em média. No filme parece que a tripulação não tem mais de 20 militares de tão mal feita que é a ambientação. Como o longa segue à risca a cartilha dos lugares-comuns e estereótipos, temos como o alvo romântico do tenente-capitão Hopper a modelo Brooklyn Decker, de beleza inversamente proporcional a seu talento de atriz. E olha que a mulher é, de fato, muito bonita. Ela é a filha do almirante Shane, interpretado por Liam Neeson, que não sei responder o que faz nesse filme. A cena na qual o casal se conhece, que abre o longa, é talvez a coisa mais constrangedora e nosense que vi nas telas nos últimos anos. Tenho de admitir que o filme me fez rir algumas vezes, mas não exatamente nos momentos em que tentou ser engraçado. A risada veio com alguns diálogos surreais e lamentáveis. Como não rir quando o mocinho, diante do ataque alienígena que já afundou duas embarcações da Marinha, matou seu irmão e está prestes a fazer repousar no fundo do mar seu próprio navio, diz: “Estou com um mau pressentimento”. Hã? Não falta nem aquele clichê batido dos dois militares na iminência de uma ação suicida: Foi uma honra lutar com você. A cantora Rihanna faz uma ponta no longa como uma sargento, mas nem dá para avaliá-la porque pouco faz ou tem a dizer. Os efeitos especiais são muito bons, como de hábito, mas não capazes de disfarçar a história sem estofo. Deve agradar o público adolescente acostumado a ouvir seus ipods no volume máximo, mas dificilmente convencerá um público mais adulto que já anda de saco cheio de ver mais do mesmo." (Roberto Guerra)
Universal Pictures Hasbro Bluegrass Films Film 44
Diretor: Peter Berg
148.109 users / 42.386 face
Soundtrack Rock = Stone Temple Pilots + Billy Squier + The Black Keys + Citizen Cope + Dropkick Murphys + AC/DC + Band of Horses + Creedence Clearwater Revival + Tom Morello + ZZ Top
Check-Ins 370
Date 03/12/2013 Poster - ## - DirectorRichard LinklaterStarsEllar ColtranePatricia ArquetteEthan HawkeThe life of Mason, from early childhood to his arrival at college.[Mov 07 IMDB 7,9/10] {Video/@@@@} M/100
Boyhood - DA INFÂNCIA A JUVENTUDE
(Boyhood, 2014)
TAG RICHARD LINKLATER
{simpático}Sinopse ''Filmado ao longo de 12 anos, “Boyhood - Da Infância à Juventude” conta a história de um casal de pais divorciados (Ethan Hawke e Patricia Arquette) que tenta criar seu filho Mason (Ellar Coltrane). A narrativa percorre a vida do menino durante um período de doze anos, da infância à juventude, e analisa sua relação com os pais conforme ele vai amadurecendo.''
"Ao tentar emular a vida ordinária no Cinema, Linklater acaba cedendo a convenções e clichês da sétima arte, o que parece ser uma contradição. Ainda assim, excetuando-se partes excessivamente amadoras, os textos são muito agradáveis." (Alexandre Koball)
"Cinema sobre sua essência, representação da vida, suas idas e vindas, erros e acertos. Um dos projetos mais ambiciosos dos últimos anos - e um dos mais eficientes também. Para ser lembrado, por qualquer prisma que se veja, daqui a vários e vários anos." (Rodrigo Cunha)
"A metodologia de filmagem de Linklater, pelo seu arrojo e ineditismo, tende a engolir o próprio filme. Por isso mesmo, a obra deve ser vista pelo que de fato é - um incrível épico sobre a vida em família. "Boyhood" é o "Nashville" da sua geração." (Régis Trigo
"Depois de sua trilogia com o casal Jesse e Celine, Linklater se firmou como um doce observador e artesão do tempo, e agora é natural seu novo filme vir como uma progressão a esse tema. Boyhood é vida real tornada singela, pura e terna pela ficção. Lindo!" (Heitor Romero)
"A infância. Os aprendizados. A escola. A família. Os amigos. As descobertas. O crescimento. As desilusões. As dores. As alegrias. Os erros. Os acertos. A independência. O simples. O importante. O tempo. A vida, pura e simples." (Silvio Pilau)
"O roteiro se vale dos divisores comuns da juventude e usa personagens-coringa para retratar certas fases. Mas o que vale destacar é como o elenco está ótimo, como a trilha é fantástica, como a montagem é bem feita e como Linklater é preciso na direção" (Pedro Costa De Biasi)
"Linklater continua moldando o tempo através do efêmero, dessa vez sob a ótica da análise comportamental mais emocional que racional. Mesmo que comente um pouco demais a própria estrutura, um ótimo filme." (Gabriel Papaléo)
"É sobre a vida, sobre a família, sobre os pequenos momentos, sobre os aprendizados, sobre as expectativas, sobre as realizações, sobre a magnitude do tempo em cima de nossa existência. É o épico de Linklater sobre a auto-descoberta de todos nós." (Rafael W. Oliveira)
"É notória a habilidade do Linklater em agigantar essas histórias juvenis e pequenas através de um trabalho que não é pautado pela simplicidade, mas pela potência de cada um de seus objetos." (Guilherme Bakunin
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''Boyhood - Da Infância à Juventude'' é um desses projetos de longo prazo de Richard Linklater que lhe conferem prestígio (por deixar o aspecto comercial em segundo plano), mas implicam certo risco. Pode dar certo em alguns casos, como na trilogia que acompanhou por 20 anos as relações amorosas entre Ethan Hawke e Julie Delpy. Aqui, a ideia era acompanhar uma criança dos cinco aos 18 anos. Não é problemático que fosse um filme de atores e não um documentário. Mais problemático é que o interesse no desenvolvimento do menino é menos que flutuante. O que não impediu o filme de ter sido favorito ao Oscar deste ano.'' (* Inácio Araujo *)
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''Filmado ao longo de 12 anos com os mesmos atores, longa ganhou prêmio de melhor direção no Festival de Berlim. A proeza de filmar um elenco ao longo de 12 anos pode ser considerada a maior qualidade de "Boyhood - Da Infância à Juventude". O trabalho, que valeu o prêmio de direção a Richard Linklater no último Festival de Berlim, usa esse esforço de autenticidade para ir muito mais longe do que aparentam as imagens e peripécias de seu enredo prosaico. Mamãe, Papai, Samantha e Mason compõem uma família típica. Olivia (Patricia Arquette) cuida sozinha das crianças. Mason (Ethan Hawke), o pai, foi embora, mas reaparece de tempos em tempos para passar tardes agradáveis com as crianças. Os filhos Mason (Ellar Coltrane) e Samantha (Lorelei Linklater, filha do diretor) crescem em meio a distúrbios afetivos, violências de um padrasto alcoólatra e mudanças de casas, cidades e escolas. Nada disso, porém, faz deles crianças-problema. As disputas entre irmãos, o despertar sexual, o bullying, as primeiras bebedeiras, a chatice das ordens paternas, a rebeldia calculada junto à falta de noção da adolescência são filmados do modo mais banal possível, o que reitera a trivialidade dessas experiências. Como na trilogia Antes do Amanhecer, Antes do Pôr do Sol e Antes da Meia-Noite, lançada entre 1995 e 2013, o que mais interessa a Linklater é a captura do tempo, algo impalpável e implacável. Mesmo que a trilha musical matadora e os fatos do contexto remetam ao passado, o filme dirige-se a nós, contemporâneos, que tentamos abolir as demais dimensões da experiência para viver uma espécie de aqui e agora perpétuos. Mas não se trata de provocar a nostalgia, por meio do crescimento de um garoto que testemunha as mudanças históricas e culturais, como na série Anos Incríveis, da década de 1980. A memória tem pouco lugar na narrativa. Boyhood insiste em restituir o dado essencial da existência: o devir. O vir a ser se confunde com o fluxo da vida, que move a narrativa e ganha corpo nas mudanças físicas de Mason, em vez de se dissipar na forma dramática tradicional dos atos e viradas. Assim, a percepção dos ciclos e das repetições brotam quase espontaneamente, oferecendo a oportunidade de contemplar uma aprendizagem que, mesmo simples, não deixa de ser espetacular." (Cassio Starling Carlos)
***
"A esta altura, todo mundo já ao menos ouviu falar da odisseia que foi produzir Boyhood com o mesmo elenco ao longo de 12 anos e da esnobada que este filme levou no último Oscar. Convenhamos: a proposta não é assim inédita e já havia sido empregada em documentários como os da série Seven Up, do britânico Michael Apted. A qualidade de Boyhood está menos no objetivo ousado de Richard Linklater e mais nos pequenos detalhes do longa. Como em seus outros filmes (Antes do Amanhecer, etc.), não há aqui nenhuma reviravolta: a trama segue a vida de um garoto dos seis aos 18 anos. O encanto está mesmo no corriqueiro: a mãe que desaba no choro quando o filho sai de casa, o pé na bunda que ele leva da namorada, o padrasto truculento - coisas que não são exclusivas de um garoto de subúrbio americano." (Thales de Menezes)
''Boyhood - Da Infância à Juventude'', o novo filme de Richard Linklater, na verdade não é tão novo assim. O diretor passou os últimos 12 anos acompanhando a vida do menino Ellar Coltrane - que interpreta o personagem Mason no filme - dos cinco aos 18 anos, da escola até a admissão na faculdade. Em 164 minutos, Boyhood fala de infância, juventude, casamento, divórcio, fala do medo do futuro e das coisas da vida de forma tão comovente que o espectador nem vê o tempo passar. Depois de sua premiére mundial em Sundance, o filme teve a sua primeira exibição no Festival de Berlim, ontem, e foi ovacionado como num show de rock. Não supreenderá se Linklater sair da competição com o Urso de Ouro de melhor filme. Por conta de seu processo atípico de filmagem - que já foi usado em outros filmes, como o recente Irmãs Jamais, de Marco Bellocchio - Boyhood é menos sobre a história de um menino, e mais sobre o passar do tempo, sobre coincidências, sobre como a vida de todos nós daria, sim, um filme. Nas entrevistas na Berlinale, Linklater afirmou ter rodado um total de 39 dias, cerca de três ou quatro dias de filmagens por ano, e disso tirou um estudo honesto sobre o cotidiano de uma família comum com pais separados e irmãos que se amam mas também brigam. Além de Coltrane, Boyhood também conta com Patricia Arquette (que vive a mãe do menino), Lorelei Linklater (irmã de Mason no filme e filha do diretor na realidade) e Ethan Hawke (pai das crianças). Todos os anos o diretor se reuniu com suas estrelas para rodar as cenas, que são exibidas de maneira cronológica e fazem de Boyhood um filme de uma simplicidade deslumbrante. Linklater reuniu uma seleção de canções para pontuar temporalmente o filme. "Yellow", do Coldplay, abre o longa e deixa claro que a história começa em 2002. A chegada no tempo presente, por exemplo, quando Mason já dirige e se prepara para ir para faculdade, é marcada por "Get Lucky", do Daft Punk. Apesar de ser um filme que se define em função da experiência adolescente americana, Boyhood consegue ser universal. O contexto varia, mas todos temos memórias de momentos para lembrar, bons ou maus, com pais, amigos, namoradas, colegas. Sem apelar para o melodrama ou a farsa, Linklater aborda todos esses temas e muitos outros da mesma maneira simples, sem piscar, como partes de um álbum de memórias da maneira efêmera que a própria vida é: aquilo que parece ser um enorme problema por um momento, passa sem ninguém perceber enquanto pequenas dores podem permanecer na alma para sempre. É esse uso seletivo, mas cumulativo de experiências que parecem banais, mas são cheias de significado, que dão a Boyhood seu brilho. Eu queria mostrar os momentos de amadurecimento que vemos nos filmes, mas numa produção só. Queria capturar como lembramos da vida, como o tempo passa. Não queria uma história dramática, às vezes há momentos dramáticos no filme, como acontece em nossas vidas, mas não é assim na maior parte do tempo. Tentamos ser o mais próximos possível da realidade, afirmou o diretor na coletiva após a exibição. Bem perto do fim, depois de mais uma sequência de caminhada dos personagens - em ''Boyhood - Da Infância à Juventude'', assim como na famosa trilogia de Antes do Amanhecer de Linklater com Ethan Hawke, os personagens nos levam para passear durante diálogos -, o diretor saca uma piada de metalinguagem, como se o tempo de Mason estivesse apenas começando. O espectador até esquece a tristeza da despedida do filme - porque inconscientemente sabe que, a partir dali, poderá carregar o menino para sempre consigo." (Bruno Amaral)
''O filme de Linklater esfumaça as barreiras entre o cinema e a vida, utilizando o transcorrer do tempo dentro e fora do filme como grande aliado.
''Boyhood - Da Infância à Juventude'' o novo filme de Richard Linklater, chama a atenção primeiramente pelo seu projeto, por sua forma de produção. Afinal, o filme foi filmado durante 12 anos, mantendo o seu núcleo de atores principais do início ao fim. Esse tipo de processo já foi utilizado em alguns documentários (que filmam e voltam aos seus personagens reais no espaço de alguns anos) e por ficções seriadas (que temporado após temporada mantém um elenco fixo). No campo do documentário, talvez a experiência mais próxima seja Anna dos 6 aos 18 (1994), de Nikita Mikhalkov. No filme, o diretor russo repete uma série de perguntas a sua própria filha por 12 anos, entre 1979 e 1991. O filme acaba passando pelas questões sociais e políticas da derrocada da URSS, pelo olhar da menina. Para além da semelhança no tempo, os projetos se aproximam por Linklater também ter escalado sua filha Lorelei para viver a irmã de Manson Jr., Samantha. Os dois filmes de alguma forma partem de um microcosmo familiar (ficcional ou real) e esbarram no macrocosmo social e político – com a diferença que esse efeito é bastante mais nuançado na obra de Linklater. No campo da ficção seriada os exemplos seriam múltiplos. Muitas séries utilizam o efeito do tempo nos corpos e ainda mais em um corpo em constante transformação (da infância ao início da vida adulta) como uma grande força. Talvez o caso mais significativo dentro dessa mesma proposta do crescimento de um garoto da infância ao início da vida adulta seja Os Anos Incríveis – em que acompanhamos a vida de Kevin Arnold dos 12 aos 18 anos, e consequentemente de sua família e amigos, entre o final dos anos 1960 e início dos 1970. Em comparação ao seriado, Linklater dobra a quantidade de anos e condensa em 3 horas – tornando o efeito do passar do tempo nos corpos ainda mais potente. De qualquer forma, a utilização desse procedimento em um filme de ficção, se não inédita, é ao menos raríssima. E, apesar da ousadia e grandiosidade da empreitada original que poderiam levar o filme a ter um peso ou uma presunção, são necessários poucos minutos para que a narrativa flua naturalmente. Estamos em mais um filme de Linklater – e isso importa mais do que procedimentos ou ineditismos. Nesse sentido, o cinema de Linklater vai cada vez mais na direção de um desarme dos arranjos convencionais do tempo das narrativas – como o diretor já havia experimentado nos 18 anos que separam a triologia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Por do Sol (2004) e Antes da Meia Noite (2013). O curioso é que Boyhood começou a ser produzido antes da triologia com Ethan Hawke e Julie Delpy – depois do primeiro filme, mas antes da concretização dos dois segundos. Foi o início da empreitada de 12 anos sobre a infância e adolescência de um garoto que encorajou Hawke e Linklater a tocarem para frente a triologia do casal, realizando os dois últimos filmes. Acompanhando a vida de Mason Jr. dos 6 aos 18 anos, Boyhood balanceia bem o nada acontece e também as grandes mudanças pelas quais uma família passa ao longo de uma década. No ponto de partida, Mason está com seis anos e sua irmã Samantha com nove, seus pais Olívia e Mason Sr. são separados – o pai é um músico um pouco irresponsável e ausente, mas que demonstra fortemente o afeto pelos filhos e a mãe tenta equilibrar o cuidado com os filhos, a vida amorosa e o projeto de continuar os estudos e ter uma carreira melhor. A partir daí, o filme vai seguindo o fluxo dos anos, sem nunca amarrar oficialmente as passagens – percebe-se que saltamos de ano pelas transformação fisíca dos atores e pelas elipses narrativas. Durante os 12 anos que o filme foi filmado, os dias de gravação foram poucos, cerca 40 dias ao todo – isto porque as gravações eram feitas por 3 ou 4 dias ao ano, quando os atores e equipe conseguiam combinar as folgas. Mas o processo de preparação e escrita se desenrolava em uma colaboração constante entre o diretor e os atores. Assim, Linklater incorporou detalhes ou transformações da vida dos atores no roteiro, ainda que desde o início houvesse uma ideia geral de para onde a narrativa iria. Mais do que nunca, o diretor consegue em Boyhood diluir as barreiras entre vida e cinema, usando sobretudo a manipulação do tempo como aliada.'' (Kênia Freitas)
O tempo é amigo.
''Ao acompanhar um dia dos desajustados sociais texanos em 1991, Richard Linklater ajudou a cimentar um meandro comportamental que batizou seu filme e que depois foi associado apenas ao movimento de boicote ao trabalho – Slacker. O filme, que se apoiava no fluxo do tempo e na forma que os personagens enfrentavam o andar do dia, foi nomeado ao grande prêmio do Festival de Sundance no mesmo ano. Em 1996, Suburbia era lançado. O filme acompanha através de um curto espaço de tempo e um pequeno espaço cênico – um posto de gasolina e seus arredores - o peso que a vida adulta traria para este grupo de slackers que lentamente assemelham a ideia que tudo está prestes a mudar. Estes dois exemplos mostram como ''Boyhood - Da Infância à Juventude'' parte de um princípio utilizado com certa frequência na filmografia de Richard Linklater: o tempo como sustentação. O filme, que acompanha Mason da infância ao momento em que entra para a faculdade, se resume a um jogo de elipses muito coeso, pois o maior desafio é o de manter a ideia de fluxo – o passar dos anos - entre tantos cortes. A sensação que se tem é de que Linklater resume o filme como antítese ao cinema de James Benning (curiosamente presença constante na sala de edição de Boyhood). É um filme de retrospecto, onde são pincelados momentos de aflição, afirmação e claro, de amadurecimento. ''Boyhood - Da Infância à Juventude'', assim como Suburbia ou Slacker, não se inclina a qualquer tipo de drama. Os conflitos são presentes, mas o fluxo continuará como norte principal da narrativa. Como abrir um álbum de fotografias, lembrar-se de uma determinada época por alguns minutos e seguir em frente. Logo estaremos em outro local, com outras motivações, outros amigos e outra noção de vida. O que há de mais interessante em Boyhood é como Linklater nos dá o papel de nostálgicos e deixa seu protagonista como vivente. Mason passa pela vida sem olhar pra trás, como se estivesse sempre em busca do melhor. O espectador, passivo, ficará com os rastros, com a sensação de que o melhor está acontecendo e escapando das mãos a cada quadro, pois não há espaço para proveito. Esta maneira de esculpir uma parte da vida sugere este olhar para trás. E por esta percepção, ''Boyhood - Da Infância à Juventude'' vai lentamente de encontro ao que era seu oposto. A noção de explorar o momento e o tempo oferecido, suas formas e possibilidades. Se Boyhood é um resumo de fragmentos repletos de sentimentos e diferentes formas de compreensão da vida ao longo de doze anos de filmagem, ele exprime sua concepção de forma que é possível interagir com o básico, sem que nenhuma imersão domine o filme. E assim fica ainda mais interessante pensar na presença de Benning na sala de edição e como o diretor norte-americano - com quem Linklater protagonizou o belíssimo documentário Double Play dirigido por Gabe Klinger - faria Boyhood: provavelmente em um único plano que entoasse a infância e a juventude." (Pedro Tavares)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo / 2015 Urso de Ouro
Top 250#52
Top Cineplayers 250#245 (Usuários)
Top Década 2010 #6
IFC Productions Detour Filmproduction
Diretor:Richard Linklater
30.833 users / 19.458 faceSoundtrack Rock Daft Punk / Weezer / George Harrison / Arcade Fire / Family of the Year / Charlie Sexton / Atlas Genius / Yo La Tengo / Foster the People / The Black Keys / Paul McCartney and The Wings / Bob Dylan / Kings of Leon / Foo Fighters / Phoenix / Vampire Weekend / Wilco / The Flaming Lips / Cat Power / Coldplay / The Hives / Blink 182 / Sheryl Crow / Aaliyah / Gary Glitter
50 Metacritic 1.284 Up 194
Date 10/11/2014 Poster - ######## - DirectorChristophe HonoréStarsCatherine DeneuveLudivine SagnierChiara MastroianniIn London, a mother and daughter navigate their respective romances: Madeline rekindles an affair from thirty years earlier, while her daughter Vera is caught between a musician who cannot commit and her ex, who still pines for her.[Mov 06 IMDB 6,1/10 {Video/@@@} M/55
BEM AMADAS
(Les bien-aimés, 2011)
''De Paris nos anos sessenta para Londres na década de 2000, Madeleine e sua filha Vera vem e vão nas vidas dos homens. Mas o amor se torna mais difícil à medida que os anos passam. Como você pode resistir à força do tempo que passa e que ataca os nossos sentimentos mais profundos?" (Filmow)
''Fui ver “Bem Amadas” como fui ver o Batman: esperando muito pouco. É, acho, uma situação interessante, porque não raro a gente se surpreende. Até hoje não sei bem o que o Christophe Honoré quer da vida. Não que seja culpa dele, é minha, provavelmente. De todo modo, adoro A Bela Junie, gosto da situação familiar de Em Paris, me enchi bastante nas Canções de Amor, se é o que o nome é esse. Mas meu preconceito com o filme não vinha daí, e sim do encontro mãe e filha, Deneuve e Chiara, que me pareceu uma coisa muito mercadológica. Não sei, li a notinha do Sergio Alpendre no Guia da Folha. Bola preta, frase dizendo que chega de sub Jacques Demy, o cacete. Bom, para mim o mundo seria ótimo se houvesse um monte de sub Jacques Demy. Quem me dera. Em todo caso, não conheço tantos assim. O filho do Demy, de certo modo, mas nem tanto assim. Ele tem, digamos, uma filiação antes de tudo. Filiação ali no cartório mesmo. Mas suas buscas e tal evocam o pai. Já o Honoré, neste filme, tem uma tremenda delicadeza e uma tremenda elegância. Há duas mulheres, mãe e filha, os homens que as amam e os homens que elas amam. De diferentes maneiras. O caso da Deneuve é mais surpreendente um pouco e não vou tocar nele para não estragar quem ainda não viu o filme. O da Chiara Mastroianni é: ela é amada por Louis Garrel, mas tem um amor obsessivo por Paul Schneider, um roqueiro que pelo jeito não se interessa muito por ela, embora não diga isso em momento algum. A ambiguidade que sustenta é tão mais interessante quanto ele é homossexual e é portador do HIV (parte do filme se passa num momentoem que Aidsera fatal). Ele é capaz de viajar horas para vê-la, mas leva o jovem amante, para o qual diz não dar muita bola, mas que está sempre lá. Honoré faz uma linda cena de amor entre os três. Bem sensível. Melhor é o momento, logo depois,em que Chiaradesce ao hall do hotel (ela foi aos EUA bem no 11 de setembro e seu avião foi desviado para Montreal) onde colocaram uma pilha de passageiros, pega o controle da TV, tira do noticiário que todo mundo quer ver, bota num videoclipe e começa a dançar sozinha no lugar. Belíssimo. Dito isso, Chiara Mastroianni me dá aflição. Não sempre. Mas quando colocada em primeiro plano. Tenho sempre a impressão de estar vendo Marcello Mastroianni em Casanova e a Revolução. Acho que ela deu um azar genético inacreditável. É demais a cara do pai. Mas não a via tão bem, exceto nesses momentos, desde “A Carta”, desde o Manoel de Oliveira. Ela me parece uma grande atriz, sempre que filmada em plano americano ou médio.'' (* Inácio Araujo *)
A bolha do cinema de Honoré.
"Dentre os realizadores franceses contemporâneos reconhecidos pelo público e crítica, Christophe Honoré certamente é o mais prolífico. "Bem Amadas" (Les bien-aimés, 2011) é o décimo título de sua carreira em dez anos, e com ele novamente o diretor nos entrega um produto com a marca Honoré, com muito que já se apresenta, mais do que características, como clichês (visuais, inclusive) do seu cinema. Um cinema adocicado, perfumadinho, de boutique, sempre a apresentar um desfile com os melhores vestuários como numa passarela em um desfile de moda coleção outono/inverno, e as melhores estampas − ou frascos, uma vez que nos referimos à perfumaria de seu cinema: para os marmanjos, Ludivine Sagnier (sempre uma intérprete bastante limitada), e às moçoilas, o indefectível Louis Garrel (alguém que não seja do sexo feminino ainda suporta assisti-lo num filme que não seja os do seu pai?), dentre outros mais e menos famosos que compõem os elencos de suas obras. Tirando a overdose de charme e bom gosto na qual Honoré normalmente chafurda, o que resta num filme como este seu mais recente? Pois então, Bem Amadas se torna difícil de não ser visto ou pensado como uma novela das oito. Honoré trabalha numa certa zona de indiferença estética, seus personagens parecem habitantes de um mundo de plástico, numa relação efêmera com essas figuras, que só ganham corpo e credibilidade mesmo aos olhos dos seus fãs se encarnados por atores reconhecidos cujos rostos imediatamente transmitam uma cumplicidade com o público (um filme do diretor francês sem nenhum astro provavelmente não convenceria ninguém). Não há afrontamentos da parte do cineasta para com os personagens, e nem destes para com o mundo. Em Bem Amadas a vida se resume a uma ciranda de relacionamentos e traições (sempre marcada por uma rede de afetos, o que surge como parte da necessidade que o diretor tem em cativar), somente interrompida por fatalidades providenciais do roteiro, como o suicídio e a doença, ou os acontecimentos históricos que permeiam a narrativa: a Primavera de Praga em 68, e os atentados de 11 de setembro no limiar do novo século. O filme é dividido entre essas duas épocas, com Madeleine na fase jovem (Ludivine Sagnier), onde o passado (contado a partir de 1964) ganha forma com as cores dos musicais da época de Jacques Demy (melhor ficar com o original), e com a mulher se envolvendo com o médico estrangeiro Jaromil (Radivoje Bukvic), o que lhe acarreta uma filha, e o posterior abandono, que a faz fugir para procurá-lo na República Tcheca durante a invasão comunista em Praga. Quarenta anos depois a filha, Vera (Chiara Mastroianni), repete o mesmo percalço de decepções da mãe, com uma paixão obsessiva por um amigo homossexual (Paul Schneider) e como alvo do interesse do personagem de Garrel, enquanto que a própria Madeleine mais velha (Catherine Deneuve) prossegue com as idas e vindas de sua relação com Jaromil (na falta do falecido Marcello Mastroianni − pai de Chiara fruto de sua relação com Deneuve −, que muito provável e oportunamente gostaria de ter utilizado, Honoré recorre a uma participação do cineasta Milos Forman no papel). Em meio a tudo há as canções, novamente escritas por Alex Beaupain, o mesmo de um dos sucessos anteriores do diretor, Canções de Amor (Les Chansons D'amour, 2007), reciclando elementos e um estilo (não bastassem os mesmos atores) de uma receita que triunfara antes com um público numeroso. Algumas canções se casam melhor com as imagens, em outras parece que estamos a ouvir uma rádio em paralelo enquanto vemos o filme, sem falar quando determinados trechos com música perigam tomar forma de videoclipe, bem ao gosto de um cinema publicitário como o do diretor. Porque na verdade certos filmes seus se assemelham e podem ser deliciosos e envolventes como uma canção pop. Mas como cinema ainda é muito pouco." (Vlademir Lazo)
2012 César
Top República Tcheca #15
Why Not Productions France 2 Cinéma Sixteen Films Negativ Canal+ France Télévision Orange Cinéma Séries Région Ile-de-France Fonds d'Action de la Sacem, Le Soficinéma 7
Diretor: Christophe Honoré
1.590 users / 535 face
Check-Ins 403
Date 10/12/2013Poster - ##### - DirectorEskil VogtStarsEllen Dorrit PetersenHenrik RafaelsenVera VitaliForsaken in a new Oslo apartment, a frail blind woman battles to come to terms with her condition, as she slowly retracts into an elaborate fantasy bubble. Are her stories fanning her suspicions, or is this what total blindness looks like?{Video/@@@@}
BLIND
(Blind, 2014)
''Tendo recentemente perdido a visão, Ingrid retira-se para a segurança de sua casa - um lugar onde ela pode se sentir no controle, a sós com seu marido e seus pensamentos. Mas os problemas reais de Ingrid se encontram dentro, não para além das paredes de seu apartamento, e seus mais profundos medos e fantasias reprimidas aparecem." (Filmow)
2014 Urso de Ouro / 2014 Sundance
Date 26/11/2014 Poster - ###### - DirectorBilly WilderStarsDean MartinKim NovakRay WalstonJealous piano teacher Orville Spooner sends his beautiful wife, Zelda, away for the night while he tries to sell a song to famous nightclub singer Dino, who is stranded in town.{Video} M/63
BEIJE-ME, IDIOTA
(Kiss Me, Stupid, 1964)
''Quando o mundialmente reconhecido cantor "Dino" (Martin, em uma hilariante paródia) passa por Climax, Nevada, ele não esperava conhecer dois aspirantes a compositores com um plano de sequestrá-lo e mantê-lo preso para que escute suas canções. O que eles não sabiam era do insaciável apetite de Dino...por mulheres e vinhos! E quando um dos compositores descobre que a sua própria esposa já foi presidente do fã-clube de Dino, ele contrata uma esposa substituta (Kim Novak) para deixar o cantor "cheio de vontade" de comprar suas músicas!" (Filmow)
"Deliciosa comédia em que Wilder volta a brincar com as farsas e as máscaras da sociedade, questionando o limite do homem quando se trata de dinheiro. Inferior a outros grandes filmes dele em torno do tema, mas ainda assim um trabalho hilariante." (Heitor Romero)
"Em torno de Billy Wilder, existe um mistério: por que certos de seus filmes fazem sucesso, enquanto outros passam em branco? Por que o belo Fedora nem chegou ao Brasil, ou Amigos, Amigos, Negócios à Parte foi esnobado solenemente, para ficar apenas com dois casos. Nessa categoria também entra "Beija-me, Idiota", se bem que nesse caso existe o estigma da imoralidade. Pois nosso conservadorismo não gosta nem de ouvir falar da história do compositor talentoso, desconhecido, caipira, que, para ter a chance de ser revelado, praticamente entrega sua mulher a um famoso cantor (Dean Martin). Pouco importa também que sua mulher, no caso, não seja bem sua mulher, mas a prostituta da cidade (Kim Novak): as trocas de pessoas, mais as trocas de afetos que se vê põem em certo risco os hábitos matrimoniais estritos e desencadeiam essa coisa caótica que é o desejo. O desejo que Wilder observa não com ironia, como Lubitsch, mas com sarcasmo." (* Inácio Araujo *)
''É estranho o destino de Billy Wilder. Alguns de seus filmes são jogados às nuvens. Outros, destinados ao esquecimento. Por vezes não há razão nem para um nem para outro. "Beija-me, Idiota" é, de longe, a mais ousada de suas comédias. Ali, a bela mulher de um músico desconhecido faz de tudo para que um cantor famoso grave uma canção do marido. E tudo é tudo mesmo, embora a elegância seja de lei e faça parte da comédia. Mas a bela mulher é Kim Novak e o cantor é o bonitão Dean Martin. Dois tipos provocantes, não há dúvida. Dessa ambiguidade moral, Wilder tira todas as consequências: ri do humano, um pouco a distância, um pouco disfarçado, mas sem abrir mão de mostrar como viver pode ser duro e roçar a indignidade. Mas, claro, um beijo pode compensar nossas dores." (** Inácio Araujo **)
Date 06/12/2014 Poster - ######## - DirectorSofia CoppolaStarsKatie ChangIsrael BroussardEmma WatsonInspired by actual events, a group of fame-obsessed teenagers use the internet to track celebrities' whereabouts in order to rob their homes.{Video/@@@@} M/66
BLING RING - A GANGUE DE HOLLYWOOD
(Bling Ring, The, 2013)
"Sofia Coppola filma todos esses jovens sem futuro, fúteis e vazios e parece não trazer nenhuma lição a respeito disso para seu público. Ou, faz pior: idolatra, de certa forma repulsiva, esse comportamento." (Alexandre Koball)
"http://youtube.com/watch?v=hkr-vUu3V-w" (Daniel Dalpizzolo)
"Discute com eficiência essa onda de adoração e exposição das celebridades de Hollywood. Até que ponto isso é benéfico não apenas para elas, mas para a sociedade como um todo?" (Rodrigo Cunha)
"Lá pelas tantas, depois da enésima invasão domiciliar, o filme dá sinais de esgotamento e repetição. Felizmente, Sofia Coppola escapa dessa armadilha e, sem julgamentos morais, faz um retrato honesto - e universal - do vazio da juventude atual." (Régis Trigo)
"O distanciamento de Coppola é ao mesmo tempo a força e a fraqueza do filme: enquanto permite apresentar os personagens sem julgá-los, também resulta em um retrato superficial, como se fosse representante da cultura vazia que pretende criticar." (Silvio Pilau)
"O acerto de Coppola é não cair na tentação de julgar os personagens, nem impor algum tipo de opinião em cima dos fatos. Ela apenas observa(o plano geral enquadrando a casa de longe durante a invasão é um achado) e expõe um universo que entende muito bem.'' (Heitor Romero)
Oh my God, it’s Paris Hilton!.
''O novo filme da diretora americana Sofia Coppola era certamente um dos mais aguardados no Festival de Cannes. Ele abriu a competição da mostra Un Certain Regard. A história traz questões profundamente contemporâneas, por tratar do universo das celebridades, sua exploração midiática e a criação de ilusões, desejos e cobiça na vida de pessoas comuns. Como disse a diretora na conferência de imprensa: é um filme que não poderia ter sido feito 10 anos atrás. A escolha pelo título é explicado logo na sinopse: foi o nome dado pela mídia americana a uma gangue de jovens (entre 16 e 17 anos) que invadia casas de famosos em Los Angeles para roubar produtos de marca e se divertir. A escolha das celebridades não era aleatória: eram todos jovens nos quais o grupo se espelhava e que observava de longe em boates e casa noturnas que frequentavam. A história se baseia em fatos reais e chegou à diretora através de uma reportagem de Nancy Jo Sales, publicada na Vanity Fair em 2010 – “Os Suspeitos Usavam Louboutins”. Coppola interessou-se pelos personagens e seus delitos. Foi atrás das entrevistas colhidas pela jornalista e dos depoimentos registrados pela polícia, quando os meninos foram detidos. A procura dos cinco atores para compor essa turma de amigos durou um ano. Para alguns, foi necessário um intenso trabalho de pesquisa, de forma a perder o sotaque (caso da britânica Emma Watson), adentrar no universo da moda (caso de Israel Broussard, que interpreta Mark, o personagem que conduz a história) e se familiarizar com o lifestyle de Los Angeles (para tanto, contaram com a ajuda da atriz Claire Julien, que de fato mora na cidade). O filme tem muitos méritos além da história, que por si só já é bastante curiosa: é no mínimo surpreendente que adolescentes consigam acesso fácil e contínuo à casa de celebridades tão visadas. Ele incorpora com domínio a estética dos reality shows, das redes sociais e dos registros fotográficos (a multiplicidade de autorretratos instantâneos e compartilhados). A montagem é dinâmica e acelerada, no compasso do intenso fluxo de imagens e informações consumidas diariamente na internet. Assim, a contemporaneidade é trabalhada também enquanto linguagem, de forma fluida e bem-sucedida. O espírito juvenil também está na tela: a narrativa é leve e bem humorada, tratando a superficialidade dos personagens com boas doses de ironia. Não há lugar para o desenvolvimento da psicologia e da intimidade: a sucessão de imagens é também uma sucessão de ações. A leveza perpassa todo o filme e sobrevive a um acidente de carro potencialmente perigoso, com a motorista alcoolizada, ao consumo de drogas ilícitas, à possibilidade sempre presente da descoberta e punição. Mesmo a divulgação de imagens de câmeras de segurança de uma das casas invadidas, em TV aberta, não abala as ações dos invasores. Isso só é quebrado na saída do julgamento, com a narração em off da dura sentença, e na sequência final, em que o olhar de Mark não encontra consolo. Foi particularmente interessante assistir a The Bling Ring no mais importante e badalado festival de cinema do mundo. Cannes se pretende o epicentro do mundo cinematográfico (ou, para usar uma expressão da refinada língua francesa, la crème de la crème), exalta a cultura do tapete vermelho e atrai os olhares, gritos e cliques de milhares de pessoas. A própria vinheta de abertura sintetiza a ostentação do festival, sua autoconsciência grandiloquente. Aqui estamos, no céu, junto das estrelas. Abaixo de nós, o mundo. Acima, o infinito. O aparente bom gosto revela-se de um brega incontido. Mas o centro não brilha sozinho. As bordas, as margens, o fora é que conferem sentido a sua existência e o alimentam. Ao lado do glamoroso tapete vermelho, onde as celebridades são bombardeadas com 24 flashes por segundo, há amontoados de jornalistas para entrar nas sessões (vale empurrão e furar fila para não ficar de fora) e dezenas de pessoas com plaquinhas pedindo ingressos para os filmes mais disputados. É para esse outro lugar que Coppola repousa seu olhar. Essas relações ficam mais complexas se pensarmos que o elenco principal traz uma das atrizes mais conhecidas no mundo – visto que os 8 filmes da saga Harry Potter figuram no ranking dos 100 filmes de maior bilheteria na história do cinema, entre o 3º e 33º lugares. Vida e ficção se confundem quando sabemos que a casa mais visitada pelo grupo, e a mais excêntrica, é verdadeiramente a casa da milionária Paris Hilton. Os famosos do filme são os mesmos da vida real e há uma série de imagens de arquivo (fotos e vídeos) recheando a narrativa, contextualizando-a em seu tempo e conferindo mais força a sua abordagem temática. A própria feitura do filme traz em si uma operação interessante, trazendo a margem para o centro, girando os holofotes para as sombras. Contudo, Sofia Coppola guarda um distanciamento crítico e lúcido. Ela manteve os nomes reais das celebridades, mas fez questão de criar novos para os protagonistas e assim não contribuir para a fama que os jovens ganharam por motivos escusos." (Lygia Santos)
"Baseado em texto de Nancy Jo Sales para a Vanity Fair, "Bling Ring - A Gangue de Hollywood" é o quinto longa de Sofia Coppola. O filme, como a reportagem, mostra adolescentes de Los Angeles obcecados pela fama. Num surto de loucura e irresponsabilidade, eles invadem casas de famosos que estão fora da cidade - pesquisando na internet o melhor momento para a ação. Entrar nas mansões não é problema para eles, tampouco levar pertences de seus alvos. Da mesma forma, ignoram a possibilidade de serem descobertos e condenados. O que pensam esses jovens? Põem fotos no Facebook com os objetos roubados e contam suas estripulias. Se apanhados, terão seus minutos de fama. Sofia Coppola retrata muito bem o mundo dos adolescentes burgueses de Los Angeles (e dos adolescentes em geral): o encanto com o pop e o gangsta rap, a tendência a beber e se drogar, o desprezo por instituições e, sobretudo, o vício de interagir com outros internautas. O cotidiano desses jovens é mostrado como num documentário, de maneira observacional e sem julgamento. O que ela procura é entender. A personagem mais interessante é a de Emma Watson, Nicki. Fútil e inconsequente, está a quilômetros de distância de Hermione, personagem que revelou Watson na série Harry Potter. Quando detida, deleita-se com os momentos de fama e com a sorte de ter dividido cela com a atriz Lindsey Lohan. A educação dada pela mãe de Nicki às filhas é uma versão cor-de-rosa da família repressora de As Virgens Suicidas (1999); e o quase romance entre os jovens Marc (Israel Broussard) e Rebecca (Katie Chang) é a versão teen do relacionamento inconcluso entre Bill Murray e Scarlett Johansson em Encontros e Desencontros (2003). Se Bling Ring está abaixo dos filmes que revelaram o talento da cineasta, ao menos demonstra certa recuperação após o modorrento Um Lugar Qualquer (2010)." (Sergio Alpendre)
"O principal mérito de "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" consiste na coragem de Sofia Coppola de fazer um filme sobre o vazio. Isto é, sobre o nada de um grupo de adolescentes. O grupo de meninas e rapazes que tem por centro um jovem homossexual e uma garota cleptomaníaca se empenha em invadir casas (se possível das ditas celebridades) e roubar objetos. Para eles isso não passa de alguns momentos de diversão, ou de uma forma de exorcizar o tédio. A sociedade verá as coisas de outra maneira. A questão que fica é: desta vez, Sofia fez um filme sobre o vazio (ela flerta com isso não é de hoje) ou fez um filme apenas vazio, que não tem nada a dizer? Será que abordou um aspecto essencial da sociedade americana, ou apenas uma borda sem maior significação? Em todo caso, é na margem que o filme ficou." (* Inácio Araujo *)
"Crianças ricas com nada além de amigos falsos, canta Frank Ocean na canção que encerra Bling Ring - A Gangue de Hollywood'', o filme de Sofia Coppola sobre crianças ricas com amigos falsos. É uma escolha bastante literal para os créditos finais, mas a figura de Ocean, que hoje representa o oposto do gangsta no rap dos EUA, é interessante para contrapor a relação que as personagens do filme têm com esse subgênero musical e com o gangsterismo americano em geral. A imagem que todos têm do gangsta rap são os videoclipes cheios de mansões, carrões, mulheres de biquini e correntes de ouro, e o ideal de vida das patricinhas de Bling Ring não é muito diferente. A trama se baseia no caso real de um grupo de adolescentes que comete uma série de assaltos a mansões de celebridades em Los Angeles, como Lindsay Lohan e Paris Hilton - celebridades que elas invejam e almejam conhecer. Dentro dos guarda-roupas de atrizes pouco mais velhas que elas, as ladras sabem de cor qual vestido ou sapato foi usado em determinado evento ou ensaio de fotos. Depois de Um Lugar Qualquer, também ambientado na superfície de baladas de Berverly Hills, Sofia Coppola leva mais além seu exercício de observação da banalidade para mostrar como essas jovens são criadas em um universo de superproteção (escola em casa, remédios contra déficit de atenção) e se tornam filtros no "mundo real", pegando o que encontram para criar para si uma imagem de sucesso e riqueza. É essa imagem que se confunde com o gangsterismo - porque nos EUA de hoje, que ainda lida com a herança de espertezas do governo Bush, não é só a cultura da celebridade que se incentiva, mas também a cultura do gângster. Então entre um golpe e outro, vemos a garotada nos carros, cantando junto o gangsta rap marrento que toca no rádio, ou brincando com uma arma encontrada num dos furtos. É meio uma coisa Bonnie & Clyde, diz, em referência ao casal de assaltantes de bancos glamourizado pelo cinema, uma das personagens quando depara com o perigo de ser pega pela polícia - um flerte com a notoriedade pública que obviamente a gangue não refuta, porque ninguém é celebridade se guarda a fama para si. Em Super Rich Kids, Frank Ocean, gay assumido, também canta que procura por um amor de verdade. Uma das cenas mais importantes de Bling Ring é o momento em que o único menino da gangue, que evidentemente não consegue lidar bem com sua sexualidade, apaga as luzes do quarto para cantar e dançar um rap. É um pedido privado por compreensão - de corresponder de verdade seu tipo de amor. Que esse personagem tenha o final mais doloroso de Bling Ring - não só agridoce, como a maioria dos finais do filmes de Sofia, mas terrível mesmo - é mais um sinal de que os EUA têm muito o que reexaminar." (Marcelo Hessel)
"O quinto filme de Sofia Coppola fez mais barulho na imprensa do que nas bilheterias. É baseado no caso real de uma gangue de garotos californianos ricos que invade mansões de famosos para bagunça e furtos. Um caso quente que a diretora tratou com frieza.
Mas "Bling Ring" ainda é um dos lançamentos mais atraentes do ano passado. Por baixo do verniz cool, é cínico e incisivo. Mesmo longe de seu melhor, Sofia Coppola incomoda." (Thales de Menezes)
2013 Palma de Cannes
Date 17/12/2014 Poster - ###### - DirectorAlejandro G. IñárrituStarsMichael KeatonZach GalifianakisEdward NortonA washed-up superhero actor attempts to revive his fading career by writing, directing, and starring in a Broadway production.{Video/@@@@@} M/88
BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA INGNORÂNCIA
Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance, 2014)
''O metafilme "Birdman" é o melhor do diretor Alejandro González Iñárritu e o mais ousado entre os concorrentes da principal categoria do Oscar. Não é pouca coisa. O mexicano tem no currículo Amores Brutos e 21 Gramas, e disputam o prêmio deste ano títulos como Sniper Americano, de Clint Eastwood, O Grande Hotel Budapeste, de Wes Anderson, e Whiplash, do novato Damien Chazelle. No longa, que estreia nesta quinta, o ator Riggan Thomson (Michael Keaton) dirige e protagoniza uma peça na Broadway baseada num conto de Raymond Carver, Do que Estamos Falando Quando Falamos de Amor. Busca prestígio contra a decadência que veio ao recusar o quarto filme da cinessérie do tal Homem-Pássaro do título, super-herói que lhe deu fama e dinheiro. É em torno dos ensaios e da estreia teatral que se desenrola a trama. No elenco da obra fictícia estão o ator stanislavskiniano Mike Shiner (Edward Norton) e sua ex-namorada Lesley (Naomi Watts). A produção é de Jake (Zach Galifianakis), auxiliado por Sam (Emma Stone), a única filha de Thomson que acaba de sair de um clínica de reabilitação. Todas as atuações estão entre as melhores dos quatro atores. "Birdman" é feito à maneira de Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, e Arca Russa, de Alexandr Sokurov, em que o espectador tem a ilusão de que não há um único corte. Tem também toques de A Noite Americana, de François Truffaut, e O Jogador, de Robert Altman, outros grandes metafilmes. A trilha é quase toda de solos de bateria, o que dá ainda mais nervosismo ao filme --e pode irritar alguns. Mas o ruído é um personagem em si. São muitas as referências, o que poderia indicar tibieza autoral ou imaginação limitada. Não é o caso aqui. "Birdman" é todo ele criatividade, a começar pelo dilema existencialista vivido por Thomson, que assim como o espectador não sabe o que é verdade e o que é teatro (ou cinema): ele pode levitar? Consegue fazer objetos flutuarem? Está morto? Firma ainda uma grande parceria, de Iñárritu e Keaton. O diretor mostra bom humor insuspeito e sobe a outro patamar, e o ator nos relembra por que gostamos dele, apesar de "Batman". Sim, Thomson/Keaton, Birdman/Batman, nem tudo é por acaso." (Sergio Davila)
*****
"É possível fazer uma lista considerável com méritos de "Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância)'', vencedor do Oscar de melhor filme, direção, roteiro original e fotografia. A confirmação do mexicano Alejandro Iñárritu como grande diretor. A volta por cima do ator Michael Keaton, resgatado do limbo de Hollywood. Edward Norton provando como é bom. Emma Stone provando que pode ser muito boa. Como um ótimo roteiro é feito com ótimas falas, daquelas que merecem estar enquadradas na parede para todo mundo se lembrar delas. No entanto, a história do ex-astro que interpretava um super-herói no cinema e, após o ostracismo, tenta fazer teatro sério não é uma unanimidade. As doses de realismo fantástico que iñárritu injetou no filme incomodam muitas pessoas. Uma obra ainda sem um jugamento definitivo." (Thales de Menezes)
''Qualquer um se identifica à questão formulada por Riggan (Michael Keaton) em "Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorância" (2014, TC Pipoca, 20h), o recente ganhador de quatro Oscars, entre eles os de melhor filme e direção (Alejandro González Iñarritu). No entanto, o centro é o ator. É Michael Keaton, no caso: a estrela de Hollywood que deve fazer uma peça em Nova York para provar que é mais que uma celebridade. Talvez falte originalidade à proposta (e/ou uma dramaturgia que a renove). Talvez Iñarritu tenha decidido compensar essa falta com uma mise-em-scène pernóstica, que busca se sobrepor a ela com uma série de efeitos.'' (* Inácio Araujo *)
Para um filme sobre provar o valor do ator no presente, Birdman é bem amargurado com o cenário atual da indústria.
''O cinema de Alejandro González Iñarritu, desde sua estreia em Amores Brutos, se baseia na dura jornada de personagens que sofrem diante das circunstâncias que não controlam em totalidade. A parceria rompida com o roteirista Guillermo Arriaga, responsável pelos três primeiros do diretor, prometia uma liberdade maior para o mexicano, que não precisava se preocupar com as ligações nem sempre bem-sucedidas de Arriaga, que poderia contar historias mais concisas, com uma linha de pensamento melhor estabelecida. Biutiful, primeiro filme pós-Babel, só demonstrou que os cacoetes da mão pesada do narrador, que julga seus personagens a ponto de comprometer a narrativa com soluções melodramáticas exageradas, estava na própria intenção autoral dos filmes. Muito pelo retrospecto duvidoso, Birdman entra como uma obra deveras curiosa na filmografia de Iñarritu. Uma comédia que beira a sátira, com herança forte da histeria das screwball comedies e seus diálogos ágeis, cuja estrutura evolui em função dos personagens, arcos dramáticos que se entrelaçam e se desenvolvem à medida que os atores se cruzam no quadro. A opção de rodar quase todo o filme na preparação para a peça escrita pelo protagonista Riggan Thompson é tão reverente ao potencial dramático do teatro quanto a forma do ator reagir à Arte. O ritmo do filme, fundamental para ilustrar o fluxo de consciência proposto pelo roteiro, é moldado pela trilha de jazz, improvisado na bateria espetacular de Antonio Sanchez, e pela fotografia do mexicano Emmanuel Lubezki, cada vez mais conhecido pelo trabalho de câmera conceitualmente rebuscado - que não raro vira o destaque dos projetos que entra. Os planos-sequência propostos por Lubezki em Filhos da Esperança e Gravidade aqui são reduzidos para um único plano, que dura do prólogo até o início do epílogo. A estratégia não impressiona tanto pelo virtuosismo (Sokurov fez mais em seu Arca Russa, e melhor), mas exerce função narrativa impecável durante os dois primeiros atos. Por mais que tenha cenas fotografadas com descaso assustador (os diálogos de Norton e Stone no telhado parecem filmados com um iPhone), e no fraco último ato a necessidade de se manter ao plano único o faça soar deslocado, ao longo do filme a dessaturação calculada e a iluminação majoritariamente diegética constróem uma atmosfera que complementa e explora o ambiente como extensão do estado mental dos personagens. Toda a preparação para a peça de Riggan flui como uma ideia contínua, desesperadora no ritmo ligeiro, trazendo tanto inquietação pela expectativa dos personagens para a estreia quanto angústia pelo estado mental deteriorado gradativamente do protagonista - explorando com um humor negro que nunca se mostrou presente na filmografia do mexicano. Nesse sentido, o personagem vivido por Michael Keaton transmite muito da obsessão com a Arte que performers carregam. A tentativa de estender sua obra para a vida pessoal, um conflito que dá lastro à narrativa que flerta com o surrealismo pontualmente, é sobretudo uma necessidade de entender a responsabilidade do papel perante o público. Dessa forma, Riggan precisa de aprovação do público de teatro da mesma forma que precisa do afeto da família, duas entidades igualmente distantes na vida pessoal que cada vez mais se deixa mesclar com o profissional. A incursão psicológica densa lembra a jornada da bailarina de Cisne Negro, mas trocando o horror de corpo do filme de Aronofsky pelo humor de situação metalinguístico. Essa dualidade, que apresenta um arco forte para o personagem de Keaton, é movida a muitos monólogos didáticos sobre os obstáculos dramatúrgicos do protagonista (e cada ator tem o seu), mas é condizente com a postura teatral charmosa que Birdman assume desde o princípio. O problema é quando Iñarritu vê o pano de fundo criado e acha potencial para discutir não apenas sobre obsessão artística, mas sobre o Mundo, a Arte, a Condição Humana, o Estado das Coisas. O papel da tecnologia como catalizador da mediação do público com a arte revela o olhar datado do roteiro, os problemas conjugais do casal ganham a gravidade de mal-estar de relacionamentos, a relação pai e filha vira um ensaio sobre a forma que as mídias tratam o artista. Nisso, o terceiro ato desenvolve o personagem sob ótica existencialista que tenta a sutileza, mas soa vazia na inexistência de uma evolução dramática. Iñarritu busca simbolismos quaisquer na busca de uma conclusão do personagem, a ponto de promover até o mais prosaico papel higiênico em símbolo de nossa pequenez no universo. A postura diante do Cinema não ajuda – e para um filme sobre provar o valor do ator no presente, Birdman é bem amargurado com o cenário atual da indústria. A metalinguagem é a regra desde o princípio, seja nas atuações de Edward Norton e Keaton como versões de si mesmos ou nos diálogos que passam da esperteza pra obviedade muito rápido, e até diverte na construção do personagem de Keaton, mas ao esgarçar a proposta o comentário crítico se dilui. Não basta criar uma piada falando do quanto Riggan é menos famoso que George Clooney, tem que citar o último filme do Birdman foi em 1992, dizer que é o protagonista que abriu as portas para Robert Downey Jr. nesse filmes de herói. Essa visão reducionista dos blockbusters diz muito sobre a pretensão autoral do cinema de Iñarritu, que busca em estruturas de melodrama retratos manipuladores que julgam personagens sob o filtro falso do realismo urgente. Por mais que tenha frescor no que satiriza a indústria, e de fato o olhar estrangeiro do diretor ajuda no cinismo, a forma de enxergar o cinema de gênero é preguiçosa, ao ver os filmes do tipo como superficiais, sem conteúdo algum. O que Iñarritu não percebe é a liberdade criativa que o gênero concede a diretores que têm o que dizer liberta de amarras artísticas que podem ser armadilhas em mãos erradas. Nesse aspecto, filmes como Beijos e Tiros e JCVD são melhor sucedidos no caminho da sátira, porque não negam que a sátira pode se tornar uma verdade no gênero, o clichê que se instala consciente mas enxerga seu valor no discurso. Do alto do pedestal auto-imposto desse cinema de arte, Iñarritu não chega aos pés de Carpenter, de Siegel, de Mann. A síntese da ideia vem em certo momento, quando o super-herói olha para a câmera e versa com raiva sobre o quanto vocês só querem ver isso, isso que os faz se divertir, em meio a explosões e tiroteios. Um pensamento desastroso não só por achar que o problema dos filmes de ação está no gênero, e não na maneira como ele é feito, como por usar um didatismo sofrível que trata o espectador não apenas como idiota como também culpado pela padronização dos espetáculos arrasa-quarteirão da atualidade. Isso seria apenas uma visão distorcida do diretor, em meio às tantas verdades absolutas que o filme quer dizer, mas ao afetar diretamente a motivação do retorno ao panteão artístico, o arco do personagem afinal, a ideia geral é prejudicada. Não adianta falar sobre recomeços enxergando o futuro com desesperança; esse olhar saudosista funciona mais a um filme museu como Arca Russa que a um manifesto do hoje-e-do-agora como Birdman tenta ser. Não cabe apontar reducionismos que funcionam bem para a estrutura - como a crítica de teatro -, mas é sintomático que a jornada interessante de Riggan Thompson se esvazie em meio a ambição de se tornar relevante ao versar sobre grandes temas. Um pequeno grande conto da farsa cinematográfica vira um megalomaníaco ensaio definitivo sobre a vida de artista; a grande virtude da ignorância, no final, é acreditar que falar um pouco de tudo é ter coragem." (Gabriel Papaléo)
O razzle dazzle de uma sátira.
''Em uma award season protagonizada por alguns razzle dazzles cinematográficos, espetáculos virtuosos, de grandiloquência particular, como O Grande Hotel Budapeste, Boyhood e, em escala menor, Whiplash, Birdman consegue superar o próprio exotismo e trazer para a tela algo seu: uma sátira, um exagero de tom perfeitamente histérico. Alejandro Gonzalez-Iñarrittu costumava ser o elo mais fraco e ambicioso do world cinema, ainda querendo fazer do cinema sua orquestra megalomaníaca, ele finalmente entrega algo de frescor criativo. Acredito que, filtrado pelo tempo, Birdman vai perder muito de seu encanto imediato. O filme é de um estilo demasiadamente atrativo, é fácil cair pelo virtuoso, mas é fácil também se perder nele, como a própria filmografia de Iñarrittu mostra, não é o caso aqui. Passei o último ano defendendo que O Grande Hotel Budapeste é uma obra-prima porque faz sua grandeza visual ter uma razão de ser dentro daquele personagem, que é o filme mais meticuloso de Wes Anderson justamente porque é sobre Wes Anderson e o universo cinematográfico que ele costuma criar. Embora eu não iria tão longe no meu carinho por Birdman, acredito que o seu truque está muito bem motivado pela narrativa. O plano-sequência falso que sempre dá tanto o que falar é a tentativa pelo sublime de um diretor sobre a mesma tentativa de outro diretor, curiosamente as duas parecem cheias de falhas e tropeços e exageros desnecessários, como costuma ser a arrogante procura do sublime na arte. Birdman funciona muito como uma música orquestrada. Há um crescimento de ritmo que atravessa o filme, começando com o leve ping-pong do tom cotidiano, provocando-se com alguns absurdos no decorrer da trama e da montagem e alcançando um clímax. Infelizmente, Birdman vai algumas vezes além do clímax. Mas não gratuitamente: há muito que o filme quer dizer e precisa de tempo depois de tempo para isso. Há uma brincadeira metalinguística óbvia com a escalação de Michael Keaton. O personagem dele, o ator de cinema aventurando-se como diretor de teatro Riggan Thomson, era famoso nos anos 1990 por interpretar o super-herói Birdman, do título, assim como Keaton uma vez foi famoso pelos Batmans de Tim Burton. A única coisa espetacular na performance de Keaton é essa relação, o resto é de uma histeria bem-vinda, mas singela. O destaque do elenco, a meu ver, é a desgraçada performance Naomi Watts, esquecida pelos tantos prêmios. O desespero de uma personagem que está chegando ao fundo do poço emocional enquanto se aproxima do auge da sua carreira é tocante. A grandeza do elenco (de todo ele, unido) está na sua perfeita sintonia. Eles se comunicam no bom excesso. Assim, é Edward Norton que pressiona Watts para o seu maior momento, é Keaton que empurra Norton, Emma Stone dá espaço para uma nova abordagem de Riggans por Keaton; esse ciclo tem várias ramificações, todas muito eficientes. A química entre eles é muito corporal, conflituosa e perfeita. Ninguém procura a luz para ofuscar seu colega. O elenco, a direção de Iñarrittu e a fotografia de Emmanuel Lubezki se aliam no truque da não interrupção de ritmo e narrativa. O trabalho de arte e efeitos visuais do filme os dão assistência no que for preciso não apenas para que a ilusão não seja quebrada, mas para aumentar a sua potência a cada novo momento. Há um certo realismo em não permitir cortes (ou a apenas aludir à falta de cortes, como acontece aqui), Birdman recusa esse falso realismo desde o primeiro momento, em que o protagonista flutua no seu camarim. Aí se afirma a outra parte do pacto de ilusão: nós. Sabemos desde o princípio que é tudo um truque, um exagero, uma sátira, é inútil apontar os momentos em que claramente os cortes acontecem, os absurdos das atuações aos rodopios de Lubezki, de um roteiro e uma direção que não sabem quando dizer basta na mensagem prolixa sobre ego, criação e crítica (crítica também em sentido mais amplo, como recepção e observação). Pela primeira vez, acho que a falta de limites de Iñarrittu tem um bom resultado. Era ela que deixavam seus moralismos sociais minimamente interessantes. Livre disso, ela parece finalmente se aproximar da grandeza." (Cesar Castanha)
"Tudo funciona nessa deliciosa insanidade: o equilíbrio entre comédia e drama é na medida, a técnica é esplendorosa, os atores estão impecáveis, os temas são bem explorados e a ousadia do projeto é digna de aplausos. Para ver duas, cinco ou vinte vezes." (Silvio Pilau)
"... ou o Inexpressivo Virtuosismo da Redundância." (Heitor Romero)
"Uma sátira ímpar! É o filme mais delirante do compenetrado e dramático Iñárritu. Keaton, enquanto protagonista se interpreta, se constrói, se revela." (Marcelo Leme)
87*2015 Oscar / 72*2015 Globo / 2014 Lion Veneza
Top 250#100
Date 19/01/2015 Poster - ######## - DirectorLeos CaraxStarsDenis LavantMireille PerrierCarroll BrooksParis by night. Alex, 22, wants to become a filmmaker. He is fascinated by first times and his girlfriend, Florence, has just left him for his best friend, Thomas. First break-up, first attempted murder: Alex tries to strangle Thomas, but gives up and wanders the streets. That evening, Mireille, a girl from provincial France who has come up to Paris to make commercials, is left by her boyfriend. Alex witnesses this separation. These two tormented souls run into each other at a party....[Mov 08 IMDB 7,1/10 {Video/@@@@@}
BOY MEETS GIRL
(Boy Meets Girl, 1984)
"Lembra a estreia de Jean-Luc Godard em Acossado, filme de espírito irrequieto, por vezes desconexo e excessivo, que transborda uma série de boas ideias, conceitos e temas que seriam melhor desenvolvidos pelo cineasta em trabalhos seguintes." (Daniel Dalpizzolo)
''O tardio lançamento comercial de "Boy Meets Girl" e Sangue Ruim valida a crença de que só o tempo justifica ou refuta os entusiasmos de outrora. Quando o nome do cineasta francês Leos Carax apareceu, há três décadas, veio acompanhado de uma consagração imediata.Dois anos depois, seu segundo longa foi saudado, por crítica e público cinéfilo, como a confirmação de que ele seria a versão atualizada do que Godard, Truffaut e os asseclas da nouvelle vague representaram nos anos 1960. O culto, porém, esfacelou-se quando a produção catastrófica de Os Amantes da Ponte Neuf (1991) converteu o gênio de primeira hora em artista financeiramente maldito. Sua carreira entrou em parafuso, e ele só se reabilitou em 2012 com o impacto temporão de Holy Motors. Lavant e Mireille Perrier em 'Boys Meets Girl', que chega ao Brasil com 30 anos de atraso. "Boy Meets Girl" (1984) manteve seu vigor de estreia, em parte por ser aquele tipo de primeiro trabalho em que o artista brinca com as influências e ao mesmo tempo impõe uma abordagem única. O filme ironiza todas as histórias de amor, como se duvidasse da possibilidade de voltar a um tema tão batido. Em vez da linearidade que culmina no final feliz, Carax encena fragmentos românticos, promessas que ficam incompletas, dores que sempre duram mais que os amores. A fotografia em preto e branco, além de objetos como telefones em carros, fliperamas e discos de vinil projetam o filme num passado intemporal. Esses anacronismos, por fim, reafirmam a representação do amor romântico, um ideal ao mesmo tempo eterno e ultrapassado. Já o efeito contrário torna Sangue Ruim um filme bastante datado. A mescla de uma obscura trama policial com o tema do amor impossível sofre com o excesso de preocupação com a imagem. A opção pelo decorativismo fez Carax ser incluído na turma de Luc Besson e Jean-Jacques Beineix, diretores adeptos de um cinema hiperestilizado. Hoje, tal escolha deixa o filme com a aparência de um catálogo de efeitos, algo como uma revista de moda de coleções ultrapassadas." (Cassio Starling Carlos)
"Na entrevista que deu ao repórter no Rio, quando veio apresentar Holy Motors, Leos Carax comentou a parceria com Denis Lavant. Lembrou que tinha 24 anos quando fizeram o primeiro longa, Boy Meets Girl. E já naquela época ele fez de Lavant o seu alter ego. Fiz com que ele perdesse na ficção a mulher por quem estava apaixonado na vida real, a atriz Mireille Perrier. Leos Carax é um desses autores que escapam a classificações. Virou objeto de culto, mas está longe de ser uma unanimidade. Tem gente que até hoje se pergunta o que ele quis dizer com Holy Motors? Carax poderia fazer suas as palavras de Wim Wenders. Cinema não é para entender, é para sentir. Agradeça à Pandora Filmes, que promove hoje a estreia dos dois primeiros longas de Carax, que ele fez com Lavant, em 1984 e 87. Boy Meets Girl, com Mireille Perrier, e Sangue Ruim, com Juliette Binoche (por quem ele também era apaixonado na época). Os dois foram remasterizados e serão exibidos em cópias digitais que foram supervisionadas pelo próprio diretor. Há 30 anos, quando surgiu Garoto Encontra Garota - o mais velho tema do mundo -, Walter Salles saudou a descoberta de Carax como sendo a de um grande cineasta. Antecipou nele o futuro do cinema. Alex Christophe Dupont é seu nome, mas ele adotou o pseudônimo de Alex Carax e, se lhe interessa saber, Carax é um anagrama de Oscar. Pertencente à geração de Jean Jacques Beineix e Luc Besson, Carax foi integrado com eles num bloco que os críticos chamaram de neorrealista. A pós-modernidade seria o elo comum, mas Carax, com o tempo, revelou-se mais denso, menos palatável. E nunca parou de surpreender. Besson virou diretor e produtor comercial, Beineix teve hiatos tão grandes na carreira que, às vezes, ela parece parada. Só Carax persevera no estranhamento. Com Os Amantes do Pont Neuf, também com Lavant e Juliette Binoche, fechou a trilogia de Alex. Apesar do nome igual, Lavant interpreta personagens diferentes em cada um deles. Vieram depois Pola X, com sua cena de sexo explícito (e uma poderosa atuação de Guillaume Depardieu) e Holy Motors, que desconcertou o público e os críticos. O Carax da trilogia e de Pola X investiga o casal no mundo moderno, o de Holy Motors vai ao limite para expor a insanidade do mundo moderno. E sempre, em todos os seus filmes, o cinema, a linguagem, não é só uma ferramenta. É a própria razão de ser. "Boy Meets Girl" é sobre um pretendente a cineasta que leva o fora da namorada - que o troca pelo melhor amigo - e, em crise, vaga pela cidade enquanto espera a hora de partir para o Exército. Mauvais Sang, Sangue Ruim, é a história de um casal jovem sobre um fundo de criminalidade. Em 1987, os críticos viam o sangue ruim como metáfora não só da vida criminosa como da aids, que virara o pesadelo daqueles dias. Carax, ex-crítico, paga seu tributo à Nouvelle Vague, o movimento de transformação do cinema francês no fim dos anos 1950. Em especial, o filme é cheio de referências a Jean-Luc Godard, que o jovem Carax considerava seu profeta. Mais tarde, ele descobriu que não queria ser influenciado por ninguém, preferindo seguir uma via original. Talvez, para permitir que o público avalie integralmente o cinema segundo Carax, a Pandora devesse trazer os demais filmes do autor. É um cineasta interessado no casal moderno, no que aproxima e afasta as pessoas. E ele ousa - jogou todo o prestígio que adquirira com os dois primeiros filmes (''Boy Meets Girl'' ganhou o Prêmio da Juventude em Cannes) para conseguir que os produtores bancassem Os Amantes do Pont Neuf. Para narrar a historia do casal sem-teto que vive e se ama nos bancos do Pont Neuf, sobre o Sena, Carax fez construir o maior cenário já montado no cinema francês. Saiu caro e o fracasso do filme - cuja produção se estendeu por mais de ano - sedimentou a reputação de maldito de Carax. A provocação - o sexo explícito - de Pola X e logo o episódio Merda de Tokyo!, filme coletivo, fizeram dele o mais excêntrico dos autores franceses. Existem críticos que acham que ele é louquinho como seus personagens. Mas é bom demais, e intrigante." (Luiz Carlos Merten)
1985 César / 1984 Palma de Cannes
Abilene
Diretor: Leos Carax
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Date 26/02/2014 Poster - ###### - DirectorRoger VadimStarsJane FondaJohn Phillip LawAnita PallenbergIn the 41st century, an astronaut partakes in sexy misadventures while seeking to stop an evil scientist who threatens to bring evil back into the galaxy.[Mov 08 IMDB 5,9/10 {Video/@@@}
BARBARELLA
(Barbarella, 1968)
"Top entre os filmes cult." (Heitor Romero)
O filme é horroroso, mas Jane Fonda faz compensar qualquer diálogo ruim que tenhamos que suportar.
''Considerado a primeira adaptação dos quadrinhos diretamente para o cinema (antes, o público só acompanhava seus heróis em tele-séries), Barbarella – o filme – chegou ao mundo em 1968, época em que a ficção científica no cinema ainda vivia de maneira forte (2001: Uma Odisséia no Espaço fora lançado naquele ano). ''Barbarella'', porém, tem pouco de científico, e o fato de o filme continuar vivo na mente de alguns seguidores é, quase que unicamente, devido à sua protagonista, Jane Fonda, desfilar semi-nua durante quase todo o tempo em que está na tela. ''Barbarella'' é uma espécie de agente que viaja pelo Universo a pedido do Presidente da Terra para cumprir missões vitais ao destino de todos. O roteiro do filme é tão descuidado que, apesar de Barbarella ser a heroína do filme, é uma personagem quase que totalmente passiva, que comete erros primários típicos de loiras burras (que é o que ela é, na realidade, para deleite de seus fãs): derrete-se fácil aos encantos de quaisquer desconhecidos que queiram fazer amor com ela; quando ela consegue escapar dos perigos que se apresentam, é devido à sorte ou à burrice de seus inimigos, que conseguem ser mais estúpidos que ela. Creio que sua única habilidade seja sua sensualidade, tanto que é utilizando seus dotes sexuais que ela consegue, em determinado momento, escapar da morte. O humor não-intencional toma conta do trabalho do diretor francês Roger Vadim. É o velho caso em que algo é tão ruim que, de certa forma, torna-se bom. Frases ou diálogos como um anjo não faz amor, um anjo é amor; - Você é muito bonita, Bonita-Bonita. – Meu nome não é Bonita-Bonita, é Barbarella; descrucifiquem o anjo; eu farei a você coisas que estão além de todas as filosofias conhecidas; e, finalmente - Qual é seu nome? – Eu venho da Terra!, enchem as cenas e tornam cada diálogo, digamos, especial. O motivo que fez de um filme tão ruim e burro viver por décadas dentro de um grupo de fãs é justamente esse humor não-intencional e, principalmente, Jane Fonda. Interpretando um papel que muitos homens absolutamente adoram (principalmente na época do lançamento do filme, quando qualquer movimento feminista era motivo de preconceito maior): a loira burra e sensual. Jane Fonda era uma atriz lindíssima na época (e é questionável se alguma atriz da atualidade é mais bela que ela àquela época) e o jeito ingênuo que inseriu em sua personagem faz derreter qualquer coração masculino (eu sou uma terráquea mediana). Tecnicamente, assim como artisticamente, ''Barbarella'' continua deplorável. Para filmar várias cenas com os recursos limitados da época, a equipe técnica contou com bastante inteligência. A cena inicial, por exemplo, em que ''Barbarella'' aparece flutuando sob gravidade zero, foi filmada de cima para baixo, com o cenário simulando a espaçonave da heroína. Mas mesmo com esses detalhes, os efeitos especiais podem ser considerados ruins ainda que levemos em consideração a sua época. A impressão que se tem é a de que o filme nasceu com dez anos de atraso. Pelo menos! Mesmo tão ruim, é inegável a influência que o filme teve. Tanto que a famosa banda dos anos 1980, Duran Duran, tirou seu nome de um de seus personagens: Duran é o cientista desaparecido que ''Barbarella'' tem a missão de encontrar. Lembrando que o filme deverá ganhar uma refilmagem em 2008 ou depois. A principal questão levantada pelos fãs do original é, obviamente, qual será a atriz que substituirá Jane Fonda. Não é trabalho para qualquer uma, e as comparações serão duras e inevitáveis. Até lá, todos podemos desfrutar o filme original, não pela história esdrúxula, mas pelos dotes físicos de Jane Fonda. Recomendado apenas para os homens." (Alexandre Koball)
Dino de Laurentiis Cinematografica Marianne Productions
Diretor: Roger Vadim
21.354 users / 3.814 face
Check-Ins 479
Date 04/03/204 Poster - ##### - DirectorWoody AllenStarsCate BlanchettAlec BaldwinPeter SarsgaardA New York socialite, deeply troubled and in denial, arrives in San Francisco to impose upon her sister. She looks like a million dollars but isn't bringing money, peace or love.[Mov 09 IMDB 7,4/10] {Video/@@@@} M/78
BLUE JASMINE
(Blue Jasmine, 2013)
''Depois da longa temporada de filmes em Roma, Paris, Barcelona e Londres, Woody Allen decidiu encarar a crise econômica americana iniciada em 2008. Filmado entre Nova York e São Francisco, "Blue Jasmine" conta a história da mulher de um milionário investidor que é clone do golpista Bernard Madoff, um dos vilões da quebradeira de bancos que desintegrou as economias de milhares de investidores. A Ruth Madoff da ficção é Jasmine (Cate Blanchett), que parece ignorar tanto a desonestidade do marido, Hal (Alec Baldwin), quanto sua infidelidade em série. O filme começa com Jasmine já separada do marido, que é preso, e tendo que se virar sem a fortuna. Ela vai a San Francisco para se hospedar na casa da irmã, que se separou do marido pobretão, tem dois filhos pré-adolescentes e namora outro perdedor, tanto na cabeça de Jasmine, quanto na maneira como Allen o filma. Diversos flashbacks mostram como era a vida de Jasmine nos tempos da opulência na Park Avenue nova-iorquina, onde ela queria manter distância do lado pobre da família. Apesar de conservar os vestidos Chanel e as malas Louis Vuitton, Jasmine é um fracasso agora. Vira secretária de um dentista que a assedia sem parar, não consegue usar o computador para fazer um curso de decoração pela internet e se consola com uísque e doses generosas do antidepressivo Xanax. Ela está à espera da bondade de estranhos - sua personagem é inspirada na Blanche Dubois, do clássico teatral Um Bonde Chamado Desejo, de Tennessee Williams. Nessa América de desigualdades sociais crescentes, Allen não parece ter muita simpatia por ninguém: pobres e ricos são simplórios, clichês ambulantes. Apesar de descrita como comédia dramática pela crítica americana, "Blue Jasmine" é o menos cômico filme do cineasta desde o ótimo Match Point. Mas sofre do mesmo mal que atingiu Os Amantes Passageiros, de Pedro Almodóvar: é uma comédia que tenta explicar a crise, mas a mensagem compromete as piadas e boa parte da empreitada. Allen se sai melhor que o espanhol, felizmente, mas o melhor filme sobre a crise de 2008 ainda é o drama Margin Call - O Dia Antes do Fim (2011). Salva-se o padrão Allen de qualidade: elenco de grandes atores fazendo pontas inspiradas (neste caso, de Louis C.K. a Peter Sarsgaard); algumas tiradas que deveriam ser estudadas por todo jovem comediante de stand-up e a fotografia do espanhol Javier Aguirresarobe (de Fale com Ela e Vicky Cristina Barcelona). E Cate Blanchett, que paira imune à caricatura - ela dá dignidade e riqueza à personagem que não se encontram no roteiro. Principalmente por ela, continuaremos a dizer que qualquer filme ruim de Woody Allen ainda está acima da maioria dos filmes em cartaz." (Raul Justo Lopes)
"Mais uma obra sólida do Woody Allen século XXI, é uma média agradabilíssima de seus dramas com suas comédias, até porque repete situações de roteiro recorrentes em sua longa carreira." (Alexandre Koball)
"Impossível não pensar em como nossa vida poderia ficar diferente do que é se acontecesse isso ou aquilo... Você está aproveitando-a? Senão, está fazendo algo a respeito para melhorá-la? Woody segue em forma com seus dramas sempre precisos."(Rodrigo Cunha)
"A combinação de "Um Bonde Chamado de Desejo" e "Uma Mulher Sob Influência" serve para Woody Allen pintar um belo e profundo estudo de personagem. Blanchett domina a cena. Não chega a ser um novo "Match Point", mas o saldo está bem acima da média." (Régis Trigo)
"Blanchett, em uma atuação primorosa, e Allen constroem uma grande personagem na protagonista, complexa, real e repleta de nuances. O resto do filme, porém, não mantém o nível, com o roteiro apostando em soluções rápidas e fáceis para os conflitos." (Silvio Pilau)
"Em um filme de poucas concessões, e cujo sentindo encontra-se no paralelo com a crise financeira mundial, nos hábitos da elite (cínica e fútil) e na felicidade fabricada, Cate Blanchett domina Blue Jasmine, e hipnotiza o público, com seu tipo em ruína.'' (Emilio Franco Jr)
"A versão de Allen para Um Bonde Chamado Desejo rende um trabalho livre da lição de moral de suas obras recentes, e resgata seu lado tragicômico mais cínico. Blanchett constrói uma personagem de peso, mas é de Hawkins a composição mais bela e sutil." (Heitor Romero)
"Uma Cate Blanchett tão gigante em cena que a todo momento nos faz esquecer estarmos diante de um filme de Woody Allen, conferindo à esquizofrenia típica do autor um outro nível de complexidade. Ela é a autora de Jasmine, quem faz dela brilhante." (Rodrigo Torres de Souza)
''Depois de tanto filmar na Europa, nos últimos anos, Woody Allen parece ter se apaixonado novamente pelos Estados Unidos. Mas não, desta vez, Nova York. Ao adaptar "Um Bonde Chamado Desejo" (de Tennessee Williams, mas também o filme dirigido por Elia Kazan), escolheu situar seu "Blue Jasmine" em San Francisco. Na verdade, Nova York não está excluída: é de lá que chega a chique Jasmine (Cate Blanchett) para visitar sua irmã proletária, Ginger (Sally Hawkins). A história é um pouco mais complicada: Jasmine e Ginger são ambas filhas de adoção. Portanto, irmãs e não irmãs ao mesmo tempo. Jasmine até pouco tempo atrás era a mulher de um bilionário magnata das finanças. Há algum tempo, foi-se ver, o magnata era um escroque. Foi preso e, de uma hora para outra, Jasmine se viu na miséria e sem ter aonde ir com sua mala Louis Vuitton, exceto o pobre apartamento de Ginger. Como a Blanche DuBois de Tenessee Williams e Elia Kazan, Jasmine tentará por todos os meios apagar o passado. O encanto do filme, no entanto, não vem das semelhanças entre "Blue Jasmine" e Um Bonde Chamado Desejo, mas desse jogo de aproximação e oposição que Allen constrói, a começar da troca de Nova York por San Francisco: não muda apenas a costa, mas também o ar que se respira. Depois, Jasmine experimenta uma espécie de queda de categoria social bem diferente daquela por que passa Blanche. O marido vigarista (uma espécie de versão americana e mais sofisticada dos nossos fiscais municipais) é um finório e constitui uma oposição bem interessante ao namorado de Ginger, um grosseiro de carteirinha (ele é uma espécie de corruptela de Marlon Brando). Ali, onde Tennessee Williams e seu duplo, Elia Kazan, olhavam as relações humanas e a necessidade de desnudamento para chegar à verdade com angústia, Woody Allen observa os fenômenos com o distanciamento do humor, ainda que na segunda metade do filme, à medida que a necessidade de Blue Jasmine de se reencontrar na vida fica mais intensa, o drama se insinue. Mas Cate Blanchett não permite que o ar de Nova York chegue a San Francisco: insere beleza mesmo na decadência da dama, e não a despoja de ironia, quando sua Blue Jasmine evoca não mais Blanche Dubois, mas, mais diretamente, Vivien Leigh interpretando Blanche no célebre filme de Kazan. Depois do fracasso romano, nada melhor do que reencontrar Woody Allen em forma." (* Inácio Araujo *)
"Depois de uma infeliz excursão à Itália, com "Para Roma com Amor", fez bem a Woody Allen voltar aos EUA. "Blue Jasmine" foi um reencontro feliz com certas paisagens, com certo modo de ser. Mas não um reencontro burocrático: a ação deste Um Bonde Chamado Desejo devidamente adaptado passa-se em San Francisco, Califórnia, longe da Nova York tão familiar a Woody. E o filme trata de uma ricaça cujo marido é pego em flagrante de corrupção ostensiva. É isso que a força a procurar a irmã pobre. Nota-se o prazer de Woody em trabalhar com Cate Blanchett (Jasmine) e Sally Hawkins (Ginger, sua irmã). Ou em criar um tipo (o namorado de Ginger) à imitação de Marlon Brando. Ou em transformar o drama em semi comédia. Mas estar em seu país parece favorecer mais do que tudo." (** Inácio Araujo **)
O grande Woody Allen está de volta.
"Incrível o bem que uma grande atriz pode fazer a um filme do Woody Allen – uma verdadeira atriz, não Scarlet Johansson. Da mesma forma que as Dianes Keaton e Wiest, e de certa forma também Mia Farrow, foram fundamentais para o sucesso dos melhores filmes de Allen ao longo dos anos, Cate Blanchett é o mais recente e melhor filme do diretor em 20 anos, Blue Jasmine (idem, 2013), sua mais intensa e fluida obra desde pelo menos O Misterioso Assassinato em Manhattan (Manhattan Murder Mystery, 1993), com Diane Keaton, e Tiros na Broadway (Bullets over Broadway, 1994), com Diane Wiest. ''Blue Jasmine" talvez seja um de seus filmes mais cruéis: ao retratar impiedosamente uma socialite de Nova York quebrada após a morte do marido, Allen escolheu um bairro de classe média baixa de San Francisco (portanto, não ambientou o filme apenas em cartões postais deslumbrantes de Manhattan, só nos flashbacks), cenários claustrofóficos, barulheira infernal e um humor corrosivo que havia desaparecido das obras mais aguadas das duas últimas décadas. Mas a grande diferença é como Cate Blanchett lida com as paranóias típicas dos personagens de Allen: dá intensidade, injeta desalento, deixa o público atônito. Nunca um neurótico woodyalleniano, nem mesmo o próprio diretor e roteirista como ator, sofreu tanto com as próprias fobias. Allen compreendeu isso e, ao explorar as possibilidades que Blanchett poderia proporcionar, foi mais longe e de maneira inédita em sua obra. Blanchet fica em cena praticamente 90% do filme. Fala sozinha, bebe o tempo todo e se entope de Zanax, um tranquilizante usado para tratar distúrbios de ansiedade. Vestida de Channel, sapatos Hermès e bolsas Fendi, é uma versão contemporânea da Blanche Dubois, personagem que o dramaturgo americano Tennessee Williams criou na peça Um Bonde Chamado Desejo (A Streetcar Named Desire, 1951) – chegou ao cinema, com nome idêntico, na versão de Elia Kazan, com Vivian Leigh no papel principal. Blanchett acaba de interpretar a personagem nos palcos. Woody Allen disse que não viu a montagem, mas pelo menos o título do novo filme é uma referência à peça: Blanche Dubois diz na peça que Stanley, o rústico por quem se apaixona, não era do tipo de sentir perfume de jasmim. "Blue Jasmine" é também um comentário de Allen para a crise financeira mundial, em especial o escândalo Madoff, quando o então presidente da Nasdaq, a bolsa de valores de empresas .com, Bernard Madoff, foi preso em 2008 depois que os próprios filhos avisaram o FBI das atividades criminais do pai, uma fraude de US$ 65 bilhões. A alta sociedade mostrada por Woody Allen é, além de cínica e esnobe, corrupta e criminosa. A classe média é mesquinha, cafona, ‘loser’. Sem charmes dessa vez: o diretor saiu dos huis clos de Manhattan (ou o equivalente na Europa) para algo mais ambicioso e universal. Mas o Woody Allen misantropo, hipocondríaco e esquizofrênico de sempre está lá. O curioso é que, ao soltar as longuíssimas, intermináveis frases dos diálogos do roteiro de Allen, Cate Blanchett não repete os tiques e estereótipos do diretor na personagem: elas os molda numa constante de desilusão, desespero e desalento. Ela chora quando um pretendente finalmente liga para chamá-la para sair: isso nunca foi motivo de crise de choro num filme de Woody Allen. Mentirosa crônica, fantasista e incapaz de reconhecer a realidade, a anti-heroína é de tal forma humana e real que seduz pelos seus defeitos, como os demais personagens cativantes de Woody Allen, mas sem os apartamentos chiques de Nova York, nem a deslumbrante paisagem, nem a larga cultura ou a condescendência com os menos afortunados, em geral menos inteligentes, que Allen justifica por motivos de força sexual. Jasmine é uma menos afortunada intelectualmente, mas tão sedutora quanto – e não está nem um pouco interessada em ter relações com ninguém fora do que ela considera seu círculo. Eis uma das novidades do filme em relação ao restante da obra do diretor. As piadas voltaram à boa forma, ácidas e melancólicas. Mais elaboradas, várias não são nem mesmo verbais – é apenas o diretor com a câmera e sua atriz. As pausas dramáticas de Blanchett, com seus profundos olhos azuis e em geral uma cara abobalhada, pois a personagem foi pega de surpresa em mais uma gag do diretor, diluem o ritmo da comédia e intensificam o drama. Mesmo em situações mais ou menos absurdas, bem típicas de Woody Allen, as polidas e longas respostas de Jasmine soam arrogantes e antipáticas, de alguém atacando porque na defensiva, de maneira que o todo foge de ser mais uma cena engraçadinha que foram correntes nos demais filmes recentes do diretor. Há tensão. A personagem não está apenas respondendo de forma graciosamente inteligente a uma provocação. Ela está ocultando (mal) suas fraquezas, mesmo que o tom seja de farsa. Flashbacks permeiam a trama, explicando o passado, servindo de contraponto e impregnando as personagens de experiências. Rara tanta força narrativa em Woody Allen, só mesmo em suas obras de maior fôlego. Em suma, um filme menos abstrato que se espera do diretor no que seria sua fase final. Se antes ações e situações serviam apenas para ilustrar as ideias do diretor, em Blue Jasmine temos um presente forte o suficiente para interferir em tudo, mesmo nas crenças das personagens. É menos hermético e nem por isso mais superficial. Ao contrário, dá a Allen uma densidade que lhe faltava ultimamente. Com a câmera mais ágil, mesmo em espaços exíguos, Woody Allen conseguiu outro efeito: quando está parada, foca a desamparo interior de Jasmine. Em vez de ratificar as neuroses com as indefectíveis torrentes de palavras e citações, o diretor explora emoções que são desconhecidas pela personagem e ela não saberá como lidar como elas. É como se o cineasta tivesse saído de seu contemplativo mundo de intelectual para tentar entender a realidade que passa os EUA (e o mundo hoje) durante a crise econômica. Ele mesmo, diretor, que não consegue financiamento para seus filmes em Hollywood e é ignorado pela maior parte do público de seu próprio país. Woody Allen é Jasmine French." (Demetrius Caesar)
Woody Allen elege Cate Blanchett como sua nova musa problemática.
"Embora tenha chegado com um par de anos de atraso aos efeitos da crise econômica, Woody Allen tira de seu elenco principal em ''Blue Jasmine'', particularmente de Cate Blanchett, atuações que resumem o sentido tragicômico da ruína dos especuladores financeiros de Nova York após a quebra dos bancos em 2008. Enquanto era casada com o investidor Hal (Alec Baldwin), Jasmine (Blanchett) viveu o melhor da especulação: compras, festas, viagens pelo mundo. Depois que o marido foi preso por fraude e Jasmine - que tinha tudo no seu nome - foi à falência, só lhe restou morar de favor com a irmã cafona, Ginger (Sally Hawkins), e recomeçar a vida em San Francisco. Allen estrutura o filme com flashbacks constantes para dar o tom do seu conto moral. Desde o início, em que Hal e Jasmine aconselham o marido de Ginger a investir na especulação ao invés de abrir seu próprio negócio, Blue Jasmine trata sem meias palavras das razões e dos efeitos da crise, escolhendo vítimas e apontando culpados. Mas pela perua Jasmine Allen simpatiza, senão ela não seria a protagonista do filme, afinal. Na verdade, pela forma ostensiva como Allen filma Cate Blanchett - exposição que a atriz tem talento e experiência suficientes para aguentar - somos capazes de tirar da personagem, ao longo do filme, um espectro completo de juízos: ela é vítima e culpada, tapada e esperta, lúcida e neurótica. (Não seria uma protagonista de Woody Allen se não fosse neurótica.) O cineasta parece emular os contos morais e de verão de um dos seus ídolos, o finado Éric Rohmer, na maneira francesa como Allen filma os espaços do apartamento de Ginger em San Francisco, seguindo a ação junto ao corpo das atrizes e fazendo alguns travelings entre um cômodo e outro. De qualquer forma, são as escolhas que ele faz na hora de enquadrar Blanchett que têm o maior impacto. Na cena do telefonema, por exemplo, em que Jasmine quebra e cai no choro, a câmera fica a meia distância, em respeito, porque é o momento em que comédia e tragédia se unem. Quando Allen vai para o close-up na atriz mesmo que a ação aconteça fora do enquadramento (para Jasmine é imprescindível escutar os outros, para saber como reagir), percebemos a dedicação com que o cineasta trata essa sua nova musa. Há muitas musas tortas na carreira do diretor - Blanchett desde já rivaliza com Dianne Wiest como as melhores - mas entre tantas protagonistas problemáticas poucas são expostas com tanta convicção quanto Jasmine." (Marcelo Hessel)
"É o melhor filme de Woody Allen em muito tempo – desde a fase Mia Farrow? Ok, você pode ter se divertido com Meia-Noite em Paris, pode até ter visto certa densidade em Match Point – o remake alleniano disfarçado de Um Lugar ao Sol, de George Stevens –, mas há tempos que o autor não investia num retrato tão denso quanto ele traça agora de Blue Jasmine. O nome do filme é o da personagem de Cate Blanchett, e a atriz está excepcional, numa atuação de Oscar. Woody Allen tem garantido a estatueta da Academia de Hollywood a muitos de seus atores e atrizes (Diane Keaton, Dianne Wiest, Mira Sorvino, Penélope Cruz, Michael Caine). Será uma tremenda injustiça se Cate não ganhar – ficar de fora das indicações, que saem só em janeiro, parece impensável. ''Blue Jasmine'' é da vertente de Hannah e Suas Irmãs, Crimes e Pecados. Cate faz essa mulher cujo marido quebrou, financeira e moralmente. Socialite, acostumado ao bom e ao melhor de Nova York, ela busca refúgio na casa da irmã, em San Francisco. A irmã – Ginger – é interpretada por Sally Hawkins. Você se lembra dela. Era a Poppy de Simplesmente Feliz, de Mike Leigh (mas também estava em O Sonho de Cassandra, do próprio Woody Allen). Ginger é simplória, tem um namorado brucutu – pelos menos aos olhos de Jasmine. Ela acusa a irmã de sempre se haver contentado com pouco. Jasmine é assim. Chega para tensionar, dividir. Cria um mal-estar tão grande que a solução é lhe apontar a porta da rua. Woody Allen constrói seu filme na oposição – de personagens e ambientes. Alec Baldwin, o ex de Jasmine, é o contraponto perfeito de Bobby Cannavale, Chili, o atual de Ginger. Por pressão da irmã, Ginger arrisca-se a perder um amor sincero por uma relação duvidosa. A antinomia aplica-se às irmãs. Cate, como Jasmine, é absolutamente frenética. Passa o filme à beira de um ataque de nervos, expondo suas carências, mas sempre sem perder a pose. Embora sem um tostão no bolso, e vivendo de favor com a irmã, desembarca em San Francisco viajando de primeira classe – porque é o que os ricos fazem. Sally Hawkins meio que repete a Poppy de Simplesmente Feliz. É o problema de Cate/Jasmine – ela não consegue ser feliz, simplesmente. O segredo de ''Blue Jasmine'' é que Woody Allen volta à densidade da sua grande fase – Dostoievski, Crime e Castigo, etc. –, mas com a leveza da fase recente. Seu novo filme é um dos acontecimentos do ano." (Luiz Carlos Merten)
86*2014 Oscar / 71*2014 Globo
Gravier Productions Perdido Productions
Diretor: Woody Allen
121.426 users / 34.920 face
Check-Ins 522 47 Metacritic
Date 25/04/2014 Poster - ####### - DirectorRoberto RosselliniStarsPierre ArditiRita ForzanoGiuseppe AddobbatiBlaise Pascal struggles to understand the natural world around him, in addition to an inner quest for religious faith.Mov 05 IMDB 7,2/10] {Video}
BLAISE PASCAL
(Blaise Pascal, 1972)
"Blaise Pascal" foi um pensador francês do Século XVII que teve grandes contribuições com a ciência de sua época. Fez a primeira máquina de calcular mecânica (La Pascaline) e ajudou a criar a Teoria das Probabilidades. Seu famoso Teorema de Pascal foi criado quando tinha 16 anos. Sua educação esteve inicialmente aos cuidados de seu pai, o matemático Etienne Pascal; mais tarde teve algumas controvérsias com aristotélicos tradicionais e escreveu muitas obras de teor religioso, durante um período (por volta de 1650) que se recolheu aos estudos. Este filme de Robero Rossellini faz parte da série de filmes sobre grandes filósofos feitos pelo italiano na década de 1970 (Sócrates, Santo Agostinho e Descartes) e acompanha a vida de Pascal dos seus 17 anos até a sua morte." (Filmes Épicos)
''Blaise Pascal'' é o mais novo filósofo de Roberto Rossellini (1906-1977) lançado pela Versátil. Antes, já haviam saído Sócrates, Descartes e Santo Agostinho. São alguns dentre os filmes feitos para a televisão italiana pelo cineasta, considerado pai do neorrealismo. Dito assim parece coisa de nada. Mas a decisão de Rossellini, ao abandonar o cinema tradicional e dedicar-se a fazer filmes para a TV, causou muita polêmica na época. Afinal, tem-se o cinema como faceta mais nobre do amplo espectro do audiovisual. É, por assim dizer, como a alta costura do audiovisual, enquanto a televisão seria o prêt-à-porter. O que então teria levado em direção à TV o renomado mestre, autor de obras clássicas como Roma Cidade Aberta, Paisà, Alemanha Ano Zero e Viagem à Itália? O próprio Rossellini deu a resposta a essa pergunta, em 1963, com uma frase provocativa: O cinema está morto. Morto? No início dos anos 1960, década dos grandes realizadores, de Federico Fellini a Michelangelo Antonioni, sem falar do nosso Glauber Rocha? A frase causou grande impacto. Inclusive entre colegas, companheiros de arte e ofício de Rossellini, que, melindrados, não deixaram de criticá-lo. Um deles, o mais ilustre, foi direto na jugular do italiano: Acontece que é o cinema de Rossellini que está morto, disse Alfred Hitchcock. Resposta violenta de Hitchcoch, que muitos atribuem ao ciúme por causa de Ingrid Bergman, atriz de vários dos seus filmes e que se tornou mulher de Rossellini. Caso rumoroso, aliás, pois a sueca era casada quando conheceu Rossellini e passaram a ter um caso. Ingrid passou a trabalhar com Rossellini e foi protagonista de filmes marcantes como Stromboli (1950) e Viagem à Itália (1954). Casaram-se, tiveram filhos, separaram-se. Mas, enfim, limpando de lado essa trivia pessoal, a verdade é que Rossellini tinha lá suas razões para se decepcionar com o cinema. Segundo ele, a chamada sétima arte havia sido engolida pelo excesso de glamour e exibicionismo em sua esfera mais mundana, a do cinema comercial, hollywoodiano ou não. E mesmo o cinema dito de arte não estava a salvo, por ter sacralizado a figura do autor, invenção francesa que havia colocado os filmes num patamar de culto, mas talvez pouco humano. Pelo menos segundo a ótica do humanista que era Rossellini. Assim havia a televisão, que já tinha sido inventada fazia algumas décadas e, àquela altura, havia se transformado em meio de comunicação que atingia grandes faixas da população. O cinema ainda era bem popular, mas Rossellini já previa o papel dominante que a televisão viria a ter nos anos seguintes. Antevia, com olhar nem tanto de profeta, mas de utopista, imaginando que aquele veículo rápido e democrático bem poderia ser usado em benefício do povo, até mesmo como veículo de instrução. Daí lhe parecer de máxima importância dedicar-se a dirigir filmes didáticos, sobre grandes acontecimentos históricos, ou sobre personagens marcantes. Foi assim que dirigiu filmes históricos como A Tomada do Poder por Luís XIV (1966) e A Era dos Médici (1973). A série de filósofos entra nesse quadro geral. Vê-se que são filmes ascéticos, em busca do rigor e da simplicidade. Preocupam-se com os acontecimentos de vida dos personagens, mas também com o que pensaram e escreveram. Muitos dos diálogos são extraídos diretamente de suas obras escritas. No caso de Sócrates, modelo intelectual de Rossellini, que não deixou livros, as frases são extraídas das obras de Platão, seu discípulo, que a ele se refere com freqüência em seus Diálogos e na Apologia de Sócrates. Os filósofos escolhidos por Rossellini são homens obstinados em sua busca do conhecimento e, de maneira geral, em luta contra alguns elementos de seu tempo. ''Blaise Pascal'' (1972), o mais recente título lançado, mostra o rapaz inventivo, encarnando a luta entre a ciência e a superstição. É interessante ver, no filme, o contraste entre o brilhante matemático, inventor da calculadora, que assiste, com horror e fascínio, ao julgamento de uma pobre mulher acusada de bruxaria. Esse confronto expõe, em linhas dramáticas, o combate, temerário e muitas vezes dissimulado, entre a fé e a razão.Embate também registrado em outro filme, Descartes (1974), filósofo antecessor de Blaise Pascal na afirmação da racionalidade e do método científico. Rossellini extrai trechos inteiros de algumas das obras fundamentais do pensador, como O Discurso do Método (1637) e as Meditações Metafísicas (1641), para compor as ações dramáticas do personagem. São procedimentos teóricos de Descartes, cuja função seria fundar a autonomia do pensamento racional diante da fé. Vale dizer que, naquela época, toda démarche racionalista tinha de ser, também, uma negociação com a autoridade religiosa. Donde, nas Meditações, Descartes precisar, primeiro, ocupar-se das provas da existência de Deus, para apenas depois afirmar que o Cogito (a Razão) se sustenta por si só. Eu sou, eu existo, deduz, pelo simples fato de pensar. A conclusão entrou para a história do conhecimento como a frase famosa Penso, logo existo.Já a questão abordada em Santo Agostinho (1972) é diferente, mesmo porque o momento histórico é outro e a, para usarmos uma expressão moderna, a agenda filosófica da época pedia outras meditações que não as cartesianas. Rossellini faz seu personagem ocupar-se menos dos problemas de conversão religiosa, que aborda em suas Confissões, do que do embate político sobre o qual se vê obrigado tomar posição. Nascido no norte da África, colonizada pelo império romano, Agostinho converteu-se ao cristianismo e, como bispo de Hipona, combateu heresias como o maniqueísmo e o donatismo. A grande questão política que teve de enfrentar foi o debate crucial com o paganismo. Estes responsabilizavam o catolicismo e sua pregação de não-violência pela queda de Roma diante dos bárbaros. A polêmica entre Agostinho e os pagãos, saudosos do imperador Juliano (que tentou, sem sucesso, restituir Roma ao paganismo), ocupa boa parte desse filme intelectual porém de ritmo envolvente. Mas talvez o mais emocionante perfil dessa série seja o de Sócrates (1971), mesmo porque Rossellini se identificava com o filósofo grego, que considerava uma espécie de herói intelectual. Vemos, ao longo do filme, Sócrates em ação, usando de sua melhor arma, o diálogo, para instilar a dúvida em adversários cheios de certeza. Uma longa sequência é dedicada ao julgamento e execução de Sócrates, acusado de vários delitos, entre os quais o de impiedade, culto a novos deuses e corromper a juventude. Sócrates poderia ter escapado à morte se tivesse abjurado suas ideias ou aceitado o plano de fuga dos amigos. Preferiu morrer, bebendo cicuta, a trair a si mesmo ou renunciar à cidadania ateniense. Essa postura, ética até o fim, fascinava Rossellini. Talvez Sócrates tenha encarnado, de fato, o ofício que Rossellini se atribuiu, no final da vida. Decepcionado com o cinema e com os rumos que este tomava, mesmo por gente que se dizia influenciada por ele (como os diretores da nouvelle vague francesa), escreveu, em seu Fragmento de uma Autobiografia (Nova Fronteira, 1992), essa frase surpreendente. Eu não sou um cineasta. E acrescentou que seu trabalho, na verdade, era outro. Árduo, extenuante, exigindo dedicação cotidiana e impossível de ser exercido com perfeição: o ofício de ser um homem. Sócrates (470-399 a.C.) Sócrates delimita uma época da história da filosofia, tanto assim que os autores anteriores a ele, como Tales, Heráclito e outros, são denominados de pré-socráticos. Paradoxalmente, esse que é considerado o pai da filosofia, não deixou obras escritas, pois entendia que elas imobilizavam o pensamento. O conhecimento de suas idéias e trajetória se devem à sua presença nos Diálogos, de seu discípulo Platão, e também em referências de Aristóteles e Xenofonte. Denominava seu método de maiêutica, o parto de idéias, que, pelo diálogo, colocava em crise as certezas dos interlocutores. A frase que define sua postura diante da vida é tudo que sei é que nada sei. Foi condenado à morte pelos tribunais de Atenas e obrigado a beber cicuta. Santo Agostinho (354-430) Agostinho nasceu e morreu no norte da África, atual Argélia, na época parte do Império Romano. Foi professor de retórica em Milão, converteu-se ao cristianismo e tornou-se religioso. Combateu seitas cristãs, como a dos donatistas, consideradas então heréticas. Suas obras principais são A Cidade de Deus e Confissões. Influenciado por Platão, fez a ponte entre o pensamento grego e a doutrina cristã. A influência do pensamento de Agostinho se estendeu até a Idade Média, em especial nas relações entre a fé cristã e o conhecimento da natureza. Respeitava a capacidade de conhecimento do ser humano mas afirmava que a revelação da fé era mais importante. René Descartes (1596-1650) Com ele, temos uma nova espécie de filósofo, situado na base da revolução científica. Descartes propôs a fusão da geometria com a álgebra, o que redundou na geometria analítica. Seus principais livros – Regras para a Direção do Espírito, Discurso do Método e Meditações Metafísicas – estabelecem as bases para o conhecimento da natureza, propondo inclusive algumas das regras da moderna ciência: analisar, ou seja, dividir as dificuldades em suas partes elementares para melhor estudá-las, e depois reuni-las de novo através da síntese. É considerado o iniciador da filosofia moderna e pai do racionalismo. ''Blaise Pascal'' (1623-1662) Pascal vive numa época de intensa afirmação do método científico, para o qual colabora como extraordinário matemático que era. Filho de um coletor de impostos, inventa a primeira máquina de calcular que se conhece, para facilitar o trabalho do pai. Com tamanha paixão pelos estudos exatos, é curioso que Pascal tenha deixado uma frase popular até hoje: O coração tem razões que a própria razão desconhece (para se ter idéia, faz parte da letra de Aos pés da Santa Cruz, samba-canção Marino Pinto e Zé da Zilda). É também famosa a chamada aposta de Pascal, raciocínio utilitarista sobre a existência de Deus. Quem acredita, tem tudo a ganhar, estando certo ou não. Quem duvida, nada ganha se estiver certo e vai para o Inferno se errado. A principal obra de Pascal, Pensamentos, foi traduzida para o português por Sérgio Milliet." (Luiz Zanin)
Orizzonte 2000 RAI Radiotelevisione Italiana Office de Radiodiffusion Télévision Française (ORTF)
Diretor: Roberto Rossellini
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Date 17/04/2014 Poster - - DirectorMario MonicelliStarsVittorio GassmanAdolfo CeliSandro DoriAfter saving an infant of royal blood, knight Brancaleone forms a new army and sets out to return the baby to his father: a prince fighting in the Crusades.[Mov 10 Fav IMDB 7,4/10] {Video}
BRANCALEONE NAS CRUZADAS
(Brancaleone alle crociate, 1970) Obra Prima
{Grande é a fé e estreito é o mar} (ESKS)
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''Seguindo a fórmula de L’armata Brancaleone (O Incrível Exército de Brancaleone), o cineasta italiano Mario Monicelli lançou em 1970 o clássico Brancaleone Alle Crociate (''Brancaleone Nas Cruzadas''). O filme é uma anti-heroica e bem-humorada crítica a visão romântica sobre os cavaleiros cruzados. Em Brancaleone Alle Crociate, o protagonista anti-herói Brancaleone (Vittorio Gassman) é líder de um exército de perdedores que viaja rumo à Terra Santa. Logo no início da jornada, a ausência de um estratagema, que dá a tônica da falta de hierarquia e de propósitos coletivos, termina em massacre. Então o trapalhão Brancaleone decide formar uma nova armada, composta pelos sobreviventes; nada mais que derrotados com anseios totalmente individualistas. Tudo isso soma para ratificar com muita ironia o extremo da contradição existencial do homem. No segundo filme da franquia Brancaleone, Mario Monicelli novamente faz críticas escrachadas e satíricas sobre o perfil do cavaleiro medieval, figura muito humana e caricata na obra. A ideia do autor é justamente antagonizar a imagem clássica do cavaleiro – o que muitos livros e filmes épicos vendem como exemplo de fidalguia. O cineasta não poupa nem a Igreja Católica ao mostrar uma briga de egos entre os papas Gregório e Clemente. Um ordena o genocídio de seguidores do outro, quando na realidade a religião deveria cumprir o seu papel de valorizar a vida. Há também, como de costume na filmografia de Monicelli, o clássico humor pastelão. Exemplos são as cenas em que Brancaleone confronta o seu companheiro e teimoso pangaré Aquilante, uma paródia do cavalo Rocinante, de Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes Saveedra. ''Brancaleone nas Cruzadas" é uma comédia de gradação em que o espectador é estimulado a rir de situações corriqueiras e subjetivas.'' (David Arioch)
***
''A Idade Média já foi retrada de diversas maneiras no cinema. Desde obras-primas marcantes, como O Sétimo Selo, de Ingamar Bergman, passando pelas divertidas comédias do grupo inglês Monty Python, e até em produções de nível no mínimo duvidoso, como os recenetes Cruzada e Robin Hood, curiosamente ambos de Ridley Scott. Mas talvez as versões mais interessantes tenham sido do diretor Mario Monicelli, falecido recentemente: O Incrível Exército de Brancaleone, lançado em 1966, e que alcançou um notável sucesso comercial; e ''Brancaleone nas Cruzadas'', de 1970, que acompanha as aventuras do herói Brancaleone da Nórcia, imediatamente após os acontecimentos do filme anterior. O roteiro pode parecer estapafúrdio, mas é repleto de simbolismos e mesmo de tons sobrenaturais, penetrando na mentalidade do mundo medieval, além de um tom satírico delicioso. Na trama, Brancaleone, após quase todos os membros da peregrinação a Jerusalém da qual fazia parte terem sido mortos, parte junto com os quatro últimos sobreviventes (dentre eles, um coxo e um cego!) em direção a Terra Santa, para libertá-la do domínio dos mouros. No caminho, o cavaleiro ainda encontra uma bruxa, um leproso, um anão, um masoquista, um bebê, um alemão e ainda conversa com a morte! O humor do filme funciona perfeitamente. Há diálogos simplesmente hilários ( não há como não rir na seqüência da luta com o alemão, por exemplo). E o ator Vitorio Gassman, uma das maiores estrelas que o cinema italiano já viu, ainda investe em um certo tipo de humor físico que combina com o tom absurdo adotado pelo diretor (e também roteirista) Mario Monicelli. Dá-lhe brigas com o cavalo, batalhas contra vários oponentes, e mesmo cenas românticas (!) dignas de se chorar de rir. E os roteiristas (o próprio Monicelli, Agneore Incrocci e Furio Scarpelli) ainda tomaram um risco adicional no último ato, em Jerusalém: todos os diálogos são rimados, lembrado as cantigas cavaleirescas e as trovas medievais, tornando as situações mais engraçadas do que já seriam naturalmente. "Brancaleone nas Cruzadas" ainda pode ser deliciado pelas imagens belíssimas proporcionadas por Monicelli. O diretor mostra um garnde domínio técnico, demonstrado na intrigante seqüência da árvore com corpos pendurados, cena cuja força é ampliada pelos diálogos entre os mortos e a bruxa (mais uma vez, o sorenatural presente), com os primeiros contando os motivos de sua morte (por adultério, por ser judeu, ou simplesmente por comer salame). Temas medievais são abordados em cenas memoráveis, como o encontro dos dois papas, além da linda (tanto visualmente, como em seu aspecto simbólico) luta entre Brancaleone e a morte. A fotografia é mais um trunfo, além da trilha sonora com o já clássico grito de guerra, Branca, Branca, Branca, Leone, Leone, Leone!. O único pecado do filme é sua duração excessiva. Os 119 minutos acabam parecendo excessivos, e poderiam ter sido encurtados em cerca de 15 minutos. As cenas com o leproso, por exemplo acabam parecendo desinteressantes e mesmo desnecessárias perto de outros momentos hilários, e talvez pudessem ter sido eliminadas, sem fazer muita falta. Ainda assim, "Brancalone nas Cruzadas" consegue ser superior ao anterior, e mais conhecido "O Incrível Exército de Brancaleone". É uma comédia satírica interessantíssima, tendo como pano de fundo o período medieval, com cenas dignas de se assistir várias vezes. Sem dúvidas, é uma pérola do humor e do cinema italiano, de uma forma em geral." (Douglas Braga)
Fair Film O.N.C.I.C.
Diretor: Mario Monicelli
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Date 17/04/2015 Pster - ##### - DirectorAbel FerraraStarsGérard DepardieuJacqueline BissetShanyn LeighMr. Devereaux is a powerful man. A man who handles billions of dollars every day. A man who controls the economic fate of nations. A man driven by a frenzied and unbridled sexual hunger. A man who dreamed of saving the world and who cannot save himself. A terrified man. A lost man.[Mov 08 IMDB 5,3/10] {Video/@@@@@} M/71
BEM VINDO A NOVA YORK
(Welcome to New York, 2014)
TAG ABEL FERRARA
{violento / intenso}Sinopse
''O Sr. Devereaux é um homem poderoso. Um homem que lida com milhares de milhões de dólares todos os dias. Um homem que controla o destino econômico das nações. Um homem impulsionado por um ímpeto sexual frenético e desenfreado. Um homem que sonhava em salvar o mundo e que não pode salvar a si mesmo. Um homem apavorado. Um homem perdido.''
"Ferrara parte de um fato real para contorna-lo completamente e compor um personagem que se destaca entre os mais fortes de sua filmografia. Um filme de encenação minimalista todo arquitetado em torno do corpo e da respiração impressionantes de Depardieu." (Daniel Dalpizzolo)
"A câmera como cúmplice, mas também como acusadora; o perfil de um homem que cede aos seus instintos, mesmo tendo noção de que são errados. Impulso ou desculpa? Ferrara condena, mas acima de tudo, traça um perfil e tenta entender seu viciado em sexo." (Rodrigo Cunha)
"O olhar de Ferrara não está interessado em recriar o episódio real com Strauss-Khan, mas sim no estudo de um personagem amoral, hedonista, viciado e excessivo (seu alter-ego?). Depardieu, e sua respiração ofegante, domina o filme. Repugnante e fascinante." (Régis Trigo)
"Ainda que tendencioso, Ferrara não abre mão de sua visão amoral e mantém seu cinema intacto a qualquer interferência externa, e isso explica a escolha da história real que decidiu adaptar. Depardieu entre o grotesco e o genial." (Heitor Romero)
"Ferrara tem todo o direito de contar a história a partir de um discurso posicionado e engajado. Mas me parece que o diretor foi particularmente tendencioso na maneira como fez isso." (Cesar Castanha)
"Um Ferrara inédito desta vez, onde não há nenhuma esperança de redenção para se buscar, restando a descida cada vez mais profunda rumo a um inferno pessoal, do qual não existe volta. Depardieu impressiona." (Rafael W. Oliveira)
Desnudando o pecado.
''Simples e objetiva, a história de Ferrara inpirada pelo escândalo de estupro de Strauss-Khan revolve em volta de um único acontecimento e não deixa espaço para ambiguidades na interpretação. O conflito entre carne e espírito é uma constante em seus filmes, o que faz com que a observação quase imparcial da câmera deixe o tempo imperando em ritmos de blocos temporais sobre seus ambientes, tornando a câmera um dispositivo de registro do personagem e de seu conflito detonado pelo peso de suas ações, recusando a encenação de antagonismos e dilemas que envolvam narrativas paralelas, o recorte plástico e didático dado à ação e a fragmentação entre várias imagens repletas de potencialidades. Aqui, o protagonista Devereaux é exilado do Éden econômico e político por, inebriado pelo poder financeiro, estatal e libidinoso que representa, ir mais além disso do que todos os seus companheiros de excesso e de fato cometer um crime. Futuro candidato à presidência da França, Devereaux equilibra-se entre a figura pública, respeitável e íntegra, e a pessoal, animalesca, grotesca e destruidora. Esse êxodo do paraíso, por ser aproveitar-se de seu poder dito civilizatório para ser baixo, faz com que o político tenha de encarar suas próprias vergonhas – além da mera nudez física, também a tomada de conhecimento de suas vergonhas diante do público. Em uma história onde é claramente definido o que é moralmente errado – só não são claros e definidos seus tempestuosos indivíduos que a câmera obriga a encarar – fica difícil não ter a leitura de Ferrara como um criador de parábolas modernas, com um tema espinhoso e dolorido: a cultura de excessos, dos vícios, do delírio e posteriormente a criação de um calvário onde frequentemente o falho ser humano tem que se imolar. Aceitação, resignação, sangue e dor são a única via de saída de reconstrução de personalidades em cacos que tornam os filmes que protagonizam erráticos como elas: o fio condutor é estendido em longos silêncios e imobilidades expositoras, pela imputação das elipses e pela economia austera nos cortes. A mesma imagem adquire diferentes significados concentrada em um só tempo e recortada em poucos enquadramentos – ou seja, a a funcionalidade de seu material dialético se dá pelo tempo, pela longa exposição. Quantos menos se contar, mais irá se mostrar. Este é o grotesco revelatório de Ferrara. Apesar de isso poder ser a princípio, uma contradição – afinal, um pretende ressaltar certas características do que é real fora de sua proporção original para chamar a atenção do olhar ao efeito pretendido, enquanto o outro não quer intervir, julgar ou modificar, apenas observar – é um paroxismo que faz sentido dentro da carreira do diretor saído de filmes de grande capricho estético, conjugando trabalho coreografado de câmera e recursos de montagem (paralelismo narrativo em perseguições, câmera lenta em momentos dramáticos, etc) como Inimigos Pelo Destino, Sedução e Vingança e Cidade do Medo, teve uma maturação com filmes cultuados dos anos noventa como O Rei de Nova York e Vício Frenético, já lançando mão do abuso da temporalidade sobre a ação, do efeito plástico sobre o artifício, da fragmentação narrativa episódica sobre a simplicidade apresentação-conflito-resolução, para então na década de 2000 desembocar em filmes que estavam no limiar da encenação e do documento, como Napoli Napoli Napoli, que influenciariam de forma retroativa sua ficção, como se pode observar em e agora em Bem-Vindo a Nova York e seu trabalho minimalista de câmera e iluminação, os longos silêncios e as cenas organizadas não em crescendo, mas em longos blocos temporais um freak show que em outras mãos receberiam um tratamento preocupado com a especularização didática e a constante demanda por atenção através das revoltas.Ferrara sempre quis funcionar diferente e quando progressivamente despediu-se do filme confinado em um gênero descobriu um norte estético combinado com uma lógica de produção quase artesanal em sua simplicidade formal que foi um verdadeiro redescobrimento dificilmente encontrado em seus contemporâneos setentistas – perdidos em sua maioria entre um ostracismo engessado em questões dos anos setenta ou adesão à Grande Forma em projetos comerciais que pouco parecem dialogar com as transgressões promovidas por eles que os catapultaram à fama popular, mainstream ou de nicho, e prestígio crítico. É sentida essa diferença de maneira marcada não apenas em seu primeiro terço, uma encenação desgovernada sem nenhuma pretensão de ser objetiva e dramática da rotina de orgias de Devereaux, mas quando o mesmo é detido e um longo grande plano o assiste tirar a roupa – porém não da maneira vista anteriormente, onde usa seu apetite sexual como instrumento de poder e afirmação, da linha dissolvida entre a subjetividade de sua vida pessoal e a objetividade requerida para ocupar o cargo que ocupa – tal como acontecia com a confusão entre família e máfia em Os Chefões que decretavam de forma fatalista a tragédia de seus personagens. Desta feita, o desnudamento é tal como a câmera, neutro, investigativo e lento. Descobrindo pouco a pouco cada centímetro de pele por trás do personagem de figurão respeitável da alta sociedade encarnado por Devereaux. Os diálogos são poucos e irrelevantes. A ação é simples e única. Essa exposição é incômoda em seu tom de revelação, de quebra da identificação psicologizante tradicional, da falta de um diálogo interno explicitado da maneira demandada pelo drama, da necessidade de encarar o seu pecado capital de forma concreta e nada além. Em filmes guiados por exposições de culpa e questionamentos de dogmas, a língua em que
Ferrara tenta se expressar é de conciliar justamente a noção do errôneo sempre presente em seus filmes desde o início com a observação sem juízo de valor. A conversa que tem com sua mulher Simone, com sua carga de fala entrecortada, ruídos incompletos e silêncios carregados de tensão, em um isolamento de fatores externos senão o aprofundamento do que se passa pela cabeça de Devereaux, da falta de uma linha dramática clara, liga Ferrara às pretensões do cinema contemporâneo, ainda que ao seu modo, onde ainda impera a noção de caráter, na acepção de personagem: o papel que o político está fadado a repetir de maneira incontornável (mais à frente do filme, há outra encenação de estupro igualmente incômoda), moldado o cargo que preenche e sua relação com o poder ao seu desejo, à sua incapacidade de autocontrole, a sua tentativa de interpretar papéis mais domesticados e civilizados e, novamente, o erro. Devereaux cometeu um crime terrível que veio a público. O olhar da câmera o descobriu. Ele não é mais um personagem impune. Perito em tirar humanos da zona de ofuscação e descobrir na luz os monstros recalcados, conflituosos e angustiados que escondem. Para quem quiser ver a nossa falta de beleza, integridade e divindade, para aquele que quer sentir-se desafiado em entender algo absurdo irracional, em Bem-Vindo à Nova York Ferrara tornou o pecado nu aos nossos olhos." (Bernardo D.I. Brum)
''O pior momento de um filme de Abel Ferrara contém mais talento que 99% dos filmes que chegam aos cinemas atualmente. Ferrara é um herói do cinema alternativo americano, sempre atacando temas polêmicos e sombrios. Em "Bem-Vindo a Nova York", ele se inspirou na história do francês Dominique Strauss-Kahn (DSK), diretor do FMI que, em 2011, foi preso por supostamente violentar uma camareira. Strauss-Kahn admitiu conduta imprópria com a camareira, mas foi solto depois que os promotores encontraram contradições no depoimento da suposta vítima. Gérard Depardieu, em sua melhor atuação em muitos anos, interpreta Devereaux, inspirado em DSK. Entre reuniões com ministros e executivos, Devereaux promove orgias, usa os serviços de prostitutas, cheira e bebe. O cineasta parece menos interessado nos detalhes do caso do que em explorar a psique de Devereaux, que vê o mundo como um playground para suas fantasias. O filme é bruto e revoltante. Devereaux é um dos personagens mais repulsivos que o cinema viu em muito tempo. Mas, assim como muitos monstros, são os defeitos que o tornam um personagem interessante. E Ferrara continua incomodando. Que continue assim." (Andre Barsinski)
''Este longa de Abel Ferrara (de 4:44 - O Fim do Mundo) é livremente inspirado no rumoroso escândalo sexual que ganhou as manchetes dos jornais em 2011 envolvendo Dominique Strauss-Kahn, o ex-chefão do Fundo Monetário Internacional. O termo "livremente inspirado" deve ser levado em consideração pelo espectador, porque o que vai ver na tela não é uma representação dos fatos, mas uma encenação da sordidez sexual e sua relação com o poder pelos olhos de Ferrara. Gérard Depardieu (Mamute) interpreta, com total desprendimento, Devereaux, o todo-poderoso presidente de uma instituição financeira viciado em sexo. Um tipo ao mesmo tempo atraente e repulsivo que vive uma vida de excessos hedonistas, depravações sexuais e se considera intocável. Seu mundo, no entanto, vira de cabeça para baixo quando é preso por agressão sexual em uma viagem de negócios a Nova York. Ferrara dedica a primeira meia hora do filme ou quase isso a uma série de cenas de sexo prolongadas com Devereaux grunhindo e rosnando com um bicho insaciável. Um interpretação corajosa de Depardieu de um viciado em sexo assumido e descontrolado. Antes, na cena que abre o filme, o ator é mostrado numa coletiva explicando porque se interessou pelo personagem: Porque eu não gosto dele. Não gosto de políticos, diz.Não demoramos muito a notar que Devereaux não é a representação de Strauss-Kahn, mas um personagem criado a partir dele. Uma distorção criativa da mente de Ferrara, que sempre se interessou em filmar o mal e suas manifestações. O problema é que o resultado disso tudo é somente inquietante de se ver. Não passa muito disso e perde a oportunidade de se aprofundar na percepção de que o mundo ainda mantém traços feudais em suas relações sociais. A cenas de sexo e orgias que dão o tom num primeiro momento são substituídas posteriormente por também extenuante sequências da via-crúcis de Devereaux dentro do sistema prisional, com sequências que pouco dizem e soam supérfluas. Sobra o bom trabalho dos atores principais: Depardieu com um Devereaux obcecado e escravo de seus apetites - um monstro que não percebe sê-lo -, e Jaqueline Bisset como a mulher inteligente que se resignou no papel de mãe de seu marido autodestrutivo. "Bem-vindo a Nova York'' poderia ter se aprofundado em uma infinidade de temas, como a misoginia, mercantilização das mulheres, os males do capitalismo e sociopatias decorrentes , as diferenças de classes e os privilégios dos mais afortunados. A matéria era rica, mas Ferrara preferiu ficar na superfície." (Roberto Guerra)
Belladonna Productions
Diretor: Abel Ferrara
2.064 users / 656 face
22 Metacritic
Date 19/09/2015 Poster - ###### - DirectorAlfred HitchcockStarsJohn BlytheJanique JoelleA young Scottish R. A. F. Gunner is debriefed by French officials about his escape from occupied territory, and in particular one person who may or may not have been a German Agent.[Mov 08 IMDB 5,3/10] {Video}
BOA VIAGEM (unofficial)
(Bon Voyage, 1944)
TAG ALFRED HITCHCOCK
{intrigante}Sinopse
''A jovem escocesa artilheiro RAF informados por autoridades francesas sobre a sua fuga do território ocupado e, nomeadamente, uma pessoa pode ou não pode ter sido um agente alemão.''
''Hitchcock fez o possível para transformar um par de histórias da ação política em algo memorável, mas os resultados foram exatamente o oposto do que seus empregadores quiseram. Talvez Hitchcock tenha sido o responsável por ter sido incapaz de de produzir uma propaganda aceitável. Todo o diretor do seu porte provavelmente faria o mesmo. Hitchcock pode não ter ajudado o ministério de informação britânico, mas que as autoridades esperavam? Os gênios têm melhores coisas a fazer que receber ordens de burocratas? Se nada mais, a experiência provou a insensatez de ajustar um cineasta em finalidades transversais com suas próprias inclinações e habilidades. Freqüentemente afirmou-se por críticos que as películas de propaganda fazem o mau entretenimento; Hitchcock demonstrou que o bom entretenimento pode fazer a propaganda igualmente má." (TC)
Ministry of Information
Diretor: Alfred Hitchcock
1.109 users / 19 face
Date 27/09/2015 Poster - ### - DirectorOlivier MegatonStarsLiam NeesonForest WhitakerMaggie GraceAccused of a ruthless murder he never committed or witnessed, Bryan Mills goes on the run and brings out his particular set of skills to find the true killer and clear his name.[Mov 06 IMDB 6,1/10] {Video/@@} M/26
BUSCA IMPLACÁVEL 3
(Taken 3, 2015)
Tag OLIVIER MEGATON
{esquecível}Sinopse
''O ex-agente do governo norte-americano Bryan Mills (Liam Neeson) tenta tornar-se um homem família, mas vê tudo ruir quando Lenore (Famke Janssen) é assassinada. Acusado de ter cometido o crime, ele entra na mira da polícia de Los Angeles. Desolado e caçado, ele tenta encontrar os verdadeiros culpados e proteger a única coisa que lhe resta: a filha Kim (Maggie Grace).''
O ousado trabalho de lidar com armadilhas.
''Nunca imaginei que algum dia pudesse olhar para Liam Neeson de forma semelhante à que olho para Charles Bronson. Bronson era talentoso, subestimado e terminou por tornar-se um imortal ícone da truculência em plena meia-idade. Neeson não se tornou um ícone (prefiro deixar essa questão para o tempo, já que este trabalha de forma misteriosa), mas os demais adjetivos dados ao Bronson podem ser atribuídos aqui também. No entanto, uma coisa não deixa de martelar a cabeça dos mais adeptos ao clássico cinema-médio: como foi que Oskar Schindler foi se transformar em Bryan Mills? Como foi que aquela elegância, aquele ser engomado conseguiu se vestir como um sanguinário guerrilheiro (sob a pele de ex-agente do governo)? Ninguém esperava, mas aconteceu. E ficou muito bonito. O cinema de ação tem o objetivo de desencadear a adrenalina, mas não apenas; existe em sua fórmula mais usual uma forte carga de sadismo, o prazer em ver o protagonista socando, perfurando e explodindo pessoas. "Busca Implacável 3" possui essa proposta básica, de despertar a fera dentro do espectador. O que importa para qualquer obra artística é o foco; no caso de bons filmes de ação, não importa muito se a trama é chinfrim (algo que muitos gostam de condenar), pois grande parte desses exemplares se encarregam de trabalhar grandes consequências a partir de um pequeno motivo – podemos notar isso em Comando para Matar, em que o John Matrix realiza um verdadeiro inferno para resgatar sua filha; em Duro de Matar (Die Hard, 1988), em que o John McClane, um policialzinho qualquer, se vê em confronto com terroristas; etc. O extraordinário é, na maioria das vezes, praticamente uma consequência das atitudes do protagonista, que por algum motivo (vingança, justiça etc) decide sair de sua zona de conforto. Retomando certas semelhanças entre Charles Bronson e Liam Neeson, é bom dizer que elas ficam em um campo superficial; isso porque, se notarmos bem, Neeson carrega elegância na própria pronúncia de seu nome, e em cada tiro que seu personagem dá. Na prática, são muito diferentes. Bryan Mills é um personagem extraordinário, importante e com muitos inimigos; não é um peixe pequeno que se vê envolvido com a violência urbana. Aliás, o próprio filme em si carrega personagens bem aparentados – temos a ex mulher do Bryan Mills, interpretada pela belíssima Famke Janssen, saindo com o seu carrão; sua mimada filha, que apesar de ser bem crescida ganha um panda de pelúcia de aniversário; etc. Busca Implacável 3, assim como os dois filmes anteriores (todos bons, por sinal), é eficiente por criar esse contraste entre esse mundo de luxúria, de poder, de relações de negócio com o lado selvagem existente em praticamente todos os personagens. O estilo de direção é parecido com o do filme anterior, com direito àqueles planos relâmpagos e àquele abusivo uso da montagem picotada nas cenas mais absurdas. É visível que essa forma de filmar a ação é comum ao atual cinema de gênero mais truculento, algo também visto em outras obras de outros diretores, como o Stallone fez em Rambo IV e Os Mercenários. É um elemento interessante, pois parece sintetizar uma verdadeira característica desses tempos corridos e violentos, mas nem sempre funciona; por vezes o efeito se perde, cai numa armadilha, e o que resta é apenas o caos por si só. Naquela cena da perseguição policial, por exemplo, juro que pensei que, na confusão de planos, tinha visto o rosto de um daqueles russos (sempre eles, os inimigos clássicos do herói americano), os que ameaçam o nosso (anti-) herói. ''Busca Implacável 3'' confirma uma boa e surpreendente série. Surpreendente porque, além de ninguém ter esperado tamanha qualidade e sucesso, cada uma das obras carrega um forte grau de independência, não se limitando a cair na mera zona de conforto de continuar o que já foi dito. É um filme de ação feito num contexto cultural, com direito ao herói (pai de família americano) contra os vilões russos. Aliás, sinto que desde o primeiro havia essa vontade de discutir mais a fundo essa temática simbólica de certas nações, mas até agora utilizaram isso de forma tímida, o que é uma pena – existe até mesmo uma breve reflexão sobre o falho sistema dos EUA. Nesse terceiro título também há certo descuido para com certos personagens, que aparecem e somem do nada – aquele sujeito que foi baleado e chegou a ser socorrido; não se sabe que fim ele levou. Mas é prazeroso ver como maior parte do que foi feito deu certo no saldo final, com o desfecho evidenciando o quão boa foi a jornada, culminando em melancolia – enquanto o anterior terminava de forma alegre. E, convenhamos, testemunhar bons atores em uma violenta obra de ação é um grande motivo para um sorriso no rosto, gênero que é grande alvo de preconceitos pelo público que gosta de carregar o crachá de Cult." (Victor Ramos)
"Surpreende" ao manter o set em Los Angeles, e não na Europa, e também ao ver que, embora as bilheterias estejam caindo, Neeson não pede água e continua em um ritmo invejável para um "senhor" de 60 anos (os dublês, claro, existem). Divertido!" (Alexandre Koball)
''Há uma boa e uma má notícia a respeito de "Busca Implacável 3". A boa é que o filme é bem melhor do que o anterior. A má: isso não quer dizer muito, já que Busca Implacável 2 é pavoroso. Essa trilogia vai ficar na história do cinema como o momento em que um ator aparentemente talentoso e premiado resolveu assumir o papel de herói de filmes de ação. Com o sucesso de seu personagem, o ex-agente Bryan Mills, o irlandês Liam Neeson, 62, dificilmente será lembrado por filmes como A Lista de Schindler. Já está difícil imaginar sua figura sem uma arma na mão. O primeiro filme, de 2008, tem suas qualidades, mostrando Mills em ritmo frenético na busca da filha sequestrada. Na sequência, de 2012, parece que um menino de dez anos escreveu o roteiro. Pelo menos desta vez o roteiro não teme os clichês, mantendo o enredo nos trilhos sem as risíveis reviravoltas do filme anterior. Dá para resumir o 3 em uma frase: a mulher de Mills é brutalmente assassinada, ele é o principal suspeito e precisa fugir da polícia enquanto caça o verdadeiro culpado. Neeson é grandalhão o bastante para dar credibilidade às surras que aplica nos bandidos, e as cenas fluem melhor quando seu personagem fica introspectivo e calado - na linha Clint Eastwood em seus faroestes. Diálogos ruins derrubam a performance de um bom ator, Forest Whitaker. A mulher de Mills é interpretada pela bonitona Famke Janssen, mas quem rouba algumas cenas é Maggie Grace (a loirinha que morre cedo em Lost), novamente no papel da filha do ex-agente. "Busca Implacável 3" é recomendado para quem viu os primeiros e gostou. E também para quem tem prazer ao desligar o cérebro diante de cenas de ação. Porque, depois de uma meia hora inicial de falação, o filme é uma sucessão incontrolável de tiros e pancadaria." (Thales de Menezes)
''Busca não é o melhor filme de todos os tempos e nem tem a pretensão de ser. Conscientes disso, os roteiristas Luc Besson e Robert Mark Kamen extraem tudo o que podem de uma trama genérica, mas que graças à honestidade de ambos e, principalmente, ao carisma e a competência de seu astro protagonista, consegue se transformar em uma experiência cinematográfica extremamente divertida. Tendo em Liam Neeson a sua força motriz, o filme virou “hit” do gênero ação e sequências logo foram demandadas pelo grande público. É aí que, por cair no erro de se levar a sério demais, o segundo acaba descendo um pouco o nível em relação ao ótimo primeiro (mas ainda funcionando razoavelmente) e culmina em um terceiro capítulo realmente medíocre, fechando de forma melancólica a trilogia de Bryan Mills e sua família. Mantendo basicamente a mesma equipe do anterior, os dois roteiristas e o diretor Olivier Megaton, em “Busca Implacável 3” o que vemos é um homem de meia idade cansado e que tudo o que mais quer é aproveitar o tempo que lhe resta em paz e curtindo a família que lhe sobrou; a filha e a ex esposa, de quem está se aproximando novamente. Tudo muda quando ele é acusado injustamente de cometer um assassinato, o que faz com que agora ele tenha que, o invés de apenas buscar os verdadeiros culpados e fazer justiça, fugir da polícia norte-americana enquanto tenta executar tamanha tarefa. A temática da passagem do tempo, aliás, está presente desde os primeiros minutos de projeção, nos diálogos de Bryan Mills com Lenore e, especialmente, com sua filha Kimmy, mostrando dificuldades em aceitar que os anos passaram e ela não é mais aquele garota ingênua e indefesa do primeiro filme (nada que não já soubéssemos no segundo). A intenção dos realizadores é clara: criar uma atmosfera de nostalgia que chame emocionalmente o espectador para dentro da trama; um truque válido, mas que por ser colocado de maneira tão artificial, acaba não funcionando do modo como deveria. E é exatamente aí que reside o principal escorregão do roteiro e que compromete de modo significativo todo o nosso envolvimento com a história daí em diante; a franquia Busca Implacável jamais fez sucesso pelo dramalhão familiar de seu protagonista. Sim, ele existe e é muito bem-vindo quando posto em seu devido lugar; em segundo plano. O que queremos ver de verdade é um ex agente “porradeiro” passando por cima de tudo e todos para conquistar seus objetivos. Queremos Liam Neeson fazendo o que sabe fazer de melhor e ponto final. Quando isso aparece em tela, o resultado é (quase) tão eficiente quanto nos anteriores. O que puxa pra trás é mesmo todo o drama que em momento algum convence e que tira o foco da principal qualidade da trilogia. Nem tudo são tropeços, entretanto. A ideia de colocar Mills no lado oposto ao visto nos dois longas anteriores é bem sucedida, e é curioso vê-lo dessa vez, ao invés de somente ir atrás do inimigo, o fazer enquanto ele próprio foge e se esconde de uma outra ameaça. O nome da franquia jamais fez tanto sentido quanto agora, podendo ser analisada sob diversos ângulos. De perseguidor a perseguido, é notável como o protagonista se sente em uma posição desconfortável, ainda que consiga sair com extrema classe e competência de todas essas situações, como esperado. Tendo, portanto, o suficiente para driblar os defeitos e mesmo assim fazer um bom filme, eis que Olivier Megaton e seus roteiristas desperdiçam tal oportunidade em um antagonista pobre e previsível; falta-lhe carisma e motivações consistentes. Além do mais, o script ainda busca fazer um jogo de esconde-esconde, de tentar despistar o espectador, atraindo sua atenção para outros suspeitos quando tudo já apontava para o verdadeiro culpado. Assim, quando o véu é retirado e tudo se revela, o impacto não provoca nem de longe a surpresa e a perplexidade que os realizadores tinham intenção de provocar.Dessa forma, ainda que mantenha a boa qualidade das cenas de ação, “Busca Implacável 3” é sem dúvidas o pior da trilogia. O drama não convence, o vilão é fraco e previsível e, assim, o clímax do longa não desperta qualquer tipo de emoção diferenciada. Por seu bom protagonista, continua valendo a pena dar uma conferida e assistir o final da sua história. Como obra cinematográfica, entretanto, é realmente uma pena ver tamanho potencial jogado fora." (Arthur Grieser)
EuropaCorp M6 Films Canal+ M6 Ciné+ TSG Entertainment Twentieth Century Fox Film Corporation
Diretor: Olivier Megaton
114.961 users / 38.176 faceSinopse
The xx / Glass Animals
30 Metacritic 384 Up 174
Date 28/11/2015 Poster - # - DirectorWalter RuttmannStarsPaul von HindenburgThis movie shows us one day in Berlin, the rhythm of that time, starting at the earliest morning and ends in the deepest night.[Mov 04 IMDB 7.8/10] {Video}
BERLIM - SINFONIA DA METRÓPOLE
(Berlin: Die Sinfonie der Grosstadt, 1927)
TAG WALTER RUTTMANN
{inovador}Sinopse
''Berlim, Sinfonia da Metrópole é um dos filmes mais importantes e visionários da história do cinema, verdadeiro marco do cinema de vanguarda documentarista. O filme é um registro da Berlim dos anos 20, da aurora ao anoitecer. A movimentação urbana, a cultura, o lazer, os trabalhadores, as máquinas trabalhando, tudo registrado pelo olho mecânico da câmera, que às vezes ficava oculto entre as pessoas. A composição dos planos proporciona um impressionante espetáculo visual, com ângulos e movimentos que vão compondo uma verdadeira sinfonia gráfica.''
''Berlin. 1927. Era industrial. Personagem: a cidade. Máquinas, engrenagens, movimento e velocidade caracterizavam uma espécie de celebração à modernidade, ao futuro de progresso que se mostrava próximo, no qual a cidade era a representação máxima de poder e transformação na vida dos indivíduos. Pessoas, trabalhadores e habitantes que de alguma maneira tinham suas vidas relacionadas a ela, sejam os que garantiam o funcionamento e continuidade da máquina no centro da cidade ou os que faziam do campo o movimento migratório para o turbilhão da vida na cidade. Na composição da obra impressionista foi utilizada uma orquestra de 75 músicos para a execução da sinfonia que, junto à sucessão de imagens visuais, compõem a coreografia do organismo que é a cidade. Do despertar do dia até a madrugada, evidencia-se um fenômeno urbano. Soldados, bois e trabalhadores marcham por Berlin, seguindo a cadência industrial da partitura. A fábrica é retratada com portadora do sentido de civilização, já que nessa estrutura, o trabalho é valor indispensável, rege todas as relações sociais e o convívio diário de operários que são considerados menos importantes do que as máquinas, as quais parecem ser estruturas vivas e principais agentes de funcionamento da metrópole. Entre edifícios, trilhos e postes, amontoados de pessoas disputam o seu lugar em escadas, túneis, bondes e automóveis, onde representações móveis e concretas transformam a fisionomia da cidade, conferindo-lhe diferentes aparências, humores e estados de espírito. O homem sofre um processo de substituição pela vida mecanizada que nesse momento era exaltada com efusividade." (Joyce Pais)
''O clássico ''Berlim, Sinfonia da Metrópole'', de Walther Ruttmann, lançou uma onda de documentários do gênero nos anos 1920, em que grandes cidades tinham sua rotina esquadrinhada num suposto período de 24 horas. O próprio Ruttmann ainda retrataria Düsseldorf, Stuttgart e Hamburgo. Alberto Cavalcanti mostraria Paris em Rien que les Heures. No Brasil, Adalberto Kemeny e Rudolf Rex Lustig fariam São Paulo, Sinfonia da Metrópole em 1929. Em todos esses casos, a relação entre imagens e música visava a celebração da modernidade: máquinas, movimento, velocidade. Havia um sentimento de efusividade futurista, onde a metrópole representava a quintessência da era industrial. Setenta e cinco anos depois, outros motivos levaram o fotógrafo e diretor Thomas Schadt a reeditar a experiência de Ruttmann. Sinfonia de Berlim também se baseia em padrões gráficos e rítmicos, mas o contexto da capital alemã é bem diferente. Um muro foi levantado e posteriormente derrubado. A imigração mudou a fisionomia humana da cidade, que de paisagem estabilizada e radiante se transformou num enorme canteiro de obras. O resultado é um remake melancólico, onde o entusiasmo foi substituído por uma estranha sensação de solidão e incomunicablidade, apesar de todo progresso material. Com uma trilha sonora largamente baseada em música industrial, o filme alterna imagens banais (embora sempre bem fotografadas em preto-e-branco), paralelismos simplistas entre homens, máquinas e animais, e cenas de forte sugestão sobre as diferenças entre passado e presente. O célebre edifício do Reichstag (a chancelaria de Hitler), hoje restaurado em versão hi-tech, ocupa o centro da reflexão de Thomas Schadt. A partir dele, um raio documental se abre sobre os novos miseráveis de Berlim, o olhar agressivo dos skinheads, gente deprimida em parques e filas de sopa, punks tardios, passeatas, desfiles de moda, espetáculos, esportes etc. Os fogos de artifício que abrem e fecham o filme não bastam para anular a impressão de que a Berlim de hoje comprova o funeral dos ideais modernos e a plena vigência de um tempo assustador." (Carlos Alberto Mattos)
''Berlim – Sinfonia da Metrópol'' é o lendário documentário mudo de 1927, dirigido por Walter Ruttmann, sobre o dia-a-dia da Berlim de sua época. A versão do final dos anos 20 foi realizada com o compositor Edmund Meisel, que acabou por criar uma trilha sonora em perfeita sintonia com o filme. A película começa com os operários, que levantam cedo para o trabalho nas fábricas e termina com a agitada vida noturna berlinense dos anos 20. No decorrer de um dia, temos uma visão multifacetada da sociedade da época, desde a pobreza e a vida de operário, até a riqueza e o luxo. A edição foi realizada juntamente com o compositor Edmund Meisel, permitindo o mesmo criar uma trilha sonora em perfeita sintonia com o filme. Esse verdadeiro poema musico-visual nos possibilita uma impressionante e inesquecível viagem no tempo à essa importante época da história de Berlim. Em 2010, Hans Brandner preparou uma nova orquestração da obra original, por meio de uma encomenda em comemoração ao jubileu de 200 anos da Universidade Humboldt de Berlim, numa formação para orquestra de câmara. Esta nova versão foi lançada em 2011 pela editora especializada em cinema-mudo Ries & Erler e já foi apresentada com grande sucesso em cinemas da capital alemã, recebendo críticas positivas de, entre outros, Ian Wekwerth, pianista da Max Raabe Palast Orchester (famosa orquestra berlinense especializada no repertório dos anos 20 e 30). Em Berlim, Hans Brandner e o maestro brasileiro Marcelo Falcão se conheceram e tiveram juntos a idéia, de apresentar essa mesma versão numa série de concertos no Brasil. Hans Brander estudou piano com a Prof. Natalia Gussewa, recebendo seu diploma pela Associated Board of the Royal Schools of Music de Londres e é musicólogo pela Universidade Humboldt, em Berlim. Em 2010 realizou um novo arranjo da trilha do filme “Berlim – Sinfonia da Metrópole” em comemoração aos 200 anos da Universidade Humboldt de Berlim. Em 2012 apresentou esta nova versão em concertos na China. Uma suíte para piano solo desta mesma trilha foi lançada no mesmo ano. Além de sua relação com cinema-mudo, Hans Brandner dedica-se também à pedagogia do piano, lançando em 2012 o livro Motion Lines of Music, sobre a história da técnica pianística em sintonia com movimentos do corpo. Já Marcelo Falcão estudou regência em Berlim, onde vive desde 2008. Em 2010, estreou no Brasil com a Camerata Independente do Rio de Janeiro em concerto no mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro e a gravação do mesmo transmitida pela Rádio Mec FM. Em Berlim foi assistente de Kristiina Poska e Catherine Larsen-Maguire. Já regeu também orquestras na Alemanha, Rússia, Itália, Geórgia, Suíça e Brasil. Marcelo Falcão é também compositor, tendo suas obras estreadas no Brasil, Espanha e Alemanha e é musicólogo pela Universidade Humboldt de Berlim. Em 2014, está em turnê no Brasil com o Ensemble de Solistas, apresentando a trilha original com exibição do filme-mudo “Berlim – Sinfonia da Metrópole”.'' (Helder Miranda)
Deutsche Vereins-Film Les Productions Fox Europa
Diretor: Walter Ruttmann
2.651 users / 188 face
Date 12/12/2015 Poster - ##### - DirectorGeorge ShermanStarsJohn WayneLouise BrooksRay CorriganAfter gold shipments from a mining town have been hijacked, the three Mesquiteers buy a plane to fly the gold out. The owner of the shipping line brings in Eastern gangsters to thwart them.[Mov 04 IMDB 5,3/10] {Video/@@@}
BANDIDOS ENCOBERTOS
(Overland Stage Raiders, 1938)
TAG GEORGE SHERMAN
{nostálgico}Sinopse
''Os Três Mosqueteiros do Oeste estão trabalhando numa mina de extração de ouro, auxiliando como podem, toda a vila. As dificuldades de sempre, problemas com transporte e constantes roubos de carga, trazem uma ideia lucrativa a Stony Brooke e os outros: transportar a carga de ouro por avião. Os mineiros logo aceitam, com a condição de que tudo seja responsabilidade de Stony. Mas o dono da linha, Mullins, decide sequestrar o avião e roubar todo o carregamento para si. Conseguirão os Mosqueteiros impedir esse terrível plano traiçoeiro?''
''À primeira vista, nada. Mary Louise Brooks foi uma diva do cinema mudo que teve sucesso fazendo filmes na Alemanha e cujo papel mais conhecido é o da femme-fatale de A Caixa de Pandora. Marion Robert Morrison, mais conhecido como John Wayne, conseguiu fama nos westerns e sua imagem estará para sempre associada à do cowboy destemido. Duas figuras mais diferentes, impossível. Entretanto, em 1938, os dois fizeram um filme juntos, ''Bandidos Encobertos'' no Brasil). Este foi o último papel de Brooks no cinema. Já John Wayne teria sua grande chance no ano seguinte em No Tempo das Diligências / Stagecoach. Um grupo rouba um pequeno carregamento de ouro que está sendo transportado em um caminhão por estradas áridas e desertas. Stony Brooke (John Wayne) chega de paraquedas para deter os bandidos e ajudar seus amigos a prendê-los e conseguir uma recompensa de mil dólares. Eles investem o dinheiro em gado e usam o lucro para tornarem-se sócios dos irmãos Beth Hoyt (Louise Brooks) e Ned Hoyt (Anthony Marsh) em uma empresa de transporte aéreo que promete levar o ouro da cidade com segurança a qualquer lugar. O diretor George Sherman era uma constante nos filmes B que John Wayne fez em sua escalada para a fama nos anos 1930. Com menos de uma hora de duração, muitos destes filmes apresentavam o trio que aqui também está presente: the three mesquiteers (uma série de 51 filmes, sendo que Wayne participou de oito deles). Outra característica é muita ação e um bom tiroteio. Este filme de 1938 não deixa a desejar no quesito pólvora: são três tiroteios, cada um envolvendo um meio de transporte (cavalo, trem e avião).
Esqueça a linda Lulu. Neste filme Louise Brooks está bem diferente: com os cabelos negros na altura dos ombros, sem franja (surpresa! a testa dela é tão larga quanto a minha) e, infelizmente, com um papel pequeno e mal-desenvolvido. Não há sequer um ensaio de romance (apenas uma insinuação) entre os personagens de Louise e Wayne. Outra tristeza é ela não ter nenhum close expressivo: mesmo aos 32 anos, o que era considerado velhice em Hollywood, é possível ver que ela continua charmosa. Depois no sucesso na Europa no final dos anos 20, Louise cometeu um erro fatal ao voltar para a América: recusou um papel em Inimigo Público, de 1931. Este papel ficou com Jean Harlow e poderia ter dado vida nova à carreira de Louise. Ao contrário de outras estrelas do cinema mudo, não havia nada de errado com a voz dela: podemos perceber que é uma voz forte que combina com sua persona. Este filme de 1938, que à época foi considerado sua volta às telas, na verdade foi uma despedida. Louise fez o filme porque precisava dos 300 dólares de cachê. Depois disso, mudou-se para Wichita, onde não foi bem recebida pela população local, e tempos depois pôde ser vista como vendedora em uma loja em Nova York. Saindo deste emprego, teve vários relacionamentos amorosos, escreveu excelentes artigos sobre cinema e foi redescoberta pelos jovens cinéfilos franceses na década de 1950." (Crítica Retrô)
Republic Pictures (I)
Diretor: George Sherman
268 users / 17 face
Date 10/01/2016 Poster - ### - DirectorJohn CrowleyStarsSaoirse RonanEmory CohenDomhnall GleesonAn Irish immigrant lands in 1950s Brooklyn, where she quickly falls into a romance with a local. When her past catches up with her, however, she must choose between two countries and the lives that exist within.[Mov 06 IMDB 7,7/10] {Video/@@@@@} M/87
BROOKLYN
(Brooklyn, 2015)
TAG JOHN CROWLEY
{nostálgico}Sinopse
''A jovem irlandesa Ellis Lacey (Saoirse Ronan) se muda de sua terra natal e vai morar em Brooklyn para tentar realizar seus sonhos. No ínicio de sua jornada nos Estados Unidos, ela sente falta de sua casa, mas ela vai tentando se ajustar aos poucos até que conhece e se apaixona por Tony (Emory Cohen), um encanador italiano. Logo, ela se encontra dividida entre dois países, entre o amor e o dever.''
"A partir de uma história simples, basicamente sem conflitos, Crowley e Hornby constroem um filme sensível e adorável, quase um conto de fadas, sobre encontrar seu lugar no mundo. Bom-humor, sensibilidade e belas atuações. Impossível não gostar." (Silvio Pilau)
"Pequeno grande filme." (Heitor Romero)
"Brooklyn é adorável. Tem a intensidade das emoções de um coração extremamente dividido e de uma vida totalmente nova e a singeleza de uma personalidade calma por fora e de certo dramalhão. A combinação ficou muito boa e é um pequeno filme admirável." (Alexandre Koball)
****
''Uma cena apenas basta para definir "Brooklin": após longa e incômoda viagem, a jovem irlandesa Eilis chega aos EUA. Quando um policial lhe concede o direito de entrar no país, ela se dirige à porta de entrada. Abre-a e, então, uma grande luz vindo do fundo cobre sua figura. Não é a entrada de um país, mas do paraíso. O tom está dado. Não sejamos ingênuos, porém. O filme, ao menos, não o é: a imigração não é um paraíso. Estamos em meados do século passado, e Eilis enfrentará mais ou menos todos os problemas de adaptação pelos quais passa quem troca de país. Existe uma particularidade adicional: os costumes e tradições irlandeses estão arraigados, o que torna a experiência ainda mais amarga, especialmente porque Eilis é uma garota meio sem graça. É assim que ela vive seus primeiros tempos em Nova York. Como sempre nesses casos, o que pode arranjar as coisas é um namorado, e Eilis conhece um rapaz de origem italiana que parece estimá-la de verdade. Sua aparência subitamente se ilumina, e o estudo lhe permite sonhar com um futuro mais promissor. Ela parece esquecer a Irlanda. Mas, não por acaso, logo no começo de "Brooklin", é evocado Depois do Vendaval, em que, pelas mãos de John Ford, esse perpétuo vaivém entre Irlanda e EUA ganhou, há mais de 60 anos, sua obra-prima. No caso, tudo ia muito bem, quando sua irmã morre – aquela que arranjou tudo para que a garota inteligente e sem emprego decente pudesse ter uma chance nos EUA. O incidente força o retorno à Irlanda no momento em que ela está bem, cheia de boas perspectivas. Assim, não se trata apenas de fazer companhia à mãe – ali ela também consegue um bom emprego e, mais importante, um pretendente quase tão simpático e mais rico que o jovem italiano. Aquele país que parecia o paraíso de repente é confrontado à força da tradição irlandesa, de seus costumes, de sua – é o que se sugere – imobilidade. Eis o dilema de Eilis: ficar ou voltar. Bem raso, pode-se perceber, mas à altura do que, com alguma exceção, nos propõe esta edição do Oscar de suposto melhor filme. É possível pensar que "Brooklin" faça parte da lista como representante da inevitável cota britânica de todos os anos. Pode ser. O certo é que a principal, a mais inquietante questão que este filme propõe: por que diabos a distribuidora houve por bem traduzir o título original, "Brooklyn", por "Brooklin", promovendo a inócua substituição de um y por um i? Tudo o mais está dentro do previsível. Mesmo que a comparação a fazer fosse com o razoavelmente frustrado Era uma Vez em Nova York, "Brooklin" teria a oferecer apenas algum conforto ao espectador que veja no cinema uma distração. Este é um filme para ver facilmente e esquecer com facilidade ainda maior.'' (* Inácio Araujo *)
''Em tempos de indicações ao Oscar, "Brooklin" pode confundir um comprador. As três indicações citadas se referem a primiação do ano passado. Mas "Brooklin" passou tão batido pelo cinema que pouca gente reparou. E sua carreira nas lojas também não deve ser popular. Uma injustiça, principalmente com Saoirse Ronan, uma atriz interessante cuja carreira não decola, talvez por causa de seu bem incomun. Ela interpreta a garota irlandesa que migra para Nova York na metade do século passado, sofre um bocado e, e quando a vida parece sorrir para ela, encara mais infrtúnios. O filme não vai mudar avida de ninguém, mas é passatempo para quem quer só uma história bem contada.'' (Thales de Menezes)
88*2016 Oscar / 73*2016 Globo / 2015 Sundance
Wildgaze Films Parallel Film Productions Irish Film Board Item 7
Diretor: John Crowley
21.835 users / 17.826 face
42 Metacritic 31 Up 1
Date 22/01/2016 Poster - ######## - DirectorJohn RichStarsTony CurtisJerry LewisDany SavalA friend visits his philandering friend just as that man's scheme of being secretly simultaneously engaged to three flight attendants goes awry.[Mov 08 IMDB 6,3/10] {Video/@@@@@}
BOEING BOEING
(Boeing Boeing, 1965)
TAG JOHN RICH
{hilário}Sinopse
"Bernard Lawrence (Tony Curtis) é um jornalista americano que vive em Paris. Ele elaborou um esquema no qual mantém três aeromoças da Lufthansa, Air France e British United como noivas simultaneamente. Tudo funciona muito bem por um longo período, mas a chegada de novos jatos altera o horário dos vôos fazendo as três estarem em Paris ao mesmo tempo. Para piorar a situação Robert Reed (Jerry Lewis), um outro jornalista com quem Bernard tinha se desentendido, chega na cidade. Esta confusão tem de ser controlada por Bertha (Thelma Ritter), a empregada de Bernard, que conhece as armações do patrão."
23*1966 Gobo
Hal Wallis Productions
Diretor: John Rich
1.816 users / 272 face
Date 20/03/2016 Poster - ##### - DirectorChristian PetzoldStarsNina HossRonald ZehrfeldRainer BockA doctor working in 1980s East Germany finds herself banished to a small country hospital.[Mov 07 IMDB 7,2/10] {Video/@@@} M/86
BARBARA
(Barbara, 2012)
TAG CHRISTIAN PETZOLD
{intenso}Sinopse
''Uma médica da Alemanha Oriental falha ao tentar obter um visto para deixar o país. Para ser punida, é enviada para um pequeno hospital, no interior da nação. A personagem, então, se vê dividida entre o desejo de escapar e uma crescente atração por um novo colega de profissão.''
"Petzhold observa o Estado através do comportamento das suas personagens - e sem precisar jamais desviar delas - e tem como maior proeza a construção de uma presença muito forte do extracampo que quase o materializa como um personagem do filme." (Daniel Dalpizzolo)
"A narrativa lenta, fria e sem sobressaltos, quase nos faz perder contato com o filme, mas a opção favorece o retrato da psicologia da personagem central e o clima da Alemanha pré-queda do Muro. De certa forma, lembra o superior A Vida dos Outros." (Régis Trigo)
"Nova parceria entre Christian Petzold e Nina Hoss rendeu um filme intimista sobre a mulher na Alemanha antes da queda do muro de Berlim. Sua narrativa vagarosa corrobora a psicologia de uma personagem em crise." (Marcelo Leme)
*****
''Há dois assuntos centrais no cinema alemão pós-Muro de Berlim: o nazismo e o comunismo. São os dois acertos de contas que, da comédia ao drama, movem o interesse de cineastas e plateias. Com "Barbara", Christian Petzold toca com habilidade na segunda dessas questões, ao mostrar uma médica que, suspeita de querer fugir para Alemanha Ocidental, é mandada para um posto de saúde no meio do nada. Até ai tudo vai muito mal. Mas não há nada que não possa piorar: um médico parece se interessar por Barbara. OK. Então vem a dúvida: o que pretende esse cara? Esta afim dela ou é um espião? Petzold desenvolveu seu tema produzindo um tipo de beleza sagrada da imagem, que acentua o distanciamento entre a personagem (e a Alemanha Oriental) e o mundo, ao mesmo tempo em que não esquece que é de humanos que se está tratando (a política é um quadro).'' (* Inácio Araujo *)
*****
'Se boa parte do tempo o cinema alemão recente acerta contas com o nazismo, no que lhe resta dedica-se, não raro, a acertar as contas com o comunismo. Pode-se dizer que "Barbara" é isso. No entanto, o filme de Christian Petzold nos interessa menos pelos motivos habituais (o caráter ora policialesco, ora corrupto, ora ambos) do que pela atmosfera que constrói. Barbara é a cirurgiã em Berlim Oriental que as autoridades suspeitam de querer passar para o oeste. Não sem razão: o seu namorado vive no lado ocidental da cidade e está mesmo querendo patrocinar sua fuga. Estamos em 1980 e ''Barbara'' é mandada para um hospital nos confins da Alemanha Oriental. Esse é o grande ponto: o enorme desencanto que o filme transmite, paisagem por paisagem, cena por cena. Não é miserável, é pobre. Não é horrível, é triste: é pior, porque a ideia é que fosse isso para sempre.''' (** Inácio Araujo **)
Com narrativa seca, consegue retrartar os lados político e humano.
''Bárbara" entra no hall daquelas obras do cinema alemão que narram o cotidiano de pessoas comuns durante a divisão do país entre capitalistas e comunistas, sem se desvencilhar deste tema. A personagem-título é uma médica da Alemanha Oriental enviada de Berlim para o interior após tentar visto para deixar o país. Em função disso, divide os dias entre a dedicação materna aos jovens internados no hospital e a espera para pôr em prática a fuga traçada pelo namorado, morador do lado ocidental. Enquanto isso, ela sofre com constantes inspeções policiais em seu apartamento. Esgotada com a vida do lado comunista, ela prefere se isolar enquanto o dia de partir clandestinamente não chega. Ela é fria e seca com todo e qualquer adulto. Prefere manter distância, desconfiada de que qualquer um deles pode estar lá apenas para espioná-la. Por isso, no hospital, evita contato com os demais médicos e pouco interage com a população local, a quem também parece culpar por sua aparente infelicidade. Existe, porém, uma única exceção. André, médico chefe do local, consegue conquistar sua confiança, por mais que ela nunca fique totalmente segura em acreditar nele. Por isso, a fuga planejada sempre permanecerá como absoluto segredo. A paranoia – justificada - com a população adulta fica ainda mais evidente quando Bárbara demonstra ser extremamente carinhosa e atenciosa com os pacientes, todos jovens. A eles, parece não imprimir nenhuma culpa pela sua própria condição de aprisionamento. Ou talvez se sinta solidária pelo fato de atender adolescentes que buscam nada mais do que a libertação – exatamente o que ela mesma procura. Mas o filme não elege mocinhos e vilões, ninguém é mau, todos vivem uma realidade política maior, da qual ou se acostumam ou tentam escapar. Para "Bárbara", que optou pela fuga, os planos nem sempre caminham como pensado. Mas essas mudanças imprevistas acontecem sem ação, reviravoltas ou fortes emoções. A inconstância dos desejos íntimos surge com calma, por meio desta personagem que parece guardar o que sente da forma mais secreta possível, sem nunca deixar transparecê-los. Mas percebe-se, ao final, que ela sempre esteve envolta em um turbilhão de sentimentos, mas preferiu a discrição. Talvez como forma de se preservar independente do caminho que sua vida tomasse. "Bárbara" é um filme absolutamente plano. Nada de altos e baixos, picos ou clímax. Tudo termina no ritmo que começou. A sequência final, aliás, retrata aquela que deve ter sido a mais difícil decisão da protagonista, tomada sem sequer fornecer pistas anteriores ao espectador. O diretor Christian Petzold conseguiu com uma narrativa cautelosa e sem pressa transmitir o clima do lado comunista na época e, também, as angústias do ser humano." (Emilio Franco Jr)
A dureza do olhar feminino.
''Bárbara (Barbara, 2012), último longa-metragem do diretor alemão Christian Petzold, pode nos chamar atenção, antes mesmo do contato com suas imagens e narrativa, por dois motivos. Em primeiro lugar, o roteiro é co-assinado por Harun Farocki, cineasta tcheco radicado na Alemanha, pouco conhecido do grande público, mas muito apreciado por cineastas, pesquisadores e acadêmicos. Farocki nasceu durante a Segunda Guerra Mundial, em território ocupado pela Alemanha nazista. Ele estudou cinema em Berlim Oriental e sua vasta obra (de mais de 100 filmes para cinema e televisão) está permeada pela busca da politização do olhar. Não por acaso, um de seus temas preferidos é a guerra. Petzold foi seu aluno na Academia de Cinema de Berlim e desde então buscou em Farocki sugestões criativas para seus projetos. Por outro lado, Barbara levou o Urso de Prata de Melhor Diretor no Festival de Berlim, atraindo para si a atenção de público e crítica. Isso talvez explique o interesse pelo longa e por que muitas críticas já foram publicadas a seu respeito. Em texto da Revista Cinética, o crítico Filipe Furtado chega a conferir-lhe o status de um grande filme. Visto que já existe muita elaboração crítica a respeito do filme, vou procurar me ater a aspectos que foram pouco ou nada abordados em outros textos, ou pelo menos por um viés diferente. Assisti duas vezes ao filme e, na primeira, o que me saltou aos olhos (e ouvidos) foi a perfeição da imagem e do som. Uma câmera de altíssima definição nos oferece uma imagem bela e límpida, composta por cores certamente calculadas: amarelo, verde, marrom, azul e, aqui e ali, pitadas de vermelho. Os cenários e figurinos são predominantemente pastéis, e traduzem bem a monotonia de uma Alemanha comunista. Há, porém, a vivacidade da natureza nas paisagens verdes do interior, num verão ensolarado ainda que pouco quente e vibrante. Embora a história se desenrole durante o verão, o vento e o frio atravessam os lugares e os corpos. Há uma tensão presente nas pessoas – e sobretudo na protagonista ''Barbara'' – justificada pela paranoia da delação, pela constante vigilância de um Estado policial autoritário, vigilância essa exercida tanto pela polícia quanto pela sociedade civil. Todos são potenciais infratores, todos são potenciais delatores. A literatura de Milan Kundera descreve bem como a política comunista adentrava as relações sociais e o estado de espírito dos indivíduos: há uma desconfiança e uma dureza na forma de se relacionar com o mundo e as pessoas. Se há um domínio da fotografia, há também um minucioso trabalho de som – que dá a impressão de ser quase todo pós-produzido. Os diálogos são perfeitamente audíveis, os barulhos habilmente dispostos, os volumes balanceados. Nada escapa, não há pontos de fuga. Tudo parece sujeito a um controle absoluto que, a princípio, me causou incômodo, uma sensação de falta de veracidade. Revendo o filme, compreendi melhor certas sutilezas dos diálogos e da trajetória de Barbara, o que me envolveu mais com a personagem e sua história. Mas me parece ainda existir algo mal resolvido nessa perfeição controlada, algo que mereceria um olhar mais detido e cuidadoso. A estratégia de abordar um estado de controle por meio de uma estética de controle não é isenta de uma contradição passível de questionamentos políticos. Ao longo da trama, acompanhamos as tentativas de aproximação do diretor do hospital André Reiser e as sucessivas recusas de Barbara. Assim como André procura desvelar os mistérios dessa mulher que não se deixa acessar, nós também vamos entendendo de forma muito lacunar quem é ela, quais seus desejos e motivações. Não sabemos ao certo por que ela está ali – além de algumas informações logo no início, em que o policial que a monitora diz a André que a prisão desintegrou suas relações de amizade. Sentimos seu incômodo, mas não suas angústias. Quase não vemos seu sorriso e não ouvimos seu pranto. No entanto, com o passar do tempo, vamos nos aproximando e compreendendo melhor as ambiguidades de Barbara (tanto nós, espectadores, como o personagem de André). A intimidade do encontro com seu namorado Jörg, que, num primeiro momento, só avistamos de longe, é filmada bem de perto no quarto de hotel. Só nos é permitido acompanhar a personagem durante a inspeção corporal a que é submetida na segunda vez em que sua casa é revistada. Aos poucos é que somos convidados a adentrar seus momentos de privacidade, e aos poucos Barbara vai se tornando mais espontânea e sedutora. Em duas cenas, Barbara se defronta com questões que não sabe responder. Primeiro, no bosque, quando Jörg pergunta o que mais ela quer. Ele se refere a produtos que poderia trazer para ela de Berlim Ocidental, mas podemos ampliar o escopo dessa pergunta: até aquele ponto, não sabemos de fato o que ela deseja, que vida ela projeta, quais são seus sonhos e prioridades. O que vamos descobrindo é sua paixão e dedicação extremas pelo trabalho. Ela tem um raro cuidado com seus pacientes e por eles nutre um carinho maternal. Seu profissionalismo e esmero rapidamente a destacam dentro da equipe do hospital e assim ela ganha o respeito do médico supervisor. Mais do que sua fuga, Jörg revela que também planejou uma vida para ela: uma vida de dona-de-casa. Ele garante que Barbara não precisará mais trabalhar depois que sair da Alemanha Oriental, o seu dinheiro será suficiente para os dois. Assim, vamos percebendo que, além da opressão de um estado autoritário, existe a opressão de uma cultura patriarcal e machista – que se confirma na história contada por Angie, namorada do jovem Mario, que após uma tentativa de suicídio ficou internado no hospital aos cuidados de André e Barbara. Angie conta que havia viajado e, numa festa, dançou com dois cubanos. Seu namorado foi avisado imediatamente por um amigo em comum e se desesperou a tal ponto que tomou solvente e pulou do 3o andar. Instaura-se portanto um conflito e, até o último momento, não sabemos se Barbara irá seguir com os planos da fuga. Pois, ainda que privada de seus direitos e sua privacidade, resta-lhe ali alguma liberdade: a possibilidade de realização profissional e de começar um novo romance. Já no quarto de hotel, Barbara conhece a ingênua Stefi. Essa lhe mostra o pingente que ganhou do namorado, que disse que se casará com ela e a levará para a Alemanha Ocidental. Barbara olha para Stefi com pesar, diante do deslumbramento e ilusão da jovem. Em alguma medida, ela tristemente se reconhece nos seus planos de fuga e casamento. O diálogo entre as duas termina com a pergunta de Stefi: você sabe o que tem a fazer?. A dúvida irá persistir até o desfecho do filme, quando Barbara se vê diante de uma encruzilhada e finalmente toma sua decisão. Todavia, essa escolha não é de todo radical, pois a médica cede seu lugar para sua paciente Stella, uma jovem grávida que está detida pelo Estado num campo de concentração comunista, em Torgau. Stella deseja fugir, mas mais do que isso, deseja ter o filho que carrega, e fora dali (em certo ponto, entendemos que as autoridades forçariam um aborto caso descobrissem a gravidez). Ao contrário da história de Huckleberry Finn, que Barbara lê para Stella enquanto essa se recupera de uma meningite virótica, só há lugar para uma pessoa fugir. Resta ao espectador pesar o que houve de renúncia e de conquista nessa escolha. O filme, ainda que preservando alguma sutileza, perde em ambiguidade quando termina com um apaziguador plano e contra-plano de André e Barbara, que sorriem um para o outro." (Lygia Santos)
''O diretor alemão Christian Petzold, 52, um dos nomes mais interessantes da filmografia germânica nos últimos anos, nunca teve o menor interesse por filmes históricos. Considerava as produções muito teatrais. E, como cineasta conhecido pelo realismo, nunca foi atraído pelo gênero. Até rodar "Barbara", um filme de época que desmonta qualquer ideia de filme de época e lhe rendeu o Urso de Prata do Festival de Berlim do ano passado. O drama, ao contrário da grande maioria dos representantes do gênero, não se preocupa em mastigar as informações para situar o espectador em determinado momento temporal. Os detalhes tratam de informar: ele é sobre uma médica (Nina Hoss) que tenta fugir da Alemanha Oriental durante o regime comunista dos anos 1980. Como punição, ''Barbara'' é jogada em um pequeno hospital de um vilarejo às margens do Mar Báltico. É um período tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante. É como um sonho de que você não consegue se lembrar ao acordar, filosofa o diretor ao falar sobre 1980, quando a Alemanha era dividida em duas -a comunista República Democrática Alemã (RDA), no leste, e a capitalista República Federal da Alemanha (RFA), no oeste. As pessoas que cresceram na Alemanha Oriental acham que suas vidas eram como sonhos ruins e tediosos; então, elas tentam escondê-las. Mas há histórias interessantes por aí. Uma delas é a da própria família de Petzold. Sua mãe fugiu do regime comunista quando estava grávida dele e se estabeleceu com o marido no ocidente. Mas os pais não falavam sobre o passado para o filho, até o governo socialista, durante a década de 1980, conceder três semanas de livre passagem para estrangeiros com parentes no lado oriental. Meus pais não mencionavam nada sobre esse passado na RDA, mas, durante o trabalho no roteiro, comecei a lembrar de várias coisas da minha infância, principalmente das férias, quando íamos para o outro lado no verão", recorda-se o cineasta. No fundo, meus pais eram socialistas decepcionados. A infância contrastante entre o dia a dia consumista e as férias com os parentes mais humildes tem influência direta em "Barbara". Petzold preocupa-se em não demonizar os cidadãos no regime socialista e separá-los do regime imposto pela União Soviética após o fim da Segunda Guerra Mundial. Eu usava meus jeans e bebia Coca-Cola. Era tão sedutor ser um jovem exibido. Hoje, me sinto envergonhado e mostro isso no filme, principalmente na cena do hotel, conta o diretor, referindo-se à sequência em que Barbara consegue folga do hospital para encontrar o amante em um hotel de luxo usado por visitantes do lado ocidental. "Barbara" é levado como uma experiência de tensão cinematográfica e construção íntima de personagem. Não faz uso de trilha sonora (Queria reproduzir os sons da Alemanha Oriental, fala o diretor) e a médica vive em um estado de observação constante por possíveis espiões e falsos colegas. Petzold. Enquanto a mãe do diretor aprovou o retrato do filho da opressão, seus irmãos mais novos, nascidos na Alemanha capitalista e sem grandes lembranças das férias, chamaram o cineasta de mentiroso. Eles são muito ocidentais. Odiavam as férias na RDA e acham que era um país chato e povoado por pessoas feias, brinca o alemão. Acho que eles querem ter uma identidade própria, não era um bom momento para ser filhos de refugiados." (Rodrigo Salem)
2012 Urso de Ouro
Schramm Film Koerner & Weber Zweites Deutsches Fernsehen (ZDF) ARTE
Diretor: Christian Petzold
9.041 users / 2.977 faceSoundtrack Rock
Chic
22 Metacritic
Date 06/05/2016 Poster - ####### - DirectorVolker SchlöndorffStarsRainer Werner FassbinderSigi GraueMargarethe von TrottaBaal explores the cult of the genius, an anti-heroic figure who chooses to be a social outcast and live on the fringe of bourgeois morality.[Mov 10 Favorito IMDB 6,4/10] {Video}
BAL
(Baal, 1970)
TAG VOLKER SCHOLONDORFF
{inesquecível / inspirador}Sinopse
''Baseado na peça homônima de Bertolt Brecht, Baal é um filme para a televisão em que Schlöndorff tematiza a rebelião, aderindo totalmente à ideologia de 68 (que imperava naquele momento na Europa).''
****
''No dia 21 de Abril de 1970, Helene Weigel, viúva de Bertold Brecht, via, do lado oriental do Muro de Berlim, o ''Baal'' que Volker Schlondorff adaptara da peça do marido e que a televisão da ex-RFA transmitia nessa noite. Helene Weigel via a entrada em cena de Rainer Werner Fassbinder, qual rock star de blusão e cigarro na boca mais de uma década antes de David Bowie, que também foi um berlinense, se ter interessado pela personagem de animal associal e poeta transbordante da floresta. Helene achou um horror. Por decisão sua, e depois dos herdeiros de Brecht, esse ''Baal'' permaneceria praticamente invisível durante quatro décadas. Helene Weigel não podia ter visto o que Volker Schlöndorff talvez tenha intuído quando num dia de Primavera entrou num teatro de Munique onde Fassbinder e a sua troupe do Antitheater faziam Preparadise Now. Como Volker escreveu na sua autobiografia, faziam cinema, mas em cima do palco, e como mais ninguém no teatro alemão. Pensou nessa troupe para fazer deliberadamente teatro filmado na sua adaptação à televisão de ''Baal''. (Nesse mesmo dia Rainer juntou Volker aos elementos da sua equipa para lhes mostrar a sua estreia na realização, O Amor é mais Frio do que a Morte.) Volker nunca vira gente assim - ao mesmo tempo artistas, boémios, pequeno-burgueses, criminosos e proletários. Tê-los-ia Fassbinder inventado? Ao ver ''Baal'', podemo-nos perguntar: terá Schlondorff contribuído para fixar o mito Fassbinder, dando-lhe ideias para essa sua ideia de uma vida como um filme? Este ''Baal'' pouco visto, que é hoje exibido no Cinema Ideal, em Lisboa, um dos títulos do dia de abertura do DocLisboa, exerce um sortilégio tremendo: como diamante em bruto que se estilhaçaria nas futuras personagens à beira da explosão (sexual) do Novo Cinema Alemão; como, mesmo sendo um filme de Schlöndorff, peça que pertence por inteiro ao teatro íntimo e sadomasoquista de Fassbinder, que aqui começava a expandir-se, já que por aqui andavam os homens e mulheres com quem trabalharia, que manipularia e que amaria - Dietrich Lohmann, Peer Raben, Harry Baer, Irm Hermann, Waldemar Brem ou Hanna Schygulla, que aqui, como na vida, permaneceria sempre distante, protegida das humilhações." (Vasco Camara)
{Vejo o mundo numa luz suave: é o excremento de Deus, que se revelou de uma vez por todas, através da uretra e do membro sexual} (ESKS)
***
''Baal" é a versão de Volker Schlöndorff para a obra homônima de Bertolt Brecht, a primeira peça completa escrita pelo dramaturgo alemão. O filme, feito para a TV, traz um grupo de atores de teatro e que recentemente havia iniciado uma carreira no cinema, dentre os quais estava o jovem cineasta Rainer Werner Fassbinder no papel de ''Baal'', em uma lancinante interpretação. O diálogo de Schlondoff com a peça de Brecht começa na divisão dos pequenos atos do filme, obedecedo as marcações originais mas fazendo mudanças substanciais nos componentes internos do bloco, tanto naquilo que deveria constituí-los quanto na adaptação da peça propriamente dito. O roteiro do longa, também escrito por Schlondoff, mantém intacta quase atonalidade da peça, trazendo apenas alguns ajustes de localização em cada esquete ou ato e pontes de ligação que tornasse inteligíveis a sua visão de "Ball". Seguindo uma linha muito comum no cinema dos anos 60, especialmente com o aflorar do Novo Cinema Alemão, do qual Schlondoff fazia parte, "Baal" apresenta elementos claros de um país perdido (tanto na época em que surgiu quanto na versão dos anos 70), sem claraperspectiva de futuro e cada vez mais afeito a crueldades ou que se cala quanto vê algo o tipo. Dado a prazeres de amor e ódio, os cidadões comuns de "Baal" são coadjuvantes de um anárquico e libertário falso modo de pensar. Fassbinder constrói um protagonista nojento, cínico, malvado e que aparentemente se apaixona muito fácil por homens e mulheres à sua volta. Seu ''Baal'' é um homem sujo que consegue atrair a quase todos, seja por suas belas palavras seja por sua presença pouco usual e quase selvagem e de forte impressão de autoridade. Num primeiro momento, ele se mostra interessado nos assuntos de quem chega à sua vida, conquistando pessoas que ouvem o que quer e falam e são ouvidas ou retrucadas com palavras que para quem está de fora soam como agressão e demonstração de ignorância, mas que na dinâmica da obra demonstram um tipo de fetiche do dominado querendo ver a autoridade do dominador. Ao explorar esse lado da atmosfera de Brecht em "Baal", Scholondoff consegue realizar um eficiente drama psicológico de tendência social subtendida. O Hino de Baal, O Grande, é narrado ou quase cantado ao longo de 24 esquetes da obra, acompanhando aforma cronológica o nascer, viver, decair e morrer de "Baal", que da sua ânsia por estar acompanhado por alguém, de seu medo de perder o controle das coisas e da sua dificuldade em assumir importância para qualquer pessoa que não fosse ele, acaba por afastar e enojar a todos, morRendo sozinho, numa floresta. Através de uma fotografia especial (as bordas da tela foram desfocadas ou muitas vezes escurecidas pela fotografia para que o centro tivesse maior atenção do espectador) e uma trilha sonora pontual e tendência narrativa, "Baal" é um filme rico em alegorias, uma obra que normalmente deixa o público preso a uma teia de caminhos, todos certos e todos errados, com afinilidade de gerar o debate sobre o porque dessa dualidade e como os tais caminhos e quem está ali para escolhê-los chegando onde estão." (Luiz Santiago)
Hessischer Rundfunk (HR) Bayerischer Rundfunk (BR) Hallelujah Film
Diretor: Volker Schlöndorff
174 users / 53 face
Date 19/06/2016 Poster - ######## - DirectorZack SnyderStarsBen AffleckHenry CavillAmy AdamsBatman is manipulated by Lex Luthor to fear Superman. Superman´s existence is meanwhile dividing the world and he is framed for murder during an international crisis. The heroes clash and force the neutral Wonder Woman to reemerge.[Mov 04 IMDB 7,1/10] {Video/@@@} M/44
BATMAN VS SUPERMAN - A ORIGEM DA JUSTIÇA
(Batman v Superman: Dawn of Justice, 2016)
TAG ZACK SNYDER
{esquecível}Sinopse
''Preocupado com as ações de um super-herói com poderes quase divinos e sem restrições, o formidável e implacável vigilante de Gotham City enfrenta o mais adorado salvador de Metrópolis, enquanto todos se questionam sobre o tipo de herói que o mundo realmente precisa. E com Batman e Superman em guerra um com o outro, surge uma nova ameaça, colocando a humanidade sob um risco maior do que jamais conheceu.''
"Conseguiram diminuir a obra de Nolan, ao diminuir Batman a um coadjuvante banal e desinteressante." (Alexandre Koball)
"A descaracterização dos personagens a favor de um roteiro que não consegue entreter tanto assim e toma uma diversidade de fáceis resoluções não agrada nem os fãs, que não veem fidelidade, e nem os casuais, já que as lutas são fracas e muito pirotécnicas." (Rodrigo Cunha)
"Há bons momentos e ideias (embora mal desenvolvidas), mas no geral é um filme narrativamente caótico, com fatos aleatórios e sem motivação, falta de foco e um terceiro ato incompreensível (com o tradicional excesso de efeitos especiais). Fraco, bem fraco." (Silvio Pilau)
"É preciso paciência para cavar no tanto de bobagem que Zack Snyder comete para encontrar um filme agradável. Ele está em Ben Affleck, em Amy Adams, no perfeito encontro da Trindade, mas ele definitivamente passa longe do seu mentor. Ainda assim, diverte." (Francisco Carbone)
"Sem um foco específico e com um terceiro ato besta, BvS se firma apenas como mais uma bagunça do megalomaníaco mundo dos super-heróis, por mais que seja possível notar um esforço em trazer alguma densidade, embora tudo se resuma a tentativas tolas." (Rafael W. Oliveira)
Batman vs. Superman é trailer estendido para duas horas e meia.
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''Diz o ditado que não se deve julgar um livro pela capa. Mas e um filme pelo trailer, podemos? A questão é claramente superficial, mas, no caso de "Batman vs Superman - A Origem da Justiça" é justa. E a resposta é mais ou menos. Com o lançamento do segundo trailer oficial do filme, em dezembro de 2015, todos os arcos da história foram revelados: Batman, após presenciar a destruição de Metrópolis causada no duelo entre Super-Homem e Zod em O Homem de Aço, decide acabar com o sonho americano do kryptoniano. Lex Luthor também. Tinha mais: enquanto Bruce tenta resolver o problema com as próprias mãos, Lex decide transformar o cadáver de Zod em Apocalipse, o monstro que nos quadrinhos foi responsável pela morte do Super-Homem na década de 1990. Também tem a Mulher-Maravilha, que convenientemente aparece para salvar o dia e iniciar os planos da Warner de fazer um filme da Liga da Justiça. Com tudo isso acontecendo em um trailer de menos de três minutos, e a quase quatro meses da estreia, não espanta que o filme passe a sensação de ser uma versão estendida da peça publicitária. Contar com um diretor pouco criativo como Zack Snyder também piora as coisas. O cansativo uso de imagens em câmera lenta, efeitos digitais que beiram o incompreensível e fotografia ancorada em tons de azul e laranja dão à Batman vs Superman cara de mais um filme da série Transformers. Sem contar a escolha absolutamente desnecessária pelo 3D. Com tanta coisa jogando contra, chega a ser uma surpresa ver que coube a Ben Affleck, muito criticado pelos fãs quando sua escalação foi anunciada, salvar o filme. Sua dupla Bruce Wayne/Batman, embora seja apresentada pela milésima vez (quem nesta Terra não sabe a origem do personagem?), consegue criar um vínculo interessante com o expectador ao se mostrar vulnerável, e por vezes impotente diante de seres tão extraordinários, ao mesmo tempo em que apresenta determinação e certa irracionalidade inéditas no cinema. Por outro lado, Jesse Einserberg cria um Lex Luthor caricato, Henry Cavill um Super-Homem pior que o de O Homem de Aço, e Amy Adams é apenas correta como Lois Lane. Uma pena. Como fã de quadrinhos, fica clara a sensação de que uma excelente oportunidade foi perdida. Que o filme da Liga da Justiça seja melhor." (Douglas Lambert)
***
"Todos concordam: o filme tem problemas, Ben Affleck (Batman) e Henry Cavill (Superman) ficam competindo para ver qual deles é mais canastrão, a história tem pouco humor e o que é para ser sombrio acaba sendo escuro. Mas, caramba, ver o Homem Morcego e o Homem de Aço trocando socos é motivo suficiente para obrigar quem leu gibi a assistir ao duelo - e gastar também 30 minutos na versão estendida, com cenas que não entraram na edição cinema. E, para todos recordarem os tempos de adolescente babão, há a presença superpoderosa da atriz israelense Gal Gabot dando uma amostra da Mulher Maravilha, heroina que vai ter seu próprio filme em 2017.'' (Thales de Menezes)
Um filme que arrisca ao se levar a sério.
''Batman vs Superman - A Origem da Justiça'' se desenvolve em torno dum eixo central que ultrapassa os limites de um filme. Os dois personagens mais icônicos do universo DC são também os dois heróis mais notórios das histórias em quadrinhos americanas. Bruce Wayne e Clark Kent são dois baluartes da cultura popular, empurrada goela abaixo no segundo mundo através da expansão cultural dos Estados Unidos pós-Segunda Guerra. Essa observação não visa desculpar o filme de Zack Snyder por qualquer coisa, mas apenas reconhecer que, enquanto personagens, Batman e Superman são muito mais do que somente isso. Juntos (e juntos de tantos outros) eles constituem uma fatia importante do patrimônio cultural da humanidade do século XX – e parte do que eu acho a respeito de super-heróis se revolve muito nesse recorte histórico: eles pertencem ao século passado. A emergência duma espécie de heroísmo calcada na falha, na incerteza e no entrelaçar-se do herói com um mundo profundamente corrupto (moral e espiritualmente, enfim) já é capaz por si só de definir Batman e Superman como figuras anacrônicas de um passado cada vez mais distante. Por sorte, autores anteciparam ainda nos anos 1980 a derrocada do heroísmo retilínio, criando histórias ambientadas em universos paralelos e abrindo caminho para que novas articulações pudessem ser realizadas mantendo os heróis vivos, pulsantes e numa retransformação constante. Uma dessas histórias supostamente é O Cavaleiro das Trevas, adaptado por Nolan em 2008, para delírio dos fãs de super-heróis. O filme, na verdade, não me tira mais do que bocejos, além de uma admiração hipnotizante por Hearth Ledger que roubou o filme para si, como poucas vezes vi na história do cinema um ator fazer, antes de se despedir fatalmente de nosso mundo. O que eu tenho tentado dizer, enfim, é que eu não reconheço o Batman de Christian Bale como um anti-herói de verdade. O personagem de Bale é marcado por incertezas e dúvidas a respeito de si mesmo, mas O Cavaleiro das Trevas não chega nem perto de alcançar algum tipo de subversão moral em termos de protagonismo/antagonismo como consegue, pra ficar num exemplo popular, Death Note. Talvez esse seja um desacerto de Nolan, ou algum tipo de travamento mercadológico exigido pelo estúdio, ou talvez o que apareça na tela seja realmente o que Frank Miller realizou em 1986. Não sou um completo ignorante a respeito de histórias em quadrinhos, mas sou bastante ignorante. Já li algumas histórias (como All Star Superman), mas além do impacto político e cultural causado pelas histórias no mundo real, pouca coisa a respeito do universo das hqs americanas me interessou. Ainda assim, decidi ir ao cinema para ver Batman vs Superman, não tanto motivado pelo tão antecipado confronto entre os dois super-heróis, quanto pelo interesse, de certa forma distante, em acompanhar algo que se parece muito como uma alternativa ao Universo Cinematográfico da Marvel. Imediatamente duas coisas me chamaram a atenção no filme de Snyder, principalmente levando em consideração os filmes da franquia Marvel: o Batman de Ben Affleck é claramente motivado pelo ciúme e pela vaidade, sua jornada pessoal dentro da história sendo construída em subterfúgios psicológicos para mascarar esses estímulos mesquinhos, colocando esse Bruce Wayne como um autêntico anti-herói, até porque ele se reconhece como um, especialmente comparando-se com Clark Kent, um personagem que o convence da bondade no mundo; além disso, é revigorante assistir a um filme de super-herói que se leva a sério e confia no material que tem em mãos. O principal defeito em todos os filmes da Marvel (à exceção do bom O Captão América: O Primeiro Vingador) é o uso excessivo de humor, que desassocia e afasta o espectador da história enquanto experiência narrativa, ao mesmo tempo em que transforma o filme num espetáculo de sentidos esvaziados. É preciso coragem para realizar o drama. As camadas de sarcasmo e deboche em filmes como Homem de Ferro ou Homem-Formiga colocam o humor como meio e fim de suas histórias, ao invés de focá-las no que é essencialmente fundamental: o personagem. Portanto, a épica batalha de The Avengers: Os Vingadores, onde cada personagem se exibe graciosamente em suas características principais no meio de uma cena de destruição em massa, torna-se a exceção e não a regra. Isso obviamente não é culpa só da Marvel, que possivelmente responde às suas pesquisas de mercado e entrega um produto formatado até o último frame para um público alvo bastante específico. Existe uma lógica de imagem que rege tudo isso, muito anterior à Avengers, e que é responsável por esse desejo de consumo impassivo e letárgico de imagens dentro de um contexto despretensioso propiciado pela comédia e pela ação. Um contexto ao qual todos nós estamos claramente sujeitos a participar, uma vez ou outra. Talvez por isso a crítica esteja recebendo Batman vs Superman com tamanho desprezo. O filme se recusa ao deboche e a despretensiosidade. Snyder insere os míticos heróis dentro de um pano de fundo político, meio que micro-global (?), afim carregá-los de verossimilhança e, principalmente, de realidade. A história do filme se desenrola através de noticiários e sessões na câmara de senadores americana, buscando inserir Batman e Superman numa realidade como a nossa, calcada pelas instituições, pela economia e pelo caos. O filme é ao mesmo tempo dois. É primeiramente uma história sobre a caça de Batman pelo Superman, enquanto este lida com seu lugar na opinião pública. Esse ato perdura até a batalha que dá título ao filme e é altamente denso em diálogo e trama. As cenas de ação surgem, aparentemente, como uma espécie de alívio dramático para essa densidade narrativa, e pertencem ao campo da alucinação ou do lúdico. Manifestam o desejo de Wayne em enfrentar o Superman e retratam o esforço de Kent em fazer o melhor possível para ser bom para as pessoas. No segundo ato a ação é predominante. Batman e Superman se aliam para enfrentar a besta de Krypton ressuscita por Lex Luthor. Inegavelmente ele (o filme) se perde em meio à destruição e à profusão de efeitos de computador. As imagens passam a fazer menos sentido. Juntas, elas indicam mais ou menos o que está acontecendo: uma batalha, algumas explosões, algumas perseguições, tiros. A compreensão é gerada através da sucessão imperceptível de uma imagem após a outra, e não da imagem em si. O filme, enfim, torna-se mais padronizado. Percebo a distinção entre dois atos do filme com uma certa tristeza. Snyder poderia ter arriscado mais. Permeiam o filme cenas de ação competentes cinematograficamente, bem coreografadas e retratadas. O próprio confronto entre Batman e Superman é marcante. À meia-luz numa mansão abandonada, a câmera de Larry Fong (colaborador corriqueiro de Snyder) enquadra pacientemente os dois heróis, estabelecendo relações de superioridade e inferioridade que variam conforme o desenrolar da luta. O espectador não é alienado das imagens, sendo responsável por captar os sentidos através da rapidez incessível com a qual uma imagem sucede à outra. Ao invés disso, nós podemos de fato olhar para dois gigantes enquanto eles batalham, na chuva, no escuro, sob escombros. É sem dúvida um grande momento do cinema blockbuster. A impressão, porém, é de que faltou coragem. Talvez a besta de Krypton nem precisasse existir da mesma maneira, meios mais criativos ou sutis poderiam ser utilizados para estabelecer a gênese da Liga da Justiça. Ou talvez tudo poderia ter acontecido do jeito que foi, a cinematografia encarregando-se de retratar a batalha de Superman, Batman e Mulher Maravilha versus o Doomsday de maneiras menos caóticas e mais visualmente interessantes. O filme conta com belas atuações, valendo destacar Jesse Eisenberg misturando O Coringa de Hearth Ledger com o seu próprio Mark Zuckerberg numa versão odiosa de Lex Luthor. Também Holy Hunter é especialmente expressiva até os últimos momentos de sua personagem no filme. Gal Gadot possui uma presença significativa, talvez por ser incrivelmente bela, mas senti-a caricata em momentos dramáticos mais exigentes. Henry Cavill me aparente inexpressividade, apesar de ser fisionomicamente muito próximo do que deveria ser um Superman. E Ben Affleck está, sem dúvidas, numa de suas melhores atuações. Entre os grandes momentos do filme incluem-se a sequência de abertura, totalmente focada no passado de Bruce Wayne; a primeira aparição de Gadot como Mulher Maravilha, acompanhada de uma trilha sonora estilizada dessoante da que permeia todo o filme, imediatamente arrancando aplausos empolgados da sessão (um momento que, Deus me perdoe, me remeteu bastante à primeira aparição de John Wayne em No Tempo das Diligências); e os arquivos em vídeos que mostram outros integrantes da futura Liga da Justiça, um momento certamente empolgante para os fãs dos quadrinhos e que me deixou de certa forma empolgado também, embora eu seja indiferente às hqs. Há certamente um excesso de informações perpassando todos os pontos da história. Não apenas os easter eggs, que poderão ser retomados ou não em filmes alternativos futuros, mas de fato todas as antecipações do roteiro para este e para os futuros filmes do universo DC foram realizados para que o filme não soasse abrupto e inconsistente. Particularmente, eu não me incomodo com excesso de informações textuais, desde que seja dado ao espectador a possibilidade de absorver essas informações enquanto usufrui da experiência cinematográfica (que a mim diz muito a respeito da percepção de sons & imagens dentro de um contexto narrativo de desenvolvimento de história/personagem; mas essa é só a minha opinião). Zack Snyder é um diretor muito criticado pela sua estilização espetacularizante de imagens: o uso opulento de câmeras lentas e a quantidade imensa de informações visuais dentro de um quadro são as marcas pessoas mais predominantes do seu cinema, além do CGI excessivo, característico em blockbusters de maneira geral. Se essas características são irritantes ou não, depende muito do gosto pessoal de cada espectador. Na minha opinião ele é um cineasta competente em articular as funções de um diretor dentro de um contexto mercadológico despessoalizante e exigente e, ainda assim, conseguir imprimir suas marcas e realizar trabalhos até certo ponto autorais. Grande parte da ação (dramática) de Batman vs Superman transcorre de maneira equilibrada, com a câmera de Snyder atenta às demandas específicas de cada cena – veloz quando pode ser, estática quando necessária, com muita ou pouca profundidade, etc. Acima de tudo, Snyder aproxima-se do conflito moral de seus personagens com rigor impressionante. O filme se nega a transcorrer mais rápido do que precisa para retratar um Superman profundamente triste em não reconhecer o seu lugar no mundo e um Batman mesquinho, pela centralização do poder. Os caminhos que a história toma nem sempre são os mais naturais. Há curvas desnecessárias e excessos incômodos. Há um terceiro ato que coloca o espectador no lugar da passividade enquanto acompanha letargicamente o desenrolar de uma batalha pouco empolgante. Mas eu admiro o filme por tentar. Por tentar ser dramático e sombrio, por mostrar um certo respeito a dois personagens entranhados na consciência popular de todas as pessoas, por pegar esses personagens e inseri-los em uma história dramaticamente pesada, atmosfericamente séria." (Guilherme Bakunin)
Warner Bros. Atlas Entertainment Cruel & Unusual Films DC Comics DC Entertainment RatPac-Dune Entertainment
Diretor: Zack Snyder
341.251 users / 193.751 face
51 Metacritic 10 Down 2
Date 11/07/2016 Poster - ##### - DirectorRené ClémentStarsGeorges PoujoulyBrigitte FosseyAmédéeA young French girl orphaned in a German air attack is befriended by the son of a poor farmer, and together they try to come to terms with the realities of death.
[Mov 09 IMDB 8,1/10] {Video/@@@@@}
BRINQUEDO PROIBIDO
(Jeux Interdits, 1952)
TAG RENÉ CÉMENT
{inesquecível / nostálgico}Sinopse ''Em junho de 1940, em pleno coração da França, uma garotinha de cinco anos, Paulette, assiste à morte dos pais quando de um bombardeio nazista. Recolhida por uma família de camponeses, os Dollé, ela fica muito ligada a Michel, um garoto de onze anos, que a havia encontrado e levado para a casa de seus pais. Ao enterrarem o cachorro de Paulette, morto por uma bomba, as duas crianças criam, num velho moinho, um cemitério para que o animal morto tenha companheiros. Assim, para agradar Paulette, Michel traz insetos e outros pequenos animais mortos para serem enterrados próximos à cova onde se encontra o cachorro. Para que a obra fique completa, é preciso encontrar cruzes para ornamentarem as várias tumbas. Assim, Michel decide roubar algumas, inclusive uma que se encontrava num carro que iria transportar seu próprio irmão, morto acidentalmente. O pai de Michel pensa que esses roubos têm sido feitos pelo vizinho que ele detesta, o Sr. Gouard. Os dois homens se batem em pleno cemitério, antes de descobrirem o verdadeiro responsável. Depois de ser castigado pelo pai, Michel promete não fazer mais das suas, desde que Paulette não seja enviada para um orfanato, como está sendo pensado. Entretanto, mais tarde, seu pai assina os papéis para a partida da garotinha. Sentindo-se traído, Michel destrói o cemitério e joga as cruzes no rio. Paulette, separada de Michel e apelando em vão, é levada por religiosas para o orfanato.''
''Filmes de guerra costumam denunciar os horrores dos conflitos mostrando, como protagonistas, pessoas envolvidas neles de forma direta. Em geral, são soldados e oficiais que enfrentam situações violentas ou civis que participam de episódios específicos de batalhas. Há outro tipo de filme de guerra, no entanto: aquele que busca uma abordagem indireta, enfocando maneiras como ela afeta a vida cotidiana das pessoas. “Brinquedo Proibido”, do diretor francês René Clement, faz parte desse subgênero. Clément realizou um filme situado na época da ocupação francesa pelos nazistas, em 1940, mas preferiu não mostrar batalhas. A abordagem de Clément é outra, mais afetiva e certamente original. O cineasta pouco mostra a guerra, em si, preferindo filmar do ponto de vista de duas crianças obrigadas a lidar com as conseqüências dela sem, contudo, compreendê-las. A crítica Pauline Kael chamou o filme de belo e dilacerante; é difícil imaginar palavras mais adequadas para descrever esse libelo poderoso contra a guerra, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1952. A personagem principal de “Brinquedo Proibido” é a garotinha Paulette (Brigitte Fossey), de apenas 5 anos. Ela está saindo de Paris com os pais, na abertura do filme, quando um ataque aéreo alemão à comitiva maltrapilha de fugitivos mata os dois adultos. Paulette consegue escapar ilesa, mas não tem para onde ir. Acaba caminhando pelo pasto de uma fazendo nos arredores, com o cachorrinho morto nas mãos, onde é encontrada por outra criança, Michel (Georges Poujouly), filho de camponeses locais. Solitário por causa do medo da guerra e das brigas dos pais com os vizinhos, Michel logo se apega a Paulette, e vice-versa. Juntas, as duas crianças vão aprender a lidar com as conseqüências da guerra, como a presença constante da morte. A primeira providência da menina, quando descobre que não tem meios de rever os pais, é arranjar um enterro decente para o cão morto. Michel o enterra num velho moinho abandonado. As crianças têm então a idéia de criar um cemitério de animais no local. Precisam arranjar vítimas e cruzes para decorar as pequenas covas que escavam. Obviamente, o filme é uma alegoria. René Clément consegue ilustrar o ponto de vista dos pequenos com uma perfeição que seria, muitos anos depois, fonte de inspiração para outro diretor, especialista em filmes envolvendo crianças, Steven Spielberg (não seria ousadia apontar o paralelo entre a obra de Clément e Império do Sol). O diretor de “Brinquedo Proibido” filma diversas cenas, por exemplo, com a câmera posicionada de baixo para cima, ajudando a ilustrar para o espectador a maneira – literal – como as crianças vêem o mundo. O recurso foi utilizado por Spielberg em E.T., a fim de permitir que a platéia se identificasse com as crianças. Clément consegue isso de forma sutil, mas firme. Na verdade, o diretor trilha um caminho perigoso. Ele fez um filme que se equilibra perigosamente entre dois enfoques que poderiam ter arruinado o trabalho. Seria fácil, por exemplo, fazer um drama piegas e melodramático em excesso, caso apostasse em enfocar os problemas das crianças seguindo os olhos sentimentais de um adultos. O diretor não consegue fugir desse recurso nas seqüências de abertura (o bombardeio que deixa a menina órfã) e de encerramento (que não vou revelar, mas deixam lágrimas nos olhos de qualquer um que tenha um coração), mas evita com sabedoria o tom lacrimoso que poderia comprometer o cerne do filme. Por outro lado, "Brinquedo Proibido” também não é um filme-denúncia que apresenta, uma após outra, cenas envolvendo a dor de uma criança. O filme ficaria pesado e insuportável se assim o fosse. A estratégia de Clément é filmar a jornada da menina Paulette com leveza e bom-humor. Assim, ele cria uma trama secundária que corre em paralelo – a família que adota a garota é inimiga mortal dos vizinhos – e fica responsável pelos momentos de sátira e bom-humor da produção. Além de tudo isso, a platéia também pode contar com dois excelentes desempenhos da dupla de crianças, representada pelos atores mirins Georges Poujouly e Brigitte Fossey. Todo mundo sabe que dirigir crianças não é algo que todo diretor sabe fazer, mas Clément se incumbe da tarefa com competência; as crianças enfrentam tanto seqüências cômicas quanto dramáticas com desenvoltura, o que ajuda a transformar “Brinquedo Proibido” em um pequeno clássico do cinema de guerra, infelizmente menos conhecido do que deveria. Essa situação pode mudar, pelo menos no Brasil, com o lançamento pela Aurora DVD. O filme está em um disco simples, que mantém a trilha de áudio em francês no formato Dolby Digital 2.0 e também preserva o enquadramento original, fullscreen (proporção 4×3). Entre os extras, há apenas notas de produção. O filme é preto-e-branco." (Rodrigo Carreiro)
''Um dos melhores e mais famosos filmes de René Clément, a quem Truffaut chegou a chamar injustamente de cineasta de “caldos ralos”, "Brinquedo Proibido" é mais uma interessante representação da França (e por tabela, da Europa) durante a Segunda Guerra Mundial. O filme conta a história de Paulette (Brigitte Fossey), que por ter seus pais mortos em um bombardeio, é abrigada na fazenda da família Dolle, onde conhece o garoto Michel (Georges Poujouly). A relação entre as duas crianças é a base central da obra e não só mostra uma emotiva história particular em tempos de crise, como também representa o espírito infantil de uma forma honesta e… impiedosa. O espectador pode mergulhar na relação conflituosa entre os Dolle e os Gouard, no amor à la Romeu e Julieta dos filhos dessas famílias e das pequenas histórias envolvendo as duas realidades (deserção, covardia, dificuldades financeiras, escassez, morte), mas a forma como o filme nos apresenta o drama infantil como uma camada da guerra irá se sobressair e, facilmente, nos impressionar. Logo nas primeiras cenas temos um importante ingrediente típico da filmografia de Clément que é a precisa inserção dos personagens em seu espaço geográfico, com planos que priorizam o lugar, especialmente se estamos falando de espaços dominados pela natureza. O plano geral com os parisienses fugindo do bombardeio é uma bela imagem de um lamentável momento da guerra e o desespero do povo com os aviões rasantes atirando contra todos é um dos blocos mais bem filmados do longa, com forte poder de apelo junto ao público e uma maneira inteligente de apresentar Paulette como órfã. Mesmo que tenhamos sempre as reticências quando se trata de elenco infantil, é inegável que os protagonistas aqui contornaram a pouca idade e se apresentaram com grande veracidade em seus papeis, mesclando a inocência com outras caraterísticas em desenvolvimento na infância, desde a capacidade de fazer chantagem, defender alguém ou guardar segredos, até a demonstração de amor, medo e carência que vemos principalmente em Paulette ao longo de todo o filme. É em torno dela que a família Dolle será mostrada e é também a partir de uma descoberta e um desejo seu que Michel irá fazer uma espécie de cruzada herege para conseguir as cruzes e fazer um cemitério de animais. Neste ponto, a mensagem do filme recebe uma nova lufada de significados. A cruz, o mais totalizante dos símbolos, está aqui fazendo a sua ligação entre diferentes aspectos da vida, das diversas espiritualidades (ou falta delas) e da morte. As crianças estão expostas a cada um desses pontos e, mesmo a relação que têm com a morte - de contrição, sentimento de simpatia, talvez de admiração, um status que se pensado de forma evoluída, em um adulto, poderia nos levar para um filme como O Quarto Verde, por exemplo - se transforma naquilo que o título da película chama de “rinquedo Proibido”. A morte, o símbolo religioso e a própria vida (através de mentiras, fugas e raivas infantis) não são coisas com que se brinquem. O resultado disso, mais ou final da obra, é um retorno à tristeza, ao abandono e à vontade de ter alguém que se ama por perto. E não há quem não se emocione com a última cena, com Paulette chamando por Michel em meio à multidão. Sob o doce tema composto pelo espanhol Narciso Yepes, o espectador vê Brinquedo Proibido como uma pequena história de amor fraternal em um cenário onde o amor não era exatamente a palavra de ordem. Também se destaca aqui a fotografia de Robert Juillard, que sempre teve grande habilidade em filmar em ambientes externos e fazer belas tomadas noturnas com composições inteligentes de luz (aqui, um desses momentos mais bonitos é quando Michel pede para Paulette contar até 10 para que seus olhos se acostumem à escuridão. Há um truque simples, mas extremamente eficiente da fotografia que coroa a cena) e movimentos suaves de câmera, mesmo quando a situação pedia por algo mais intenso. Essa composição que mistura o realismo poético francês com ingredientes do neorrealismo italiano firma a presença da guerra, que sempre está lá e não nos esquecemos disso, mas não deixa escapar o caráter humano do enredo. Merecidamente vencedor do Oscar Honorário em 1953 e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro (História) em 1955, Brinquedo Proibido é um dos filmes franceses sobre a Segunda Guerra que deve constar na lista de qualquer cinéfilo. A obra é uma injeção de humanismo e delicadeza que certamente faria bem a muita gente em nossos dias." (Luiz Santiago)
Lançado no Brasil pela Aurora, Brinquedo Proibido é sensível, mas muito certinho.
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''Brinquedo Proibido'' é um filme multipremiado do francês René Clément que saiu no Brasil em edição franciscana pelo selo Aurora – um pessoal de Pernambuco que botou no sempre carente mercado brasileiro alguns clássicos que não tiveram oportunidade nas grandes distribuidoras do sul maravilha. O diretor Clément é mais conhecido do público por dois motivos: primeiro, pela melhor versão para o cinema do talentoso mr. Ripley da inglesa Patricia Highsmith, O Sol por Testemunha (Plein Soleil, 1960), com o galã Alain Delon no papel do criminoso sexualmente ambíguo. E claro, Clément também ficou conhecido por ser saco de pancada do pessoal da Cahiers du Cinèma – Truffaut e companhia viam no cinema de Clément a própria decadência da arte e contra ele, e o que representava, eles se insurgiram. Vendo o DVD é fácil perceber todos os defeitos que os críticos viam como também salta aos olhos as qualidades que o levou a obra, de uma só vez, a vencer o Leão de Ouro no Festival de Veneza e o Oscar de melhor filme estrangeiro no ano de 1953 – isso tendo Clément vencido outro Oscar em 1949 com Três Dias de Amor (Au-Delà des Grilles). As qualidades são do dito cinemão: roteiro redondo, diálogos ágeis e sempre significativos, eficiência narrativa, impecáveis fotografia e edição, etc. Enfim, a maravilha técnica e medíocre que o cinema americano nos entope diariamente com seus milhares de filmes perfeitos tecnicamente e sem alma. Não há sobras, nem imperfeições, tudo se resolve; o filme é uma verdadeira máquina de emocionar. Um eletrodoméstico psicológico, como dizia na época (daí surgiria um dos mais caros temas da Nouvelle Vague, o acaso. Tirado dos romances russos, os franceses iriam incluir em seus filmes o imponderável, a incerteza de se filmar a realidade, de um filme dar conta de um personagem por completo, etc.). Impossível, no entanto, não se emocionar com a beleza da estória de Brinquedo Proibido, em que uma menina de cinco anos, Paulette, tem seus pais mortos num ataque durante a Segunda Guerra Mundial e, órfã, carregando seu cachorrinho morto, chega numa fazenda da França profunda e lá faz amizade com um menino de 11 anos, Michel. Juntos eles irão criar um cemitério para os animais mortos na região, para isso roubando todos os crucifixos locais, inclusive o da igreja do lugarejo, para desespero do padre. Para muitos, como Pauline Kael, ''Brinquedo Proibido'' é um clássico do cinema de guerra e um pioneiro em retratar os horrores da carnificina pelo olhar inocente das crianças (e há quem ache tudo uma tremenda manipulação sentimentalóide). Os críticos da Cahiers foram duros com Clément, não sem razão. Ele acabaria por ter sua carreira arruinada com a emergência dos jovens turcos às telas nos anos 60 – o fracasso comercial de Paris Está em Chamas? foi-lhe fatal. Era um diretor comercial, com limitações, não um autor, mas ambicioso e artesão sensato. Não é dos maiores, sem dúvida. Os atores mirins deram um show, mas não conseguiram seguir carreira. Brigitte Fossey chegou a aparecer num dos filmes do Truffaut, O Homem que Amava as Mulheres e em Cinema Paradiso, mas nunca mais fez sucesso. O menino, Georges Poujouly, fez outros filmes na época, ainda como adolescente, mas terminou a vida como dublador de TV. A versão lançada no Brasil é a internacional, bem mais curta, de apenas 84 min. Há outra, francesa, de 102 min. Dentre a extensa lista de prêmios está o BAFTA (o Oscar britânico) de melhor filme estrangeiro, indicação ao Oscar de melhor roteiro (para o roteirista François Boyer), melhor filme Europeu e melhor filme estrangeiro pela Associação dos Críticos de Nova York. Como não há unanimidade que resista muito tempo, os próprios franceses trataram de enxovalhá-lo (os famosos críticos futuros cineastas fariam pior com Henry-Georges Cluzot, mas essa é outra história)." (Demetrius Caesar)
27*1955 Oscar / 23*1953 Oscar / 1952 Lion Veneza
Silver Films
Diretor: René Clément
9.214 users / 483 face
Date 03/09/2017 Poster - ########## - DirectorDenis VilleneuveStarsHarrison FordRyan GoslingAna de ArmasYoung Blade Runner K's discovery of a long-buried secret leads him to track down former Blade Runner Rick Deckard, who's been missing for thirty years.[Mov 01 IMDB 8,3/10] {Video/@} M/81
BLADE RUNNER 2049
(Blade Runner 2049, 2017)
TAG DENNIS VILLENEUVE
{cansativo / esquecível}Sinopse ''A sequência de Blade Runner, de 1982, continuará a história do primeiro filme em que num futuro distante que a raça humana criou seres humanoides sintéticos chamados Replicantes, esses seres além de terem a mesma aparência de um ser humano normal, são mais fortes, ágeis e rápidos do que qualquer ser humano, e cabe a uma força policial especial os "Blade Runners" caçar e aposentar (matar) Replicantes fugitivos. Trinta anos após os acontecimentos do primeiro filme, a humanidade está novamente ameaçada, e dessa vez o perigo pode ser ainda maior. Isso porque o novato oficial K (Ryan Gosling), desenterrou um terrível segredo que tem o potencial de mergulhar a sociedade no completo caos. A descoberta acaba levando-o a uma busca frenética por Rick Deckard (Harrison Ford), desaparecido há 30 anos.''
"Villeneuve + Deakins + Zimmer + Gosling + Leto, que combo insuportável de manias de grandeza e suntuosidade inócua. BR 2049 é o cinemão blockbuster posudo pós-Batman Begins, um enorme esforço de técnicos incapazes de lidar horizontalmente com o material." (Daniel Dalpizzolo)
"Seu maior mérito é não tentar copiar o original, e sim a tentativa muito bem sucedida de expandi-lo, tanto tematicamente quanto no universo criado. É um dos filmes mais bonitos do ano, visualmente falando." (Rodrigo Cunha)
"A discussão sobre o fator que nos torna humano é muito bonita e Villeneuve capricha em seu visual, além de saber preparar com cuidado toda suas ações e arcos, sem pressa ou imediatismos. Ainda assim, um filme frio, que jamais desperta empatia." (Heitor Romero)
"Absolutamente imersivo, este é um inesperado e surpreendente segundo capítulo que acrescenta ainda mais beleza e melancolia ao original." (Marcelo Leme)
"Fiel à sua temática, Villeneuve emula Tarkovsky e o filme noir pra discutir temas como memória, origem da vida, e identidade. Longo (sem ser chato), reflexivo (sem punhetação), e, mesmo com um 3o ato meio blergh, possivelmente melhor que o cult de 1982." (Régis Trigo)
"Dizer que Villeneuve não toma rumos corajosos seria hipocrisia e um desrespeito com um autor de marca forte, mas seu BR2049 é contraído demais, lhe falta vida na movimentação dos personagens, e as concessões do terceiro ato decepcionam." (Rafael W. Oliveira)
"É de fato um filme sem ânimo, Gosling continua ruim, mas P.K.Dick encontrou aqui um encenador cuidadoso: a imensidão da captura de Villeneuve faz uma complementaridade poderosa com sua estética apática. Filme de imagens que assombrarão por um bom tempo." (Felipe Leal)
''Boa parte dos cinéfilos que viveram os anos 1980 deve ter visto "Blade Runner - O Caçador de Androides'' na tela errada. A ficção de Ridley Scott foi um dos fracassos do ano nos cinemas, tanto de público como de crítica. O filme ganhou status de cult só depois, em VHS (era pré-DVD, que é pré-Blu-ray, que é pré-streaming), quando também teve o reconhecimento de especialistas - e nem tínhamos TV de 452 polegadas com tela plana, widescreen, high definition para apreciá-lo. Naquele 1982, o verão hollywoodiano era das ficções. Três produções do gênero disputavam a preferência: E.T. - O Extraterrestre, Jornada nas Estrelas 2 - A Ira de Khan e Blade Runner. Olhando hoje parecia uma batalha desigual a favor de Steven Spielberg, pai de E.T.. Mas, na época, a dedução não era óbvia. Seu filme teve orçamento aproximado de US$ 10,5 milhões, pouco menos que os US$ 11,2 milhões de Jornada 2. E Blade Runner? Custou US$ 28 milhões, mais do que os dois concorrentes juntos. No elenco, o filme futurista de Ridley Scott também tinha um ponto a favor–contava com o ator mais quente de Hollywood. Harrison Ford já havia estrelado dois longas, como o mercenário de bom coração Han Solo (na saga Star Wars) e acabara de interpretar o aventureiro Indiana Jones (em Caçadores da Arca Perdida. Spielberg só tinha um bando de crianças e uma criatura desconjuntada, enquanto Jornada nas Estrelas apostava nos mesmos rostos da TV. O resultado é conhecido. E.T. se tornou, na época, a maior bilheteria de todos os tempos, com US$ 359 milhões. A Ira de Khan foi a sexta bilheteria daquele ano, com US$ 78,9 milhões, o suficiente para tocarem mais uma continuação - e outras. Já Blade Runner arrecadou US$ 27,6 milhões, menos do que preciosidades como Médicos Loucos e Apaixonados". Sua bilheteria foi a 27ª de 1982 - neste ano, o fracasso americano A Múmia, com Tom Cruise, ocupa hoje a 26ª posição, para comparação. A pergunta é: por que os executivos resolveram apostar em uma sequência? Especula-se que "Blade Runner 2049" tenha custado em torno de US$ 185 milhões. Certamente a aura em torno do original é uma propaganda para o longa de Denis Villeneuve. Talvez seja pouco para garantir o sucesso, ou uma continuação... Em 2049, talvez." (Sandro Macedo)
"No longa de Ridley Scott, baseado em livro de Philip K. Dick, que se passa em 2019 (não muito distante, diga-se), Harrison Ford vivia Rick Deckard, um policial responsável por aposentar androides eufemismo para matar robôs humanoides usados como escravos na colonização de outros planetas e proibidos na Terra que se apaixona por Rachael, uma dessas máquinas quase perfeitas. Apenas insinuada na versão exibida nos cinemas, há uma dúvida que paira sobre os espectadores há 35 anos: seria Deckard também um androide que, como Rachael, acha que é humano? A pulga atrás da orelha coçou ainda mais com o lançamento da versão final de Ridley Scott para o filme, chamada Corte Final, em 2007, com uma cena antes excluída. A sequência que acaba de chegar aos cinemas não deixa dúvidas sobre a origem do mocinho da vez (Ryan Gosling): ele é mesmo um androide. Após conflitos em outros planetas, foram criados robôs obedientes e o personagem de Gosling, K, segue ordens para eliminar androides rebeldes, de fabricação antiga. K, que se relaciona com o holograma de uma mulher criado por inteligência artificial, se vê enredado em segredos e disputas entre a polícia de Los Angeles, para a qual trabalha, e a companhia Wallace, que cria os androides desde que a empresa Tyrell, do primeiro filme, faliu. No meio de tudo isso, tem que descobrir o paradeiro de Deckard, desaparecido há anos. Estão na sequencia as principais marcas que fizeram do filme dos anos 1980 um clássico da ficção científica, como os carros voadores, conflitos éticos e outdoors iluminados com muita propaganda e em diversos idiomas." (Ursula Passos)
''Blade Runner – O Caçador de Androides faz parte do pequeno conjunto de obras que não revolucionaram o cinema, mas condensaram o espírito de uma época, captaram de modo agudo as questões e refletiram um imaginário de modo tão peculiar que se tornaram únicas. O tempo não as envelhece e as releituras agregam complexidades antes invisíveis. Por isso, quem cultua o filme teve motivos para temer a ideia de uma continuação. Mas "Blade Runner 2049" ultrapassa toda as expectativas, graças à inteligência com que Denis Villeneuve apropria-se do projeto, com uma ousadia que desmente quem até agora o considerava somente um esteta. Não se trata de repaginar um filme nem de fazer de conta que o tempo não passou. Os 35 anos que nos distanciam do original e os 32 que nos separam do novo futuro nos colocam num lugar inquietante, num presente que sabe ser impossível recuperar o passado e que prevê um porvir cada dia mais negativo. Villeneuve aproveita essa distância para criar um filme que dialoga com o original sem se subordinar a ele e transpõe sua ambição filosófica para hoje. Enquanto lá o trágico era a impossível humanização dos replicantes, agora o humano não existe mais, sumiu num apagão, e o que sobrou não faz sentido. O que um dia foi já era, só sobraram fragmentos, as memórias nem são mais resíduos com os quais construir histórias. K (Ryan Gosling, formidável em sua beleza opaca) vagueia atônito por esse mundo sem referências, impalpável, no qual não há mais origens, identidades e tudo tem a densidade dos espectros. K salta entre as situações sem encontrar em que se apoiar, segue enigmas que levam a abismos dentro de abismos, aprofundando uma vertigem existencialista que já sombreava o primeiro filme. O filme adota uma estrutura narrativa indeterminada, rica em lacunas e vácuos, uma anomalia para os padrões hollywoodianos. A dimensão visual, ponto alto do filme de 1982, aqui está a serviço do todo em vez de ser a única atração, como tem sido tão comum nos blockbusters contemporâneos. O deslumbramento, contudo, não é onipresente, o que torna ainda mais intensos os momentos de impacto sensorial." (Cassio Starling Carlos)
Villeneuve sonha com ovelhas elétricas.
''Ao contrário do cult movie original dirigido por Ridley Scott, baseado no conto Do Androids Dream of Electric Sheep? do visionário autor de sci-fi Philip K. Dick, Blade Runner 2049 não é propriamente um pesadelo sujo, onde o progresso científico e tecnológico não acompanharam o desenvolvimento humano; a sequência que comanda é um diferente tipo de perturbação. É o pesadelo da assepsia, onde a decadência humana não é mais uma questão. Ela veio, viu e venceu. Os poderosos têm seus delírios biológicos ao seu bel prazer, seus comandados levam vidas monocórdicas e o que seria a escória vive como pano de fundo ou mesmo lenda. Em Blade Runner 2049, o replicante blade runner K caça um dos últimos replicantes rebeldes sobreviventes, Sapper Morton. No quintal de sua casa, descobre a ossada de uma replicante que aparentemente estava grávida; a existência dessa criança (um andróide nascido, não criado) pode mudar o curso da humanidade, o que satisfaria tanto os anseios de Niander Wallce, fundador de uma megacorporação responsável por criar replicantes com menos possibilidade de rebelar-se, quanto mostraria os replicantes como o próximo passo na evolução biológica. E todos os caminhos parecem levar ao lendário blade runner Rick Deckard, desaparecido há décadas.
O mistério que carrega as extensas 2 horas e 43 minutos de Blade Runner 2049 é totalmente infundido na sua atmosfera lenta, calculada, seus grandes espaços, seus grandes silêncios, sua higienização doentia, sua interação com simulacros (K namora uma acompanhante holográfica; Wallace é cego e só enxerga através de pequenos drones). A opulência lembra - e muito - a do original, a percepção de como a tecnologia superou o homem, mas a câmera não é “colada” aos seus protagonistas, na solidão de Deckard ou a vida marginal e perigosa dos replicantes. A vida tediosa de K é construída com silêncio e com detalhes, com a amargura e o cinismo de todo típico herói noir desde Sam Spade e Philip Marlowe, mas também aparece como um herói confuso, perdido, constantemente alterado e até perturbado pela situação que o cerca. Villeneuve, junto com Roger Deakins, compuseram com paciência essa opulência terrível. A mais banal das conversas guarda um jogo de expectativas por trás de si e cada travelling que descreve as paisagens em grandes planos gerais nos dá a sensação de um gigantismo que não podemos alcançar. A trilha sonora de Hans Zimmer jamais é excessiva - comenta, amplifica, é frequentemente assustadora. Estamos diante da mais paciente das composições, afinal de contas. Villeneuve lança mão de mais de um recurso narrativo, escondendo reviravoltas enquanto nos faz crer que estamos a par de tudo, tornando-os tanto cúmplice do buraco onde K se mete, mas tão impressionado quanto ele em revirar o passado desse Estados Unidos especulativo. A temporalidade sempre foi uma arma dos filmes de Villeneuve, haja visto a contínua decadência moral de uma típica família em Suspeitos; no mundo feio, sujo e malvado que constantemente nos trai em Sicário; a via crucis de Incêndios; a incompreensão quase absoluta de O Homem Duplicado e a busca pela mesma em A Chegada. Seu tempo é sempre dilatado, a reação dos seus atores é sempre minúscula, sua narrativa flui como o escorrer de água, lenta porém inexorável; não contente apenas com em agradar olhos e ouvidos, faz questão de valorizar a intenção catártica de cada plano - curiosidade, agonia, sacrifício. A beleza não deixa de ser desconfortável nesse filme onde o belo é uma perseguição em escala industrial, projetado, emulado, jogado mas nunca materializado, encarnado, vivido. Seria fácil encontrar uma moralidade de que é uma história sobre uma sociedade “que vive de aparências”, mas que certamente cultiva sua obsessão por simulacros de outra vida. E em Blade Runner 2049, o eterno conflito do personagem cinematográfico de querer outra vida parece a única coisa real. Os hologramas querem ser matéria sólida; os replicantes gritam e choram de frustração e tristeza; e os poucos humanos da trama são em grande parte os mais desprovidos de sentimentos, seja pelo excesso de passado ou o peso do desejo pela melhoria e eficiência artificial. Em 2049, humanos querem ser máquinas (priorizando a perfeição, os ângulos retos, o profissionalismo) e máquinas querem ser humanos (sentir, relacionar-se, conviver, unir-se). Fácil, também, é taxar Villeneuve de frio, de pouco simpático, de anti-climático; mas quantos pequenos clímaxes não estão pingados por um ou dois segundos em Blade Runner 2049, onde acompanhamos as reações de seus atores sem cortes, sem closes abusivos, sem apelações sensoriais que cobrem uma resposta imediata. Não projeta em nós, mas antes projetamos neles as dúvidas e as expectativas. O que pode ser chamado de inexpressivo na verdade é o clamor por nós prestarmos atenção no que se passa por trás daquilo tudo, onde pequenos gemidos vacilações precedem grandes ações, onde o plano estático, o foco seletivo e o travelling lento são prenúncios da montagem alternada, dos cortes secos e agressivos, evoluindo naturalmente para o grotesco. Porque todo o filme de Villeneuve é ligado à narrativa. Todos estão perseguindo narrativas, seja a história onde os humanos conseguirão dominar o universo ou onde as máquinas conseguirão cortar seu cordão umbilical dos humanos. Todos imaginam sua própria fábula particular, sua própria mentira, todos estão armados de uma viseira contra uma realidade que cedo ou tarde bate à porta. O conflito entre imaginar e aceitar é o mote de Villeneuve compôr como compõe.Entre o jogo de luzes, sombras e neon, o filme de Villeneuve pode não se manter sempre interessante ao longo de sua duração realmente exaustiva - às vezes parece dois filmes em um quando passa a focar em mais de um personagem e cede à algumas facilidades como flashback em forma de áudio de outras cenas para externar o que o protagonista pensa naquele momento. O recurso da “cena revivida” nem sempre é errado - é usado de forma primorosa no diálogo entre Deckard e Wallace, onde o flashback do Blade Runner de 1982 encaixa-se por um fugaz momento em uma relação de câmera subjetiva de plano e contraplano que Deakins faz com tanta imersão nos filmes do irmãos Coen, por exemplo. Demonstra, acima de tudo, uma sede por compôr um cinema dissidente do típico mainstream, mas sem perdê-lo de vista. Aborda questões éticas e religiosas, mas sem perder a força simbólica que a ficção científica especulativa e o cinema policial carregam em si de exteriorizar preocupações através do estilo. O sonho com ovelhas elétricas de Villeneuve potencialmente se equipara à iconografia desbravadora do cyberpunk de Ridley Scott, atualizando suas questões para nosso tempo, potencializando a força de um mito e abrindo um caminho próprio da ficção científica de um novo século. A fabulação, aqui, é perseguida como o mais opressivo dos sonhos e o mais belo dos pesadelos. (Bernardo D.I. Brum)
Top 250#90
Top Década 2010 #29 Top Canadá #3 Top Reino Unido #27 Top Ação #34 Top Ficção Científica #20
Alcon Entertainment Columbia Pictures Scott Free Productions 16:14 Entertainment Thunderbird Entertainment Torridon Films
Diretor: Denis Villeneuve
187.602 users / 73.430 faceSoundtrack Rock Elvis Presley
53 Metacritic 6 Up 42
Date 23/12/2017 Poster - #### - DirectorRidley ScottStarsHarrison FordRutger HauerSean YoungA blade runner must pursue and terminate four replicants who stole a ship in space and have returned to Earth to find their creator.[Mov 10 Favorito IMDB 8,2/10] {Video/@@@@@} M/89
BLADE RUNNER - O CAÇADOR DE ANDRÓIDES
(Blade Runner, 1982) Obra Prima[/blue/]
TAG RIDLEY SCOTT
{inesquecível}Sinopse ''No início do século XXI, uma grande corporação desenvolve um robô que é mais forte e ágil que o ser humano e se equiparando em inteligência. São conhecidos como replicantes e utilizados como escravos na colonização e exploração de outros planetas. Mas, quando um grupo dos robôs mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, este incidente faz os replicantes serem considerados ilegais na Terra, sob pena de morte. A partir de então, policiais de um esquadrão de elite, conhecidos como Blade Runner, têm ordem de atirar para matar em replicantes encontrados na Terra, mas tal ato não é chamado de execução e sim de remoção. Até que, em novembro de 2019, em Los Angeles, quando cinco replicantes chegam à Terra, um ex-Blade Runner (Harrison Ford) é encarregado de caçá-los.''
***** "Com um dos mais fantásticos mundos já criados no cinema, e uma atmosfera poucas vezes inigualada, Scott constrói um inesquecível noir futurista, que ousa questionar sobre o que realmente nos faz humanos. Lindo, tenso, poético e reflexivo. Um filme raro." (Silvio Pilau)
"É tanto um clássico da ficção científica quanto um grande film noir. Deckard é um Spade ainda mais violento e amargurado, vivendo em uma Los Angeles ainda mais sombria e deprimente. Um poema urbano perturbador onde cada sequência delira em sombras e neon." (Bernardo D.I. Brum)
"Com estética expressionista para representar a decadência humana, Blade Runner é um retrato pessimista do futuro, no qual a lógica industrial e o avanço tecnológico devastaram a civilização. Mas o filme peca na figura do herói e na subtrama amorosa." (Emilio Franco Jr)
"Mais de 30 anos depois, o filme de Ridley Scott sobreviveu muito bem ao tempo. Sua idealização do futuro ainda é impressionante, assim como a deliciosa atmosfera que em muito se aproxima do noir. Uma experiência visual e sensorial hipnotizante." (Rafael W. Oliveira)
{Eu vi coisas que vocês homens nunca acreditariam. Naves de guerra em chamas na constelação de Orion. Vi raios-C resplandecentes no escuro perto do Portal de Tannhaüser. Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva. Hora de morre} (ESKS)
{Androides Sonham com Unicórnios?} (ESKS)
{eles são emocionalmente inexperientes, têm poucos anos para coletar experiências que nós achamos corriqueiras. Fornecendo a eles um passado criamos um amortecedor para sua emoção e os controlamos melhor} (ESKS)
*** "Com a corrida aos cinemas para ver "Blade Runner", rever o original de 1982 é quase obrigatório. E a hora é boa para isso, porque as principais lojas estão com preços promocionais para Blue-ray com a versão final editada pelo diretor Ridley Scott. O hoje clássico filme de sci-fi teve várias versões lançadas nos últimos 35 anos, mas essa é a que mais agrada a Scott. São mudanças sutis, mas colaboram para criar mais especulação sobre a questão de Deckard, o personagem de Harrison Ford, ser ou não um replicante. E é um filme mais bonito do que a continuação." (Thales de Menezes)
''Grande influência na ficção científica - a ponto de muita gente se referir a alguns filmes como tipo Blade Runner -, a obra de Ridley Scott chegou aos 30 anos em 2012, mas só agora sai no Brasil a edição especial com três discos de Blu-ray repletos de extras e um livrinho de luxo. A visão futurista do filme une prédios que parecem extraídos de uma Tóquio turbinada a ruas que projetam um esboço de cracolândia. Blade Runner mistura trama de policial noir às pensatas sobre identidade e memória que marcam os livros de Philip K. Dick. Harrison Ford, que já era Han Solo e Indiana Jones, agregou à galeria pessoal o detetive cínico Rick Deckard, um caçador de replicantes - androides fortões que tentam se passar por humanos. Com enredo aberto a várias interpretações, Blade Runner fascina.'' (Thales De Menezes)
*****[/bue] ''O maior benefício que pode surgir desses relançamentos de clássicos do cinema é um aumento do nível de exigência do espectador. É impossível que um cinéfilo, de qualquer idade, veja "Blade Runner" – próximo filme do projeto Clássicos Cinemark – e continue gostando das atuais superproduções de ficção científica. A diferença de qualidade é abissal. E não se trata de um abismo de talento entre diferentes gerações de cineastas. O mesmo Ridley Scott que dirigiu "Blade Runner" em 1982 fez, 30 anos depois, um troço chamado Prometheus. O que mudou foi Hollywood. Hoje, "Blade Runner" dificilmente seria produzido. Há poucas cenas de ação e excesso de diálogos e cenas lentas. O filme deixa questões no ar e não entrega tudo mastigado. Pelo contrário: até hoje fãs debatem "Blade Runner" e seus mistérios. Adaptado da obra de Philip K. Dick, "Blade Runner" é uma parábola distópica sobre um futuro em que o mundo é dominado por corporações, e seres humanos convivem com androides. O uso desses replicantes só é permitido em colônias no espaço, mas rebeldes persistem. Aí entra Deckard (Harrison Ford), membro do pelotão de Blade Runners, polícia especializada na caça a replicantes. Em sua busca, Deckard é confrontado com questões existenciais que podem ser resumidas numa pergunta: o que torna um ser humano? "Blade Runner" funciona em muitos níveis: policial empolgante, conta uma história comovente de busca pela humanidade e tem um romance inesperado entre Deckard e a replicante Rachael (Sean Young). Também é um espetáculo audiovisual, com o new age de Vangelis complementando as imagens inspiradas pelo clássico Metropolis, de Fritz Lang. Hoje, impressiona o silêncio. Enquanto filmes atuais bombardeiam a plateia com barulho e significado, as sequências memoráveis de "Blade Runner" são plácidas e enigmáticas: Deckard roubando um beijo de Rachael, o diálogo entre criador, Eldon Tyrell (Joe Turkel), e criatura, o replicante Roy Batty (Rutger Hauer), e o monólogo final de Roy.'' (Andre Bacinski)
''Blade Runner, o hoje cultuado filme sci-fi de 1982, dirigido por Ridley Scott, é, como tive oportunidade de comentar em minha crítica do Workprint, usado em exibições-teste meses antes de seu lançamento no cinema, é uma bela oportunidade para os cinéfilos terem uma visão de bastidores de uma grande produção cinematográfica. Notoriamente, o filme que chegou às telonas no começo da década de 80 não é o filme imaginado originalmente, algo que só viria mesmo à lume em 2007 (e que será objeto de crítica separada). Mas, entre uma coisa e outra, a Warner patrocinou e lançou a chamada Versão do Diretor que, como será visto logo abaixo, não é exatamente do Diretor, ainda que seja algo bem próximoComo abordei na análise do Workprint, essa cópia inacabada, desaparecida até 1989, acabou sendo achada e projetada, com autorização da produtora, em um festival. Nem a própria Warner sabia que era o Workprint e essa descoberta a fez ver cifrões e a agendar sessões especiais em que a versão de testes foi marketeada como a Versão do Diretor. Claro que Ridley Scott, que até então nada sabia, não gostou dessa brincadeira e soltou o verbo, publicamente afirmando que ele não concordava com essa exploração indevida de algo inacabado e que ele não tinha chancelado. Para evitar essa exposição negativa, a Warner capitulou e tirou o filme do cinema, mas não antes de ele ser projetado um punhado de vezes em Los Angeles e São Francisco, reacendendo o interesse pelo filme. Dessa forma, vendo possibilidades financeiras interessantes, tanto a Warner quanto Scott sentaram para encetar discussões sobre uma Versão do Diretor de verdade. Mas eis que o diretor estava ocupado demais com a produção de Thelma & Louise e ele percebeu que não poderia se dedicar a arregaçar as mangas nas alterações que queria fazer. Assim, o que Scott elaborou foi um lista de detalhadas anotações que foram executadas por Michael Arick, diretor, roteirista e produtor que, à época, era o especialista da Warner em conservação e restauração de filmes, tendo trabalhado com a recuperação de clássicos como Juventude Transviada e Pacto Sinistro, além da restauração da visão original de Elia Kazan emUma Rua Chamada Pecado. Juntamente com Les Healey, o montador-assistente de Blade Runner, Arick foi reunindo as peças do quebra-cabeças deixado por Scott, especialmente a localização e recuperação de todas as cópias possíveis do filme, de forma que fosse possível extrair as sequências com melhor qualidade para a que seria – ainda que somente até 2007 – a versão definitiva da obra. Portanto, a Versão do Diretor de 1992 é apenas parcialmente do diretor, que participou indiretamente de sua execução. Scott aprovou sim o resultado final, mas sua versão de verdade ainda demoraria alguns anos para ser lançada. Além do retorno da integralidade da trilha de Vangelis – que havia recebido enxertos de trabalhos anteriores de Jerry Goldsmith no Workprint – a Versão do Diretor manteve a eliminação completa da narração de Rick Deckard, inclusão forçada pelo estúdio com base nos comentários do público-teste original, que ficou confuso com a história. Essa narração, devo confessar, é algo que compreendo ser desnecessária e repetitiva que explica demais o filme, mas que, sinceramente, eu aprecio por emprestar mais ainda um ar noir à produção. Mas essa exclusão, sem dúvida, faz do resultado final um filme tecnicamente melhor, ainda que, em minha mente, eu cite mentalmente a narrativa a cada cena em que ela deveria estar. Uma narração, porém, cuja ausência em relação ao Workprint é muito sentida, é a única dessa versão de testes, em que Deckard, prostrado no topo do prédio, com Batty morto à sua frente, diz que o androide demorou muito tempo para morrer, ao mesmo tempo sofrendo e saboreando seus momentos finais de vida. Trata-se de uma abordagem belíssima para o fim do último androide Nexus-6 na Terra e que empresta outro significado ao seu amor pela vida. A retirada na Versão do Diretor foi muito infeliz. Outro aspecto que foi forçado pelo estúdio goela abaixo foi o final excessivamente feliz, com Rick e Rachael chegando a um local verdejante. O público-teste não gostou da versão seca que encerrava a história, com os dois simplesmente indo embora do apartamento de Deckard sem uma conclusão clara, e o jeito foi dar a entender que o casal chegaria a um paraíso sobre a Terra, algo que claramente feria de morte a narrativa sombria original, acompanhada por um desenho de produção escuro, sujo, desarrumado e niilista. Na Versão do Diretor, prevalece a versão original do Workprint, sem lampejos “florestais” ao final, deixando incerto o destino dos dois, muito mais em linha com toda a história contada ao longo das quase duas horas de projeção. Essas alterações, porém, apesar de significativas para o filme, tornando-o mais redondo, nem de longe são as mais importantes se as compararmos com a famosa inserção do “sonho com unicórnios” e da pergunta que Gaff faz a Deckard logo depois da morte de Roy Batty. Mas, claro, esse assunto merece um capítulo próprio. Androides Sonham com Unicórnios? Quando Deckard está ao piano, em seu apartamento, ele cai no sono e um estranho sonho com um unicórnio surge em tela. A sequência realmente original, que intercalava o sonho e o personagem não foi localizada com qualidade boa o suficiente para inserção na nova versão do filme, pelo que Arick teve que usar uma sequência alternativa, menos intrusiva e mais, digamos, descontextualizada, algo que Scott corrigiria na Versão Final. De toda forma, para que o espectador entenda a dimensão do que esse sonho significa, é necessário que comecemos pelo começo. E, por começo, quero dizer lá em 1968, com o clássico Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?, de Philip K. Dick. Na seminal obra sci-fi, PKD tem como tema central a discussão filosófica sobre o que exatamente nos faz humano, lidando até mesmo com a mais abrangente questão de realidade x ficção. Lá, em diversas passagens, ele põe em dúvida a humanidade de Deckard, fazendo-o e fazendo-nos crer que ele é um androide. A resolução, lá, é bem diferente do que em qualquer versão do filme, mas é importante lembrar o quão importante é o assunto já no nascedouro da obra. Em 1982, quando Scott encerrou a produção de seu filme, ele deixou essa dubiedade permeando a obra que chegou aos cinemas. Como mencionei na crítica das versões cinematográficas, há três momentos em que essa questão é trazido à tona, criando uma muito bem-vinda ambivalência. O primeiro deles é quando vemos, mais de uma vez, o apartamento de Deckard tomado de fotografias antigas em preto-e-branco depois de aprendermos que os implantes de memórias fazem parte dos planos de Eldon Tyrell de criar replicantes mais humanos. Notem que são fotografias das mais variadas e usando tecnologia muito anterior ao que seria razoável supor que os pais ou demais antepassados de Deckard teriam. Além disso, vemos Rachael perguntar ao policial se ele alguma vez já teria passado no teste Voight-Kampff e ele não responde. Finalmente, a única coisa que Gaff diz para Deckard, depois da morte de Batty, é que ele fez o trabalho de um homem, deixando tanto ele quanto Rachael viverem. Não satisfeito com algo que, em sua visão, teria ficado imperceptível, Scott que, desde então, afirmou que, em sua mente, Deckard é um replicante, tratou de tornar as coisas consideravelmente mais óbvias. E é aí que o sonho do unicórnio entra. Eldon Tyrell deixa claro que a inserções de memórias passadas é parte de seu projeto para fazer androides mais humanos e que Rachael tem as memórias de sua sobrinha. Deckard, em um momento particularmente azedo, cita à uma chorosa Rachael diversas informações sobre o passado dela que ele jamais poderia saber, reforçando a questão do implante de memórias. Igualmente, o assunto é trazido à tona pelas fotografias de Leon que ele esquece em seu apartamento quando tem que fugir de Deckard e Gaff. Dito isso, temos que lembrar que Gaff não gosta muito de Deckard sem que exista uma razão palpável além de, talvez, ciúmes por seu chefe Bryant preferir que Deckard cuide dos replicantes, e não ele. E, como se isso não bastasse, Gaff é um exímio artista de origami, deixando suas dobraduras por onde passa. Qual é a dobradura que vemos no chão do hall de entrada do apartamento de Deckard quando ele e Rachael estão fugindo? Sim, um unicórnio. É a pista que precisamos para concluir que Gaff sabia dos sonhos de Deckard e que somente se Deckard fosse um replicante com memórias falsas implantadas é que isso seria possível. Conclusão: Deckard é, assim como Rachael era, um replicante que não tem consciência do que é. Em cima disso tudo, na versão em DVD – não mais disponível – da Versão do Diretor, a frase que Gaff diz a Deckard depois da morte de Batty não é “Você fez o trabalho de um homem”, mas sim Mas você tem certeza que você é um homem?, o que reforça essa noção. Em meu entendimento, a sequência onírica retira qualquer sombra de dúvida sobre esse aspecto, dúvida essa que persistiria se ela não tivesse sido inserida. Com isso, pelo menos para mim, o filme perde parte de seu charme, de suas elucubrações filosóficas. Não que ele se torne um filme ruim, muito longe disso, mas, ao mastigar o assunto, o espectador é tratado de forma paternalista demais, impedindo que ele tire suas próprias conclusões.A Versão do Diretor (ou quase) é um meio-termo entre o Workprint e a Versão Final, com suas vantagens e desvantagens também em relação às versões cinematográficas. Cabe ao espectador assistir todas e escolher sua preferida." ( Ritter Fan)
Quando viver é a capacidade de se criar memórias.
''Recebido com pouco ânimo em seu lançamento, "Blade Runner - O Caçador de Andróides" há muito merecia atenção aqui no site; algo que estamos tentando suprir em 2015 com várias obras. Ganhou status de clássico cult com o tempo, tendo sua importância - e, principalmente, conteúdo - reconhecidos, superando todos os problemas de produção e tendo ganhado uma versão do diretor que muito adicionou ao resultado final; saíram recursos que tentavam deixar o filme mais comercial, como uma narração desnecessária e um final forçadamente feliz. Na época, nada disso adiantou e a crítica pegou pesado com o longa, além do público não ter comprado a ideia. Mas o tempo passou e ''Blade Runner'', hoje, é considerado um dos grandes nomes da década de 80. O visual herda da época o descompromisso com o real e as luzes neon para construir uma Los Angeles distópica, onde a maioria dos humanos deixou a Terra para viver em seletivas e segregatórias colônias espaciais que são anunciadas, em telões coloridos e convidativos pelos prédios da cidade, como o Novo Mundo. Os Estados Unidos, na época sinônimo de prosperidade, no futuro de Blade Runner é sujo e super povoado e lotado de asiáticos, que ditam a comida, as propagandas e ficaram com os restos daquilo que era uma irônica visão para o sonho americano. Era um período pós Reagan, onde a desigualdade ficou ainda mais evidente e isso é visto claramente no filme. Entre luzes contra a tela, carros que voam e fumaças que deixam a espetacular composição visual com tom de fábula urbana, temos Deckard (Ford), um caçador de androides fora de atividade que se vê obrigado a aposentar (termo usado para matar) androides de humanos simulados precisamente. Esses droides, conhecidos como Replicantes e escalonados de Nexus 1 a 6, são representações perfeitas dos humanos, inclusive na possibilidade de despertar sentimentos, o que os fez serem proibidos na Terra, sob ameaça de extinção. Los Angeles é escura, sempre chuvosa, com um clima pesado e depressivo que mistura ficção e investigação noir. Em um raro momento onde o Sol aparece, ele logo é escondido por uma cortina por o ambiente estar 'claro demais', sem coincidência no mesmo momento em que uma personagem perde sua personalidade ao descobrir que era apenas um robô, uma simulação de vida. Suas memórias são inseridas, o dom de tocar piano não é seu. Ao mesmo tempo, é ela que desperta a vida perdida novamente em Deckard, pois a razão fica de lado pelo sentimento que passa a sentir por ela, abrindo novos horizontes para o personagem. Os Replicantes que Deckard está caçando possuem personalidades fortes, sempre com características marcantes e unicidade. Com data de validade (eles são programados para durar apenas 4 anos para evitar sua total evolução e acabarem sendo uma ameaça), eles não são necessariamente maus, apenas gostam de viver e estão em conflito psicológico ao descobrir sua finitude - assim como o homem, com a diferença que nunca temos essa noção da proximidade da morte. Caçados pelo tempo e pelo julgamento humano - criação x criador -, eles são a perfeita representação de uma visão pessimista de onde o capitalismo pode levar à população: seres falsos, imemoráveis, e também perdidos, influenciados e programados. John Carpenter viria a fazer uma crítica igual e muito mais direta em seu Eles Vivem (They Live, 1988), onde somos a todo momento bombardeados, diretamente ou involuntariamente, por propagandas de produtos que nos fazem ter vontade de tê-los, mesmo que não haja a necessidade - algo muito mais acentuado hoje, com eletrônicos que ficam "obsoletos" com o passar dos anos e que desviam o real foco de investimento para coisas supérfluas e movimentam milhões com isso. No filme, tais produtos são animais artificiais caríssimos (uma coruja, sinal de ostentação) ou reais inalcançáveis (uma cobra é falsa porque a personagem 'não teria dinheiro para comprar uma real', mostrando um desnível social também nos seus robôs), criados por um homem que é a representação de Deus para tais droides; o homem que define quem irá viver e porque, um Frankenstein da tecnologia perfeita. Não é a toa que seu ponto fraco seja um funcionário com uma doença degenerativa extremamente solitário, que acaba se identificando com os droides e os ajuda, ainda que sendo manipulado, em uma clara referência a Gepeto da famosa história Pinóquio - clássico de Carlo Collodi e imortalizado pela Disney em 1940. Pris (Daryl Hannah) sorri de maneira ameaçadora, mas ao mesmo tempo se movimenta de forma quase circense, acrobática e de maquiagem marcante. É uma artista perdida entre lixos e um futuro incerto, esperançosa de que Roy (Rutger Hauer), seu líder e amante, consiga encontrar uma maneira de postergar esse fim. É justamente quando o caçador se torna caça e Roy, através do implante do medo, consegue fazer Deckard perceber como é viver sob sua perspectiva (só perto de morrer que ele reencontrou o estímulo de seguir em frente, saber de seu fim valoriza a vida), em uma cena belíssima e perturbadora, resultando em um dos discursos mais inspirados e bonitos do cinema improvisado, que exalta toda a mensagem do filme até ali e eleva o status filosófico da obra. Já Ford, que vinha numa crescente e emplacando um sucesso atrás do outro, teve uma relação complicadíssima com Scott, chegando a dizer que esse havia sido seu filme mais difícil de fazer. O estresse emocional foi recompensado com o tempo e o status que Blade Runner conseguiu alcançar entre um Star Wars e um Indiana Jones e outro. Mas nem por isso o resultado final foi afetado e Deckard é, sem dúvida, um personagem tão marcante em sua carreira quanto Solo ou Jones. O desenho de produção é inspirado e inspirador (vejam essas 142 fotos sensacionais dos bastidores), em uma época onde Ridley Scott estava no auge de sua criatividade e produzindo uma obra-prima atrás da outra - seu filme anterior havia sido Alien, O Oitavo Passageiro e o posterior A Lenda. Ainda que seja de certa forma engraçado ver um futuro pensado de maneira limitada - fotos que possuem mais do que sua área de visão teoricamente permitiria enxergar, monitores CRT ainda sendo utilizados, telefones públicos apenas modernizados -, assusta notar que a mensagem anti capitalista e a reflexão humana de Blade Runner não apenas se manteve atual como praticamente se confirmou como uma previsão de como estaríamos daqui a tantos anos. Há vários livros e teorias sobre o filme e alguns dizem que o próprio Deckard seria um Replicante, afinal, são pouquíssimos que sabem que são um. Não duvido, afinal, a verdade é que o difícil em Blade Runner é achar um humano verdadeiramente puro no meio de tanta plasticidade eletrônica. E se todos fossem robôs perdidos no tempo de sua própria criação? Philip K. Dick, autor da obra original e de diversos outros clássicos da ficção literária, ficaria orgulhoso. Aproveite a mensagem e viva bem e intensamente a cada dia. Nunca se sabe quando os seus quatro anos chegarão ao fim. Crie memórias." (Rodrigo Cunha) 55*1983 Oscar / 40*1983 Globo
Top Ficção Científica #25
Ladd Company, The Shaw Brothers Warner Bros. Blade Runner Partnership
Diretor: Ridley Scott
554.593 users / 47.305 faceSoundtrack Rock Elvis Presley
11 Metacritic 70 Up 180
Date 31/12/2017 Poster - ########## - DirectorWilliam Brent BellStarsLauren CohanRupert EvansJames RussellAn American nanny is shocked that her new English family's boy is actually a life-sized doll. After she violates a list of strict rules, disturbing events make her believe that the doll is really alive.[Mov 05 IMDB 6,1/10] {Video/@@} M/42
BONECO DO MAL
(The Boy, 2016)
TAG WILLIAM BRENT BELL
{esquecível}Sinopse ''Boneco do Mal'' acompanha Greta, uma americana que aceita o emprego como babá em uma remota vila inglesa, apenas para descobrir que a família trata um boneco com aparência de 8 anos de idade como se fosse um garoto de verdade, para poder lidar com a morte do filho que aconteceu vinte anos atrás. Depois de violar uma lista de regras, eventos perturbadores e inexplicáveis começam a acontecer e trazem o pior pesadelo de Greta à vida, levando-a a acreditar que o boneco está realmente vivo.''
"Em se tratando de construção de suspense e atmosfera, Boneco do Mal é bem acima da média (e do que poderíamos esperar após conhecer o argumento), e com a adição do tema da mansão isolada acaba se configurando como uma obra interessante." (Alexandre Koball)
''Boneco do Mal" é o quinto longa de William Brent Bell, diretor que se especializou em terror e do qual conhecemos os medianos Stay Alive - Jogo Mortal e Filha do Mal, já exibidos comercialmente no Brasil. A ideia é boa: colocar um boneco que é tratado como se fosse o próprio filho, em substituição ao filho real, desaparecido em um evento mal explicado. O boneco, chamado Brahms (como o filho), é assustador, o que garante a tensão necessária ao horror. A trama vai bem até certo ponto. Greta (Lauren Cohan, da série The Walking Dead) é uma jovem americana que, visando superar um romance traumático, vai à Inglaterra para trabalhar como babá numa grande casa isolada, sem saber que terá de cuidar desse boneco mimado e assustador que intitula o filme. Os pais do boneco (soa estranho, mas é como são apresentados) vão viajar, deixando Greta sozinha com esse menino feito em fábrica. Ela recebe uma lista com regras bem específicas e a orientação de que seria melhor respeitá-las. Claro que ela não vai dar a mínima para essas regras. Na cabeça dela (e do espectador), os velhos pais ficaram tão traumatizados com o sumiço do filho que precisam se iludir com um substituto. Aí começam os problemas. O boneco, contrariado, muda de lugar sozinho, e peças de roupa somem inexplicavelmente. Aos poucos, ela vê que o boneco tem vida própria. Malcolm (Rupert Evans), um vendedor da região que logo se interessa por Greta, aparece de vez em quando para ver se está tudo bem. Acaba se envolvendo também com esse boneco misterioso. Infelizmente, como é praxe no cinema de gênero contemporâneo, tudo deve ser explicado, e junto das explicações chegam as obrigatórias e enfadonhas cenas de ação. Com isso, "Boneco do Mal" perde a aura misteriosa e vira apenas mais um filme de correria e perseguição. A direção, anteriormente correta, torna-se frouxa, fazendo com que não seja possível entender direito o que está acontecendo.'' (Sergio Alpendre)
''Quando as notícias e primeiras imagens sobre o Boneco do Mal, suspense protagonizado por Lauren Cohan, uma das personagens-destaque da série The Walking Dead, um misto de surpresa e curiosidade me tomou. Sabemos que esse tipo de produção inunda o campo das produções de filmes B, mas trazer outra incursão de um boneco maléfico apresentava-se como uma proposta corajosa. No filme temos a história da jovem estadunidense Greta (Lauren Cohan). Ela aceita um emprego como babá num remoto local da Inglaterra, pois foge de um relacionamento abusivo. Chegando ao local, uma enorme e isolada mansão que mais parece um sofisticado castelo medieval, a moça descobre que o garoto Brahms, criança de 8 anos foco da sua contratação, é um boneco que todos tratam como uma criança de verdade. Inicialmente leva na piada, mas depois que os pais do boneco viajam, as brincadeiras começam. A protagonista inicialmente considera tudo uma grande piada. Assim, ignora todas as ordens sobre o boneco, como não receber visitas, trocar a roupa antes de dormir, mas de repente alguns eventos inexplicáveis começam a acontecer. É nessa hora que a personagem se dá conta: está com a sanidade comprometida ou existe um boneco que esconde as suas roupas, observa-a tomando banho? Malcolm (Rupert Evans) é o único contato humano da moça depois que os pais do pequeno boneco viajam. Aos poucos ele revela algumas histórias sobre o passado do boneco. Dessa forma, Greta descobre que os patrões não superarem a perda do filho, que morreu há 20 anos em um incêndio. O seu corpo, entretanto, nunca foi encontrado. Há até relatos de que o garoto não era boa coisa quando vivo, autor de algumas pequenas atrocidades. Esse é o mote do filme, uma trama morna em que tudo demora demais para acontecer. Todavia, as imagens oferecidas pela câmera através de enquadramentos eficientes dão conta de nos fazer aguardar algo “quente’ acontecer. Na seara da concepção visual, o filme é um delírio: o design de produção é cuidadoso, os planos gerais que dão conta de contemplar toda a mansão no quadro consegue captar a beleza do local, bem como a câmera que ziguezagueia os espaços internos, apresentando-nos o gosto erudito dos moradores da casa sinistra por uma decoração sofisticada e fabulosa. A iluminação, juntamente com a direção de arte e a fotografia consegue unir-se para dar credibilidade ao filme que até certo ponto, encontra-se letárgico, com poucas emoções e mais perguntas do que respostas para o espectador. Chega um dado momento que a maioria das pessoas esperam o boneco falar, empunhar uma faca e estripar o parco elenco, dando cabo das suas pendências psicóticas. No entanto, nada acontece como o esperado. O boneco não vai falar, mas agir de maneira sinistra, através de suas próprias atitudes ao ganhar o sopro de vida, ou sendo manipulado por alguém que circunda o ambiente da babá que a certa altura do filme já está dando crises de histeria. Assim é o Boneco do Mal: um filme indeciso que graças ao roteiro de Stacey Menear, oferta ao público uma baita reviravolta nos minutos finais. O problema é que a reviravolta é pouco aproveitada, funciona parcamente como momentos de tensão e horror. Diante do exposto, algo que funcionou muito melhor em filmes como Sexta Feira 13 e O Massacre da Serra Elétrica, ganha uma versão requentada em Boneco do Mal, mais um dos filmes que chegam para provar que o campo das produções do gênero precisa se reinventar. Se brinquedos assassinos não assustam mais, o que dizer de bonecos opacos e comportados. Descobrir porque a peça de louça age assim é um dos desafios do espectador, assim como engolir a história do desfecho final. Faltou mais ritmo e uma montagem elíptica. Tudo demora de acontecer ou se alonga demais. Haja paciência. Os dois momentos de maior impacto são pesadelos da protagonista, num filme que será esquecido logo, tamanha a letargia e falta de expressividade do roteiro. No que diz respeito aos brinquedos malditos, Chuck ainda é o melhor, sarcástico e divertido, assume o seu estilo narrativo e diz para que veio. Brahms, o “Boneco do Mal” está mais para uma representação da insanidade de algumas mentes humanas. Assista e entenderá." (Leornado Campos)
Lakeshore Entertainment STX Entertainment Huayi Brothers Media Vertigo Entertainment
Diretor: William Brent Bell
59.556 users / 22 452 face
10 Metacritic 1.507 Up 332
Date 01/03/2018 Poster - ### - DirectorRichard LinklaterStarsJack BlackShirley MacLaineMatthew McConaugheyIn small-town Texas, an affable mortician strikes up a friendship with a wealthy widow, though when she starts to become controlling, he goes to great lengths to separate himself from her grasp.[Mov 04 IMDB 6,8/10] {Video/@@} M/75
BERNIE - QUASE UM ANJO
(Bernie, 2011)
TAG RICHARD LINKLATER
{hilário}Sinopse ''Bernie é o diretor assistente de uma agência funerária, e é um dos moradores mais queridos da cidade, se torna amigo de Marjorie Nugent, uma abastada viúva, famosa tanto pelo seu mau trato como pela sua fortuna. Bernie acaba por viajar frequentemente com Marjorie e a gerir os seus assuntos bancários. Rapidamente Marjorie se torna totalmente dependente de Bernie e da sua generosidade, enquanto este se esforça para atender aos seus crescentes caprichos. Bernie continua a gerir dos assuntos de Marjorie, que começa a deixar de ser vista pelos habitantes da cidade, que ficam chocados quando finalmente descobrem que Marjorie Nugent está morta há vários meses, e que o seu assassino é Bernie Tiede.''
''Longe de ser um filme engraçado - em alguns momentos é meio boring -, o que melhor funciona em Bernie é a atenção de Linklater ao situar seu protagonista e o conflito moral que seu crime suscita dentro de uma comunidade retratada com grande esmero." (Daniel Dalpizzolo)
"Bacana estudo de personagem, valorizado por um inspirado Jack Black e a esperta formatação em falso documentário, tudo isso gerido pelo sempre confiável Linklater. Ainda assim, fica a sensação de um filme que, no fim das contas, não diz muito a que veio." Régis Trigo)
''Baseado em fatos reais, Bernie – Quase um Anjo pode entre outras coisas ser considerado tudo o que Sem Dor, Sem Ganho deveria ter sido e não foi. Essa é a diferença de ter um diretor como Richard Linklater (Antes da Meia Noite) no comando de uma obra, ao invés do hiperbólico Michael Bay (Transformers). Tudo bem que as propostas e gêneros dos filmes são diferentes, e embora baseados em fatos reais, e usando como pano de fundo o humor negro, o filme de Bay ainda é um blockbuster, um filme pipoca mirado ao grande público. O que acontece é que com filmes assim precisa ser depositado um desenvolvimento nos personagens, para entendermos suas motivações, e principalmente tentarmos nos identificar com eles (mesmo que minimamente). Em Bernie, Jack Black vive o personagem título. Um sujeito boa praça, prestativo ao extremo, e carismático fora do normal. Ele trabalha numa funerária, preparando os cadáveres para o funeral. O sujeito é altamente empenhado em qualquer tipo de atividade de sua cidadezinha, e pode sem sombra de dúvidas ser considerado um cidadão exemplar. Entra em cena uma viúva amarga, a típica megera intolerante com quem nenhum dos moradores deseja muita proximidade. Ela é interpretada pela veterana Shirley MacLaine, uma das poucas estrelas restantes ainda vivas da época de ouro de Hollywood. A trama segue, e Bernie e Marjorie (MacLaine) desenvolvem uma amizade e um relacionamento improvável. A viúva recebeu uma polpuda pensão de seu falecido marido, e a companhia agradável do bondoso sujeito é agraciada com bens materiais e de consumo, como carros e viagens. Porém, ao mesmo tempo em que a energia positiva de Bernie contagia a azeda mulher, sua amargura e negatividade contaminam o agradável sujeito. Nessa luta de energias o pior acontece, e Bernie é acusado de assassinar a senhora. O fato não é spoiler, pois consta em todas as sinopses e trailers, e torna impossível falar sobre o filme sem revelá-lo. Chega então o terceiro elemento nesse grupo de atores principais: Matthew McConaughey é o xerife encarregado da investigação, com um apetite acima do comum para ver o aparentemente honesto e bondoso protagonista atrás das grades. Baseado num artigo escrito por Skip Hollandsworth, e com roteiro do diretor Richard Linklater em colaboração com o próprio Hollandsworth, a obra conta com ótimos desempenhos do trio principal. Black e McConaughey recobram a parceria com o versátil diretor Linklater, de trabalhos como Escola de Rock (que completou uma década esse ano) e Jovens, Loucos e Rebeldes (primeiro filme de destaque do diretor, que já tem duas décadas). Linklater é um dos cineastas autorais ainda remanescentes dentro do mercado americano. O diretor é um trabalhador constante, que gosta de entregar obras dentro dos mais variados gêneros, orçamentos e estilos, vide filmes como O Homem Duplo, Nação Fast Food, Sujou – Chegaram os Bears e Eu e Orson Welles. Bernie é mais um filme que faz parte da chamada McConaissance, a mudança de ares ocorrida na carreira do ator Matthew McConaughey, que se despegou do papel de galã em comédias rasas e aceitou o encargo de trabalhos mais ousados e desafiadores, nos últimos dois anos. Aqui, McConaughey é apenas o coadjuvante, mas brilha igualmente. Destaque para a cena do julgamento no tribunal, no desfecho da obra. Black já demonstrou ser um bom ator, longe de comédias escancaradas também, e aqui tem uma performance contida como o simpático e agradável homicida. Em trechos Bernie faz lembrar Mamãe é de Morte (Serial Mom, 1994), de John Waters, no qual Kathleen Turner vivia a típica mãe dos subúrbios americanos acima de qualquer suspeita, mas que escondia um lado negro. Bernie não possui essa dualidade contraditória na superfície. O filme é mais uma produção de qualidade do cinema independente americano que não encontra lugar nas salas de cinema do Brasil, e é lançado direto em vídeo por aqui." (Pablo Bazarello)
70*2013 Globo
Mandalay Vision Wind Dancer Productions Detour Filmproduction Castle Rock Entertainment Collins House Productions Horsethief Pictures
Diretor: Richard Linklater
51.553 users / 16.180 face
3.969 Down 226
Date 04/03/2018 Poster - ## - DirectorBrian GoodmanStarsAntonio BanderasJonathan Rhys MeyersPiper PeraboA reclusive screenwriter takes in a mysterious drifter who is determined to repay his kindness by helping him finish his latest story.[Mov 07 IMDB 6,1/10] {Video/@@@} M/45
BORBOLETA NEGRA
(Black Butterfly, 2017)
TAG BRIAN GOODMAN
{interessante}Sinopse ''Paul é um escritor sem sucesso que vive recluso em uma área montanhosa. Um dia, após um desentendimento em um café, Paul oferece abrigo a um estranho. Este acaba fazendo Paul de refém e o obriga a escrever um romance, trazendo muitos segredos à tona.''
''Muita gente costuma crer na ideia de que a própria vida daria um livro. Roteiristas tendem a reagir assim também às biografias, imaginando que haja ali material para um filme. Grande artista somado a uma vida de sofrimentos é igual a obra de sucesso, supõe a fórmula. Esse automatismo se reconhece de cara em "Borboletas Negras", que reconstitui a existência da poeta sul-africana Ingrid Jonker sob a faceta artística e política. Após se suicidar, aos 31 anos, ela tornou-se um ícone do processo histórico de redemocratização da África do Sul. O líder negro Nelson Mandela leu um de seus poemas na abertura do Congresso em 1994. Mulher de personalidade libertária, Jonker cresceu sob os rigores de um pai partidário da supremacia branca e indignou-se contra a divisão social racista de seu país. De um lado, essa figura paterna, construída de maneira monocromática pelo sumido Rutger Hauer, representa o aspecto conservador e repressor que ela rebate com a sua poesia. O fato de ele ser um parlamentar responsável pela censura reforça o enfoque sobre os efeitos destrutivos que a coerção pode causar. De outro lado, o estímulo à expressão junto ao acolhimento afetivo aparece associado ao personagem de Jack Cope, escritor mais velho que assume a função de tutela. Mas o personagem mostra-se incapaz de conviver com a sexualidade transbordante da mulher que ama. Em contraste com essas marcadas imagens masculinas, a artista ganha todos os contornos da mártir romântica: reprimida, abandonada, anulada, torturada e, por fim, suicida. A ótima Carice van Houten (de A Espiã) entrega-se mais uma vez com toda força ao seu papel, mas é levada a retribuir com uma atuação excessiva. Para alcançar um retrato que se impõe com base na reação emocional de seu público, a direção da holandesa Paula van der Oest ignora as vantagens da linguagem poética e simplesmente converte a personagem na principal vítima do filme." (Cassio Starling Carlos)
''Quando começamos a ver um filme em que a maior estrela é o Antonio Banderas, franzimos o nariz. Isto não quer dizer que ele é um mau profissional, não. Mas, uma vez que ele nos tem vindo a habituar a, quase exclusivamente, comédias românticas leves, não vamos com as expectativas mais altas. Tendo tudo isto em conta, temos que dizer que o filme surpreendeu.“Borboleta Negra” é um remake do filme francês de 2008 Papillon Noir. O thriller prende-se na história entre Paul (Antonio Banderas), um escritor que está a passar por uma fase depressiva onde recorre a álcool para fugir dos seus problemas, e Jack (Jonathan Rhys Meyers), um vagabundo que o ajudou a proteger-se de um camionista enfurecido que será alojado na casa de Paul. No início parece que estamos a assistir ao desenrolar de uma história terrivelmente previsível e, à medida que o tempo vai passando, ela vai-se revelando mais complexa e cheia de twists and turns. Um jogo psicológico que não desvenda nada ao espectador, mantendo-o sempre na expectativa, terminando mesmo o filme com algumas pontas soltas interessantes. No entanto, o realizador (Brian Goodman) abusa destas surpresas forçadas e isso de alguma forma piorou o nível do filme. Um filme que (surpreendentemente) acaba por valer a pena ver." (Tiago Gomes)
Ambi Pictures Battleplan Productions Compadre Entertainment Notorious Pictures Paradox Studios
Diretor: Brian Goodman
8.579 users/ 2.545 face
7 Metacritic 3.804 Down 307
Date 01/06/2018 Poster - ####### - DirectorJames NeilsonStarsFred MacMurrayJane WymanMichael CallanA family takes a long delayed trip to Europe and finds an unending series of comedy adventures.[Mov 08 IMDB 5,9/10] {Video/}
BON VOYAGE, ENFIM PARIS!
Bon Voyage!
TAG JAMES NEILSON
{simpático}Sinopse ''Casal sai de férias em uma viagem à Europa, e levam consigo os três filhos; um rapaz, uma jovem adolescente e um menino. Foi refilmado em 1986 pelo título Férias Frustradas na Europa.''
35*1963 Oscar
Walt Disney Productions
Diretor: James Neilson
453 users / 2 face
Date 03/06/2018 Poster - #### - DirectorMichael PolishStarsJean-Marc BarrKate BosworthJosh LucasA recounting of Jack Kerouac's three sojourns to the cabin in Big Sur owned by his friend, poet Lawrence Ferlinghetti.[Mov 05 IMDB 5,8/10] {Video/@@@} M/49
BIG SUR
(Big Sur, 2013)
TAG MICHAEL POLISH
{simpático}Sinopse ''Lutando contra o alcoolismo e contra a pressão do público, o escritor Jack Kerouac faz uma série de viagens a Big Sur. Ele repousa em uma cabana, enquanto começa a perceber sua deterioração física e mental.''
"Uma exploração melancólica da mente de Jack Kerouac durante suas viagens à cabana remota do poeta Lawrence Ferlinghetti na costa do Pacífico, Big Sur discretamente cativa com uma mistura mal-humorada de paisagens impressionantes e narração rápida. Kerouac usou sua prosa para romper com o estrangulamento repressivo dos valores americanos da metade do século XX e tornou-se um dos heróis da Geração Beat. Achando tremendamente aclamado como um escritor rebelde, a celebridade surpreendentemente era algo que ele não desejava e lutava desesperadamente para escapar. O foco pensativo deste filme é a grave depressão e consequente alcoolismo de um gênio empenhado na autodestruição. Big Surleva um duro olhar para a deterioração de Kerouac após o sucesso selvagem do romance "On the Road" e é quase inteiramente composto de sua introspecção ansiedade-montada. Essa história carregada de desespero pode revelar-se demais para alguns espectadores, mas atinge apenas as notas certas para devotos e espectadores de Kerouac que apreciam um relato realista de doença mental. O que Kerouac (Jean-Marc Barr de Dogville) precisa sobreviver é alguém que definitivamente lhe dirá não ao excesso e refreará quaisquer impulsos que o afastem da produtividade. Infelizmente, seu ego não permite que ninguém assim em sua vida, exceto Ferlinghetti (Anthony Edwards), um amigo que gentilmente tenta ser seu salvador, fornecendo-lhe isolamento do mundo. Com os altos e baixos do alcoolismo, ele é particularmente vulnerável à bondade de amigos onipresentes e a admirar estranhos que querem comprar-lhe bebidas sem fim em comemoração a uma realização impressionante. Dentro e fora de sua nova vida na costa oeste, vem um grupo de amigos literários e jovens tag-avós beatniks que às vezes o seguem para mergulhar na beleza sublime da vida selvagem na cabana. A voz de voz de Arthur se origina das palavras de Kerouac no autobiográfico “Big Sur”. Que essas corridas, Pensamentos depressivos são fielmente a partir de jornadas da vida real e o único assunto que ele sentiu digno de escrever é contar como ele estava absolutamente perdido. Mal consciente dos que o rodeiam, ele muitas vezes acaba vagando indiferente sobre vastas e luminosas cenas da natureza. O público está tão firmemente entrincheirado em uma torrente interminável de contemplação dentro de seu espaço de cabeça que é dissonante quando Barr realmente fala em voz alta. Sua performance física pode ter sido ótima, dado um tempo de tela ininterrupto, mas ele e os outros atores ficam em segundo plano com a palavra falada. Os personagens secundários são tão subutilizados que não podemos vê-los como mais do que fugazes encontros que servem para aprofundar o desânimo. Não há muitos confrontos ou interações significativas discutidas seriamente fora de sua mente. O deslumbrante oceano, a floresta e o céu filmados elucidam o raciocínio conturbado do escritor brilhante. Sua incapacidade de ajudar a si mesmo ou deixar pensamentos sobre a morte por si só fazem um passeio caótico. Ondas violentas e violentas aumentam, de forma comovente e metaforicamente, uma sensação de declínio da saúde de Kerouac. Contra a eternidade do universo, ele parece pequeno e examina sua insignificância em detalhes convincentes. Embora seja difícil gostar dele como um adicto que descuidadamente maltrata as mulheres que querem cuidar dele, suas afirmações ousadas sobre a vida envolvem o espectador em conjunto com cenas da natureza para criar um efeito profundamente simpático. A direção de Michael Polish é confiante quando olhamos para os recessos escuros da alma do artista. Diversas sequências de lapso de tempo do céu noturno repleto de estrelas são particularmente lindas, capturando o espantoso temor do mundo que Kerouac reverencia e zomba ao questionar por que o sofrimento existe. Vemos que a vivacidade que estimulou as batidas a escrever, explorar e derrubar barreiras sociais acaba matando Kerouac - um homem que não sabia como parar de pensar demais nas coisas. Que Jack só anseia por viver livremente, mas acha impossível devido a preocupações existenciais e a reputação de crítica é dolorosa. Polonês audaciosamente dando proeminência palavras Kerouac sobre tudo faz o filme inquestionavelmente único e vale a pena assistir para aqueles que querem oprimidos." (Lane Scarberry)
2013 Sundance
3311 Productions Troy Entertainment
Diretor: Michael Polish
1.637 users/ 59 face
14 Metacritic
Date 28/06/2018 Poster - ##### - DirectorChristopher NolanStarsChristian BaleHeath LedgerAaron EckhartWhen the menace known as the Joker wreaks havoc and chaos on the people of Gotham, Batman must accept one of the greatest psychological and physical tests of his ability to fight injustice.[Mov 10 Favorito IMDB 9,1/10] {Video/@@@@@} M/82
BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS
(The Dark Knight, 2008)
TAG CHRISTOPHER NOLAN
{A noite é sempre mais escura antes do amanhecer}Sinopse ''Após dois anos desde o surgimento do Batman (Christian Bale), os criminosos de Gotham City têm muito o que temer. Com a ajuda do tenente James Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), Batman luta contra o crime organizado. Acuados com o combate, os chefes do crime aceitam a proposta feita pelo Coringa (Heath Ledger) e o contratam para combater o Homem-Morcego.''
{Ou você morre um herói, ou vive tempo suficiente para ver a si mesmo se tornar o vilão} (ESKS)
{} (ESKS)
"Um grande filme de ação com elementos primorosos que caracterizam alguns clássicos do cinema americano. Tudo embalado com grandes efeitos especiais e sons. Interpretações ótimas para filmes de heróis. Mas exagera um bocado no pretensiosismo, quase cômico." (Alexandre Koball)
"Onde a trilogia de Nolan melhor funcionou. Um bom vilão, um embate de peso e a mistura ideal entre a fantasia do universo do personagem original com a roupagem moderna que Nolan aplicou a ele. Sobre ser o maior filme de super herói no cinema: não é." (Heitor Romero)
"The Dark Knight' não é apenas um filme. É um acontecimento; uma obra única sobre a qual ainda se falará durante muito tempo." (Welinton Vicente)
"Tenso, denso, intenso. Adjetivos jamais atribuíveis a filmes de heróis, este ainda apresenta atuações primorosas. Mais um belo trabalho de um grande cineasta que destaca-se pela capacidade de agregar roteiro envolvente e ótimo filme de ação." (Rodrigo Torres de Souza)
"O filme de super-heróis definitivo." (Rafael W. Oliveira)
***
"De tanto que ouvi, fui ver "Batman - O Cavaleiro das Trevas" com alguma esperança. Saí terrivelmente decepcionado. Em primeiro lugar, não existe mais Gotham City, substituída por uma grande cidade americana. A morada do Batman agora é numa cobertura, de maneira que sua silhueta vista contra a cidade faz perguntar se ali seria Nova York, sendo que um prédio ao fundo lembra bem uma das torres gêmeas. Com isso, o filme traz uma cidade real para heróis e anti-heróis alegóricos. Por quê? Não sei dizer muito bem qual a vantagem, mas o filme logo se estabelece dentro de uma linha hierárquica muito clara. Existe o prefeito, o procurador, a juíza, o futuro comissário de polícia e o Batman. Depois vem a população. É nesse mundo, em que a Máfia tem um lugar muito específico, que vai aparecer o Coringa como elemento que, dizendo-se anarquista, prega o caos, via o terror. O terror será subsidiariamente, sua maneira de apostar que a natureza humana é insustentável (o que tornaria inúteis os heróis). Essa fabulação tem um fim político preciso, é: combater o mal absoluto tem um custo, que consiste em viver nas sombras. Esse é o preço pago por Batman, mas, se formos pensar bem, há um outro personagem atual que pode reivindicar tal papel, e atende por George W. Ao novo Batman me parece que falta um mínimo de elegância. Começa como um policial qualquer, bem urbano, retirando todo encanto de fabulário e alegoria que um dia possa ter tido (nas mãos de Tim Burton, sobretudo, mas até na do diretor seguinte a coisa corria mais agradavelmente). Impõe um tom gratuitamente crispado, fazendo do Coringa uma espécie de serial killer psicopático, ou seja, alguém que, por fugir ao normal, vale tudo para combatê-lo. E todo o tempo o espectador pode se dizer: vale tudo para destruí-lo. Por todos os motivos essa é uma prioridade zero. Um cara assim não se prende, se mata etc. Por fim, voltando ao princípio, e passando por todas as piruetas do roteiro para chegar ao atrapalhado final, algo permanece intocado: durante todo o filme torci para que algo viesse a desequilibrar a escala de poder. Nada. Nenhum traidor, exceto guardas ou coisas assim O poder na não-Gotham City de Christopher Nolan é irretocável. A destruição de metade do rosto do promotor não é senão uma dessas piruetas, não tem efeito prático nenhum. Toda a dúvida moral criada pelo Coringa cai em cima das pessoas comuns. Que elas o neguem no final, in extremis, não tem relevância maior: o importante, a afirmação de que o mundo é mesmo uma coisa sórdida, e que o trabalho dos verdadeiros heróis é necessariamente um trabalho sujo, está lá. O caráter de filme policial realista enxertado de seres alegóricos é essencial para chegar a esse resultado. Dizem que este é o Batman de Frank Miller (e o Coringa também). Talvez seja isso mais que tudo. Aquele Sin City já era isso e não engoli de jeito nenhum. É um investimento no pior, na baixeza, na podridão." (* Inácio Araujo *)
''Roger Ebert entendeu de primeira. “Batman deixou de ser uma história em quadrinhos”, escreveu o lendário crítico de cinema quando do lançamento de “Batman, o Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan, em 18 de julho de 2008 [simultaneamente no Brasil e nos EUA].
Em lugar disso, ele viu “um filme soturno que vai além de suas origens e se torna uma envolvente tragédia... Esse filme, e Homem de Ferro, em menor grau, redefiniram as possibilidades dos filmes baseados em quadrinhos. Quando “Batman, O Cavaleiro das Trevas” chegou aos cinemas, dez anos atrás, o “filme de quadrinhos” já havia atingido alguns picos criativos, entre os quais os dois primeiros filmes da série Super-Homem, nos anos 70; o “Batman” de Tim Burton, em 1989; o primeiro X-Men, de Bryan Singer; e Homem-Aranha, com direção de Sam Raimi. Mas em 2008, ainda que “Homem de Ferro”, de Jon Favreau, tivesse dado início ao universo cinematográfico Marvel naquele mesmo verão, o cinema de super-heróis não tinha grande respeitabilidade artística. Em termos de arte, era visto como mero cinema pipoca, incapaz até mesmo de se elevar ao patamar de Star Wars, na opinião de muitos críticos e espectadores. Nolan, seu irmão e roteirista Jonathan Nolan e o diretor de fotografia Wally Pfister mudaram muito as perspectivas usuais sobre os filmes baseados em super-heróis. Sua continuação sombria para a saga de Batman - o primeiro longa a usar extensamente a influente tecnologia de câmera Imax - foi um sucesso crítico, conquistou oito indicações ao Oscar e levou duas estatuetas, entre as quais uma póstuma, para o desempenho assustador e emblemático de Heath Ledger como o Coringa. Mas será que uma produção tão depressiva seria capaz de levar multidões ao cinema em pleno verão? Como escreveu o jornal Wall Street Journal na época, o filme todo é um experimento social em escala mundial, uma tentativa dispendiosa de ver se a audiência vai aparecer para assistir a um épico baseado em quadrinhos que vai bem além da escuridão e mergulha num abismo infernal, com paradoxos sombrios, traições infindas e corrupção generalizada. O filme, é claro, também foi sucesso comercial, tornou-se o primeiro filme de super-herói (e o quarto da história) a superar a marca de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais. Levada em conta a inflação, “O Cavaleiro das Trevas” é um dos filmes de super-herói de maior sucesso na história, e se equipara a recentes sucessos monumentais como Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita. O filme conquistou tanto respeito que o fato de que não tenha sido indicado ao Oscar de melhor filme naquele ano [vencido por Quem Quer Ser um Milionário?] costuma ser mencionado como motivo para que a Academia mudasse suas regras e permitisse que até dez trabalhos passassem a ser indicados para o prêmio de melhor filme, a cada ano. Em retrospecto, ter sido esnobado na categoria de melhor filme só serviu para reforçar a reputação de “Batman, O Cavaleiro das Trevas” como obra-prima. Para muitos fãs, é um trabalho superior a filmes posteriores e aclamados de Nolan, como “A Origem” e Dunkirk (este último trouxe a Nolan sua primeira indicação ao Oscar de direção). Mas passada uma década, vale a pena refletir sobre os preconceitos que o filme enfrentou de parte da crítica na época de seu lançamento, e como alguns dos mais renomados críticos de cinema americanos do período não foram capazes de apreciar o que Nolan realizou. Alguns jornalistas, embora elogiassem o desempenho hipnótico de Ledger, viram pouco mais a destacar nesse Batman soturno. Ebert foi um dos críticos que articularam os motivos para que o segundo filme de Nolan em sua trilogia Batman se destacasse de seus predecessores, escrevendo que “é costumeiro que um filme baseado em quadrinhos mantenha certa distância da ação, e que encare tudo através de uma tela sofisticada. Mas '‘O Cavaleiro das Trevas’' abandona essas defesas e nos engaja... Porque esses e outros atores são tão potentes, e porque o filme não permite que seus espetaculares efeitos especiais se sobreponham às pessoas, o efeito profundo do drama sobre nós causa surpresa. Stephen Hunter, meu antigo colega no caderno de estilo e principal crítico do Washington Post uma década atrás, estava entre aqueles que acreditavam que, ainda que tivesse alguns pontos altos, o filme deixava a desejar. É porque o desempenho de Ledger é tão intenso e tão duradouro; é porque por trás da máscara insana, seu trabalho como ator é sutil e nuançado, forte a ponto de apagar todas as lembranças do australiano bonitão que existe por trás do personagem, escreveu Hunter. Mas essa realização teve seu preço, aos olhos do crítico. O desempenho dele é também a coisa mais interessante do filme e quando o Coringa não está na tela, a história perde a maior parte de sua energia e dinamismo, escreveu. Michael Sragow, do jornal Baltimore Sun, por sua vez, detonou a história arrastada e previsível. “‘Batman, O Cavaleiro das Trevas’ é um trabalho bonito e bem realizado, mas me levou da absorção ao cansaço em 20 minutos.” É um choque - e um choque muito efetivo - ver um vilão de quadrinhos agindo como um cão de aluguel em um filme de Quentin Tarantino”, descreveu David Edelstein na revista New York. “Mas o efeito da novidade passa logo, e a falta de imaginação do filme, visualmente e em todos os demais sentidos, se torna cansativa. ‘Batman, o Cavaleiro das Trevas’ é barulhento, confuso e sádico”, completou. Marc Savlov, do Austin Chronicle, adotou tom semelhante. “Há algo de intangível que falta em '‘O Cavaleiro das Trevas’'. Apesar de todo o seu ruído e estrondo, das tomadas fantasmagoricamente belas de Batman, com a capa estendida, o filme de Nolan parece gélido, desconfortável. Para David Ansen, da revista Newsweek, a escuridão impediu que ele curtisse o filme. Não há uma gota de leveza no super-herói tenso e angustiado de Bale, e quando começa a segunda metade desse filme de duas horas e meia, a intensidade invariável e as sequências de ação ocasionalmente confusas causam cansaço”, ele escreveu. “É possível sair da sala mais exausto que entusiasmado. Nolan quer provar que um filme de super-herói não precisa ser descartável e sua ambição é admirável. Mas estamos falando de Batman, não de Hamlet. Pode ser besteira da minha parte, mas eu gostaria que o filme tivesse momentos mais leves. David Denby, da revista New Yorker, apreciou o trabalho de Ledger e alguns dos efeitos especiais, mas não viu coisa alguma de bom em Bale. É um conflito dramático que poderia funcionar, mas apenas metade da dupla é capaz de atuar. Christian Bale é um Bruce Wayne plácido, um cavalheiro elegante em terno Armani, com os cabelos perfeitamente penteados. Como Batman, ele é mais urgente, mas pronuncia todas as suas falas em voz rouca, com uma inflexão que jamais varia. É um desempenho dedicado mas desinteressante, e ele sempre termina sobrepujado pelo excelente Ledger... [cujo] trabalho é um ato final heroico e perturbador: um jovem ator contemplando o abismo. E Denby encerrou seu texto com uma pá de cal para o filme: “Batman, O Cavaleiro das Trevas'’ foi produzido em uma era de terror, mas não está combatendo o terror; na verdade, o abraça e pratica, enquanto garante, de modo muito calculista, que haja uma base para a próxima etapa dessa série corporativa”. (Paulo Migliacci)
Aventura unida a um roteiro que entusiasma, dessa vez Batman enfrenta o seu melhor inimigo.
''Nunca li HQs do Batman. Minha relação com esse personagem foi forjada por séries de TV, desenhos animados e as diversas versões cinematográficas que apareceram durante a década de 1990 e depois dela. E talvez por não conhecer a verdade de sua história, o Homem Morcego nunca pareceu grande coisa pra mim. Até que há uns meses atrás assisti Batman Begins na preparação para escrever sobre a continuação dessa história. E todo o significado desse personagem se reorganizou dentro de mim, pois finalmente entendi seus motivos, medos e estratégias. Com roteiro bem desenvolvido e amarrado, esse primeiro filme da nova franquia Batman quando pecou foi pela falta de carisma tanto da bela mocinha interpretada por Katie Holmes quanto pelos inimigos meio apagados, longe daqueles vilões clássicos que se costuma lembrar quando se pensa em Bruce Wayne e seus inimigos. Aí é que se abre um novo capítulo dessa história, e seu nome é Batman, o Cavaleiro das Trevas. A tão aguardada seqüência para o filme de 2005 que muitos já elogiaram antes de mim, o que me poupa algumas linhas. Tornar contemporânea a história desse herói e ainda assim guardar a essência de seu universo fictício são algumas das qualidades que o segundo filme herda do primeiro. Principalmente no que diz respeito ao personagem de Heath Ledger, o Coringa. E pra falar dele, vou começar um parágrafo novo. Não é bobagem dizer que a morte de Ledger adicionou a sua atuação como Coringa uma camada extra de interesse, já que antes mesmo disso a crítica já o vinha cobrindo de elogios respeitantes a este trabalho. No encalço de sua morte e à medida que se aproximava a estréia do filme, os rumores sobre o brilhantismo de sua atuação apenas cresceram e minha atitude diante disso foi de descrença, ou seja, só vendo pra crer. Não que eu duvide do talento deste ator, muito pelo contrário, mas alguém já disse que toda a unanimidade é burra. Depois de assistir a atuação de Ledger, Nelson Rodrigues que me desculpe, mas algumas unanimidades devem ser mesmo respeitadas. Não vou entrar no mérito de comparação entre o Coringa de Ledger e o de Jack Nicholson, porque ambos são visões diferentes do mesmo personagem e ambos devem ser respeitados como tal, pelo bom trabalho apresentado. Mas, quando você estiver na sala de exibição, durante uma das cenas de Heath Ledger tente se perguntar o seguinte: como um ator constrói um personagem já carimbado com a representação de outro? A resposta é esse Coringa tão louco quanto sensato, muito mais psicologicamente complexo, demonstrando a naturalização de uma loucura que não conhece barreiras. Alguém que não tem mais nada a perder e lá a seu modo tem momentos engraçados e apaixonados. Muito mais confuso do que o próprio personagem é enxergar na atuação de Ledger a naturalização de um personagem que de dentro pra fora traz à tona vários sentimentos, digamos, inadequados à convivência social, pois seu problema é justamente a descrença a respeito dos seres humanos, e ao sair do cinema fica aquela pergunta: será que Ledger não conseguiu superar o Coringa que saiu de dentro dele? Mais curiosa a coisa fica quando se sabe que, perguntado sobre porque Heath Ledger para o papel de Coringa, Christopher Nolan tenha dito: porque ele não tem medo!Deixando de lado as especulações, vamos inserir esse personagem no filme: fazendo um link com o primeiro filme, em cujo final já sabemos da existência do Coringa, Bruce Wayne (Christian Bale) continua sua jornada pela limpeza de Gotham com a ajuda dos amigos, o comissário Gordon (Gary Oldman), enquanto o Coringa (Heath Ledger) vem comendo pelas beiradas, estabelecendo o caos como elemento surpresa. Em meio ao jogo de poder da máfia que domina a cidade, outro personagem também encontra seu lugar nas manchetes, o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart), que vai construindo sobre si a imagem de homem justo e corajoso no combate jurídico – e não corporal – contra esta mesma máfia. Numa trama de muitos personagens, todos têm seu momento e todos em determinado momento se vêem conectados. E estamos falando de uma trama intensa, onde Bruce Wayne se vê dividido entre continuar sua jornada como Batman ou ajudar Dent a substituí-lo como herói em Gotham; em que ele encontra o seu mais difícil e mais semelhante inimigo (o próprio Coringa dirá de que maneira eles se completam); em que mais uma vez Rachel Dawes (Maggie Gyllenhaal) contribui com aspectos amorosos aos já muitos problemas de Bruce; o Homem-Morcego sendo condenado por suas ações e viajando para bem longe de Gotham, em cenas que fazem lembrar os bons filmes de espionagem, com gadgets e binóculos e tudo mais. E estamos falando de um filme com 142 minutos, onde encontramos aventura, romance, intrigas políticas, tramas policiais, espionagem, humor, terror (e se me permitem uma auto correção) numa trama não só de muitos personagens, mas de muitas intenções e uma boa dose de psicologismo e algum debate sobre a maldade (dessa vez levada com seriedade) que tornam a trajetória deste Cavaleiro algo realmente sombrio. Mais interessante é que o psicologismo não se restringe aos personagens principais, mas todos, desde o comissário Gordon até mesmo Lucius (Morgan Freeman) e Alfred (Michael Cane) se vêem encurralados por decisões que precisam ser tomadas e cujas conseqüências marcarão definitivamente a vida dos envolvidos, assim como reforçarão o caráter de seus responsáveis; e é aqui que conceitos como bondade e justiça serão debatidos não com o costumeiro maniqueísmo de sempre, mas sob a luz de que tudo que existe guarda em si a essência do bem e do mal. Um grande filme de herói baseado num roteiro bem escrito, na fidelidade ao universo do personagem principal e cuja moral nos lembra que o conceito de herói diz respeito à uma pessoa cuja sorte incomum é saber-se capaz de suportar tudo que há de bom e ruim no caminho de salvar algo ou alguém. E nesse caso, Gotham City tem no mesmo homem seu herói e seu vilão, pois ele é o único capaz de ser para esta cidade qualquer papel que ela exija dele." (Geo Euzebio)
Um blockbuster que pode ser visto com o coração.
''Com a estréia do filme mais aguardado do ano, finalmente o suplício da espera terminou. Lançado com grandes expectativas por parte da trinca: produtores, público e crítica, o filme promete ser o “arrasa quarteirões” de maior sucesso da temporada. Vale destacar que não apenas o competente filme anterior que deixou os fãs com gosto de quero mais é responsável por toda essa ansiedade em torno da estréia, mas especialmente a morte de Heath Ledger no início desse ano. Se sua atuação como o Coringa já era esperada antes de seu falecimento, após o incidente ela tem a chance de se tornar antológica. E não falta torcida por um possível Oscar póstumo em 2009. O Homem Morcego retorna tão humano quanto fora apresentado no filme anterior, Batman Begins, responsável pela repaginação do personagem através de uma viagem por suas origens. Em o Cavaleiro das Trevas, a dupla formada pelo diretor Christopher Nolan e o intérprete de Bruce/Batman, Christian Bale, elogiada no último filme está de volta. Além deles, retornam também Gary Oldman como Jim Gordon, Morgan Freeman como Lucius e claro, Michael Caine no papel de Alfred, o mordomo paternal e protetor de Bruce. Com o competente roteiro que gira em torno da queda de confiança do povo de Gotham em relação à Batman, mesmo Bruce Wayne passa a crer que o que a cidade realmente precisa é de um homem corajoso como Harvey Dent, o promotor de rosto à mostra, que além de ensaiar um romance com Rachel, ainda consegue tempo para mandar grande parte dos criminosos da cidade para o xadrez. Sobre as atuações, o destaque (como não poderia deixar de ser) é a emocionante atuação de Heath Ledger como o Coringa, através de sua interpretação, o finado ator consegue construir um personagem que é ao mesmo tempo maléfico, intrigante, divertido, e durante uma explicação em torno de sua cicatriz ainda é capaz de inspirar a misericórdia do público. No entanto, o Coringa não é o único personagem que merece destaque. Tanto Aaron Eckhart como o bom homem que se tornará o vilão Duas Caras, quanto Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes, a eterna paixão do protagonista e o próprio Bruce/Batman de Bale, cumprem seus papéis com maestria, sem querer deixar de lado outros personagem como o Jim Gordon de Gary Oldman e o mordomo Alfred de Caine. Diferentemente dos anteriores da franquia, exceto por Begins, o Cavaleiro das Trevas é aparentemente menos sombrio que seus antecessores, já que a ação muitas vezes acontece à luz do dia e cada reflexão proposta pelos personagens como Ou você morre herói ou vive o bastante para se tornar vilão e Os homens são tão bons quanto o mundo permite elevam o filme à um nível tão realista que frases como estas parecem cortar rente à carne. E através da corrupção do personagem Harvey Dent, apelidado pelo povo de Gotham como O Cavaleiro Branco da cidade, é que imaginamos o conflito moral e a revolta de um homem que perdeu tudo, do amor à sua bem delineada aparência humana, e por pouco também sua honra e dignidade. A trilha sonora composta por Hans Zimmer e Jonathan Newton Howard (os mesmos de Batman Begins) contribui com a ação física e emocional do filme, elevando o tom apoteótico e pessimista de um povo assustado, vivendo numa cidade governada pela anarquia imposta pelo vilão maquiado. O novo Batman é um blockbuster com coração e personalidade, coisa extremamente rara desde a invenção do gênero nos anos 70 com o primeiro filme da famosa franquia de George Lucas, Star Wars. Na película são discutidos temas essencialmente humanos como honra, lealdade, amizade, bondade e justiça. Se o conselho direcionado ao público desses filmes costuma ser um imperativo do tipo deixe o cérebro em casa e vá ao cinema, então para o Cavaleiro das Trevas meu conselho ao público é que levem o cérebro e o coração, ainda que possam ter o miocárdio maltratado pela perda de um jovem carismático e talentoso ator, cuja interpretação de um famoso vilão poderá entrar para história. E apesar de morto, ele passa a integrar uma seleta gama de Olimpianos do Cinema, que viverão para sempre em nossa memória coletiva." (Rafaela Zampier)
Muito mais que uma mera peça de entretenimento.
''O novo filme do Batman, um dos heróis de quadrinhos mais famosos e icônicos de todos, realmente redefine o personagem a um status equiparável à densidade e complexidade que seu universo requer, sobrepujando inclusive as prévias feitas em torno do mesmo. Ora... Por que tão sério? Vamos pôr um sorriso nesse rosto! Sorria, sorria mesmo, aproveite cada minuto desta grande homenagem do diretor Christopher Nolan ao homem-morcego e vibre com cada frase de efeito. E por mais quadradas que pareçam ser as primeiras linhas dessa crítica, elas não deixam de ser verdade. Falando com tanto entusiasmo pareço ser ou um fã inveterado do personagem ou alguém que foi altamente influenciado pela expectativa em torno do filme. Bom, conheço Batman o suficiente apenas para saber alguns elementos que fazem parte de sua história e, na verdade, ele é um dos poucos heróis que pelo menos sei alguma coisa a mais justamente por causa de sua fama. Portanto não chego a ter uma relação de idolatria com ele, apenas uma admiração passiva. Mas, por outro lado, devo admitir que fui sim influenciado por todo o hype que envolveu a produção. Todos sabem que a morte de Heath Ledger teve grande peso para atrair ainda mais os olhares para o filme ao mesmo tempo em que ouvia-se dizer que sua interpretação do Coringa era algo único. Isso aliado às imagens divulgadas de um Coringa muito diferente daquele de Jack Nicholson, este agora usando uma maquiagem impactante que realçava a sua condição de demência. Este, para mim, realmente foi um dos aspectos que mais chamou atenção. O primeiro indício de que não queriam tratar tudo aquilo como apenas uma adaptação de história em quadrinho. O que me pareceu ter potencial para ser algo difícil de se encontrar: um tremendo blockbuster com idéias inteligentes. Depois, foi com a vinda dos trailers que a idealização do que o filme poderia ser começou a se formar. E essa idealização era fantástica. Como se sabe, foi com “Batman Begins” que se inaugurou essa empreitada que agora resulta em “O Cavaleiro das Trevas”. Simplesmente o que se pode dizer é que aquilo visto antes era um esboço para o que seria apresentado ao público agora. Neste momento o grande vilão de Batman é colocado em cena justamente para tornar tudo ainda mais épico. E, então, apenas dessa forma é aberto o precedente para finalmente mostrar que toda aquela antecipação era acertada, para provar que um filme, por mais que tenha os mais básicos elementos de um cinema-pipoca, consegue ter idéias originais e um roteiro altamente intrincado. Bom, é lógico que todas essas coisas não acontecem por causa do Coringa, mas ele é o pontapé inicial para grande parte da inventividade do filme. Em primeiro lugar, o personagem de Heath Ledger dá combustão aos acontecimentos. Ele torna tudo muito mais intenso. Ele é caótico, é o anti-Batman, o completo (talvez não tão completo assim) oposto. E este é um vilão que, como a essa altura todo mundo já sabe, foi completamente personificado. Falar da atuação de Ledger já é chover no molhado. Nem vou falar que ele “rouba a cena” pra não cair na mesmice. Mas, enfim, desde seus trejeitos ao olhar psicótico do Coringa, o ator mostra toda sua capacidade e como realmente trabalhou o personagem. Mas mesmo sendo um dos grandes pilares de toda a trama, ele não carrega tudo sozinho, o que é ótimo. Todos desempenham papéis essenciais no desenvolvimento da história e cada um tem pelo menos um grande momento em cena. Christian Bale mais uma vez com seu Batman imponente de voz visceral prova que sabe vestir a roupa do homem-morcego. Aaron Eckhart consegue realizar muito bem o desenvolvimento desvirtuoso do promotor público Harvey Dent. Gary Oldman como o comissário Gordon também tem uma participação muito mais presente. Até o famigerado mordomo Alfred (Michael Caine) tem sua importância ao incutir sua sabedoria em Bruce Wayne. E é nesse ponto que o roteiro também mostra estar bem estruturado. Há uma interação entre os personagens que permite que seus problemas se cruzem gerando os conflitos da trama. Sim, o roteiro. Já falei dele antes e como esperava uma história mais profunda do que estamos acostumados a ver em filmes assim. Ele, sem dúvidas, também fez jus às expectativas. Primeiro que estamos falando de um filme de Christopher Nolan, responsável por Amnésia, uma das obras mais inventivas que surgiram nos últimos tempos. Ele não apenas apresenta uma quantidade de reviravoltas essenciais para dar dinâmica, sempre acontecendo uma coisa que causa movimentação e dá uma virada na situação. Até algumas soluções do roteiro apoiadas apenas na tecnologia de ponta que o Batman dispõe chegam a ser perdoáveis. Mas não, ele não se limita à ação e às intrigas, que já seria o suficiente para garantir pelo menos algumas horas de diversão em um blockbuster comum. Ouso dizer que há questionamentos sociais e psicológicos corroborados pelos diálogos impactantes e de frases bem pensadas. A ideologia do terror e do medo pensada pelo Coringa é traduzida em suas falas e não só em suas ações que geram o caos. Vou além e digo que ele chega a fazer com que o público, em momentos, reflita sobre sua própria índole e se questione até onde cada um é capaz de ir para sobreviver. Há uma fala dita pelo vilão, uma de suas primeiras e uma de suas muitas inspiradas, que serve muito bem para traduzir suas crenças: Eu acredito que aquilo que não o mata o torna mais... estranho. Até o próprio Batman e suas idéias de justiça podem ser questionadas. Até onde ele pode ir dentro da lei? Harvey Dent em determinada cena diz: Ou você morre um herói, ou vive tempo suficiente para ver a si mesmo se tornar o vilão. Os elementos acima servem para deixar claro que, mesmo sendo, este filme não é uma mera peça de entretenimento. Há algo a mais que ele procura alcançar. Não são apenas explosões, socos e chutes. Pois “O Cavaleiro das Trevas” é assim. Uma saga do crime, um tratado de elementos psicológicos, sociais e, além de tudo, um prato cheio para a diversão. Todos os outros, esqueçam. Esta é a adaptação definitiva de um herói." (Eduardo Ross)
Desespero e esperança são motivações que movimentam o mundo para a ordem ou para o caos.
''Você já viu este filme antes. Uma cidade refém da corrupção, paralisada diante da violência e do medo, sob o domínio de uma classe política voltada para seus próprios interesses antes de qualquer coisa. Uma cidade onde crianças são ameaçadas, onde cidadãos de bem, perflexos e impotentes, assistem a justiça se firmando, cada vez mais, como item de luxo para quem pode comprar. Isso é tão Gotham City, como isso é o Brasil. Situações como estas não são privilégio de lugar algum, em tempo algum porque em qualquer época há homens que só querem ver o mundo em chamas. Assim como o crime e a desordem social, Batman nunca perde sua força. O Homem Morcego talvez seja o personagens de trajetória histórica mais complexa de todos os tempos. Passou por várias fases em HQs, em desenhos animados, em séries para a televisão e mesmo no cinema. O personagem, criado por Bob Kane há 70 anos, trocou de parceiros, de uniformes, de namoradas, mas jamais deixou de ser o homem dividido entre sua concepção de justiça e seus fantasmas interiores. As histórias assumem linguagens diferentes de acordo com o veículo e a época, mas também aparecem envoltas em climas diversos. No cinema, enquanto os filmes de Tim Burton (Batman de 1989 e Batman - O Retorno de 1992) assumem uma visão rebuscada e gótica, os de Joel Schumacher (Batman Eternamente de 1995 e Batman & Robin de 1997) parecem bregas e em certos momentos beiram o mau gosto. De qualquer forma, estas são visões a serviço da indústria, pois não há como não se relacionar com ela. O diferencial de Batman Begins e do novo O Cavaleiro das Trevas é que neles o diretor Christopher Nolan concilia muito bem ficção com o contexto da sociedade atual, entretenimento com filosofia e psicologia, arte com indústria e comércio. Nada sai prejudicado. A grande sacada de Nolan foi perceber que mais do que nunca o mundo precisa de heróis e de mártires, que Batman é o mais humano de todos eles e que não há quem não se comova com sua luta e seus sacrifícios, especialmente nos dias de hoje. A nossa realidade tem elementos mais poderosos do que qualquer fantasia, o medo está nas ruas e no interior das famílias perturbadas, é difundido pelos aparelhos de TV como espetáculo. Em um mundo como o nosso a tríade violência, medo e esperança constituem matéria-prima oferecida aos montes àqueles que se dispõem a transformá-la em alguma forma de arte que retrate uma era, mas poucos conseguem. Nolan sabe que tudo é questão de tocar nos pontos certos, com a intensidade certa, ao ritmo certo. Ele é um grande conhecedor do seu ofício, das almas humanas e de como fazê-las vibrar. Se ainda há alguém que acredita que cinema de entretenimento, temas profundos e arte são incompatíveis que vá ver O Cavaleiro das Trevas. Nolan mostra que a tão polêmica indústria cultural faz arte, sim, e pode se dar ao luxo de jogar na cara das massas a essência do mundo e dos dramas humanos, mesmo quando diluída em espetáculos grandiloqüentes como este. E como é difícil não se render ao que fala a corações e mentes! Desta feita, Bruce Wayne, o garotinho que viu os pais serem assassinados e teve a infância destruída é um homem obcecado por proteger sua cidade, disposto a sacrificar a própria vida pelos seus ideais e já pagando um preço alto. Ele já parece cansado, dividido entre sua vida dupla e o anseio por viver uma existência normal ao lado da mulher amada. Para complicar, se por um lado Batman assusta os criminosos, também o faz com as autoridades e o povo de Gotham. Afinal, seria ele um justiceiro tão perigoso quanto aqueles que combate, um amigo ou uma ameaça ainda pior? Em meio às dúvidas da população, os criminosos têm certeza de que Batman é o maior inimigo e, para destruí-lo, eleva-se dentre eles o mais suicida de todos, o Coringa, aquele para quem o mau e o caos são apenas diversão. Para completar o quadro, o promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart) surge como o incorruptível homem da lei. Com o rosto à mostra e com poder legal o suficiente para começar a colocar tudo em seu devido lugar, Dent se torna não apenas a esperança de Gotham, como do próprio Bruce Wayne. O filme começa em ritmo vertiginoso. Imagens e sons surgem tão integrados que é impossível dizer o que mais faz efeito, se a brutalidade do Coringa ou a trilha sonora de Hans Zimmer e James Newton Howard. Zimmer desenvolveu os temas de O Rei Artur, O Último Samurai, Pearl Harbor, Hannibal e Gladiador. Howard, tem entre seus trabalhos mais importantes as trilhas de O Sexto Sentido, O Advogado do Diabo e O Fugitivo. Ambos têm currículos imensos e imprimiram ao Batman de Nolan um tom épico próprio de grandes temas. Deram contribuições inestimáveis, o que pode ser constatado ao se notar a diferença do efeito gerado pelas cenas de perseguição sem música e as cenas integradas à orquestrações. As imagens não ficam atrás. A Warner Bros informa que Nolan tornou-se o primeiro cineasta a usar as câmeras Imax em um longa metragem. Produzidas pela Imax Corporation, estas câmeras são utilizadas pela NASA, a agência espacial norte americana, para captação de imagens gigantes. É a mais avançada tecnologia de imagens a serviço do cinema. Nolan usou estas câmeras para filmar cenas que representam a cidade de Gotham, inclusive a seqüência inicial. Iluminação e fotografia são impecáveis. Quanto às interpretações, hoje é impossível pensar em atores mais apropriados para encarnar o Comissário James Gordon (Gary Oldman), o mordomo Alfred Pennyworth (Michael Caine) e Lucius Fox (Morgan Freeman) do que os próprios. Cada um a sua maneira fizeram trabalhos cativantes e perfeitos. Eric Roberts está habituado a personagens de má índole e se sai bem como o mafioso Salvatore Maroni. A única ressalva fica para Maggie Gyllenhaal que como Rachel Dawes não compromete, mas também perdeu a chance de brilhar e me deixou com saudades de Katie Homes. Christian Bale é um caso a parte, ele é o Batman e ponto final. É carismático, dá dignidade ao personagem, sabe soar fútil, amargurado, sedutor, violento, vulnerável e tudo na medida exata. Em um filme repleto de ótimos personagens, Bale aparece bem menos do que em Batman Begins, mas ainda assim deixa sua marca indelével. Talvez Nolan conseguisse sucesso sem Bale, mas não dá para imaginar como seria, pois o ator satisfaz a ponto de espantar cogitações. Muito se fala sobre as reações de Jack Nicholson, que foi preterido a Heath Ledger para interpretar o Coringa, mas imagino se o próprio Nicholson não se curvou à escolha de Nolan. Não se trata de um ator ser melhor do que o outro e sim de contextos diferentes e possibilidades de adaptação interpretativa diversas. O Coringa de Nicholson talvez seja a melhor coisa nos filmes sobre o Homem Morcego até Batman Begins, mas é completamente adaptado à visão de Tim Burton. Já Ledger fez um trabalho calcado em possibilidades reais, de acordo com o direcionamento de Nolan. Nesta não cabe um Coringa fanfarrão metido a malvado para entreter crianças e sim um homem além de qualquer limite, um sociopata que chega a ser engraçado em alguns momentos porque sua maldade é inocente. Ele é incapaz de qualquer empatia, de dramas morais ou misericórdia, e entre sua condição trágica e seus gestos cômicos a gente acaba rindo, como de cenas de humor negro. Em O Cavaleiro das Trevas a diferença entre o Batman e o Coringa é que o primeiro tem escolha e o segundo não. Bruce Wayne, por um senso de responsabilidade exagerado, opta por "fazer as escolhas que ninguém mais faria", enquanto o Coringa está condenado à sua falha essencial. Nos dias de hoje é até mais fácil acreditar que existam Coringas do que Batmans, mas um completa o outro e ambos são ícones do nosso tempo, assim como o "Cavaleiro Branco" Harvey Dent/Duas Caras e sua força tragicamente transformada em fragilidade. Hoje e sempre os homens fabricam seus demônios, os abrigam dentro de si ou os impõe aos outros, mas nunca se libertam deles. Desespero e esperança são motivações que movimentam o mundo para a ordem ou para o caos e do começo ao fim O Cavaleiro das Trevas deixa claro o quanto isso diz respeito a todos nós. Afora toda a comoção causada pela morte de Ledger e toda a histeria em torno da estréia do filme, considerar O Cavaleiro das Trevas a sangue frio implica superar preconceitos e reconhecer o que já nasceu clássico por força do planejamento e execução meticulosa de todos os envolvidos nesta produção. Imaginaram um universo, o construíram e o estenderam diante de nossos olhos descrentes para que víssemos o que é possível fazer, mesmo do alto da grande indústria cultural que visa o lucro antes da arte. Considerado em si mesmo, o filme trata de mitos contemporâneos, dimensionados em escala universal e atemporal, retratados com instrumentos de última geração e com competência digna de mestres. É uma obra de arte na qual o que fala mais alto, em última instância, é o conjunto formado por seus componentes e sua grandiosidade própria. Se Ledger merece um Oscar ou não, é precipitado dizer sem ao menos considerar os concorrentes. O quanto sua morte foi determinante ou não para o sucesso estrondoso do filme nunca saberemos ao certo, mas o que está claro é que o próximo Batman tem tudo para ser ainda superior a este. Isso é fácil de se constatar ao se observar a reação das pessoas ao final do filme, todas atordoadas e com muito sobre o que pensar por um bom tempo." (Helena Novais)
Uma obra-prima que extrapola a definição de filmes sobre super-heróis.
''Quando a primeira parte da trilogia O Senhor dos Anéis foi lançada, já no longínquo 2001, ficou claro que Peter Jackson havia alcançado um feito monumental. O neozelandês, com sua brilhante visão da saga de J.R.R. Tolkien, não apenas ressuscitou o gênero fantasia, como o elevou a um nível tão alto que nenhuma outra produção conseguiu alcançá-lo desde então – o que provavelmente não acontecerá por muito tempo. As batalhas magníficas, a jornada emocional e um incrível respeito pela mitologia criada pelo escritor inglês fizeram com que o épico de nove horas de Peter Jackson se tornasse referência, exemplo a ser seguido e batido por quem se aventurar pelo gênero. Pois ''Batman – O Cavaleiro das Trevas'' é para cinema de super-heróis o que O Senhor dos Anéis foi para os de fantasia. De forma rápida e direta, é o melhor filme já realizado dentro do gênero que mais dinheiro arrecada hoje em dia, o que provavelmente colocará em apuros futuras produções. O trabalho de Christopher Nolan é uma obra ambiciosa, pesada e de alcance épico que, ironicamente, encontra sua força exatamente por não parecer um filme de super-herói. Moralmente complexa, emocionalmente exaustiva e inesperadamente densa para uma superprodução norte-americana, O Cavaleiro das Trevas é a continuação perfeita para o já ótimo Batman Begins e, desde já, um dos grandes filmes dos últimos anos, quebrando qualquer barreira que o gênero impunha. Mas vamos com calma. Quando O Cavaleiro das Trevas tem início, Gotham City encontra-se dividida entre os que consideram Batman um herói e aqueles que vêem como um vilão. Atormentado por esta reação do público, Bruce Wayne não vê a hora de desistir da vida de justiceiro e viver ao lado de sua amada Rachel Dawes. A esperança surge na figura do promotor público Harvey Dent, que decide agir contra o crime organizado com a ajuda do homem-morcego e do chefe de polícia Gordon. É quando um novo criminoso chamado Coringa chega promovendo um verdadeiro caos na cidade, vendendo seus serviços aos mafiosos com a promessa de resolver os problemas deles ao eliminar Batman de uma vez por todas. Dando continuidade à abordagem psicológica desenvolvida com sucesso em Batman Begins, Christopher Nolan (a partir de um roteiro escrito por ele mesmo e seu irmão Jonathan) novamente assume um tom realista e vira seu foco para os personagens e a história. Ainda que O Cavaleiro das Trevas esteja repleto de ótimas cenas de ação, é a capacidade de Nolan em apresentar seres humanos complexos em conflito com seus próprios demônios, bem como levantar questões essenciais à natureza humana, que dão o tom do filme – abordagem, aliás, recorrente na carreira do cineasta, vide seus trabalhos anteriores, como Amnésia e Insônia, histórias ricas em personagens angustiados e com um lado sombrio proeminente. Nesta seqüência, Nolan constrói sua obra sobre três personagens principais: Bruce/Batman, Harvey Dent e Coringa. É a partir desta pirâmide que todo o resto se desenvolve, em uma crescente de desespero e angústia capaz de revelar a complexidade do ser humano e de tudo o que o cerca. Batman, por exemplo, como apresentado no filme anterior, não é somente um justiceiro mascarado, mas um homem incrivelmente traumatizado, que precisa conviver com seus próprios problemas enquanto combate nas ruas. Agora Bruce Wayne encontra-se cansado do serviço e, acima de tudo, decepcionado pela imagem que as pessoas construíram de Batman. Não era isso o que eu esperava quando quis inspirar o bem”, diz ele em certo momento. O peso da responsabilidade o atormenta e cresce gradativamente até o estágio em que fica difícil suportá-lo. Ou você morre como herói ou vive o bastante para se tornar o vilão, diz alguém. E a alma atormentada de Wayne é encarnada impecavelmente por Christian Bale. Ator extremamente talentoso, capaz de representar de forma extremamente eficaz sem qualquer espécie de afetação, Bale é a incorporação definitiva de Batman, dando um passo além do que já havia construído em Batman Begins. Se antes o que mais importava era a transformação, o fundamental agora é demonstrar a carga imensa depositada sobre os ombros do personagem, fato que Bale tira de letra. Mais do que isso, o intérprete ainda se sai muito bem sob o uniforme, atento inclusive a detalhes como a mudança do tom de voz, de forma a preservar a identidade do vigilante – o que no início causa estranheza, mas é perfeito dentro da proposta realista do filme. No entanto, se o arco dramático de Bruce Wayne é reduzido em O Cavaleiro das Trevas, o promotor público Harvey Dent preenche a lacuna. Desejoso de transferir a responsabilidade para alguém honesto e com coragem de enfrentar a escória de Gotham, Wayne encontra em Dent um símbolo de esperança, um homem no qual os cidadãos podem e devem confiar. Esta é uma das tramas principais do riquíssimo roteiro de O Cavaleiro das Trevas, dando espaço para a importância de Harvey Dent na trama. E, neste sentido, Dent torna-se o personagem com a jornada mais bem definida da produção, uma vez que termina o filme uma pessoa completamente diferente daquela do iníci. Sua trajetória – que é a representação máxima de um dos principais temas discutidos pelo roteiro, a tênue linha entre o bem o mal – precisava de uma abordagem cuidadosa para não soar falsa. É aí que surge o talento de Aaron Eckhart. Com o material riquíssimo dos irmãos Nolan e sob a batuta segura do diretor, Eckhart jamais permite que sua modificação se torne brusca ou forjada. Muito pelo contrário, é visível no rosto de Eckhart que as ações futuras de Harvey Dent são resultado unicamente de uma fúria por tudo o que aconteceu, um desejo de vingança com a qual ele não se sente bem em levar à prática. Chegamos, enfim, ao grande achado de O Cavaleiro das Trevas: o Coringa de Heath Ledger. Se o principal problema de Batman Begins era a falta de um antagonista à altura do herói, aqui o problema está resolvido. Desenvolvido com muita inteligência por Nolan e Ledger – que acertaram ao não apresentar, e até confundir, as origens do personagem, tornando-o ainda mais imprevisível e assustador –, o Coringa é o dono do filme, um verdadeiro anarquista ou, como ele próprio se classifica, “um agente do caos”. Sádico, brilhante, cruel e divertido, o Coringa de O Cavaleiro das Trevas em nada lembra aquele composto por Jack Nicholson no filme de Tim Burton; aqui, ele é um doente imprevisível, capaz de fazer qualquer coisa simplesmente pelo prazer de ver o circo pegar fogo. Interpretando Coringa com uma mistura da anarquia de Tyler Durden (Clube da Luta), o sadismo de Mickey Knox (Assassinos por Natureza) e a demência de Sid Vicious, Heath Ledger entrega, provavelmente, a interpretação mais surpreendente desde que Johnny Depp quebrou todas as expectativas com o Jack Sparrow de Piratas do Caribe. Com voz anasalada e repleto de trejeitos que o fazem lembrar um animal em seus mais primitivos instintos, como a repulsiva forma com que passa a língua nos lábios, Ledger compõe um verdadeiro e perigoso inconseqüente, que se diverte promovendo o caos (“Eu adoro este trabalho!”). Ao mesmo tempo que causa repulsa e nervosismo, Ledger atrai o olhar do espectador, que fica tenso pela sua próxima ação, porém fascinado pela imagem perturbadora daquele ser. Uma grande atuação e um vilão já antológico. Porém, não é só na construção dos personagens que Nolan demonstra um olhar diferenciado, mas também na relação entre eles. Este, em essência, é o verdadeiro núcleo de O Cavaleiro das Trevas e a partir de onde se sustenta toda a estrutura do filme. A dicotomia entre Batman e o Coringa, por exemplo, é nada menos que genial, diferente de qualquer outro antagonismo já desenvolvido entre herói/bandido. O palhaço nada mais é do que uma conseqüência das ações do morcego – e as mortes originadas por isso são outro peso para Wayne – e a genialidade doentia do primeiro só encontra sentido com um oponente à altura, como Batman. Aliás, é daí que sai uma das melhores falas do filme, quando o Coringa diz para o herói: Você me completa. Quem diria que o palhaço do crime seria fã de Jerry Maguire? O Cavaleiro das Trevas, porém, não é uma obra reflexiva e arrastada, procupada apenas em desenvolver os personagens. A trama que impulsiona tais relações é igualmente elaborada e surpreendente, uma verdadeira e grandiosa saga sobre o crime nos moldes de grandes clássicos do cinema policial. Há de tudo no roteiro dos Nolan, desde corrupção policial, presença da máfia e as conseqüências desta existência na vida das famílias das vítimas. É um enredo gigantesco, tanto em acontecimentos quanto em pretensos, repleto de reviravoltas, com dezenas de coisas acontecendo ao mesmo tempo e centenas de personagens ganhando a tela e com papel crucial na narrativa. E o melhor: tudo amarrado de forma magistral, sem uma única subtrama sobrando ou causando tédio. E aí entra, novamente, o talento de Chistopher Nolan como diretor. À medida que as ações e os acontecimentos vão se acumulando, tudo parece se encaminhar para um desastre total, tanto na história quanto no próprio filme. O segundo jamais acontece. O clima de caos total que o Coringa faz despertar em Gotham não reflete na narrativa, exemplarmente dominada pela mão firme de Nolan. O cineasta tem o controle completo daquilo que quer transmitir e jamais dá um passo em falso, construindo a obra em um crescendo de emoções e reflexões que fazem o espectador se questionar se aquilo que está na tela é realmente um filme de super-herói ou um drama de contundente força emocional. Muito disso se deve também à já citada ambientação realista proposta por Nolan. Ao tratar seus personagens como pessoas reais, com defeitos e problemas, O Cavaleiro das Trevas se aproxima de nosso mundo, causando identificação imediata com a platéia. Bruce Wayne, por exemplo, é um homem repleto de feridas – tanto físicas quanto psicológicas –, portanto vulnerável, e não um super-herói com poderes. Desta forma, a tensão aumenta e as emoções crescem, fato realçado também pela opção do cineasta em filmar as cenas da forma mais orgânica possível, apelando para computação gráfica somente quando estritamente necessária. Assim, O Cavaleiro das Trevas assume um clima sujo, real, de verdadeiro perigo, como se a vida de todos os personagens estivesse constantemente ameaçada. Nolan ainda demonstra imensa qualidade no aspecto técnico da produção. Desde a impressionante direção de arte à fotografia escura, representando os sentimentos dos personagens, O Cavaleiro das Trevas é um primor. Mais do que isso, o cineasta constrói planos com inteligência e filma algumas cenas de maneira brilhante, sejam as seqüências de ação (como a espetacular pirueta do caminhão), sejam os momentos mais íntimos (como a maneira como retrata Wayne sofrendo uma morte, sentado em sua mansão com a cidade que ousou proteger e que muito lhe custou em segundo plano). No entanto, o meu momento favorito é a maravilhosa explosão de um hospital, uma cena fabulosa que parece ter sido realizada em curto plano-seqüência, contando também com a inspirada presença em cena de Ledger. Mas ainda há mais, muito mais em O Cavaleiro das Trevas. Deixando de lado a superficialidade da maioria dos filmes do gênero e ousando vôos ainda mais altos que o já inteligente X-Men 2, a produção se aprofunda não apenas na mente e nos corações tortuosos de seus personagens, mas também em densas questões de moral e ética. Em O Cavaleiro das Trevas, não há a simples diferenciação entre o bem e o mal. Ao contrário, o que o filme defende é que todo ser humano é capaz dos atos mais sórdidos quando impulsionado – na realidade, esta parece ser a verdadeira e única motivação do Coringa, que se extasia ao levar um dos personagens à perdição e ao colocar milhares de pessoas de dois barcos em contato com o lado mais escuro de suas naturezas. Como conseqüência, O Cavaleiro das Trevas não se resume a heróis combatendo os vilões para livrar a sociedade de um plano maligno. Nada no filme é simples assim. Aliás, nem os próprios mocinhos e bandidos são tão bem definidos, com um sempre trazendo dentro de si algo que deveria pertencer ao outro. Todos os atos têm conseqüências, muitas vezes trágicas, os sentimentos se atropelam e o sacrifício não é um ato honrado, mas uma opção dolorosa, que traz cicatrizes. Além disso, existem fortes críticas sociais, como a invasão de privacidade, outro momento no qual as questões éticas são trazidas à tona, desta vez através do sempre correto e sensato Lucius Fox. E já que mencionei isto, o espaço dedicado aos personagens secundários é igualmente expandido em relação a Batman Begins. Em O Cavaleiro das Trevas, todos têm oportunidade de brilhar e desempenhar algum papel na trama, ao invés de apenas figurar como coadjuvantes de luxo. Isto vale tanto para o já citado Lucius Fox, quanto para a Rachel Dawes de Maggie Gyllenhal, o Alfred do impecável Michael Caine e o comissário Gordon, interpretado de forma eficaz por Gary Oldman. Mais do que isso, o roteiro ainda guarda grandes frases, desde as que já nascem clássicas (Por que tão sério?) àquelas que parecem ter sido retiradas de uma grande obra de literatura (A noite é sempre mais escura antes do amanhecer, belíssima e perfeita dentro do contexto da obra). Exceto por um outro exagero desnecessário, O Cavaleiro das Trevas é uma verdadeira obra-prima e o melhor filme do ano até aqui ao lado do igualmente ambicioso Sangue Negro. Quem espera um filme-pipoca para levar as crianças vai se surpreender ao encontrar uma obra pesada, profundamente reflexiva e que exige muito do espectador em termos emocionais. O sentimento ao final da sessão não é a de ter assistido um superprodução bacana, mas de ter passado por uma experiência difícil, tamanha a carga dramática do filme. O Cavaleiro das Trevas não é um filme de super-heróis, mas um conto moral sobre culpa, crime, maldade e a verdadeira natureza do ser humano. Apenas acontece de, no meio, ter um maluco correndo e pulando de máscara e capa preta." (Silvio Pilau)
''Roger Ebert entendeu de primeira. “Batman deixou de ser uma história em quadrinhos”, escreveu o lendário crítico de cinema quando do lançamento de “Batman, o Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan, em 18 de julho de 2008 [simultaneamente no Brasil e nos EUA]. Em lugar disso, ele viu “um filme soturno que vai além de suas origens e se torna uma envolvente tragédia... Esse filme, e Homem de Ferro, em menor grau, redefiniram as possibilidades dos filmes baseados em quadrinhos. Quando “Batman, O Cavaleiro das Trevas” chegou aos cinemas, dez anos atrás, o filme de quadrinhos já havia atingido alguns picos criativos, entre os quais os dois primeiros filmes da série Super-Homem, nos anos 70; o Batman de Tim Burton, em 1989; o primeiro X-Men, de Bryan Singer; e Homem-Aranha, com direção de Sam Raimi. Mas em 2008, ainda que “Homem de Ferro”, de Jon Favreau, tivesse dado início ao universo cinematográfico Marvel naquele mesmo verão, o cinema de super-heróis não tinha grande respeitabilidade artística. Em termos de arte, era visto como mero cinema pipoca, incapaz até mesmo de se elevar ao patamar de Star Wars, na opinião de muitos críticos e espectadores. Nolan, seu irmão e roteirista Jonathan Nolan e o diretor de fotografia Wally Pfister mudaram muito as perspectivas usuais sobre os filmes baseados em super-heróis. Sua continuação sombria para a saga de Batman - o primeiro longa a usar extensamente a influente tecnologia de câmera Imax - foi um sucesso crítico, conquistou oito indicações ao Oscar e levou duas estatuetas, entre as quais uma póstuma, para o desempenho assustador e emblemático de Heath Ledger como o Coringa. Mas será que uma produção tão depressiva seria capaz de levar multidões ao cinema em pleno verão? Como escreveu o jornal Wall Street Journal na época, o filme todo é um experimento social em escala mundial, uma tentativa dispendiosa de ver se a audiência vai aparecer para assistir a um épico baseado em quadrinhos que vai bem além da escuridão e mergulha num abismo infernal, com paradoxos sombrios, traições infindas e corrupção generalizada. O filme, é claro, também foi sucesso comercial, tornou-se o primeiro filme de super-herói (e o quarto da história) a superar a marca de US$ 1 bilhão nas bilheterias mundiais. Levada em conta a inflação, “O Cavaleiro das Trevas” é um dos filmes de super-herói de maior sucesso na história, e se equipara a recentes sucessos monumentais como Pantera Negra e Vingadores: Guerra Infinita. O filme conquistou tanto respeito que o fato de que não tenha sido indicado ao Oscar de melhor filme naquele ano [vencido por Quem Quer Ser um Milionário?] costuma ser mencionado como motivo para que a Academia mudasse suas regras e permitisse que até dez trabalhos passassem a ser indicados para o prêmio de melhor filme, a cada ano. Em retrospecto, ter sido esnobado na categoria de melhor filme só serviu para reforçar a reputação de “Batman, O Cavaleiro das Trevas” como obra-prima. Para muitos fãs, é um trabalho superior a filmes posteriores e aclamados de Nolan, como A Origem e Dunkirk (este último trouxe a Nolan sua primeira indicação ao Oscar de direção). Mas passada uma década, vale a pena refletir sobre os preconceitos que o filme enfrentou de parte da crítica na época de seu lançamento, e como alguns dos mais renomados críticos de cinema americanos do período não foram capazes de apreciar o que Nolan realizou. Alguns jornalistas, embora elogiassem o desempenho hipnótico de Ledger, viram pouco mais a destacar nesse Batman soturno. Ebert foi um dos críticos que articularam os motivos para que o segundo filme de Nolan em sua trilogia Batman se destacasse de seus predecessores, escrevendo que “é costumeiro que um filme baseado em quadrinhos mantenha certa distância da ação, e que encare tudo através de uma tela sofisticada. Mas ‘'O Cavaleiro das Trevas'' abandona essas defesas e nos engaja... Porque esses e outros atores são tão potentes, e porque o filme não permite que seus espetaculares efeitos especiais se sobreponham às pessoas, o efeito profundo do drama sobre nós causa surpresa. Stephen Hunter, meu antigo colega no caderno de estilo e principal crítico do Washington Post uma década atrás, estava entre aqueles que acreditavam que, ainda que tivesse alguns pontos altos, o filme deixava a desejar. É porque o desempenho de Ledger é tão intenso e tão duradouro; é porque por trás da máscara insana, seu trabalho como ator é sutil e nuançado, forte a ponto de apagar todas as lembranças do australiano bonitão que existe por trás do personagem”, escreveu Hunter. Mas essa realização teve seu preço, aos olhos do crítico. O desempenho dele é também a coisa mais interessante do filme e quando o Coringa não está na tela, a história perde a maior parte de sua energia e dinamismo, escreveu. Michael Sragow, do jornal Baltimore Sun, por sua vez, detonou a história arrastada e previsível. ''Batman, O Cavaleiro das Trevas'' é um trabalho bonito e bem realizado, mas me levou da absorção ao cansaço em 20 minutos. É um choque - e um choque muito efetivo - ver um vilão de quadrinhos agindo como um cão de aluguel em um filme de Quentin Tarantino”, descreveu David Edelstein na revista New York. “Mas o efeito da novidade passa logo, e a falta de imaginação do filme, visualmente e em todos os demais sentidos, se torna cansativa. ''Batman, o Cavaleiro das Trevas'' é barulhento, confuso e sádico, completou. Marc Savlov, do Austin Chronicle, adotou tom semelhante. Há algo de intangível que falta em ''O Cavaleiro das Trevas''. Apesar de todo o seu ruído e estrondo, das tomadas fantasmagoricamente belas de Batman, com a capa estendida, o filme de Nolan parece gélido, desconfortável. Para David Ansen, da revista Newsweek, a escuridão impediu que ele curtisse o filme. Não há uma gota de leveza no super-herói tenso e angustiado de Bale, e quando começa a segunda metade desse filme de duas horas e meia, a intensidade invariável e as sequências de ação ocasionalmente confusas causam cansaço”, ele escreveu. É possível sair da sala mais exausto que entusiasmado. Nolan quer provar que um filme de super-herói não precisa ser descartável e sua ambição é admirável. Mas estamos falando de Batman, não de Hamlet. Pode ser besteira da minha parte, mas eu gostaria que o filme tivesse momentos mais leves. David Denby, da revista New Yorker, apreciou o trabalho de Ledger e alguns dos efeitos especiais, mas não viu coisa alguma de bom em Bale. É um conflito dramático que poderia funcionar, mas apenas metade da dupla é capaz de atuar. Christian Bale é um Bruce Wayne plácido, um cavalheiro elegante em terno Armani, com os cabelos perfeitamente penteados. Como Batman, ele é mais urgente, mas pronuncia todas as suas falas em voz rouca, com uma inflexão que jamais varia. É um desempenho dedicado mas desinteressante, e ele sempre termina sobrepujado pelo excelente Ledger... [cujo] trabalho é um ato final heroico e perturbador: um jovem ator contemplando o abismo. E Denby encerrou seu texto com uma pá de cal para o filme: “Batman, O Cavaleiro das Trevas’' foi produzido em uma era de terror, mas não está combatendo o terror; na verdade, o abraça e pratica, enquanto garante, de modo muito calculista, que haja uma base para a próxima etapa dessa série corporativa." (TWP)
81*2009 Oscar / 66*2009 Globo
Top 250#9
Top Cineplayers 300#117 (Usuários)
Top Década 2000 #31 Top Ação #16 Top Policial #34
Warner Bros. Legendary Entertainment Syncopy DC Comics
Diretor: Christopher Nolan
1.924.217 users / 1.657.475 faceSoundtrack Rock Boom Boom Satellites
39 Metacritic 88 Up 58
Date 21/07/2018 Poster - ######## - DirectorTomas AlfredsonStarsMichael FassbenderRebecca FergusonCharlotte GainsbourgDetective Harry Hole investigates the disappearance of a woman whose scarf is found wrapped around an ominous-looking snowman.[Mov 04 IMDB 5,1/10] {Video/@@@} M/23
BONECO DE NEVE
(The Snowman, 2017)
TAG TOMAS ALFREDSON
{intenso}Sinopse ''O Detetive Harry Hole (Michael Fassbender) se junta a Katrine Bratt para investigar o desaparecimento de mulheres, todas em situações parecidas (mães, negligenciadas pelos maridos). Além disso, o psicopata sempre deixa na cena do crime, um boneco de neve de aparência sinistra.''
''Quick Hit: Personagens estereotipados e confusamente editados, e um enredo que é evidente quase na metade, esse filme não vale a pena sua admissão. Eu tinha grandes esperanças para o boneco de neve , só porque eu olhei para o talento ligado ao filme. Michael Fassbender normalmente traz uma performance sólida, e eu nunca realmente odiei Toby Jones em algo. Vendo Val Kilmer em um filme prometeu algo diferente, e o diretor é Tomas Alfredson, do excelente filme vampiro Let the Right One In e do overlong, mas satisfatório Tinker Tailor Soldier Spy. No entanto, quando você é o personagem principal é Harry Hole, eu realmente não sei porque eu esperava mais. Fora de algumas risadas e algumas imagens decentemente horríveis, não há muito o que assistir neste filme. Vamos falar sobre a edição primeiro. O filme começa com uma história de origem assassina - ala Psico. Mas então nos movemos para Harry, implicando ... que ele é o assassino? Que ele compartilha um vínculo com o assassino? Eu não sei. Há um monte de decisões como esta. Em um minuto nós estamos seguindo Harry enquanto ele bebe em Oslo, e no próximo nós estamos sete anos antes de seguir Val Kilmer como um bêbado diferente. Eu vejo o que eles estavam indo, mas a execução foi terrível. As performances de atuação são tão ruins quanto a edição. Fassbender não é necessariamente terrível, mas ele não é bom, e uma cena em particular que deve ser preenchida com emoção é extremamente desinteressada e eu não tenho certeza do porquê disso. Talvez ele esteja tão entediado com o enredo, que é preenchido com um monte de bonecos de neve malvados, um assassino que parece confuso sobre o que ele está fazendo, apesar de ser o Criminal Minds / CSI / crime genérico normal . Ou talvez Fassbender estivesse tão confuso com a miríade de subtramas que aparecem e desaparecem ao acaso, com os fios da história não entrelaçados em um cobertor coerente de história, mas sim batendo na sua cara como um rabo de gato de nove subtramas. Falando em má atuação, o que aconteceu com Val Kilmer? De alguma forma, suas linhas, já entregues de forma estranha, são DUBBED. Eu não tenho certeza se o som não estava funcionando naquele dia, ou Kilmer de alguma forma apareceu com uma dor de garganta, mas é extremamente perceptível. Eu mencionei que JK Simmons está nisso? Mas de alguma forma tem ... nada a ver com nada, além de ser um idiota que tira fotos de mulheres com sua câmera em um momento bizarro, mas hilariante. O filme, que deveria ter terminado no mesmo período de um dos episódios da televisão, termina no que deveria ser tensão, mas acaba sendo ridículo e risível. Eu não consigo descobrir o que deu errado aqui, mas Afredson, jogando controle de danos, afirmou que 10 a 15 por cento do filme não foi filmado. Isso pode explicar um pouco dos problemas, mas o filme provavelmente seria, na melhor das hipóteses, mediano. Eu só posso dar um D." (David Whitley)
''Diretor de filmes para a TV e longas para cinema elogiados só em seu país natal, o sueco Tomas Alfredson foi revelado internacionalmente com a bela história de horror Deixa Ela Entrar, sobre uma vampirinha condenada à solidão de seus eternos 12 anos. Muito se esperava da continuação de sua carreira, mas o longa seguinte, O Espião que Sabia Demais, longe de ser um mau filme, foi decepcionante com sua trama de difícil compreensão e direção ríspida e pouco envolvente. Chegamos então a "Boneco de Neve", com o qual Alfredson move-se pelo thriller mais convencional, com moderado sucesso. É na verdade um desses longas que servem para atenuar o terrível verão brasileiro, ao menos subliminarmente: há neve por todo lado, e o frio chega até nós, sobretudo com o ar condicionado do cinema em pleno funcionamento. A trama se passa entre Oslo e Bergen, capital e segunda maior cidade da Noruega, respectivamente. Harry Hole (Michael Fassbender) é um detetive competente, mas em baixa pelo alcoolismo que enfrenta após ter se separado de Rakel (Charlotte Gainsbourg). Eis que ressurge um caso não resolvido de um psicopata que mata mulheres e uma detetive iniciante chamada Katrine Bratt (Rebecca Ferguson), com enorme apetite para a investigação. Harry e Katrina formam então uma dupla insólita, movida por desencontros e histórias não contadas, enquanto o serial killer corta cabeças para seus bonecos de neve. Não é bem o tipo de policial em que dois agentes são forçados a trabalhar juntos e se descobrem parceiros após um tempo. Harry e Katrina investigam com frequência de modo independente. E são até irresponsáveis nesse assunto. Talvez a maior questão do filme seja a paternidade. Ou como uma paternidade mal resolvida ou indesejada arruína todos à volta. Sobram vidas chamuscadas, até mesmo estilhaçadas por acontecimentos passados que provocaram feridas incuráveis. Os atores contribuem para que o thriller seja envolvente. Fassbender está muito bem como o detetive problemático. Ferguson encarna com garra a detetive de sangue nos olhos. Mas a performance de Val Kilmer como Rafto, o detetive problemático do passado e o primeiro a ter contato com o serial killer em questão, é um assombro. Principalmente porque ele trabalha no limite. Mais um pouquinho e fica insuportável sua interpretação, desequilibrando todo o elenco. Ao contornar esse tipo de risco e atenuar problemas de roteiro Alfredson nos entrega ao menos um filme digno. Um ensaio em branco sobre coisas que não afundam no gelo." (Sergio Alpendre)
Mais é menos.
''Parecia uma combinação impossível de dar errado. O escritor Jo Nesbø é um dos maiores e mais celebrados escritores da atualidade. O diretor Tomas Alfredson é um dos mais celebrados diretores da atualidade. Ambos são noruegueses, logo uma parceria no cinema podia ser visto até como um lugar comum, um desses casos onde a qualidade obviamente estaria impressa. A eles se juntaria Michael Fassbender, um dos grandes atores da década e pronto, um programa pra ninguém duvidar. E tinha mais: produzido por Martin Scorsese, montado pela sua eterna colaboradora Thelma Schoonmaker, fotografado por Dion Beebe, enfim... não tinha como dar errado. Pois é, deu. Um enorme fracasso de público e crítica, daqueles momentos onde se arranham muitas carreiras. Se formos analisar quesito a quesito, provavelmente não haverá uma salvação clara, já que tudo é muito comprometido. Mas um roteiro inexplicável talvez fale mais alto. Nesbø tem um personagem recorrente, o detetive Harry Hole. É aquele típico perdedor na pior fase da vida, que o filme tenta observar de maneira detalhada. Pois é, esse talvez seja um dos grandes pecados do longa. Alfredson acabou declarando que o roteiro do filme foi tão retocado que ele começou as filmagens sem um desenho final de roteiro e provavelmente deve ter rodado diretamente a partir do livro de tempos em tempos. Só isso justifica o apego a tantos elementos, alguns bastante descartáveis. A base para uma boa adaptação é a percepção do que é necessário permanecer e o que poderia ser cortado na transição. O pior resultado é achar que tudo tem importância suficiente e deve entrar, e esse parece ter sido o caso. O filme parece entulhado de personagens, cenas, situações, desdobramentos, que nunca parecem ter uma estrutura orgânica, e sim apressada e desastrada. Escrito pelos indicados ao Oscar Peter Straughn e Hossein Amini, não consigo encontrar nem vestígio do trabalho deles. Por ser um filme abarrotado, as sutilezas não conseguem ser bem defendidas ou mostradas, e a construção dos personagens acaba soando supérflua. Com isso, grandes atores como Fassbender, Charlotte Gainsbourg e Rebecca Ferguson ficam sem ter o que fazer, apenas relegados a reproduzir cenas, sem um mínimo de camada ou dubiedade. É tudo preto e branco, e não se estranha matar a charada do filme com tanta facilidade. A quantidade de personagens sem função e vazios a desfilar pela tela é de dar pena, principalmente quando eles são vividos por J. K. Simmons, Chloe Sevigny e Val Kilmer. Poucos filmes com roteiros problemáticos conseguem sobreviver a eles, as possibilidades não são nulas. Mas aqui em Boneco de Neve sempre acaba acontecendo o que não se quer. De maneira bem literal, Alfredsson não consegue transparecer nunca o autor de mão cheia que seus longas deixavam claro. Obedecendo cânones do gênero, o diretor se rende ao óbvio e também deixa a burocracia falar mais alto por aqui. Com pouca ambição artística, o filme acaba caindo num valão de mediocridade e mesmice, servindo apenas para ligeira apreciação de público sem qualquer exigência para além de sustos baratos e plot twists sem vida. Não há qualquer charme na fotografia ou na trilha sonora que coloque o filme num lugar ainda que com uma elevação, mesmo que pouca. Tendo acusado o estúdio de interferências e falta de poder decisório no corte final, que teria sido assumido pelo estúdio, não há pontos de interesse aqui mais abrangentes. É visível como o elenco se sente desconfortável em precisar reproduzir baldes de obviedade. Fassbender tem apenas uma única expressão (dor) o filme inteiro, enquanto que as mulheres que o rodeiam são variações de um mesmo tema, parecendo possuidoras de grandes momentos de internalização, quando na verdade tudo se encaminha para elas se tornarem frágeis e indefesas mocinhas, relevos que nem cabem no retrospecto dessas atrizes. O elenco no entanto é tão bom que não é de se estranhar que eles consigam criar cenas boas, dependendo só do seu talento. Irritantemente clipado por diversos momentos, ''Boneco de Neve'' além de tudo não provoca qualquer interesse durante sua projeção, pelo contrário. A mesmice generalizada e a bagunça de uma história contada com o pé no acelerador como se fosse um resumo causa afastamento inclusive emocional com o produto. Isso vindo de um material que se esperava tanto pela quantidade de talento empregado é mais que assustador, é de dar pena." (Francisco Carbone)
Universal Pictures Another Park Film Perfect World Pictures Working Title Films
Diretor: Tomas Alfredson
43.110 users / 39.775 face
40 Metacritic 852 Down 233
Date 01/10/2018 Poster - ### - DirectorSeverin FialaVeronika FranzStarsLukas SchwarzElias SchwarzSusanne WuestTwin boys move to a new house with their mother after she has face-changing cosmetic surgery, but under the bandages is someone the boys don't recognize.[Mov 04 IMDB 6,7/10] {Video/@@@@} M/81
BOA NOITE, MAMÃE
(Ich Seh, Ich Seh, 2014)
TAG SEVERIN FIALA / VERONIKA FRANZ
{psicótico}Sinopse ''Em uma casa confortável e isolada à beira do lago, os gêmeos Elias e Lukas veem a mãe com o rosto coberto de bandagens após uma cirurgia e ignorando Lukas. Ela só conversa com Elias e ordena novas regras para sua casa, pedindo silêncio, para manter as cortinas fechadas durante o dia e brincar apenas fora de casa, pois ela precisa descansar. Ela é forte com Elias e os gêmeos suspeitam que a mulher possa não ser sua mãe. Quando eles comparam fotos antigas com o rosto dela e descobrem que a casa deles está à venda na Internet, eles concluem que ela não é a mãe deles. Depois, amarram os braços e as pernas na cama e a torturam para saber onde está a mãe deles. Qual é o segredo dessa mulher?''
''Misto de 'The Others' com 'O Sexto Sentido', 'Boa Noite Mamãe' acerta quando usa suas armas a serviço do terror: o silêncio, os espaços vazios, e os olhares dos gêmeos. Já o sadismo do último terço passa do tom e compromete o impacto geral. Esperava mais.'' (Regis Trigo)
''justifique a queda na taxa de natalidade em muitos países - infantes não são tão bons como crescemos aprendendo. Aqui o clímax é telegrafado, e tira muita força do filme, que se sustenta de momentos isolados.'' (Alexandre Kobal)
"Boa Noite, Mamãe" é um exercício de sadismo cinematográfico à moda de Funny Games, do compatriota Michael Haneke. O fato de os dois filmes virem da Áustria levanta a hipótese de uma influência artística entre cineastas de diferentes gerações. Mas também a de que existe algo de perverso no caráter nacional que precisa ser desvelado por seus realizadores. No filme mais antigo, dois psicopatas aterrorizam uma família com uma série de brincadeiras cruéis em uma casa isolada à beira de um lago. No novo, dois irmãos gêmeos, de 9 anos, aterrorizam sua mãe com uma série de jogos cruéis em uma casa isolada, à beira de um lago. Portanto, "Boa Noite, Mamãe" leva o jogo de sadismo a outro nível. A crueldade agora se dá no seio da própria família, entre membros que simbolizam o paroxismo do amor: mãe e filhos. A proximidade essencial entre as duas obras talvez não seja temática, e sim estética. Nas duas, o horror é tratado com frieza cirúrgica, como um cadáver a ser dissecado. O ponto de partida de "Boa Noite, Mamãe" é a chegada da mãe à casa de campo onde estão os gêmeos, depois de uma cirurgia plástica, com faixas de gaze cobrindo sua cabeça. Não é apenas sua aparência que está mudada, mas também seu comportamento: ela trata os filhos de forma áspera e confusa. Os gêmeos Lukas e Elias desconfiam de que a pessoa que voltou do hospital talvez não seja sua mãe –e sim um um duplo perverso. Eles decidem, então, torturá-la para que confesse a farsa –até que uma virada na trama, bem conduzida pelos diretores, esclareça a situação. As cenas de violência são bastante explícitas – e particularmente cruéis por serem de filhos contra mãe. A ideia de uma mãe falsificada abre espaço para muitas interpretações sobre amor materno, traumas familiares, relações de afeto e autoridade. Mas, a partir da metade do filme, seus diretores preferem trocar essa gama de possibilidades pelo desejo mais primário de ostentar um estilo e, ao mesmo tempo, chocar o espectador. Eles conseguem cumprir as duas tarefas, mas ao custo de entregar um filme menos interessante do que a promessa inicial." (Ricardo Calil)
Tanto terror quanto drama psicótico.
''Há algo de O Iluminado em Boa Noite, Mamãe, que após rebuliço nas redes sociais no segundo semestre do ano passado (após o trailer ter viralizado, dando ao filme um certo hype) finalmente estreou no Brasil nessa segunda semana de março: embora os espaços sejam amplos, eles exercem nos personagens algum tipo de opressão aterradora. Não por acaso a fotografia do filme faz questão de contrastar obviamente a profusão de cores nos arredores da casa com o monocromatismo dos interiores. Como em O Iluminado, essa é uma história que se repete – a tragédia prévia com uma outra, já anunciada. Os diretores Veronika Franz e Severin Fiala retratam essa opressão dispondo os corpos de seus personagens dentro de um espaço preenchido por um silêncio desconcertante e uma abundância de mobílias sofisticadas, que mostram-se deslocadas ao estarem presentes em uma casa quase que abandonada, embora asséptica. O triângulo de personagens insinua uma relação conflituosa da mãe com um de seus filhos – algo que também antecipa a questão de uma história anterior. O interessante de Boa Noite, Mamãe é a maneira com a qual o terror se reformula durante o filme. Os dois marcos dessa transformação: na primeira parte do filme, o terror provém da maternidade; na segunda parte, o terror provém da infância. A silhueta alta e magricela da mãe agride a composição dos planos como um punhal – os garotos sentem-se aterrorizados por ela. A frieza da mulher expande-se pelos interiores. Nos silêncios e portas fechadas, sua presença pode ser palpavelmente sentida como se tratasse de um ser sobrenatural. Quando Elias e Lukas adormecem, somos levados aos seus sonhos, surpreendentemente conectados um com outro, no qual a mãe exibe um comportamento ainda mais horripilante: caminha em direção à floresta, despindo-se e remexendo-se como se tomada por uma possessão demoníaca; engolindo a seco um inseto dos infernos, como se fizesse parte de si; e, finalmente, quando Elias e Lukas dissecam o corpo o adormecido da mãe vemos que o interior da mulher está completamente tomado pelos insetos pavorosos. A construção que Franz e Fiala fazem do horror é magnifica: praticamente não existem sustos. O medo dimana da paranoia e da atmosfera que a figura da mãe, a casa e principalmente o trauma exercem nas crianças. O terror sem sustos de Boa Noite, Mamãe é eficiente por desconfortar o espectador, imergindo-o na pele do perturbado Elias. No ápice da cumplicidade entre Elias e espectador, o filme se reconfigura em seu segundo marco do horror: as crianças transformam-se naquilo que inicialmente as atemorizavam. Tomam para si frieza e crueldade que enxergavam na mãe para darem início a uma impiedosa sessão de tortura. Elias e Lukas tornam-se, definitivamente, os vilões. A tortura que as crianças aplicam na mãe é uma das mais desconfortáveis do cinema. Os requintes de crueldade e a exposição gráfica da violência atingem a sensibilidade do espectador física e emocionalmente. Os contornos morais da tortura são ainda mais angustiantes, pois nesse momento o espectador já sabe que a verdade que Elias e Lukas desejam extrair da suposta mãe-impostora não é real. No clímax de Boa Noite, Mamãe, o horror vale tanto quanto sofrimento. O espectador é obrigado a testemunhar os últimos momentos de uma família cujos traumas pessoais decretaram antecipadamente o seu fim. O espetáculo de terror dá lugar ao tormento da autodestruição. O filme de Franz e Fiala é tanto horror quanto drama psicótico. Embora não seja claro em termos de gênero, a opressão dos amplos espaços, a cacofonia dos silêncios absolutos e a cinética impassiva da câmera que acompanha com uma beleza violenta o desenrolar dessa tragédia anunciada fazem com que Boa Noite, Mamãe permaneça irretocável na memória, meses após o desbaratar do hype, quer saiba-se do plot twist ou não.'' (Guilherme Bakunin)
2015 Lion Veneza
Ulrich Seidl Film Produktion GmbH Filmfonds Wien Filmstandort Austria (FISA) Österreichischer Rundfunk Österreichisches Filminstitut
Diretor: Severin Fiala / Veronika Franz
38.265 users / 35.778 face
19 Metacritic 4.357 Down 81
Date 25/12/2018 Poster - ##### - DirectorPaolo TavianiVittorio TavianiStarsVincent SpanoJoaquim de AlmeidaGreta ScacchiAfter the bankruptcy of their father's stonemasonry firm, Nicola and Andrea emigrate to America to restore their fortunes. After many adventures and near-disasters, they end up in Hollywood designing sets for D.W. Griffith and marry beautiful actresses, but tragedy strikes with the arrival of World War I, which finds the brothers fighting on opposite sides...[Mov 05 IMDB 6,7/10] {Video/@@@}
BOMDIA BABILÔNIA
(Good Morning Babilonia, 1987)
TAG PAOLO TAVIANI / VITTORIO TAVIANI
{onírico}Sinopse ''Aclamado por crítica e público, Bom Dia, Babilônia é um belíssimo filme sobre bastidores do mundo do cinema com direção dos consagrados Irmãos Taviani, autores das obras-primas Pai Patrão e A Noite de São Lourenço. Itália, 1910. Em busca de uma vida melhor, os irmãos Nicola e Andrea imigram para os Estados Unidos. Acabam trabalhando em Hollywood na construção dos cenários suntuosos de Intolerância, épico do genial D.W. Griffith, o criador da linguagem cinematográfica. Com o início da Primeira Guerra, a tragédia marcará para sempre o destino dos irmãos, que lutam em lados opostos. Esta Edição de Colecionador traz extras preciosos, incluindo galeria de fotos da produção e filmografia ilustrada dos Irmãos Taviani.''
*****
''Bom Dia, Babilônia" é um filme até certo ponto desprezado dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. Mas, para quem ama o cinema, tem um endereço certo: evoca o trabalho de ninguém menos que D.W. Griffith no seu clássico Intolerância, de 1916, e o faz por um viés inesperado. Os protagonistas do filme são dois artesãos italianos que colocam o gosto de seu país a serviço do filme: são encarregados de conceber e edificar algumas das figuras que fazem parte de Intolerância. Griffith aparece quase como um comparsa. Mas sua presença está em todos os detalhes, no trabalho insano, na exigência de perfeição. "Bom Dia, Babilônia" não é apenas uma homenagem àquele que foi, talvez, o mais importante cineasta de todos os tempos. É, antes de tudo, uma bela ficção (com valor documental) sobre a insânia que consiste em transformar idéias em imagens e o sonhado em real. Ou seja, em fazer cinema. '' (* Inácio Araujo *)
Filmtre Rai 1 Films A2 MK2 Productions Edward R. Pressman Film
Diretor: Paolo Taviani / Vittorio Taviani
1.491 users / 1.052 face
Date 10/01/2020 Poster - ##### - DirectorWilliam CrainStarsWilliam MarshallVonetta McGeeDenise NicholasAn 18th-century African prince, turned into a vampire by Dracula, finds himself in modern-day Los Angeles.[Mov 07 IMDB 5,7/10] {Video/@@@@}
BRACULA - O VAMPIRO NEGRO
(Blacula, 1972)
TAG WILLIAM CAIN
{sangrento}Sinopse ''Um decorador de interiores compra um caixão do príncipe africano Manuwalde mordido pelo Conde Drácula séculos atrás e o traz para Los Angeles, em 1972. Dois colecionadores de antiguidades abrem o caixão e libertam Blácula na cidade. O vampiro encontra Tina, que é a reencarnação de sua esposa Luva, e passa a fazer de tudo para conquistá-la. Um amigo de Tina, Dr.Gordon, descobre que Blacula é um vampiro e resolve caçá-lo.''
{Mas você apenas adotou a escuridão; Eu nasci nela, moldada por ela} (ESKS)
''No começo dos anos 70, produtores picaretas, visando o público afro-descendente, resolveram criar uma série de filmes protagonizados por negros. Surgia então o boom do blaxploitation.''Blacula'' Eram em geral produções B, e boa parte desse filão eram filmes policiais como: Sweet Sweerback’s Baadasssss Song, Shaft, O Chefão de Nova York, Coffy, Rififi no Harlem, etc. Obviamente há exemplares de outros gêneros, como westerns (entre outros teremos: Buck and the Preacher, Soul Soldier e Black Rodeo com Muhammad Ali e Woody Strode); filmes de artes marciais, tendo a frente o carateca já falecido Jim Kelly (Jones, o Faixa Preta, Black Samurai). Claro que o cinema de horror não poderia ficar de fora, mesmo que os filmes em si pareçam mais paródias e causem mais risos que medo, então surge versões de criaturas clássicas como Blackenstein, Dr. Black, Mr. Hyde e Blacula, o Vampiro Negro, esses dois últimos dirigidos por William Crain. ''Blacula'' começa na Transilvânia em 1780, quando o príncipe africano Mamuwalde (WIlliam Marshall) e sua amada Luva (a bela Vonetta Mcgee do clássico spaghetti western O Vingador Silencioso de Sergio Corbucci) se dirigem até o castelo do conde Drácula (Charles Macaulay). A intenção do casal é pedir apoio do nobre europeu para extinguir o tráfico de escravos. Só que o notório nobre europeu acaba mordendo seu hóspede, transformando-o também em um vampiro, e como se não bastasse, o aprisiona em um caixão e mantém a esposa do príncipe como cativa até a morte. Entram os letreiros, e depois o tempo pula para a década de 1970, onde dois decoradores gays em visita ao velho castelo acabam comprando entre outras coisas, o caixão lacrado onde está Mamuwalde. Obviamente que os decoradores levam suas bugigangas para Nova York. E obviamente que um deles acaba acidentalmente ressuscitando o vampiro. Logo, livre, leve e solto, nosso vilão morde os dois rapazes, e no velório de um deles (antes de se tornar vampiro, óbvio) acaba conhecendo, entre os amigos do suposto falecido, Tina (Vonetta novamente), que seria a reencarnação de sua amada. Mamuwalde/Blacula então, entre uma vítima e outra, vai atrás de seu grande amor, nem que para isso tenha que enfrentar o cunhado dela, o médico e policial dr. Gordon Thomas (Thalmus Rasula). Reparem que Blacula antecipa a história do vampiro que vai atrás da reencarnação da amada, um ano antes do roteiro de Richard Matheson para o telefilme Drácula – o Demônio das Trevas dirigido por Dan Curtis e estrelado por Jack Palance. A ideia seria explorada também na versão de Francis Ford Coppola de 1992, entre outros. O interessante é que Matheson ganhou os méritos por dar essa nova perspectiva ao personagem, enquanto Blacula explorou isto antes! Claro que ''Blacula'' tem suas falhas. Por exemplo: a polícia recolhe os corpos dos dois decoradores sem fazer uma vistoria no lugar, senão iam achar o vampiro bem no local do crime, já que ele passa boa parte do filme dormindo de dia no seu caixão, sem ao menos tê-lo mudado de lugar. Outra mancada é que algumas vítimas levam mais de um dia para virarem vampiros, enquanto outros se tornam imediatamente. No ano seguinte seria feito a continuação Os Gritos de Blacula, com William Marschall repetindo o personagem-título e mais o adendo da musa blaxploitation Pam Grier no elenco – a direção desta vez foi entregue a Bob Kelljan. Como típico produto da época, Blacula não poderia deixar de fora calças boca-de-sinos, cabelos Black powers e, é claro, uma suingante soul music na trilha sonora. Para incrementar ainda mais, vale citar, que Blacula, quando vai atacar sua vítimas, muda sua aparência, além dos caninos salientes, ele ganha com costeletas e uma monancelha grossa. Feito com uma produção merreca e politicamente incorreta. Blacula mantém seu charme e é diversão garantida para fãs de filmes B.'' (Boca do Inferno)
American International Pictures (AIP) Power Productions
Diretor:William Cain
5.384 users / 4.887 faceSoundtrack Rock The Hues Corporation
Date 12/01/2020 Poster - ##### - DirectorDavid YaroveskyStarsElizabeth BanksDavid DenmanJackson A. DunnWhat if a child from another world crash-landed on Earth, but instead of becoming a hero to mankind, he proved to be something far more sinister?[Mov 03 IMDB 6/1/10] {Video/@@@@} M/71
BRIGTTBURN - FILHO DAS TREVAS
(Brightburn, 2019)
TAG DAVID YAROVESKY
{esquecível}Sinopse ''Quando uma criança alienígena cai no terreno de um casal da parte rural dos Estados Unidos, eles decidem criar o menino como seu filho. Porém, ao começar a descobrir seus poderes, ao invés de se tornar um herói para a humanidade, ele passa a aterrorizar a pequena cidade onde vive, se tornando uma força obscura na Terra.''
''Nerd: não leia este texto, pois repleto de spoilers ele está. Aliás, nem assista ao trailer deste filme de ação/terror, pois ele conta tudo também. À parte isso, temos um meteoro que cai numa fazenda no interior do Kansas. Na verdade, é uma nave espacial trazendo um único ocupante, um fofo bebê de outro planeta. A criança é adotada e criada por um simpático casal de caipiras. Conforme cresce, o alienígena vai descobrindo que tem superforça, é megarrápido, invulnerável, voa e lança raios de calor pelos olhos. Essa é história de Clark Kent, o Super-Homem, que veio do planeta Kripton. E também é a história Brandon Breyer, o garoto de dez anos que, como já entrega o subtítulo nacional, está do outro lado da força: é um filho das trevas. Pois bem, estamos diante de uma revisão do mito do herói perfeito ou super-herói. Um ser que deveria ser do bem, mas que por acaso é do mal. A história vem da turma dos filmes “Guardiões da Galáxia”, da Marvel. Diretor dos dois títulos da série e já anunciado na terceira parte, James Gunn produz “Brightburn”, cujo roteiro é escrito por seu irmão Brian Gunn e pelo primo deles, Mark Gunn. Esse roteiro, deve-se dizer, é totalmente chupado (ou é repleto de citações, se você preferir). Além de aproveitar a história do Super-Homem, “Brightburn” bebe diretamente na fonte de outra história em quadrinhos: “Miracleman”, escrita por Alan Moore no início dos anos 1980, quando ainda publicava apenas na Inglaterra. Moore, criador de Watchmen e V de Vingança, entre outros, já havia previsto o que aconteceria com um garoto com tantos poderes, se não tivesse a supervisão de outros heróis (e/ou adultos). Seu Kid Miracleman cresce e se torna um déspota como o vilão Brightburn. Outros momentos remetem ao vilão dos anos 1980: a última morte do filme é semelhante à que Miracleman perpetra em seu criador (não vou contar qual é). E o genocídio dos londrinos cometido com enorme crueldade por Kid Miracleman aparece por todo o filme: o diretor David Yarovesky, certamente fã de filmes B, tem grande prazer em mostrar mandíbulas penduradas e situações sanguinolentas desse tipo. Ponto positivo é o fato de o diretor não retroceder em busca de um final feliz. As coisas certamente vão piorando para os personagens de “Brightburn”. Yarovesky, no entanto, é um diretor B. Apesar do roteiro cativante, se apoia em tentativas de susto fácil, como barulhões desnecessários ou o velho truque de ameaçar, depois tranquilizar o ambiente e em seguida atacar de verdade. O maior erro, porém, vem do roteiro. Kid Miracleman se torna mau porque é superpoderoso em um mundo de pessoas normais. Para Alan Moore, ele se corrompe com o poder total. Faz parte da alma humana. O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, diz a antiga frase. No caso de Brightburn, há uma espécie de chamado sobrenatural de sua nave, logo na primeira parte do filme, como se o garoto fosse de boa índole, mas teve seu caráter desviado por uma possessão alienígena. Parece bastante ingênuo nessa altura do campeonato.'' (Ivan Finotti)
Screen Gems Stage 6 Films The H Collective Troll Court Entertainment Sony Pictures Worldwide Acquisitions (SPWA)
Diretor: David Yarovesky
62.840 users / 59.547 faceSoundtrack Rock The Elected / Bob Marley
31 Metacritic 189 Up 81
Date 10/02/2020 Poster - ## - DirectorRobert ZemeckisStarsSteve CarellFalk HentschelMatt O'LearyA victim of a brutal attack finds a unique and beautiful therapeutic outlet to help him through his recovery process.[Mov 06 IMDB 6,1/10] {Video/@@} M/40
BEM-VINDO A MARWEN
(Welcome to Marwen, 2018)
TAG ROBERT ZEMECKS
{simpático}Sinopse ''Mark Hogancamp (Steve Carell) é agredido por vários homens em um bar, e entra em coma. Quando torna-se consciente novamente, ele perdeu totalmente a memória, esquecendo a família e os amigos. Para recuperar as lembranças, Mark constrói uma maquete em miniatura de uma cidade belga chamada Marwencol, com bonecos representando os familiares e amigos próximos.''
''Escrito e dirigido por Robert Zemecks, Bem-Vindos a Marven é mais um projeto ousado do diretor, que nos traz uma bela história com conhecidos temas, mas numa abordagem e desenrolar fora da estética comumente apresentada, o resultado é um filme surpreendente em alguns aspectos, que ratifica o talento do seu protagonista para com o gênero, mas que peca, justamente, na falta de mais ousadia. O filme narra a REAL história de Mark Hogancamp (Steve Carell) que após ser agredido em um bar, entra em coma. Ao acordar, ele não se recorda da família e dos amigos, criando assim uma maquete de uma cidade belga com vários bonecos que representam seus amigos, amores e seus maiores medos, a partir daí o imaginário assume e Mark embarca, levando todos ao seu redor, nesse novo mundo. É preciso dizer, antes de tudo, que nada justifica o fracasso desse filme, fica claro que o maior problema foi a falta de promoção da Universal Studios, talvez o trauma dos fracassos anteriores tenha servido de combustível para essa descrença, mas ao assistir ao filme a sensação que fica é que o voo merecia ser mais alto. Outra coisa curiosa que flutua nessa produção é a figura por trás das câmeras, responsável pela franquia De Volta Para o Futuro, Forest Gump, Uma Cilada Para Roger Rabit, todos devidamente homenageados aqui, e tantos outros grandes títulos, Robert Zemeckis mais uma vez não emplaca, o diretor vem sofrendo nos projetos recentes. A direção é precisa e fixa com a sua ideia, temas complexos e nocivos flexionam suas apresentações a partir do imaginário apresentado, o diretor conversa sobre homofobia, intolerância, preconceito, depressão, amor, tudo sob a perspectiva maior da fantasia vinda dos olhos de Mark. O elenco tem um bom desempenho e conta com bons nomes, Diane Kruger (Bastardos Inglórios), Merritt Wever (The Walking Dead), Gwendoline Christie (Game OF Thrones) são os elos entre o presente e futuro do protagonista, servindo alicerce para a transição, sempre traumática, entre fantasia e realidade. A fantasia é um componente que ganha força, além da própria história por trás, pelo talento, mais uma vez demonstrado, de Steve Carell. O ator desfila mais uma vez sua perícia no drama, é curioso esse atual momento em que os comediantes migram para o drama e se mostram bastante competentes, aqui não é o seu melhor papel, mas Carell transfere para a tela todas as emoções apresentadas, seu olhar transmite medo, desespero, agonia, solidão e todas as interrogações que pairam sua mente no conflito de certo ou errado. Por outro lado, no seu particular mundo imaginário, Mark idealiza seu mundo virtuoso e igualmente traumático, os conflitos também são apresentados, mas a temática sugere uma história mais ativa e aventuresca. As mulheres são destaque também nesse novo mundo, todas as virtudes, fraquezas, emoções e motivações transitam por elas, fazendo com que o protagonista, aqui o capitão Hogie, seja mais livre para suas ações e sentimentos que o seu criador, Mark. Algo que merece destaque é a criação desse mundo, a herança de Uma Cilada Para Roger Rabit e O Expresso Polar deixa Zemecks muito à vontade para dar vida e realidade aos seus bonecos, a fotografia usada dá ideia de algo rudimentar, fazendo com que a computação gráfica seja esquecida e em alguns momentos, a ideia de um Fenacistoscópio seja apresentada, além, claro, a imaginação do protagonista. No entanto, nem tudo são flores e a produção sofre com seu roteiro, o texto sempre se interessa em passar uma mensagem, mas acaba pecando na falta de falas e os diálogos são acelerados conduzindo sempre para uma conclusão facilitada, nas cenas que não contam com Carell, o descarte é imediato. Alguns pequenos conflitos são apresentados e abandonados, em determinado momento causa estranheza o sumiço, o clímax também não é impactante quanto deveria, mas fecha bem o conflito estabelecido, é um filme que deveria ousar mais e apostar tudo na sua viagem porque no fim das contas, apesar de triste a história é bonita e o que é bonito precisa ser visto. Por fim, Bem-Vindos A Marwen é um filme que merecia mais, é uma obra que fala, acima de tudo, de superação, trazendo um debate real sobre nossa atual realidade e ainda encontra tempo para valorizar a figura da mulher, a quebra de paradigmas e uma pitada de humor cirúrgica, mas ainda assim bem divertida e deixa uma mensagem importante, não feche os olhos para a depressão.'' (Platini)
Melodrama da delicadeza.
''Se Robert Zemeckis construiu sua filmografia dentro de uma subdivisão particular que passeou com a fantasia por entre outros gêneros cinematográficos distintos (a aventura, a biografia, o noir, a ficção, a comédia, o drama, a animação), nessa década seu interesse pelos códigos do melodrama pareceram aflorar em títulos como Aliados e O Voo, onde seu pincel fantástico pareceu mais inerente ao desenvolvimento das narrativas e suas particularidades, com diferentes resultados. O diretor chega a um lugar de ocaso em seu novo filme, 'Bem-Vindos a Marwen', seu primeiro trabalho a ter lançamento cancelado no circuito, chegando somente no mercado de DVD doméstico. Isso se deu pela ínfima arrecadação no mercado externo e as críticas pesadas que o longa sofreu, que desprezaram o olhar de Zemeckis para uma história real que repagina o gênero que Douglas Sirk consagrou. Gerado a partir do documentário Marwencol, que apresentou ao mundo o artista plástico e fotógrafo Mark Hogancamp, que superou uma tragédia pessoal com um mergulho indiscriminado no lúdico, refazendo sua trajetória a partir de um retorno à inocência, após perder a memória depois de um espancamento sofrido por crime de ódio. Zemeckis absorve essa dica dada pelo próprio personagem e realça as fotos criadas que próprio clicou, ao criar em seu quintal uma cidade belga durante a Segunda Guerra Mundial e povoa-la com bonecos que teriam os rostos de seus amigos; parece surreal, talvez seja, e o diretor simplesmente dá vida ao trabalho que Hogancamp estabeleceu em suas fotos pós-acidente, refinando o espelhamento que o próprio artista já estabeleceu entre o trabalho que o salvou e a própria vida, criada a partir dos escombros de memória. O diretor volta a trabalhar com a pureza que já lidou outrora para lidar com a aspereza, e se houve uma qualidade primal nesse trabalho, foi o extremo respeito com o qual seu protagonista é tratado, sem qualquer julgamento ou tentativa de rotulação. Tudo que aconteceu na trajetória de Mark Hogancamp é mantido sob a aura do intocado. Sua existência foi apagada após um ato de violência extrema, em seu lugar entrou em cena um homem em permanente construção e que não consegue concatenar o motivo pra ter mais de 200 sapatos femininos em seu armário. Ele os tem, e Zemeckis protege qualquer interferência ao que é sua atual vida - o passado é dor, Mark recriou seu redor com poesia e só isso importa. A partir desse mecanismo de contenção de informações, o diretor concebeu um roteiro (escrito a quatro mãos junto de Catherine) que fornece os dados e trata de rechear suas lacunas com delicadeza, mesmo em situações de horror. Afinal, os nazistas vez por outra tentam invadir a pequena Marwen e as mulheres que fazem a proteção da cidade estão aptas a abrir fogo. Literalmente. O trabalho técnico empregado no filme é, mais uma vez como de hábito com o diretor, digno de atenção. Desde os anos 80, Zemeckis revolucionou o cinema de fantasia em técnica, em construção narrativa, em utilização e adequação à história apresentada, e em Bem-Vindos a Marwen teríamos a possibilidade disso voltar a acontecer, só que como em Capitão Sky e o Mundo do Amanhã, o fracasso dos projetos irá abafar a nova perspectiva criada pelos mesmos. Para além do universo do protagonista explorado e capturado, inserindo o rosto do elenco em suas versões em bonecos animados e dando agilidade a eles, a realização é repleta de planos-sequência elaborados, que saem do material 'real' pro 'fantástico' e vice versa, elevando um projeto que se imaginaria tendo um caráter realista e injetando esse viés imaginativo, multifacetando a realidade que o protagonista concebeu pra si. Signos reconhecíveis do melodrama como a presença do clímax em um julgamento e o confronto entre Bem e Mal narrativos de maneira explícita reforçam as bases onde Zemeckis estabeleceu sua zona de interesse recente, mas dessa vez ao introduzir sua marca registrada em uma história previamente conhecida, parece sair enfim do estado de torpor onde parecia ter estacionado a carreira. Ainda que não tenha capturado todas matizes possíveis em sua empreitada deixando alguns questionamentos em branco e repensando de maneira ambígua o papel feminino no cinema contemporâneo (somando força cênica e subtraindo força dramática delas), Bem-Vindos a Marwen finalmente conecta seu diretor ao melodrama pretendido, conferindo a autoralidade típica do autor e cuidando de sua figura central com doçura e compreensão, sem devassar essa história de recomeço.'' (Francisco Carbone)
Canadian Film or Video Production Tax Credit (CPTC) Dentsu DreamWorks Fuji Television Network ImageMovers Perfect World Pictures Universal Pictures
Diretor: Robert Zemeckis
16.091 users / 15.458 faceSoundtrack Rock Joni Mitchell / The Dandy Warhols / The Temptations / Ted Nugent / Robert Palmer / Roy Orbison / Joan Osborne
38 Metacritic 1.993 Down 141
Date 27/02/2020 Poster - #####